Victor Hugo
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Victor Hugo (26 de fevereiro de 1802 em Besançon - 22 de maio de 1885, Paris) foi um escritor e poeta francês, autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras.
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[editar] Biografia
Filho de Joseph Hugo e de Sophie Trébuchet, nasceu em Besançon, no Doubs, mas passou a infância em Paris. Estadias em Nápoles e na Espanha acabaram por influenciar profundamente sua obra. Funda com os seus irmãos em 1819 uma revista, o Conservateur littéraire (Conservador literário), que já chama a atenção para o seu talento. No mesmo ano, ganha o concurso da Académie des Jeux Floraux.
O seu primeiro recolhimento de poemas, Odes, é publicado em 1822: tem então vinte anos. Mas é com Cromwell, publicado em 1827, que alcançará o sucesso. No prefácio deste drama, opõe-se às convenções clássicas, em especial à unidade de tempo e à unidade de lugar.
Tem, até uma idade avançada, diversas amantes, sendo a mais famosa Juliette Drouet, atriz sem talento que lhe dedica a sua vida, e a quem ele escreve numerosos poemas. Ambos passavam juntos o aniversário do seu encontro e preenchiam, nesta ocasião, ano após ano, um caderno comum que nomeavam o Livro do aniversário.
Criado por sua mãe no espírito da monarquia, acaba por se convencer, pouco a pouco, do interesse da democracia ("Cresci", escreve num poema onde se justifica). A sua idéia é que "onde o conhecimento está apenas num homem, a monarquia se impõe." Onde está num grupo de homens, deve fazer lugar à aristocracia. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então vem o tempo da democracia". Tendo se tornado favorável a uma democracia liberal e humanitária, é eleito deputado da Segunda República em 1848, e apóia a candidatura do "príncipe Louis-Napoléon", mas se exila após o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851, que ele condena vigorosamente por razões morais (Histoire d'un crime).
Durante o Segundo Império, em oposição a Napoléon III, vive em exílio em Jersey, Guernsey e Bruxelas. É um dos únicos proscritos a recusar a anistia decidida algum tempo depois: « Et s'il n'en reste qu'un, je serai celui-là » ("e se sobra apenas um, serei eu"). A morte da sua filha, Leopoldina, deixou-o a tal ponto desamparado que se deixa tentar, na sua lembrança, por experiências espíritas relatadas numa obra diferente nomeada Les tables tournantes de Jersey.
De acordo com seu último desejo, é em um caixão humilde que é enterrado no Panthéon. Tendo ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo, estima-se que 1 milhão de pessoas vieram lhe prestar uma última homenagem.
[editar] Pensamento político
A partir de 1849, Victor Hugo dedica um quarto da sua obra à política, um quarto à religião e outro à Filosofia humana e social. Se o pensamento de Victor Hugo pode parecer complexo e às vezes contraditório, não se pode dizer que seja maniqueísta.
Reformista, deseja mudar a sociedade mas não mudar de sociedade. Se ele justifica o enriquecimento, denuncia violentamente a desigualdade social. É contra os ricos que capitalizam os seus lucros sem reinjetá-los na produção. A elite burguesa jamais o perdoará por isso. Ele também se opõe à violência quando ela se aplica contra um poder democrático, mas a justifica (conforme à Declaração dos direitos do homem) contra um poder ilegítimo. É assim que, em 1851, lança um chamado à luta - "carregar seu fuzil e ficar preparado" - que não é seguido. Mantém esta posição até 1870, quando começa a Guerra Franco-Prussiana; Hugo a condena: "guerra de capricho" e não de liberdade. Em seguida, o império é deposto e a guerra continua, desta vez contra a república; o argumento de Hugo em favor da fraternização resta, ainda, sem resposta. É assim que, em 17 de Setembro, publica uma chamada ao levantamento de massa e à resistência. Os republicanos moderados ficam horrorizados: preferem Bismarck aos "socialistas"! A população de Paris, no entanto, se mobiliza e lê avidamente Les Châtiments. Ver Comuna de Paris.
Coerente, Hugo não podia ser comunista: "O significado da Comuna é imenso, ela poderia fazer grandes coisas, mas na verdade faz somente pequenas coisas. E pequenas coisas que são odiosas, é lamentável. Compreendam-me: sou um homem de revolução. Aceito, assim, as grandes necessidades, mas somente sob uma condição: que sejam a confirmação dos princípios e não o seu desrespeito. Todo o meu pensamento oscila entre dois pólos: civilização-revolução "." A construção de uma sociedade igualitária só será possível se for conseqüência de uma recomposição da sociedade liberal." No entanto, diante da repressão que se abate sobre os comunistas, o poeta declara seu desgosto: "Alguns bandidos mataram 64 reféns. Replica-se matando 6000 prisioneiros!" .
Denunciando até o fim a segregação social, Hugo declara durante a última reunião pública que preside: "A questão social perdura. Ela é terrível, mas é simples: é a questão dos que têm e dos que não têm!". Tratava-se precisamente de recolher fundos para permitir a 126 delegados operários a viagem ao primeiro Congresso socialista da França, em Marselha.
Victor Hugo pronunciou durante a sua carreira política quatro grandes discursos:
Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos |
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- um sobre a defesa do litoral;
- um sobre a condição feminina;
- um sobre o ensino religioso;
- uma argumentação contra a pena de morte.
[editar] Extratos
[editar] Diálogo entre Combeferre e Enjolras (Os Miseráveis)
Combeferre, em posição próxima a Enjolras, percebeu esse rapaz. "Que pena!" disse Combeferre."Quão abominável esse banho de sangue é! Tenho certeza de que quando não houver mais reis, não haverá mais guerra. Enjolras, você está a mirar naquele sargento, não a contemplá-lo. Pense que ele é um belo jovem; ele é intrépido; percebe-se que ele é um pensador; esses jovens artilheiros são bem instruídos; ele tem um pai, uma mãe, uma família; ele ama alguém, provavelmente; ele tem no máximo vinte e cinco anos; ele poderia ser seu irmão." "Ele é" diz Enjolras.
[editar] Argumentação contra a proibição de Marion Delorme
"Este século produziu apenas uma grande coisa, a liberdade, e produziu apenas um grande homem, Napoleão. Não temos mais um grande homem. Tentemos ao menos manter a grande coisa."
[editar] Obra
Títulos no original francês
- Odes et Poésies Diverses (1822)
- Nouvelles Odes (1824)
- Bug-Jargal (1826)
- Odes et Ballades (1826)
- Cromwell (1827)
- Les Orientales (1829)
- Le Dernier jour d'un condamné (1829)
- Hernani (1830)
- Notre-Dame de Paris Nossa Senhora de Paris (1831)
- Marion Delorme (1831)
- Les Feuilles d'automne
- Le Roi s'amuse (1832)
- Lucrèce Borgia (1833)
- Marie Tudor (1833)
- Étude sur Mirabeau (1834)
- Littérature et philosophie mêlées (1834)
- Claude Gueux (1834)
- Angelo (1835)
- Les Chants du crépuscule (1835)
- Les Voix intérieures (1837)
- Ruy Blas (1838)
- Les Rayons et les ombres (1840)
- Le Rhin (1842)
- Les Burgraves (1843)
- Napoléon le Petit (1852)
- Les Châtiments (1853)
- Lettres à Louis Bonaparte (1855)
- Les Contemplations (1856)
- La Légende des siècles (1859)
- Les Misérables (1862)
- William Shakespeare (1864)
- Les Chansons des rues et des bois (1865)
- Les Travailleurs de la Mer (1866)
- Paris-Guide (1867)
- L'Homme qui rit (1869)
- L'Année terrible (1872)
- Quatrevingt-treize (1874)
- Mes Fils (1874)
- Actes et paroles - Avant l'exil (1875)
- Actes et paroles - Pendant l'exil (1875)
- Actes et paroles - Depuis l'exil (1876)
- La Légende des Siècles 2e série (1877)
- L'Art d'être grand-père (1877)
- Histoire d'un crime - 1re partie (1877)
- Histoire d'un crime - 2e partie (1878)
- Le Pape (1878)
- Religions et religion (1880)
- L'Âne (1880)
- Les Quatre vents de l'esprit (1881)
- Torquemada (1882)
- La Légende des siècles - Tome III (1883)
- L'Archipel de la Manche (1883)
- Œuvres posthumes
- Théâtre en liberté (1886)
- La fin de Satan (1886)
- Choses vues - 1re série (1887)
- Toute la lyre (1888)
- Alpes et Pyrénées (1890)
- Dieu (1891)
- France et Belgique (1892)
- Toute la lyre - nouvelle série (1893)
- Correspondances - Tome I (1896)
- Correspondances - Tome II (1898)
- Les années funestes (1898)
- Choses vues - 2e série (1900)
- Post-scriptum de ma vie (1901)
- Dernière Gerbe (1902)
- Mille francs de récompense (1934)
- Océan. Tas de pierres (1942)
- Pierres (1951)
- Mélancholia
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