Adhemar Pereira de Barros
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Adhemar Pereira de Barros (Piracicaba, 22 de abril de 1901 — Paris, 12 de março de 1969) foi um médico, empresário e influente político brasileiro entre as décadas de 1930 e 1960. Seu apoio foi decisivo para a eleição de Getúlio Vargas em 1950.
Foi prefeito da cidade de São Paulo, interventor federal e duas vezes governador de São Paulo. Concorreu à presidência do Brasil em 1955 e em 1960, conquistando, nestas duas eleições, o terceiro lugar.
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[editar] Formação
Os pais de Adhemar era tradicionais cafeicultores em São Manoel no interior de São Paulo.
Formou-se em medicina pela Escola Nacional de Medicina em 1923, (que hoje pertence a UFRJ), onde foi graduado com distinção. Fez especialização no Instituto Oswaldo Cruz. Estudou nos EUA e fez residência médica em várias cidades européias.
Em 1926, voltou ao Brasil. Clinicou até 1932, quando se engajou nas fileiras da Revolução Constitucionalista de 1932. Com a derrota do movimento de 1932, asilou-se no Paraguai onde se alistou como médico na Guerra do Chaco e na Argentina. Adhemar sempre procurou, nos seus governos, beneficiar os ex-combatentes de 1932.
Em 6 de abril de 1927, casou-se com Dona Leonor Mendes de Barros, com quem teve quatro filhos.
[editar] A atividade política
[editar] Na política nacional
Em 1950, seu apoio foi decisivo para a eleição de Getúlio Vargas à Presidência da República. Adhemar e Getúlio sempre mantiveram uma grande relação de amizade e união política [].
Em 1955, candidatou-se à presidência da república pelo PSP, mas foi derrotado. Candidatou-se, novamente, em 1960, à presidência quando sua "Candidatura de protesto" obteve o terceiro lugar com 20% dos votos válidos. Em 1961, foi um dos poucos políticos a apoiar o movimento a favor da posse de João Goulart na presidência, após a renúncia de Jânio Quadros.
Embora tendo apoiado a posse de João Goulart (o Jango) na presidência, Adhemar participou ativamente da conspiração que resultou na Revolução de 1964, liderando a Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo, em 19 de março de 1964, o que não impediu que, em 1966, fosse afastado do cargo de governador, pelo presidente da república Castello Branco e tivesse seus direitos políticos cassados por 10 anos, sob a acusação de corrupção e tivesse confiscadas todas as suas condecorações.
Morreu, no exílio, em Paris, em 1969. Seu corpo foi transferido para a São Paulo enterrado no Cemitério da Consolação, no centro da cidade.
[editar] Na política de São Paulo
Em 1934, elegeu-se deputado estadual constituinte pelo Partido Republicano Paulista, fazendo forte oposição ao Governador Armando de Sales Oliveira.
Em 1946 fundou o Partido Social Progressista (PSP), que foi o maior partido político de São Paulo do período de 1946 a 1964.
Foi prefeito da cidade de São Paulo entre 1957 e 1961. Foi interventor em São Paulo durante o Estado Novo, nomeado por Getúlio, entre 1937 e 1941. Adhemar, acusado de corrupção, foi demitido por Getúlio, mas conseguiu provar sua inocência no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo em 1946.
Foi governador eleito de São Paulo de 1947 até 1951 e de 1963 até junho de 1966, quando foi cassado e exilado.
Em 1954 e 1958, foi candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo.
Entre as obras efetuadas na suas gestões de interventor e governador incluem-se muitas estradas seguindo a tradição de Washington Luís: a Rodovia Anhangüera, a Rodovia Castelo Branco, a Rodovia Anchieta.
Construiu também o Hospital das Clínicas da USP, o Instituto do Coração, ampliou o Instituto Butantã entre outros, iniciou a construção da UNICAMP, o Estádio do Pacaembu, o Aeroporto de Congonhas, usinas hidrelétricas, dezenas de sanatórios e hospitais e a eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana.
Realizou também a retificação do Rio Tietê e o projeto do Metrô de São Paulo, a transferência da séde do Governo do Estado de São Paulo para o Palácio dos Bandeirantes e a séde da prefeitura de São Paulo para o Parque do Ibirapurera, o Palácio Boa Vista em Campos do Jordão e muitas outras obras. Seu lema era "São Paulo não pode parar".
[editar] O estilo de Adhemar
Por um lado construiu muitas rodovias de grande porte, no que Adhemar continuava a tradição de Washington Luís, e usinas hidrelétricas. Por outro lado realizou muitas obras e ações de caráter social construindo escolas, hospitais e sanatórios, afirmando que "por onde passar a energia elétrica, passarão o transporte, o médico e o livro".
Criou o salário-família para o funcionário público (1948), e, ainda no plano social, agindo diretamente, como quando recebeu no Palácio do Governo, os pais de uma menina de Penápolis com hidrocefalia e ordenou pessoalmente exames e tratamentos nos hospitais públicos.
O estilo "tocador de obra" (de mangas de camisa arregaçadas e suspensórios) de Adhemar se opunha ao populismo conservador e moralizante de Jânio Quadros.
Esse estilo "tocador de obra" retornaria, no Estado de São Paulo, posteriormente, nas gestões dos governadores Paulo Maluf e Orestes Quércia e Geraldo Alckmin.
Adhemar era capaz de grandes frases de efeito, como chamar, por ter grande concentração de comunistas, a atual Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP de "- O abacaxi deixado pelo Doutor Armando de Salles Oliveira".
O slogan de campanha de Adhemar de Barros era: "Adhemar rouba mas faz", se promovendo em cima das inúmeras acusações de era corrupto e de que desviava verbas públicas em seus períodos de gestão governamental.
O mais comentado processo contra Adhemar foi, em 1956, o "Caso dos Chevrolet", que lhe valeu uma fuga para a Bolívia. Adhemar logo voltou dizendo que queria ser absolvido pelo povo nas urnas. Foi eleito prefeito de São Paulo, naquele mesmo ano. Sim, Adhemar gostava muito de eleição e disputava todas que podia.
Adhemar sempre foi alvo de caricaturístas e humoristas. A dupla caipira Alvarengo e Ranchinho, parodiando um anúncio radiofônico do remédio Melhoral, cantavam "Adhemá, Adhemá, é mió e num faiz má".
Adhemar também provocava risos, quando, já nos tempos do Palácio dos Bandeirantes, telefonava para ele, uma amiga, e Adhemar atendia: -Como vai, Doutor Rui!..Um beijo Dr. Rui!.
Adhemar Pereira de Barros estava sempre se revezando na prefeitura de São Paulo e no governo do estado de São Paulo com Jânio da Silva Quadros seu eterno rival e cuja política era sempre suspender suas obras. Curiosamente, ambos, Adhemar e Jânio eram adeptos da maçonaria.
A rivalidade entre o ademarismo e o janismo marcou época em São Paulo nas décadas de 1950 e 1960. Essa rivalidade e os comícios (meetings) deles pelo interior de São Paulo entraram para o folclore político do estado de São Paulo e do Brasil e se tornaram acontecimentos inesquecíveis para os paulistas daquela época.
Dois exemplos deste folclore político: Em um comício em Bauru, Adhemar, batendo a mão no bolso, exclamou: -Nesse bolso nunca entrou dinheiro do povo!. -Está de calça nova Doutor!, gritou alguém na multidão. Em São José dos Campos, Adhemar não exitou em descer do palanque, interrompendo seu comício, e se dirigir a um homem que estava encostado em uma árvore com um charuto e fumá-lo com o homem, deixando todos surpresos e rindo.
Mesmo depois de falecido, Adhemar foi alvo de escândalo: Em 18 de junho de 1969, membros do movimento guerrilheiro VAR-Palmares assaltaram, na cidade do Rio de Janeiro, um suposto cofre de Adhemar. O episódio ficou conhecido como o "Caso do Cofre do Adhemar".
[editar] O empresário
Adhemar foi um empresário de sucesso. Foi proprietário da Lacta do Brasil, além de possuir interesses na área imobiliária, tendo desenvolvido parte do bairro do Morumbi em São Paulo na década de 1960, quando o Governo do Estado comprou o Palácio dos Bandeirantes e seu vice-governador Laudo Natel, então presidente do São Paulo Futebol Clube construiu o Estádio do Morumbi . Foi sócio da Rádio Bandeirantes, que mais tarde daria origem à Rede Bandeirantes, hoje presidida por seu neto Johnny Saad e que se localiza no bairro do Morumbi.
[editar] Biografia sumária
- Deputado estadual em São Paulo (1935-1937)
- Interventor federal em São Paulo (1938-1941)
- Governador de São Paulo (1947-1951 / 1963-1966)
- Prefeito de São Paulo (1957-1961)
[editar] Bibliografia
- CANNABRAVA FILHO, Paulo, Adhemar de Barros trajetória e realizações, Editora Terceiro Nome, São Paulo, 2004.
[editar] Ligações externas
