Hanseníase
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Um indivíduo, do sexo masculino, com 24 anos de idade, que padece de lepra. | ||
OMIM | 246300 | |
DiseasesDB | 8478 | |
MedlinePlus | 001347 | |
eMedicine | med/1281 derm/223 neuro/187 | |
MeSH | C01.252.410.040.552.386 |
A Lepra (ou Hanseníase ou mal de Hansen, do nome de Gerhard Hansen, que identificou o agente da doença) é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae que afeta os nervos e a pele e que provoca danos severos. Ela é endêmica em certos países tropicais, em particular na Ásia. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em casos de hanseníase. Os doentes são chamados leprosos, apesar de que este termo tenda a desaparecer com a diminuição do número de casos e dada a conotação pejorativa a ele associada.
Índice |
[editar] Epidemiologia
Além do Homem, outros animais de que se têm notícia de serem suscetíveis à lepra são algumas espécies de macacos, coelhos, ratos e o tatu. Este último pode servir de reservatório e há casos comprovados no Sul dos EUA de transmissão por ele. Contudo a maioria dos casos é de transmissão entre seres humanos.
A lepra ataca hoje em dia ainda mais de 11 milhões de pessoas em todo o mundo. Há 700.000 casos novos por ano no mundo. No entanto em países desenvolvidos é quase inexistente, por exemplo a França conta com apenas 250 casos declarados. Em 2000, 738.284 novos casos foram identificados (contra 640.000 em 1999). A OMS referencia 91 países afetados: a Índia, a Birmânia, o Nepal totalizam 70% dos casos em 2000. Em 2002, 763.917 novos casos foram detectados: o Brasil, Madagáscar, Moçambique, a Tanzânia e o Nepal representam então 90% dos casos de lepra. Estima-se a 2 milhões o número de pessoas severamente mutiladas pela lepra em todo o mundo.
A contaminação se faz por via respiratória, pelas secreções nasais ou pela saliva, mas é muito pouco provável a cada contato. A incubação, excepcionalmente longa (vários anos), explica por que a doença se desenvolve somente em indivíduos adultos. Noventa por cento (90%) da população tem resistência ao bacilo de Hansen, causador da hanseníase.As formas contagiantes são a virchowiana e a dimorfa.
[editar] Progressão e sintomas
O tempo de incubação após a infecção é longo, de 2 a 20 anos.
Um dos primeiros efeitos da lepra, devido ao acometimento dos nervos, é a supressão da sensação térmica, ou seja, a capacidade de diferenciar entre o frio e o calor no local afetado. Mais tardiamente, pode evoluir para diminuição da sensação de dor no local.
A Hanseníase indeterminada é a forma inicial da doença, e consiste na maioria dos casos em manchas de coloração mais clara que a pele ao redor, podendo ser discretamente avermelhada, com alteração de sensibilidade à temperatura, e, eventualmente, diminuição da sudorese (suor) sobre a mancha. A partir do estadio inicial, a hanseníase pode então permanecer estável (o que acontece na maior parte dos casos) ou pode evoluir para lepra tuberculoide ou lepromatosa, dependendo da predisposição particular de cada paciente. A Hanseniase pode adotar também vários cursos intermédiários entre estes dois tipos de hanseníase, sendo então denominada Hanseníase Dimorfa.
[editar] Lepra Tuberculóide
Esta forma de hanseníase ocorre em pacientes que têm boa resposta imunitária ao Bacilo de Hansen. O sistema imune consegue conter a disseminação do bacilo através da formação de agrupamentos de macrófagos, agrupamentos estes denominados "granulomas". Neste tipo de hanseníase, as manchas são bem delimitadas e assimétricas, e geralmente são encontradas apenas poucas lesões no corpo.
[editar] Lepra Lepromatosa (ou Lepra Virchowiana)
É a forma mais insidiosa e lenta da doença, e ocorre nos casos em que os pacientes têm pouca defesa imunitária contra o bacilo.
- As lesões cutâneas são lepromas ou hansenomas (nódulos infiltrados), numerosas, afetando todo o corpo, particularmente o rosto, com o nariz apresentando coriza e congestão nasal.
[editar] Diagnóstico
O diagnóstico é clínico-epidemiológico e laboratorial. Em uma região do país em que a hanseníase é endêmica, quando não se dispõe de recursos laboratoriais , o diagnóstico é clínico (pelos sintomas).
Com o auxilio de laboratório faz-se biópsia da lesão e colhe-se a linfa cutânea dos lóbulos das orelhas e dos cotovelos. Procura-se o BAAR (Bacilo Álcool Ácido Resistente) com técnica de Ziehl-Neelsen, que é a Micobacteria.
[editar] Tratamento
Hoje em dia, a lepra é tratavel com antibióticos, e esforços de Saúde Pública são feitos para o tratamento dos doentes, para próteses de pacientes curados e para a prevenção.
Apesar de não mortal, a lepra pode acarretar invalidez severa e/ou permanente se não for tratada a tempo. O tratamento comporta diversos antibióticos, a fim de evitar selecionar as bactérias resistentes do germe. A OMS recomenda desde 1981 uma poliquimioterapia (PQT) composta de três medicamentos: a dapsona, a rifampicina e a clofazimina. Essa associação destrói o agente patogênico e cura o paciente. O tempo de tratamento oscila entre 6 e 24 meses, de acordo com a gravidade da doença.
Quando as lesões já estão constituídas, o tratamento se baseia, além da poliquimioterapia, em próteses,em intervenções ortopédicas, em calçados especiais, etc.Além disso uma grande contribuição à prevenção e ao tratamento das incapacidades causadas pela hanseníase é a fisioterapia. No Brasil o terma lepra foi substiuído por hanseníase, devido à discriminação sofrida pelos pacientes.
Ainda no Brasil, há a ONG MORHAN (Movimento de Reintegração das pessoas atingidas pela Hanseníase) que faz um trabalho contra o preconceito e ajuda aos portadores da doença.
[editar] História
Desde que a escrita existe, tem-se registro de como a lepra representou uma ameaça, e os leprosos isolados da sociedade. No Egipto antigo, há referencias à lepra com mais de 3000 mil anos em hieroglifos (de 1350 AC). A Bíblia contém passagens fazendo referência à lepra, sem que se possa saber se se trata da doença: este termo foi utilizado para designar diversas doenças dermatológicas de origem e gravidade variáveis. A antiga lei israelita obrigava aos religiosos a saberem reconhecer a doença.
A lepra foi durante muito tempo incurável e muito mutiladora, forçando o isolamento dos pacientes em leprosários, principalmente na Europa na Idade média, onde eram obrigados a carregar sinos para anunciar a sua presença. A lepra deu nessa altura origem a medidas de segregação, algumas vezes hereditárias, como no caso dos Cagots no sudoeste da França.