Palácio Nacional de Belém
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O Palácio Nacional de Belém, em Lisboa, fica situado na Praça Afonso de Albuquerque, sendo actualmente a residência oficial do Presidente da República Portuguesa.
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[editar] As origens: Palácio de D.Manuel de Portugal
O Palácio foi construído em 1559 pelo fidalgo D. Manuel de Portugal. Situa-se na zona sudoeste da cidade de Lisboa, em Belém. O palácio tinha jardins à beira do Tejo, quando o rio tinha a margem mais próxima do que na actualidade.
No século XVIII, D. João V que enriquecera com o ouro proveniente do Brasil, comprou-o ao conde de Aveiras, tendo-o alterado radicalmente. Acrescentou-lhe uma escola de equitação (as cavalariças são hoje o esplêndido Museu dos Coches) e adaptou o interior para poder fazer as suas conquistas amorosas com discrição.
[editar] Na posse da Casa Real
Quando o Terramoto de 1755, o monarca D. José e a família encontravam-se a passar o dia feriado na zona de Belém e sobreviveram à devastação. Receando outro sismo, a família real instalou-se em tendas nos terrenos do palácio, cujo interior foi usado como hospital. O Palácio entrou assim no património da Casa Real, que construíu nos seus anexos o seu Picadeiro Régio.
[editar] Alojamento de convidados estrangeiros
D.Maria II habitou alguns anos o Palácio de Belém (quando o Palácio das Necessidades estava em obras), aqui ocorrendo uma tentativa de golpe a que se chamou a Belenzada. A partir do reinado de D.Luís, o Palácio de Belém foi destinado a receber os convidados oficiais que visitavam Lisboa. Assim, aqui estiveram, entre outros, a Rainha Isabel II de Espanha e seu sucessor, o efémero Rei Amadeu de Sabóia.
[editar] Residência do Príncipe Real
Em 22 de Maio de 1886 foi dada nova missão ao Palácio de Belém, a de residência oficial dos Príncipes Reais D.Carlos, Duque de Bragança e sua jovem esposa D.Amélia de Orleães. Aqui nasceram os seus filhos, D.Luís Filipe e D.Manuel, que foram baptizados na capela palatina. Após a subida de D.Carlos ao Trono, em 1889, não tendo Belém as dimensões de residência oficial da coroa, D.Carlos e D.Amélia mudaram-se para o Palácio das Necessidades, voltando Belém à sua condição de residência dos convidados estrangeiros (albergando então, entre outros, Afonso XIII de Espanha, Guilherme II da Alemanha e o Presidente francês Émile Loubet. Em 1905, por iniciativa do espírito culto da Rainha D.Amélia, o elegante Picadeiro Real foi transformado em Museu dos Coches Reais (hoje Museu Nacional dos Coches), preservando-se assim a valiosa colecção de coches e viaturas da Casa Real. Ainda sob a égide da Monarquia, o Palácio de Belém albergou o Presidente eleito da República Brasileira, Marechal Hermes da Fonseca, em 2 de Outubro de 1910. Foi neste palácio, durante a recepção ao presidente do Brasil, que o Rei D.Manuel II teve conhecimento da revolução que dias depois lhe roubou a coroa.
[editar] Residência oficial do Presidente da República
[editar] Na I República
Em 1911, já depois da proclamação da república, o Palácio de Belém foi designado residência oficial do Presidente da República. Os presidentes da I República tinham porém que pagar renda ao Estado para residirem no Palácio (para não serem acusados de gozarem de privilégios atribuídos ao anterior regime. Aqui foi velado o corpo do Presidente Sidónio Pais, em 1918 e daqui saíu Bernardino Machado, após ter renunciado ao cargo de Presidente da República, em 1926.
[editar] No Estado Novo
Durante o Estado Novo o Palácio de Belém não foi palco de relevantes acontecimentos políticos, devido ao reduzido papel atribuído ao Presidente da República pela Constituição de 1933. Neste período, apenas o Presidente Craveiro Lopes, habitou permanentemente o Palácio (entre 1951 e 1958). O Presidente Américo Tomás (1958-1974) raramente ia a Belém, exceptuando algumas recepções oficiais (à quinta-feira). Devido a este reduzido papel político na Ditadura, Belém não foi um alvo dos revolucionários, em 25 de Abril de 1974.
[editar] O Palácio na Actualidade
Só após a revolução dos cravos, em 25 de Abril de 1974, o Palácio de Belém recuperou o seu papel de relevo, nele se instalando a Junta de Salvação Nacional. Aqui viveram os momentos conturbados de 1974 e do Verão quente de 1975 os Presidentes Spínola e Costa Gomes. Com a vigência da actual constituição (aprovada em 1976), o Palácio regressou à sua condição de residência oficial do Chefe de Estado. Desde então, apenas o Presidente Ramalho Eanes habitou permanentemente no Palácio. Os Presidentes Soares e Sampaio utilizaram Belém apenas para trabalhar, igual atitude expressou o Presidente Cavaco Silva no dia da sua posse, quando declarou que Belém seria a sua residência de trabalho.
Hoje, o elegante edíficio de cor rosada é a residência oficial do Presidente da República Portuguesa. Nessa qualidade é visita obrigatória para os chefes de estado e delegações estrangeiras que visitam os presidentes. Semanalmente, à quinta-feira, o Presidente da República recebe o Primeiro-Ministro, para uma reunião de trabalho onde este o põe ao corrente do governo do país. No terceiro domingo de cada mês acontece na Praça Afonso de Albuquerque (em frente do Palácio), o solene render da Guarda, que serve o Presidente da República. Para o público em geral foi aberto no edifício o Museu da Presidência da República, por iniciativa do Presidente Jorge Sampaio, em 2004, onde estão expostos os espólio dos 17 Presidentes da República que antecederam o actual Presidente.