Luiz Inácio Lula da Silva
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Presidente do Brasil | |
Mandato: | 1 de janeiro de 2003 em exercício |
Vice-Presidente | José Alencar Gomes da Silva |
Precedido por: | Fernando Henrique Cardoso |
Data de nascimento: | 27 de outubro de 1945 |
Local de nascimento: | Caetés (PE) |
Primeira-dama: | Marisa Letícia Rocco Casa |
Partido político: | PT |
Profissão: | metalúrgico, sindicalista |
Luiz Inácio Lula da Silva (Caetés, 27 de outubro de 1945[1]) é um político brasileiro e atual presidente da República Federativa do Brasil, desde 1º de janeiro de 2003.
Desde os tempos em que era representante sindical e ao longo de toda sua vida política é conhecido pela alcunha Lula, forma hipocorística de Luís, que posteriormente foi adicionado como parte oficial de seu nome no registro civil.
Lula é co-fundador, presidente de honra e filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). É também, desde 1990, fundador e presidente do Foro de São Paulo que coordena as organizações de esquerda da América Latina.
Foi candidato a presidente em 1989 (derrotado por Fernando Collor de Mello), em 1994 (derrotado por Fernando Henrique Cardoso) e em 1998 (novamente derrotado por Fernando Henrique Cardoso), tendo ganho as eleições de 2002 (derrotando José Serra).
Lula foi reeleito no segundo turno das eleições de 2006 (derrotando Geraldo Alckmin) com mais de 58 milhões de votos, quebrando o seu próprio recorde de votação para presidente do Brasil.
Índice |
Infância
Quando Lula tinha sete anos de idade, sua família, em condições precárias, dirigiu-se para o Estado de São Paulo, na esperança de oportunidades melhores de vida. Passou, então, a residir em Vicente de Carvalho, distrito da periferia de Guarujá, cidade do litoral do estado.
Nesta mesma cidade paulista, Luiz Inácio da Silva foi alfabetizado no Grupo Escolar Marcílio Dias. Em 1956 passou a morar em São Paulo. Com doze anos Lula foi empregado em uma tinturaria, tendo depois exercido as profissões de engraxate e auxiliar de escritório.
Operário e sindicalista
Seguindo para a indústria, Lula consegue uma vaga no curso de torneiro mecânico no SENAI, instituição brasileira de educação profissional, formando-se como metalúrgico em 1963. Neste mesmo ano, emprega-se na metalúrgica Aliança, onde mal avisado veio a perder o dedo mínimo esquerdo numa prensa hidráulica.
Alguns anos depois, mudou-se para São Bernardo do Campo, onde sindicalizou-se no Sindicato dos Metalurgicos 1968, por influência do irmão José Ferreira de Melo, apelidado de Frei Chico, que lhe presenteou o seu primeiro livro intitulado: O Que é a Constituição.
Em 1969 Lula foi eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo.Em 1975 foi eleito presidente do mesmo sindicato. Reeleito em 1978, foi uma das lideranças sindicais que retomaram a prática de greves públicas de larga escala, que haviam cessado de ocorrer desde o endurecimento repressivo da ditadura militar nos 10 anos anteriores. Durante o movimento grevista, a idéia de fundar um partido representante dos trabalhadores foi amadurecendo, e, em 1980 foi fundado o Partido dos Trabalhadores (PT).
É pouco divulgado — mas atestado por algumas fontes tais como o Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro do Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas — o fato de que Lula, durante o início da década de 1970, viajou aos Estados Unidos, onde freqüentou curso de qualificação sindical no Instituto Interamericano de Sindicalismo Livre, organização politicamente conservadora e anti-comunista vinculada à central sindical americana AFL-CIO.
Carreira política até a presidência
Em 1981, durante o decurso de uma greve no ABC, o Sindicato dos Metalúrgicos de S. Bernardo do Campo sofre intervenção aprovada por Murilo Macedo, então Ministro do Trabalho do General João Baptista Figueiredo e Lula é detido por vinte dias nas instalações do DOPS paulista. Sua carreira como dirigente sindical fica, assim, encerrada, e começa sua carreira política propriamente dita.
Visando a participar de pleitos eleitorais, alterou judicialmente seu nome de Luiz Inácio da Silva para Luiz Inácio Lula da Silva (a legislação vigente proibia o uso de apelidos pelos candidatos).
Em 1982, Lula participou das eleições para o governo de São Paulo e perdeu. Em 1984, participou, ao lado de Ulysses Guimarães, da campanha Diretas Já, que clamava por eleições presidenciais diretas após anos de ditadura militar e presidentes nomeados. A campanha Diretas Já não teve sucesso e as eleições presidenciais de 1984 foram feitas pelo Colégio Eleitoral através de eleições indiretas pelo Congresso Nacional. Lula e o PT abdicaram de participar desta eleição.
Em 1986, foi eleito deputado federal com recorde de votos, tendo participado da elaboração da Constituição Federal vigente.
A versão de seus correligionários é que ele precisava se dedicar a consolidação de seu nome e principalmente a aumentar a estrutura do seu partido. O fato é que ele viajou pelo Brasil estruturando as seções regionais do partido e ajudando a transformação do PT de um pequeno partido a uma das principais forças do país. Sua participação neste processo é que o tornou uma figura essencial, simbólica e incontestável dentro do partido, mesmo depois de suas sucessivas derrotas eletorais.
Em 1989, realizou-se a primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964. Lula se candidatou a presidente. A eleição foi vencida por Fernando Collor de Mello, candidato liberal do PRN, que recebeu entusiástico apoio de considerável parte da população que se sentia intimidada ante a perspectiva do ex-sindicalista tido como radical e supostamente alinhado com as teses de esquerda chegar à Presidência.
A campanha de Collor contra Lula, no segundo turno, foi fértil em práticas tidas, à época, por moralmente duvidosas, e que combinavam preconceitos políticos e sociais: Lula foi identificado como um trânsfuga do comunismo, a quem a queda do Muro de Berlim havia transformado em anacronismo, e seus atos politicos foram mostrados como orgias de vândalos em fúria (segundo o acadêmico Bernardo Kucinski tal ter-se-ia dado graças a infiltração de agentes provocadores de Collor nos comícios do PT). Sem falar que Collor acusou Lula de desejar seqüestrar ativos financeiros de particulares (que era o que ele mesmo iria fazer no início do seu governo).
Inumeráveis articulistas da grande imprensa arrogaram-se o direito de emitir os comentários mais grosseiros sobre Lula: o conhecido publicista Paulo Francis chamou Lula de "ralé", "besta quadrada" e disse que se ele chegasse ao poder, o País viraria uma "grande bosta". Mais do que isto, recorreu-se ao assassinato de caráter: uma antiga namorada de Lula, com a qual ele tinha uma filha natural, surgiu na propaganda gratuita de Collor para acusar seu ex-namorado de "racista" e de ter-lhe proposto abortar a filha que ambos tiveram.
Às vésperas da eleição, um resumo do debate final entre ambos teria sido editado pela TV Globo de forma a favorecer Collor (fato este admitido mais tarde por várias memórias de participantes do evento, mostrado no documentário Beyond Citizen Kane).
A eleição propriamente dita comportou ainda a suposta manipulação política do seqüestro do empresário do setor de supermercados Abílio Diniz, que, ao ser libertado de seu cativeiro no dia da eleição, apareceu vestindo uma camisa do PT que ter-lhe-ia sido colocada por seus seqüestradores.
Tais práticas iriam, paradoxalmente, atuar mais tarde em benefício de Lula, na medida em que acusações sobre práticas eticamente questionáveis dele e de seu partido tenderiam a ser consideradas como propaganda hostil. Para esta posterior revanche política contribuiram também os erros de seus adversários.
Em 1994, Luiz Inácio Lula da Silva volta a candidatar-se à presidência e é novamente derrotado, dessa vez pelo canditado do PSDB, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso - posteriormente apelidado pela imprensa de FHC.
À época senador pelo Estado de São Paulo, Cardoso tinha um histórico familiar (como filho do general comunista Leonidas Cardoso, que foi um dos mentores da campanha pela criação da Petrobras durante o segundo governo Vargas) e político ligado à Esquerda, tendo sido aposentado compulsoriamente como professor da USP durante a ditadura militar, e era já então um intelectual de renome internacional.
A frente do Ministério da Fazenda no governo de Itamar Franco, FHC comandou a implantação do Plano Real, que teve sucesso em sobrepujar a inflação e estabilizar a moeda brasileira. Em 1998 Fernando Henrique se tornou o primeiro presidente brasileiro a se reeleger, derrotando Lula logo no primeiro turno.
Lula, sabendo-se derrotado de antemão, realizou uma campanha discreta, que no entanto o ajudou a consolidar sua posição hegemônica dentro do seu partido e dentro da Esquerda brasileira, o que foi expresso pelo fato do vice-presidente da sua chapa ter sido Leonel Brizola.
A desvalorização do real no período logo após a eleição de 1998 até 1999, as crises internacionais, desastres administrativos como o que gerou o Apagão, e principalmente o fraco crescimento econômico no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso fortaleceram a posição eleitoral de Lula nos quatro anos após 1998.
Abdicando dos erros (principalmente o radicalismo verbal) cometidos em campanhas passadas, Lula escolheu para seu vice o senador conservador mineiro e empresário têxtil José Alencar do PL (partido ao qual se aliou) e opta em 2002 por um discurso conciliador, prometendo ortodoxia econômica, respeito aos contratos e reconhecendo a dívida externa do país, o que conquista finalmente a confiança de uma parte da classe média e empresários. Ele ainda pregava que ele e seu partido dariam um exemplo de ética para o Brasil e implantariam uma política econômica melhor que a do governo anterior. É sob o perfil de “Lulinha paz-e-amor” (epíteto este cunhado pelo seu marqueteiro Duda Mendonça) que Luiz Inácio da Silva finalmente ascende à presidência.
Em 27 de outubro de 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil, derrotando o candidato apoiado por Fernando Henrique Cardoso, José Serra do PSDB. No seu discurso de posse, Lula afirmou: "(sic) E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país." A declaração foi uma resposta contra os inúmeros ataques que sofreu em virtude de sua baixa educação formal, que muitos consideram incompatível com o cargo mais importante da República. As causas deste desabafo foram os ataques sofridos na campanha que desmereciam sua educação.
Em 29 de outubro de 2006, é reeleito, vencendo o candidato Geraldo Alckmin do partido PSDB, com mais de 60% de aceitação.
O Governo Lula
Sua gestão é caracterizada por um governo de continuidade da estabilidade econômica do Governo anterior, e uma balança comercial crescentemente superavitária. Em seu governo, a dívida interna passou de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão de reais em fevereiro de 2006, apesar de não ter apresentado variação significativa em relação ao Produto Interno Bruto nacional. Concomitantemente, a dívida externa teve uma queda de 168 bilhões de reais, fruto principalmente da valorização do Real frente ao dólar e das volumosas compras de dólares realizadas pelo Banco Central, utilizadas em parte para recomprar a dívida (a exemplo do que foi feito com o C-Bond). Também é marcada por manter o corte de investimentos públicos, a exemplo da gestão anterior.
Outra característica marcante é na área de Relações Exteriores, com atuação intensa na OMC e formação de grupos de trabalho formado por países em desenvolvimento. Essa forte atuação, no entanto, não resultou em grandes resultados práticos, uma vez que as negociações da Rodada de Doha continuam estagnadas.
Na área de políticas fiscal e monetária, caracterizou-se por realizar uma política econômica conservadora. O Banco Central goza de autonomia prática, embora não garantida por lei, para buscar ativamente a meta de inflação determinada pelo governo, embora essa meta tenha parado de cair para os próximos anos, como seria recomendado pelo instrumental da política de metas para a inflação. A política fiscal garante a obtenção de superávits primários ainda maiores que os observados no governo anterior (4,5% do PIB contra 4,25% no fim do governo FHC). No entanto, críticos apontam que esse superávit é alcançado através do corte de investimentos, ao mesmo tempo em que aumento de gastos em programas de transferência de renda como o bolsa família, salário e o aumento no déficit da previdência exigem uma carga tributária crescente.
Em seu primeiro ano de governo, empenhou-se em realizar uma reforma da previdência, por via de uma emenda constitucional, caraterizada pela imposição de uma contribuição sobre os rendimentos de aposentados do setor público e maior regulação do sistema previdenciário nacional. Além disso, houve a necessidade de se combater os índices inflacionários que alcançavam a margem de 20% a.a. no início de sua gestão.
A questão econômica tornou-se conseqüentemente a pauta maior do governo. A minimalização dos riscos e o controle das metas de inflação de longo prazo impuseram ao Brasil uma limitação forte no crescimento econômico, chegando a níveis de recessão semestral (com uma taxa de crescimento anual do PIB de 3 a 4% ao ano). A idéia é que este baixo desenvolvimento trará ao país uma inflação permanentemente reduzida (a não ser por fatores exógenos à política econômica) e que o mercado pouco a pouco voltará aos seus níveis de produto estáveis, conhecidos na teoria monetarista como PIB potencial.
Além disso, a preocupação trazida com os baixos resultados na esfera diplomática impôs ao governo uma política ortodoxa, precavida quanto a saída dos investimentos externos para países em franco desenvolvimento (ainda distantes de seus PIB potenciais). Como essa preucação se traduz em elevados juros reais, pela necessidade conter a inflação, o Brasil tem os maiores juros nominais e reais do mundo.
Ressalvam os críticos, no entanto, que os baixos índices inflacionários foram conseguidos a partir de políticas monetárias restritivas que levaram a um crescimento dependente, por exemplo, de exportações de commodities agrícolas (especialmente a soja), exportações estas que não só encontraram seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como também tem contribuído para o crescimento do latifúndio.
As relações políticas do governo Lula foram conturbadas. Eleito presidente com uma bancada minoritária, formada pelo PT, PSB, PCdoB e PL, Lula partiu para a cooptação de partidos mais à direita do espectro político brasileiro. Conseguiu apoio do PP, PTB e parcela do PMDB, às custas de dividir com esses o poder. Após dois anos de governo mantendo maioria no congresso, o que facilitava a aprovação de projetos de interesse do executivo, uma disputa interna de poder entre os partidos aliados (PT, PSB, PCdoB, PL, PP, PTB) resultou no escândalo do mensalão.
Após denúncias do então deputado do PTB Roberto Jefferson, envolvido em esquema de propina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - Correios, houve enorme desarranjo político entre o poder executivo e sua base, aumentado o grau de ataque dos partidos de oposição. Essa crise desdobrou-se em outras, que geraram certa paralisia no governo federal, inclusive com a queda de ministros e a cassação de deputados. Nesse período, compreendido entre abril e dezembro de 2005, o índice de aprovação do governo Lula atingiu o seu mais baixo percentual desde o começo do mandato. Em janeiro de 2006, com o desgaste do poder legislativo em sua baixa performance em resolver esses conflitos, Lula consegue reagir, se desgruda dos escândalos e volta a ter altos índices de popularidade.
Casos como o de seu filho, Luis Fábio, o Lulinha, que teria supostamente enriquecido após fechar contrato de quinze milhões de reais com a empresa de telecomunicações Telemar[2], da qual o governo é acionista, além dos boatos sobre sua propensão à bebida, que chegou até o jornal The New York Times, em matéria do correspondente no Brasil Larry Rotter[3], gerando quase uma crise diplomática devido ao pedido de expulsão do jornalista do país por Lula.
Também a queda de seus ministros José Dirceu, Antonio Palocci, Benedita da Silva, Luiz Gushiken, além de personagens que ocupavam cargos do primeiro escalão do governo, como Jorge Matoso - presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), todos por suspeitas de envolvimento em casos de corrupção ou prevaricação.
Polêmicas sobre a reeleição
Apesar de numerosas especulações sobre sua candidatura, fundamentadas em declarações como a do ex-ministro José Dirceu, que afirmou: "nosso projeto é para trinta anos" [ ], Lula manteve publicamente a condição de indeciso em relação à candidatura até o último momento. Alguns analistas políticos avaliaram isso como estratégia para que Lula não recebesse ataques antecipadamente, já que os escândalos de seu governo e características polêmicas de sua personalidade poderiam alegadamente servir de munição para a oposição.
[2006, tendo sido gasto até 19 de julho 67,8% do que é permitido pela legislação. Não foram poupadas, também, críticas às suas viagens para inaugurações de obras.
] Seu governo foi muito criticado, quando notícias saíram com estatísticas a respeito do aumento de seus gastos com publicidade durante o primeiro semestre deEm 17 de agosto de 2006, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenou o candidato ao pagamento de uma multa de 900 mil reais[4] por prática de propaganda eleitoral antecipada. Reconhecendo a ocorrência de propaganda eleitoral em dezembro de 2005, e portanto extemporânea, no tablóide entitulado "Brasil, um país de todos", uma publicação de responsabilidade da Casa Civil, do ministério do Planejamento e da secretaria-geral da Presidência da República[5].
- Distinção entre candidato e presidente
Assim que Lula oficializou a sua candidatura, na convenção nacional do partido, dia 24 de junho (perto da data limite estabelecida por Lei), constantes críticas sobre a dificuldade de se distinguir o presidente e do candidato à reeleição passaram a fazer parte da campanha eleitoral. O TSE advertiu que não aceitaria propaganda governamental institucional a partir da data da oficialização da candidatura. O governo tentou ainda encontrar uma brecha jurídica, alegando casos de necessidade pública para a continuação de campanhas televisivas sobre programas sociais do governo, tais como o Fome Zero, Bolsa Família [ ] e outros nas áreas de educação e saúde. Esse empenho não surtiu efeito e a proibição foi mantida, abrindo-se exceção apenas para o caso de empresas estatais que concorrem no mercado, sob a condição de não apresentarem logotipo ou menções ao candidato.
A elaboração de uma cartilha com o logotipo do programa Fome Zero na capa, que seria distribuída nas escolas públicas do país, recebeu críticas de mesmo teor e foi recolhida pelo TSE, que além de confiscar quarenta milhões de cartilhas, aplicou uma multa de cem mil reais e ameaçou impugnar a candidatura do PT[6]. Críticas maiores foram feitas principalmente por oposicionistas, que alegaram uso de dinheiro público com fins eleitorais. Em um de seus discursos de campanha, Lula afirmou que não sabia quando era candidato e quando era presidente[7].
Essa confusão de funções tem gerado na imprensa e em setores da sociedade indagações sobre a necessidade de se revisar o instrumento da reeleição. Indagações semelhantes ocorreram quando Fernando Henrique Cardoso era candidato e presidente em exercício concomitantemente.
Finalmente, no dia em que realizou o primeiro ato oficial de sua reeleição, Lula concedeu entrevista, e, fugindo do estigma de um segundo governo mais frouxo fiscalmente para atender demandas de seus discursos, em julho de 2006, declarou que nunca foi um "esquerdista", admitindo que em um eventual segundo mandato, prosseguiria com as políticas consideradas conservadoras adotadas no seu atual governo[8].
A imprensa mundial fez menção a reeleição do carismático e agora “não esquerdista” Lula. Até mesmo os banqueiros de Wall Street elogiaram sua vitória, pois o antes temido representante maior da estrela vermelha petista não mais apresenta caráter reformista. O jornal britânico "Financial Times" deu esse enfoque na matéria que publicou sobre a reeleição com o título "Wall Street também ama Lula". O "Financial Times" se baseou nas declarações aos clientes do Banco J. P. Morgan onde disse:
- “ ... as expectativas sobre a agenda de reformas estão baixas, o que significa que, mesmo que sejam pequenas, poderiam gerar um impacto positivo nos mercados. O tamanho da liderança do presidente Lula está diretamente relacionado com a veemência com que ele e seus ministros atacaram as reformas liberais promovidas pelo governo anterior, do PSDB. Encorajados pela responsabilidade social , alguns ministros, na semana passada, começaram a considerar a 'flexibilização' da lei de responsabilidade fiscal --um dos mais importantes pilares da política macroeconômica erigidos pelo PSDB. A noção de que, em um segundo mandato, Lula possa dar andamento a qualquer agenda reformista está começando a soar como fantasia.”
Wall Street ama Lula, segundo o jornal britânico, porque a propaganda de esquerda reformista que promoveu quando era “esquerdista”, soa como uma fantasia, visto que constrói sobre os pilares que o PSDB estabeleceu.
Cronologia sumária
Notas
- ^ Luiz Inácio da Silva nasceu em Caetés, então distrito do município de Garanhuns no interior de Pernambuco. Caetés foi elevado a categoria de município por lei estadual de 20 de dezembro de 1963. Lula é registrado como nascido no dia 6 de outubro de 1945, mas festeja a data do seu aniversário dia 27 de outubro, quando teria realmente ocorrido o nascimento.
- ^ A mídia em dedate
- ^ Agora são mais cinco milhões de reais para Lulinha
- ^ A íntegra da reportagem do correspondente norte-americano Larry Rohter, do New York Times
- ^ Justiça eleitoral multa presidente Lula em 900 mil reais por propaganda antecipada
- ^ TSE barra a distribuição de cartilha que cita Fome Zero
- ^ Não sei quando sou presidente ou candidato, diz Lula
- ^ Lula se diz longe da esquerda e quer manter política econômica
Bibliografia
- Lula, o filho do Brasil
- Bernardo Kucinski, A Síndrome da Antena Parabólica - Ética no Jornalismo Brasileiro, Fundação Perseu Abramo, S. Paulo, 1998.
- Filmes
Ligações externas
- Lula 13
- Programa de Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Para eleições de 2006) (em português)
- Beyond Citizen Kane - Documentário de 1993 sobre a Rede Globo. Descreve fatos das eleições de 1989, como a manipulação criada pela Globo.
Precedido por: Fernando Henrique Cardoso |
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