Segundo Império
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O Segundo Império ou Segundo Reinado, na História do Brasil, é um período que, se computada a Regência (1831-1840), compreende 58 anos. Caso se considere apenas o governo de D. Pedro II (1840-1889), compreende 49 anos de duração.
Índice
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[editar] O Império até a Maioridade de Pedro II
[editar] Abdicação de D. Pedro I
O período a partir da abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831, até a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi o mais longo da história política do Brasil. Nesta época, houve um período regencial de 9 anos, enquanto D. Pedro II não tinha idade para assumir o controle do Império. Quando de sua maioridade, em 1840, ele cuidou de um governo de aproximadamente cinquenta anos de aparente paz interna, onde o Brasil teve ganho de prestígio internacional entre países europeus, e o ganho de influência sobre a América do Sul - especialmente sobre a região da Bacia Platina. Por outro lado, a situação social do Brasil não obeteve muitos avanços, assim tendo um acúmulo da pobreza e do analfabetismo.
[editar] Regência Trina e Regência Una
Por Pedro II ter 6 anos na época em que herdou o Brasil, a Constituição de 1824 previa que, na hipótese de não haver um descendente real apto a governar o Império, o Brasil seria comandado por uma regência de três. A Regência Trina Provisória foi convocada em 17 de Julho de 1831, e tinha um representante das três grandes vertentes políticas no país: os liberais (Senador Campos Vergueiro), os conservadores (Carneiro de Campo) e os militares (General Francisco de Lima e Silva, o Chico Regência). A eles caberia a realização de eleições, para a escolha da Regência Trina Permanente. Os eleitos foram Bráulio Muniz, Costa Carvalho, e o próprio General Chico Regência. Eles governaram o país por 3 anos. Nesse ínterim, o Ministro da Justiça Padre Diogo Feijó conseguiu influência política suficiente para, em 1834, criar o Ato Adicional, que fazia da Regência Trina uma Regência Una - ou seja, um só regente. Ele foi eleito como Regente Uno em eleições democráticas.
O Regente Feijó se mostrou democrático, pois criou Assembléias Legislativas provinciais, para dar maior autonomia às províncias brasileiras. Além disso, ele deu à cidade do Rio de Janeiro o status de município neutro. Mas ele não conseguiu controlar as revoltas populares, e foi afastado. Em seu lugar ficou o Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda. Foi em sua regência que o golpe da Maioridade foi dado.
[editar] A dança política no Segundo Reinado
[editar] Parlamentarismo às avessas
Em 1847, o Imperador criou o Conselho de Ministros, órgão que aconselharia o Imperador a dirigir o Brasil, meio espelhado no parlamentarismo britânico. Mas a hierarquia do parlamentarismo clássico britânico e o parlamentarismo brasileiro eram invertidos. Daí o nome "parlamentarismo às avessas".
[editar] Modelo parlamentarista britânico
Na Inglaterra, a Coroa, baseada na maioria do Parlamento e em quem eles aconselham, escolhe o primeiro-ministro. Após isso o Parlamento aprova ou não a decisão da Coroa. Ele será o chefe de governo do país, dirigindo e administrando a Inglaterra. Como o primeiro-ministro é um eleito do Parlamento, ele deve prestar conta de suas ações ao órgão que, se quiser, pode destituir o primeiro-ministro de seu cargo, convocando outro. O mesmo à Coroa, que possui o mesmo poder de destituir o Primeiro-Ministro
- Parlamento >>> Primeiro-Ministro (chefe de governo) - Coroa (chefe de estado)
[editar] Modelo parlamentarista brasileiro
No Brasil, o Imperador era o poder máximo, acumulando funções de chefe de estado e de governo, até a década de 1840 quando D. Pedro II decretou que o Imperador não possuía mais os dois Poderes, e sim apenas o Moderador. Ele escolhia quem seria seu presidente do Conselho de Ministros (equivalente ao primeiro-ministro). Este escolhia o resto do Conselho. Por fim recebia ou não a aprovação do Parlamento. O que aconteceu muito no Brasil e no resto do mundo foi que o Parlamento muitas vezes não aprovava a decisão do Chefe de Estado, e este se via obrigado a dissolver o Parlamento (tanto em Monarquias Parlamentaristas como em Repúblicas Parlamentaristas da época. Espanha e França até chegaram a usar o exército para calar o povo na hora de dissolver o Parlamento, no Brasil era costume o povo estar de acordo com a decisão do Imperador). A Inglaterra foi uma excessão da época, mas principalmente por causa da câmara dos Lordes, que era toda controlada pela Coroa.
- Imperador (chefe de estado) >>> Presidente do Conselho de Ministros >>> Conselho de Ministros -(Aprovação)- Parlamento
Apesar do modelo parlamentarista brasileiro não parecer muito democrático, era bastante democrático para a época. O Imperador tinha muitos poderes, mas isso era costume da época em várias localidades do mundo, até mesmo na Inglaterra.
- O Parlamentarismo as avessas é uma caricatura mal feita do Parlamentarismo Brasileiro em relação ao inglês. O que se faz na realidade é uma comparação do modelo Brasileiro de 1824 (o mais antigo, pois mudou na década de 1840) com o modelo inglês da atualidade.
[editar] A Estabilidade Política
Dom Pedro II conseguiu criar uma máquina eficiente para direção do Brasil, baseada na troca de favores. Como a elite agrária detinha o poder do Brasil no século XIX, Pedro II sempre governou aliando-se a eles, realizando favores (como construção de ferrovias, açudes, aquisição de maquinários etc.) em troca da estabilidade que Pedro II necessitava para se manter no poder. Assim, Dom Pedro II conseguiu, nos primeiros anos de seu governo, lidar com um Brasil estável e, em um certo ponto de vista, próspero.
[editar] Fim da Revolução Farroupilha
Ainda vigorava a Revolução Farroupilha no sul do Brasil quando D. Pedro II assumiu o trono. A Revolução tomava proporções assustadoras, e estava próxima de conseguir a sua independência do resto do país, como a província Cisplatina. A fim de impedir este acontecimento, Pedro II nomeou, como Comandante-chefe do Exército, o barão de Caxias - que, anteriormente, havia sufocado as revoltas em Minas e em São Paulo. Além da liderança no Exército, o barão foi agraciado com o título de Pesidente da província do Rio Grande do Sul.
Mesmo tendo a liberdade de agir com violência contra os gaúchos, o barão de Caxias usou da diplomacia, negociando com líderes e fazendo manifestos patrióticos aos insurretos. Por várias vezes, mencionava que o inimigo dos gaúchos não era Pedro II e os brasileiros mas, sim, Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas, presidentes respectivos do Uruguai e da Argentina. Estes buscavam a união das duas repúblicas, o que criaria um estado muito poderoso na Prata.
As negociações e as revoltas vieram a um fim em 1845, quando da assinatura do Tratado de Poncho Verde. O barão de Caxias foi nomeado "Pacificador do Brasil" e recebeu o título de Conde.
[editar] Guerra contra Oribe e Rosas
Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas, respectivamente presidentes do Uruguai e da Argentina, buscavam, na década de 1850, criar um só país, o que desequilibraria as forças na bacia do Prata, uma vez que novo país controlaria sozinho os dois lados do estuário do rio da Prata, vindo contra os interesses do Brasil na região. D. Pedro II declarou guerra aos dois países, e mandou organizar um novo exército no Sul, sob cuidados do então conde de Caxias. Ele invadiu o Uruguai em 1851, derrubando Oribe e apagando a possibilidade do Uruguai se fundir com a Argentina.
[editar] Questão Christie
Em 1862, três arruaceiros foram presos no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Ao serem detidos, foram identificados como marinheiros britânicos e, devido à relação entre Inglaterra e Brasil, os marinheiros foram liberados. Mesmo assim, o embaixador inglês no Brasil, William Dougal Christie, exigiu que o Império indenizasse a Inglaterra pela carga do navio inglês Prince of Wales, que foi saqueado próxima da província do Rio Grande do Sul, exigiu também a demissão dos policiais que detiveram os marinheiros britânicos e um pedido oficial de desculpas do imperador à coroa britânica.
No ano seguinte, navios britânicos bloquearam o porto do Rio de Janeiro e apreenderam cinco navios ali ancorados. D. Pedro II, sofrendo pressão popular, tentou uma saída diplomática, chamando o rei Leopoldo I da Bélgica para conduzir uma arbitragem imparcial. Leopoldo I favoreceu o Brasil e, como a Inglaterra negou-se a pedir desculpas, o imperador cortou relações diplomáticas com a Inglaterra, no mesmo ano de 1863. A Inglaterra apenas desculpou-se em 1865, quando mostrou apoio ao Brasil na Guerra do Paraguai.
A vitória do governo na disputa acabou por fortalecer a imagem do Brasil no exterior, pois o Brasil ainda tinha 40 anos de existência, e temia não ter reconhecimento junto aos países europeus. Os outros países da América do Sul passavam por problemas parecidos.
[editar] Aspectos Econômicos
[editar] Café
Durante o Primeiro Império, a grande elite agrária do Brasil era concentrada no Nordeste (os barões da cana). Mas, nessa mesma época, o café começava a ser introduzido na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba, e começou a fazer um rápido sucesso, no séc XIX. Com o fim da era do ouro brasileiro, os pioneiros do café perceberam que era um investimento altamente rentável, pois as terras da região eram muito baratas (por vezes gratuitas), a mão de obra era escrava e, após ser plantada, o cafezal era produtivo por vinte anos. O mercado consumidor internacional também era próspero no mundo, e a venda de café era quase certa. Assim, em alguns anos uma nova elite começou a surgir no sudeste brasileiro. A elite cafeeira, em pouco tempo, se tornava mais poderosa e mais rica do que a elite nordestina.
O desenvolvimento do comércio internacional baseado na exportação do café deveu-se a fatores externos e internos. Dentre os externos, destacam-se o crescimento da demanda internacional ao café brasileiro, fruto do aumento do padrão de vida da população norte-americana e européia, o que estimulou o aumento dos níveis de consumo; a industrialização dos EUA e Europa, que necessitavam de matérias-primas para suas indústrias de transformação; o aperfeiçoamento técnico, o qual beneficiou o comércio internacional, tanto através de meios de transporte quanto na nova organização dos setores mercantil e financeiro. E, sobretudo, ao grande momento que o final do século XIX proporcionou ao comércio internacional, através do liberalismo econômico, o qual proporcionou a todos os países a oportunidade de comércio.
Internamente, o que mais favoreceu o crescimento econômico foi a solução do problema da mão-de-obra através da imigração européia; a expansão do crédito, através de uma reforma bancária, a qual forneceu recursos para a formação de novas lavouras cafeeiras; e a expansão das redes ferroviárias em São Paulo, as quais reduziram o custo de transporte para os proprietários das novas lavouras, localizadas no interior paulista. Além disso, o desenvolvimento da rede ferroviária fez parte de uma das maiores conseqüências do crescimento econômico do país, que foi a diversificação das atividades econômicas. A diversificação, por sua vez, estimulou a urbanização, já que toda a atividade comercial, a primeira induzida pela expansão do café, se concentrava nas cidades portuárias.
Um problema da plantação do café é a situação do solo após o fim da vita útil do cafezal. Uma vez finda essa vida útil, o solo fica muito pobre, e inútil para a replantagem. Desse modo, os cafeicultores eram obrigados a abandonar terras, para encontrar novas para sua plantação. Desse modo, em alguns anos os cafeicultores passaram a migrar para o oeste da província de São Paulo. Em poucos anos, o oeste paulistano vivia em função do café, e o governo imperial também, graças à alta taxa que era cobrada sobre o café.
[editar] Borracha
Nessa mesma época, na Amazônia, estava iniciando o extrativismo da borracha, que viria consolidar o ciclo da borracha e garantir mais um episódio da expansão das terras brasileiras. Foi nessa época que foi feita a aquisição do território do Acre, que pertencia a Bolívia.
[editar] Desenvolvimento do Capitalismo
A partir de década de 1870, a estrutura econômica brasileira passou por grandes mudanças, que refletiram nas relações sociais e políticas existentes. Progressivamente, a mão-de-obra escrava negra foi perdendo espaço para o trabalho assalariado imigrante nas lavouras agrícolas brasileiras. O café foi se consolidando como principal produto brasileiro para a exportação, provocando uma onda de crescimento econômico como nunca havia aparecido no Brasil independente. A imigração européia colaborou com a urbanização da sociedade brasileira, e junto com o assalariamento da mão-de-obra, levou ao aparecimento de um incipiente mercado interno para bens de consumo popular no país, o que acabou por levar ao aparecimento das primeiras unidades industriais no Brasil. Em suma, o capitalismo se implantava nas estruturas sócio-econômicas brasileiras, superando o antigo sistema mercantil-escravista.
As transformações na estrutura produtiva brasileira iniciaram com o acúmulo de capitais proporcionados pelo comércio internacional do café, possibilitando reinvestimentos dos lucros obtidos com a comercialização no próprio setor produtivo, assim como pela substituição da mão de obra escrava pela mão-de-obra assalariada nas atividades produtivas, motivada, entre outros fatores, pelo fim do tráfico de escravos no oceano Atlântico e pela pressão internacional contrária à exploração escravista no Brasil. O assalariamento se deu a partir da introdução da mão-de-obra emigrante européia na nas atividades produtivas do país, criando assim um mercado nacional para bens de consumo popular. Por outro lado, como nem todos os imigrantes europeus no Brasil se ocuparam com as lavouras de café, dedicando-se às atividades comerciais, aos serviços e ao artesanato, houve espaço para o processo de urbanização da sociedade brasileira, sobretudo na região Sudeste, assim como a criação de bancos comerciais no país. Todos esses fatores, assim como os investimentos públicos imperiais em infra-estruturam principalmente em ferrovias e estradas na região central do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), foram determinantes para o surgimento das primeiras indústrias no país.
[editar] Crises do Segundo Reinado
Apesar do Império gozar de um momento de paz e prosperidade, ele tinha algumas pequenas falhas. O uso de mão-de-obra escrava e a tentativa do Imperador de impor sua influência sobre os países da Prata se tornaram agentes da degradação do Império, o que levou ao fim do regime de Pedro II e do Império.
[editar] A Escravatura no Brasil
[editar] Pressão Internacional
Desde o fim do século XVIII, a Europa passava por reformas em sua maneira de pensar e, entre uma destas, houve a questão da igualdade entre os humanos - e, por extensão, o fim do escravismo. A Inglaterra foi o país que mais pressionou o Brasil. Nos acordos assinados em 1810 e, posteriormente, como cláusula para reconhecimento da independência do Brasil, a Inglaterra pedia a abolição da escravatura no país a médio prazo. Mas até que D. Pedro II chegasse ao cargo, nada havia sido feito. Com a assinatura da tarifa Alves Branco (1844), que aumentava taxas sobre importações e exportações, a coroa britânica decidiu reagir, assinando o Bill Aberdeen. Essa lei permitia aos navios britânicos apreender navios negreiros que cruzassem o Atlântico. De fato, vários navios negreiros foram abordados. Os britânicos chegavam a invadir águas territoriais e, às vezes, desembarcavam em terras brasileiras.
Dom Pedro II se viu em uma situação delicada. Ou ele tomava uma atitude contra a escravidão ou entraria em guerra contra a Inglaterra. Assim, em 1850, assinou a lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro no Brasil. Com a nova lei, a situação no Brasil muda, pois se torna muito dificil adquirir mão-de-obra escrava. Assim, o preço para comprar escravos de outros latifúndios se torna muito alto, e os que mais sentem esse golpe são os barões de café, no sudeste. Como seus cafezais estavam em franca expansão, eles precisavam de mais escravos para continuar sua produção. Assim, passaram a adquirir milhares de escravos dos produtores de cana no nordeste.
[editar] A situação da elite cafeeira
Ainda que a importação de escravos do nordeste tivesse aliviado, na década de 1860 a situação dos barões do café estava desesperadora. A idéia da adoção da mão-de-obra assalariada era a única saída, e já até foi imaginado de onde viria a mão-de-obra: os europeus viviam novos conflitos internos no fim do século XIX, como as guerras de unificação da Itália e Alemanha. O problema era que, por ter o regime escravocata, o Brasil afugentava boa parte dos candidatos a imigrantes. Estes, por sua vez, preferiam outros países, como os Estados Unidos.
Mesmo assim, o governo não tomava novas medidas para a abolição. Isso devia-se à política de favores vigente no país. Grande parte dos partidos liberais e conservadores, do Congresso Nacional e de outros órgãos governamentais tinham ligações com a elite nordestina, que defendia fortemente a manutenção da escravatura no país. Sem representação forte, a elite cafeeira viu-se obrigada a defender o Abolicionismo no Brasil. Fundou, assim, diversos partidos republicanos, que defendiam a instauração da república (e assim retirariam o poder das mãos da elite nordestina) e o abolicionismo. O Império tentou amenizar a pressão interna e externa, assinando duas leis (as "leis para inglês ver"): a lei do Ventre Livre (1871) e a lei do Sexagenário (1885).
Foi nessa época que o Império passou a financiar a imigração de europeus para a agricultura no Brasil. Muitos italianos foram para as terras paulistas, cuidando do café. Alemães, poloneses e italianos, também, imigravam para o sul, para fundar colônias. E, no início do século XX, já na República, começou a imigração de japoneses.
[editar] A Lei Áurea
Mesmo com tentativas de aliviar as pressões, o Império sentia as duras investidas, principalmente internas, para a abolição da escravatura. Assim, a filha do Imperador e herdeira do trono, Princesa Isabel, assinou, em 13 de Maio de 1888, a Lei Áurea, que declarava extinta a escravidão no Brasil e que revogava qualquer outra lei que dissesse o contrário. A Princesa foi condecorada com a Rosa de Ouro pelo Papa Leão XIII.
Mas a assinatura da lei foi o golpe de misericórdia para o próprio Império, pois o único grupo que apoiava o regime imperial, a elite nordestina, ficou contra o Imperador e abandonaram a política de favores. Essa foi uma causa fortíssima para a queda do Império.
[editar] Questões Platinas no Fim do Século XIX
[editar] Guerra contra Aguirre
No ano de 1864, a Argentina cortou relações com o presidente nacionalista uruguaio Anastácio da Cruz Aguirre. Esta rixa diplomática elevou os ânimos dos uruguaios. Como resultado, propriedades de brasileiros no Rio Grande do Sul eram invadidas e saqueadas por revoltosos, e os brasileiros que viviam no Uruguai também eram perseguidos. Buscando uma saída diplomática, D. Pedro II tentou negociações com o presidente uruguaio, mas não houve sucesso. Este negou inclusive o ultimato que o Brasil deu, e ameaçou quebrar o Tratado de Limites de 1852, assinado entre os dois países.
Desistindo das saídas diplomáticas, o Imperador buscou entendimentos com o general Venâncio Flores, que disputava o poder no Uruguai. Assim, ele deu apoio à uma invasão brasileira. Em Março de 1864 a Divisão de Observação do Exército (mais tarde, Divisão Auxiliadora) cruzou a fronteira, passaram a invadir o Uruguai. A invasão durou 11 meses. Em 15 de Fevereiro de 1865, após alguns dias de sítio na capital do Uruguai, Montevidéu, o presidente Aguirre rendeu-se, e foi deposto do cargo. Em seu lugar, foi nomeado Venâncio Flores, que assinou o acordo de paz com o Brail em 20 de Fevereiro.
A invasão do Uruguai, bem como a deposição de Aguirre, foram algumas das causas que levaram à Guerra do Paraguai, pois o presidente paraguaio, Solano Lopez, era aliado de Aguirre e do Partido Blanco no Uruguai.
[editar] Guerra do Paraguai
Foi o confronto militar internacional mais importante das Américas, que colocou Paraguai contra a Argentina, Brasil e Uruguai.
[editar] Motivos da Guerra
No século XIX, o Paraguai vivia uma situação muito próspera, graças às políticas de Francisco Solano López. O presidente paraguaio defendia a auto-suficiência paraguaia, e conseguiu fazer do Paraguai um país avançado, perto dos vizinhos sulamericanos. López investia em linhas de trem, no telégrafo, e na industrialização pesada. Mas esse aquecimento econômico que o Paraguai vivia exigia uma forma de contato com o mundo exterior, e o Paraguai não tem saída para o mar. Sempre que desejasse exportar produtos para a Europa precisava navegar por rios que não eram seus, como o Rio Uruguai e o Rio da Prata. Assim, o ditador Solano López passou a bolar planos para anexar territórios argentinos e brasileiros, que dessem ao Paraguai uma saída para o Atlântico (o chamado Paraguai Maior). Desse modo, López passou a investir na militarização de seu país. Também aliou-se ao Partido Blanco uruguaio (que, na época, estava no poder do Uruguai). O Partido Blanco é rival do Partido Colorado, que tinha alianças com Argentina e Brasil.
Quando o Brasil invadiu o Uruguai, por causa da Guerra contra Aguirre, o ditador paraguaio mostrou-se contra a investida, e como não foi atendido pelo imperador D. Pedro II, invadiu o Uruguai em Agosto, alegando que a invasão brasileira no Uruguai era um atentado ao equilíbrio dos países da Prata. Em Novembro, o Paraguai apreendeu o navio Marquês de Olinda, que navegava o Rio Paraguai em direção à província do Mato Grosso. Em Dezembro, Lópes declarou guerra ao Brasil. Em Março de 1865, declarou guerra à Argentina. O Uruguai de Venâncio Flores (partido colorado, que havia derrubado Aguirre), aliado à Argentina e ao Brasil, declarou guerra ao Paraguai. No dia 1º de Maio de 1865 foi assinado o Tratado da Tríplice Aliança, unindo Argentina, Brasil e Uruguai contra o Paraguai. Porém, desde a reunião para definir as questões diplomáticas entre Argentina, Uruguai e Brasil, no ano anterior, a aliança já estava formada.
[editar] A vantagem paraguaia
No início do embate, a guerra estava claramente favorável ao Paraguai, que tinha um exército muito mais numeroso. Os paraguaios tinham um exército que contava com aproximadamente 60 mil homens, contra 18 mil brasileiros (dos quais apenas 8 mil estavam na região sul do Brasil), 8 mil argentinos e 5 mil uruguaios. Ainda, o exército paraguaio vinha sendo exaustivamente treinado, e estava bem organizado. As tropas da Tríplice Aliança estavam desorganizadas, e não tinham grande tradição militar. Mesmo assim, o presidente da Argentina, Bartolomeu Miltre, assumiu o comando dos soldados dos três países, para frear a investida paraguaia.
O Paraguai iniciou a guerra no ataque, conquistando rapidamente a província de Mato Grosso, que estava despreparada para uma invasão. Mas López não ordenou a invasão da capital mato-grossense, Cuiabá, pois seus planos eram no sul do Paraguai. As tropas paraguaias invadiram a província argentina de Corrientes em Março de 1865. Em Maio, tropas cruzaram a Argentina e invadiram São Borja, no Rio Grande do Sul.
O Brasil tentou responder enviando uma expedição ao Mato Grosso, mas essa expedição foi muito demorada. Quando chegaram às cidades invadidas, elas já tinham sido desocupadas pelos paraguaios. Em 1867 os brasileiros tentaram ainda invadir o Paraguai pelo Mato Grosso, mas tiveram que recuar. A província do Mato Grosso só foi totalmente desocupada em 1868, quando os paraguaios que estavam ali tiveram que se deslocar para o sul.
[editar] Riachuelo e a virada da Guerra
Apesar da superioridade terrestre paraguaia, a Marinha brasileira era muito maior (principalmente por causa da extensão litorânea do Brasil). E, graças à invasão do Uruguai, boa parte da Marinha brasileira estava no Rio da Prata, e a esquadra brasileira engajou-se na Batalha de Riachuelo, em Junho de 1865. A batalha praticamente destruiu a Marinha paraguaia. Sem navios que controlassem o rio Uruguai e Paraguai, os paraguaios não poderiam manter seus homens na Argentina (não havia estradas na época; os contatos eram feitos pelos rios).
Mesmo assim, as tropas que estavam no Brasil avançaram, tomando mais cidades brasileiras. Tentaram inclusive invadir o Uruguai, mas perderam a batalha, ao tentarem cruzar o Rio Uruguai. Em poucos meses as forças que invadiram o Brasil haviam sido derrotadas. Logo depois, as tropas aliadas reconquistaram as cidades argentinas invadidas. Em 1866, a ofensiva passou a ser da Tríplice Aliança.
A invasão no Paraguai foi demorada e violenta, e contou com muitas baixas. A maioria, porém, era causa de epidemias e subnutrição, pois a saúde era precária nas frentes de batalhas. Foi nessa época que o líder das tropas da Tríplice Aliança tornou-se o marquês de Caxias. Mas a batalha tornava-se lenta e difícil, pois enquanto os aliados ocupavam-se em se reorganizar para manter a investida, López ganhava tempo, e se refortalecia para tentar rechaçar mais um ataque.
[editar] Invasão de Assunção e queda de López
Após quase 3 anos de invasão, Assunção, capital paraguaia, foi tomada, em 1º de Janeiro de 1869. Solano López fugiu com alguns comandantes para o noroeste paraguaio, uma região de relevo acidentado. O Imperador D. Pedro II fez questão de prender ou matar López, temendo uma revolta armada por ele.
Como Duque de Caxias negou-se a perseguir o ditador, o genro do Imperador, Luís Filipe Gastão de Orleáns, o Conde D'Eu, assumiu a liderança das tropas, e invadiu o interior paraguaio, enfrentando uma verdadeira guerrilha. Nessas batalhas, o resto das tropas paraguaias foram massacradas pelos brasileiros, enquanto não achavam Lópes. Ele morreu na batalha de Cerro Corá, em 1870.
Mesmo vitorioso, o Brasil saiu com diversos problemas econômicos, pois teve que pedir grandes somas de dinheiro emprestadas para a Inglaterra, o que aumentou sua dívida externa. As dificuldades financeiras do Império apressaram a queda de D. Pedro II. Os únicos brasileiros que se beneficiaram com a guerra foram os militares do Exército, que se tornaram importantes no cenário nacional, sendo decisivos para diversos episódios históricos, como a proclamação da República, o golpe de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar.
[editar] A Questão Religiosa e Questão Militar
Além disto, houve a questão religiosa, esta provocada pela recusa dos bispos Dom Antônio de Macedo Costa e D. Frei Vital em aceitar as interferências do governo influenciado pela maçonaria na nomeação de diretores de ordens terceiras e irmandades. Em seguida, a questão militar causada por atritos entre os militares e o império. Os profissionais das armas queriam uma maior autonomia nos assuntos políticos da nação, e o império punia as manifestações quaisquer que fossem.
Os republicanos cresciam em poder e influência, a opinião pública já vislumbrava com bons olhos um Brasil sem imperador. O tenente-coronel Benjamin Constant na Escola Militar pregava o positivismo e a república.
Em 1873, aconteceu um Congresso Republicano em São Paulo, neste, houve a confecção e a aprovação de um projeto de constituição. O regime monárquico estava acabando, os ventos republicanos já sopravam no horizonte. Com o agravamento da questão militar, o gabinete de Ouro Preto iniciou sua queda.
[editar] O Fim do Império
O movimento pró-República no Brasil tomava proporções irreversíveis. Conta-se que os líderes republicanos esperavam que D. Pedro II viesse a falecer, para que eles impedissem Isabel de herdar o trono. Mas em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca proclama a república. D. Pedro II é retirado do Trono Brasileiro. Deodoro recebe o título de chefe do governo provisório. D. Pedro II embarcou com a família no dia 17 de novembro de 1889 para a Europa.
[editar] Ligações externas
[editar] Bibliografia
Precedido por: Período regencial |
Segundo Império 1840 — 1889 |
Sucedido por: Proclamação da República Brasileira |