Napoleão III
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Charles Louis Napoléon Bonaparte ou Carlos Luís Napoleão Bonaparte (20 de abril de 1808, Paris - 9 de janeiro de 1873, Chislehurst, Kent, Inglaterra), sobrinho do grande Napoleão, presidente e posteriormente imperador da França (1852-1870). Era o terceiro filho de Luís Bonaparte (1778-1846)(irmão de Napoleão I e rei da Holanda), e de Hortense de Beauharnais (Hortênsia de Beauharnais). Após a queda de Napoleão I, começou um longo período de exílio na Suíça, onde associou-se aos carbonários (sociedade revolucionária formada na Itália e ativa na França).
Em 1832, com a morte do único filho de Napoleão I, o rei de Roma, Luís Bonaparte tornou-se o pretendente bonapartista ao trono francês. Tentou em 1836, em Estrasburgo, e em 1840, em Bolonha, fazer-se proclamar imperador e derrubar Luís Filipe. Na primeira vez (1836), foi deportado para os Estados Unidos. Quatro anos depois, embarcou na desastrada 'Conspiração de Bolonha'. Condenado a prisão perpétua, foi encerrado na Fortaleza de Ham, de onde fugiu para Londres (1846) disfarçado de pedreiro, com o nome de Badinguet, que depois ficou sendo seu apelido.
![Luís Napoleão em 1848.](../../../upload/shared/thumb/a/a7/Napoleon_III_1848.jpg/180px-Napoleon_III_1848.jpg)
![Xilogravura publicada na Illustrierte Zeitung mostrando as eleições de 1848 na França. Dois meninos lutam, um por Luís Napoleão e o outro, por Cavaignac.](../../../upload/shared/thumb/f/fc/Election_france_1848.jpg/180px-Election_france_1848.jpg)
Durante as Revoluções de 1848, voltou para a França. Apresentou-se, então, como o defensor dos ideais napoleônicos, ao mesmo tempo que propugnador dos princípios da ordem e da estabilidade social. Foi eleito em vários departamentos e, com a nova Constituição, chegou à presidência da República em 1848. Foi eleito 5,5 milhões de votos (73% do total de votos) contra 1,5 milhões do seu concorrente, o general Louis Eugène Cavaignac.
O mandato do presidente francês era de quatro anos e a Constituição proibia a reeleição. Em 1852, ele deixaria o poder, o que não era sua intenção. Luís Bonaparte era o chefe da Sociedade 10 de Dezembro, cujo nome era uma homenagem ao dia de sua eleição à presidência. Essa sociedade era constituída de amigos do presidente, todos inescrupulosos e envolvidos em negociatas com o dinheiro público. Luís Napoleão, junto com os amigos dessa sociedade, articulou um golpe contra o Parlamento. Se bem que houvesse prestado juramento de fidelidade à Constituição, mandou prender (1851) personalidades republicanas e realistas. Em 2 de dezembro, baixou um decreto declarando a dissolução da Assembléia Legislativa e restabelecendo o sufrágio universal. Uma tentativa de insurreição republicana contra o Golpe de Estado irrompeu em Paris. O levante foi brutalmente esmagado pelo exército. Por ironia, Karl Marx, dirigente socialista, chamou o golpe de 18 de brumário de Luís Bonaparte numa alusão segundo a qual o sobrinho procurou imitar o tio. Em 20 de dezembro, procedeu a um plebiscito: 7.500.000 sufrágios ratificaram o Golpe de Estado. Luís Napoleão ganhou poderes para elaborar uma nova constituição, que o transformou num cônsul, como o tio, dando-lhe poder ditatorial por dez anos. Em 1852, apoiado pela grande burguesia, conclamou outro plebiscito, que, com 95% dos votos favoráveis, transformou o príncipe-presidente Luís Napoleão em Imperador da França, com o título de Napoleão III. Com o golpe, Bonaparte criou o Segundo Império Francês.
De 1852 a 1858, Napoleão III exerceu poder absoluto (Império Autoritário). Apartir de 1860 cresceram as pressões liberais, e, de 1858 a 1867, algumas liberdades foram concedidas aos cidadãos; de 1867 a 1870, desenvolveu-se o regime que se chamou Império Liberal, que ampliou os poderes da Assembléia Legislativa e suspendeu as restrições às liberdades civis. Para obter o apoio dos trabalhadores, o imperador empreendeu grandes e numerosas obras públicas, especialmente em Paris, realizadas pelo prefeito Barão Georges-Eugène Haussmann; encorajou a agricultura, a indústria e o comércio; criou institutos de beneficência e favoreceu as instituições de crédito.
![Efígie de Napoleão III com a coroa de louros](../../../upload/shared/thumb/1/17/Napoleon3_laure_Colonies.jpg/180px-Napoleon3_laure_Colonies.jpg)
![Napoleão III em 1863.](../../../upload/shared/thumb/2/23/Napoleon_III_1863.jpg/180px-Napoleon_III_1863.jpg)
No exterior, Napoleão III, querendo exercer hegemonia na Europa, participou da Guerra da Criméia e presidiu o Congresso de Paris (1856), que assinalou o fim da guerra (derrota da Rússia), assumindo o papel de árbitro do continente. Enviou, com a Inglaterra, tropas à China (1857-1860) e apoderou-se da Cochinchina (1859-1862). Com a efervescência dos nacionalismos, das lutas pela independência de povos dominados desde antes do Congresso de Viena, Napoleão III passou a defender a política das nacionalidades. Entretanto, em alguns momentos, fez a França tornar-se dominadora de outros Estados. Posicionou-se a favor da independência dos Estados romenos da Moldávia e da Valáquia, contra o Império Turco-Otomano. Apoiou, a princípio, o Risorgimento, atuando com destaque nas lutas pela unificação italiana, voltando-se contra os austríacos, que reinavam sobre a região desde o Congresso de Viena. Pressionado, entretanto, pela violenta campanha dos católicos franceses, que protestavam contra o ataque aos Estados da Igreja) e consideravam as ambições sardo-piemontesas uma ameaça aos domínios da Igreja, e pela possibilidade da Prússia entrar no conflito em apoio ao imperador austríaco Francisco José (a Prússia concentrou poderoso exército nas fronteiras com a França), concluiu um tratado de paz com a Áustria em Villafranca em 1859. Em 1860, conquistou a Savóia e Nice, graças ao apoio contra a Áustria. Entre 1862 e 1867, Bonaparte interveio no México, numa guerra que arruinou as finanças francesas. Com o objetivo de garantir o comércio francês na América, conter a crescente hegemonia norte-americana e pôe fim à instabilidade política entre grupos locais, as tropas francesas invadiram o México, derrubando seu presidente Benito Juárez. Organizando no México uma nova estrutura política, Bonaparte oferece o trono mexicano ao arquiduque Maximiliano da Áustria.
No final da década de 60, a estrela de Napoleão III começou a apagar.
Suas tentativas de estender os interesses coloniais franceses ao México acabaram em fracasso. Os problemas financeiros e militares e a instabilidade política e militar na Europa fizeram com que Napoleão III retirasse suas tropas do México. Seu protegido, Maximiliano da Áustria, foi derrubado e executado pelos nacionalistas mexicanos liderados por Benito Juárez.
Subestimando Bismarck, permitiu que o beligerante 'Telegrama de Ems' (versão adulterada por Bismarck de um telegrama do rei da Prússia que buscava justamente dar fim à crise) provocasse a guerra franco-prussiana (1870 - 1871), que trouxe a ruína do Segundo Império. Capturado então em Sedan (02/09/1870) pelos exércitos prussianos, assinou a capitulação da França. A Assembléia Nacional proclamou sua deposição e, em Paris, foi proclamada a Terceira República Francesa. Após haver estado durante algum tempo prisioneiro dos prussianos na Alemanha, quando a guerra terminou, Napoleão III retirou-se para Chislehurst (Inglaterra), onde morreria. Em 1853, havia-se casado com Eugênia de Montijo.
Precedido por: Louis-Eugène Cavaignac (presidente do conselho de ministros) |
Chefe de Estado e Imperador da França 1848 — 1852 1852 — 1870 |
Sucedido por: Louis-Jules Trochu (cabeça do governo de defesa nacional) |
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