Antártica
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Área | 14 000 000 km² (280 000 km² livres de gelo, 13 720 000 km² cobertos por gelo) |
População | c. 1000 (não permanente) |
Governo – Secretário-geral |
governado pelo Tratado da Antártica Johannes Huber |
Territórios reivindicados (suspensos) | Argentina Austrália Chile França Nova Zelândia Noruega Reino Unido |
Direito reservado de fazer reivindicações | Rússia Estados Unidos |
Cód. Internet | .aq |
Cód. telef. | +672 |
A Antártica, ou Antártida (no Brasil) e Antárctica (em Portugal)[1] é o mais meridional dos continentes e um dos menores, com catorze milhões de quilómetros quadrados. Rodeia o Pólo Sul, e por esse motivo está quase completamente coberto por espessas geleiras, excepção feita a algumas zonas de elevado declive nas cadeias montanhosas e à extremidade norte da Península Antártica. Sua formação se deu pela separação do antigo supercontinente Gondwana e seu resfriamento aconteceu nos últimos 40 milhões de anos.
Devido à baixa precipitação no interior, pode ser considerada o maior deserto do planeta. Como tal, apenas espécies muito adaptadas como pinguins e musgos conseguem sobreviver.
Juridicamente, a Antártica está sujeita ao Tratado da Antártica, pelo qual as várias nações que reivindicavam territórios no continente (Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido) concordam em suspender as suas reivindicações, abrindo o continente à exploração científica.
Por esse motivo, e pela dureza das condições climáticas, a Antártica não tem população permanente, embora tenha uma população residente de cientistas e pessoal de apoio nas bases polares, que oscila entre o milhar (no inverno) e os quatro milhares de pessoas (no verão).
Índice |
[editar] História
Como não há povos nativos da Antártica, a história da Antártica é a história de sua exploração. É muito provável que os povos de regiões próximas ao continente tenham sido os primeiros a explorá-lo: os povos Aush da Terra do Fogo, por exemplo, falam sobre o "país do gelo" e um chefe maori de nome Ui-Te-Rangiora teria atingido a região em 650 d.C[1]. No entanto, esses povos não deixaram vestígios de sua presença.
As primeiras expedições documentadas começam no século XVI. Américo Vespúcio relatou o avistamento de terras a 52°S. Várias expedições aproximaram-se gradativamente do continente sem, no entanto, ter-se a certeza de que se tratava realmente de um continente ou de um conjunto de ilhas, até às expedições de James Cook, o primeiro a circunavegá-lo entre 1772 e 1775 sem avistá-lo, devido à névoa e aos icebergs.
A ocupação humana propriamente dita começa na primeira metade do século XIX, quando navios baleeiros chegavam à região das Ilhas Sanduíche do Sul. Nesse período, James Weddell e Ross descobriram os mares que hoje levam seus nomes. Este último fez uma viagem de exploração na qual descobriu ainda a Ilha de Ross, os montes Erebus e Terror e a Terra Victoria do Sul, retornando em 1843[2]. Realizados em 1895 e 1889, os dois Congressos Internacionais de Geografia obtêm relativo sucesso em seu chamado pela exploração do continente meridional, pois diversas expedições nacionais foram realizadas.
No início do século XX, os exploradores se voltam para a conquista do Pólo Sul. Ernest Henry Shackleton organizou uma expedição em 20 de outubro de 1908, sendo obrigado a retornar sem atingir o Pólo. Seguem-se a ele, Roald Amundsen e Robert Falcon Scott em uma verdadeira corrida, pois partem com apenas duas semanas de diferença em outubro de 1911 a partir da Plataforma de Ross. Amundsen atinge o Pólo em 14 de dezembro de 1911, retornando em janeiro. O grupo de Scott chega ao ponto em 17 de janeiro e encontra a bandeira norueguesa. No caminho de volta, os quatro expedicionários morrem de fome e exaustão.
Após a conquista do pólo, restava ainda a façanha de atravessar o continente de costa a costa. Shackleton assumiu a tarefa na Expedição Imperial Transantártica, em 1914, que não obteve sucesso por uma série de dificuldades, a primeira delas foi os navios terem ficado presos no gelo e afundado.
Richard Evelyn Byrd, explorador dos Estados Unidos, foi o primeiro a sobrevoar o Pólo Sul em 28 e 29 de novembro de 1929 após o que conduziu diversas viagens de avião à Antártica nos anos 30 e nos anos 40. Ele também realizou extensas pesquisas geológicas e biológicas[3]. Atualmente, após o Tratado da Antártica, muitos países mantêm bases de pesquisa permanente e a ocupação humana é constante.
[editar] Geografia
A maior parte do continente Austral está localizada ao sul do Círculo Polar Antártico, circundada pelo Oceano Antártico. É a massa de terra mais meridional e compreende mais de 14 milhões de quilômetros quadrados, tornando-se o quinto maior continente. Sua costa mede 17.968 quilômetros e é caracterizada por formações de gelo, como mostra a tabela:
Tipo | Ocorrência |
---|---|
Plataforma de gelo (gelo flutuante) | 44% |
Paredes de gelo (sobre o solo) | 38% |
Correntes de gelo (limite do gelo ou parede de gelo) | 13% |
Rocha | 5% |
Total | 100% |
Fisicamente, ela é dividida em duas partes pelos Montes Transantárticos perto do estreitamento entre o Mar de Ross e o Mar de Weddell: a Antártica Oriental, ou Maior, e a Antártica Ocidental, ou Menor, porque correspondem aproximadamente aos hemisférios ocidental e oriental em relação ao meridiano de Greenwich.
Aproximadamente 98% da Antártica estão cobertos por uma capa de gelo. A capa de gelo tem em média dois quilômetros. Essa cobertura de gelo contém 70%[4] de toda a água doce do planeta e torna o continente antártico aquele de maior altitude média. O gelo forma barreiras que se estendem para além da costa, formando banquisas, ou plataformas, a maior das quais é a de Ross. De sua ruptura originam-se os icebergs. Graças ao peso desse gelo, a maior parte do continente está abaixo do nível do mar.
Em grande parte do interior do continente a precipitação média anual fica entre 30 e 70 mm[5]; em algumas áreas de "gelo azul" a precipitação é mais baixa do que a perda de massa pela sublimação e, assim, o balanço local é negativo. Nos vales secos o mesmo efeito ocorre sobre uma base de rochas, conduzindo a uma paisagem esturricada.
A Antártica Ocidental é coberta pela Capa de Gelo da Antártica Ocidental. Esta chamou atenção recentemente por causa da possibilidade real de seu colapso. Se a Capa derretesse, o nível do mar elevar-se-ia em vários metros em um curto espaço de tempo geológico, talvez em questão de séculos. Diversos fluxos de gelo Antártico, que correspondem a aproximadamente 10% da cobertura de gelo, correm para uma das muitas plataformas.
A Antártica tem mais de 70 lagos que se encontram sob a superfície de gelo continental. O lago Vostok, descoberto abaixo da estação Vostok Russa em 1996, é o maior deles. Acredita-se que o lago esteve selado por 35 milhões de anos. Há também alguns rios no continente, o maior dos quais é o rio Onyx com 30 quilômetros que deságua no lago Vanda a 75 metros de profundidade.
[editar] Relevo
Na Antártica Oriental encontram-se os Montes Transantárticos (ou Cadeia Transantártica) que se estende por 4.800 quilômetros, desde a Terra de Victoria às Coasts Land. Na Ocidental está a Península Antártica, ao sul da qual se encontram os Montes Ellsworth e o Maciço Vinson, ponto mais elevado do continente com 5.140 metros. Localizadas entre suas cordilheiras, há sete geleiras na Antártica, das quais a maior é a Geleira Byrd.
Embora a Antártica seja lar de muitos vulcões, apenas uma cratera na Ilha Decepção e o Monte Erebus expelem lava atualmente, a primeira desde 1967. O Monte Erebus de 4.023 metros localizado na Ilha de Ross é o vulcão ativo mais ao sul do mundo. Pequenas erupções são comuns e fluxos de lava foram observados em anos recentes.
[editar] Clima
A Antártica é o continente mais frio e seco da Terra, um grande deserto. A precipitação média anual fica entre 30 e 70 mm[5]. Além disso, as temperaturas médias em sua região central ficam entre -30°C e -65°C, sendo a menor temperatura do mundo, -89,2°C, documentada na base russa de Vostok, a aproximadamente 3.400 metros de altitude no dia 21 de Julho de 1983. Devido à influência das correntes marítimas, as zonas costeiras apresentam temperaturas mais amenas, entre os -10°C e -20°C[5].
Estima-se que apesar dos seis meses de escuridão do inverno, a incidência da energia solar no Pólo Sul seja semelhante à recebida anualmente no equador, mas 75% dessa energia é refletida pela superfície de gelo.[6]
A Antártica Oriental é mais fria que a Ocidental por ser mais elevada. As massas de ar raramente penetram muito no continente, deixando seu interior frio e seco. O gelo no interior do continente dura muito, apesar da falta de precipitação para renová-lo. A queda de neve não é incomum no litoral, onde já se registrou a queda de 1,22 metro em 48 horas. Também é um continente com ventos fortes, registrando-se ventos com velocidades superiores a 140 km/h nas costas. No interior, entretanto, as velocidades são tipicamente moderadas.
A Antártica é mais fria do que o Ártico por dois motivos: em primeiro lugar, grande parte do continente está a mais de três quilômetros acima do nível do mar. Em segundo lugar, a área do Pólo Norte é coberta pelo Oceano Ártico e o relativo calor do oceano é transferido através do gelo, impedindo que as temperaturas nas regiões árticas alcancem os extremos típicos da superfície da terra no sul.
Alguns eventos climáticos são comuns na região. A aurora austral, conhecida como luzes do sul, é um brilho observado durante a noite perto do Pólo Sul. Outro acontecimento é o pó de diamante, neblina composta de pequenos cristais de gelo. Forma-se geralmente sob céu limpo, por isso as pessoas referem-se a ele como precipitação de céu limpo. Falsos sóis, brilhos formados pela reflexão da luz solar em cristais de gelo, conhecidos como parélio, são uma manifestação óptica atmosférica comum[7].
[editar] Demografia
Embora a Antártica não tenha residentes permanentes, alguns governos mantêm estações de pesquisa permanentes por todo o continente. A população de cientistas no continente e nas ilhas subantárticas varia de aproximadamente 4.000 no verão a 1.000 no inverno. Muitas das estações de pesquisa mantêm pessoal durante todo o ano.
Os primeiros habitantes semi-permanentes das áreas subantárticas eram marinheiros da Inglaterra e Estados Unidos que costumavam passar um ano ou mais na Geórgia do Sul, de 1786 em diante. Durante a era da caça à baleia, que durou até 1966, a população da ilha variava de 1.000 no verão (ou 2.000 em alguns anos) a 200 no inverno. A maioria dos baleeiros era norueguesa, com crescente proporção de britânicos. Os povoados incluíam Grytviken, Leith Harbour, Ponto Rei Eduardo, Stromness, Husvik, Prince Olav Harbour, Ocean Harbour e Godthul. Os administradores e outros oficiais encarregados das estações baleeiras muitas vezes viviam junto com suas famílias. Entre eles estava o fundador de Grytviken, o Capitão Carl Anton Larsen, um importante baleeiro norueguês e explorador que adotou a cidadania britânica em 1910 junto com a família.
A primeira criança nascida na região polar do sul foi uma menina norueguesa Solveig Gunbjörg Jacobsen, na cidade de Grytviken em 8 de Outubro de 1913, e seu nascimento foi registrado pelo magistrado britânico residente na Ilha Geórgia do Sul. Era filha de Fridthjof Jacobsen, administrador assistente da estação baleeira, e de Klara Olette Jacobsen. Jacobsen chegou à ilha em 1904 para tornar-se o administrador de Grytviken, servindo de 1914 a 1921; duas de suas crianças nasceram na ilha[8].
Emilio Marcos de Palma foi o primeiro a nascer no continente, na Base Esperanza em 1978. Seus pais haviam sido enviados para lá junto com sete outras famílias pelo governo argentino para determinar se a vida em família era possível no continente. Em 1984, Juan Pablo Camacho nasceu na base de Presidente Eduardo Frei Montalva, sendo o primeiro chileno nascido na Antártica. Diversas bases são agora lar de famílias com crianças que vão a escolas em estações[9].
[editar] Geologia
Há mais de 170 milhões de anos, a Antártica fazia parte da Gondwana. Ao longo do tempo, a Gondwana dividiu-se e a Antártica como é hoje formou-se por volta de 25 milhões de anos atrás.
[editar] Paleozóico
No período Cambriano, entre 540 e 250 milhões de anos atrás, o clima na Gondwana era ameno. A Antártica Ocidental estava parcialmente no hemisfério norte, e durante este período grandes quantidades de arenito, calcário e xisto foram depositados. A Antártica Oriental estava no equador, onde invertebrados e trilobitas floresciam no fundo dos mares tropicais. Por volta do início do período Devoniano (416 milhões de anos) a Gondwana estava em latitudes mais ao sul e o clima mais frio, embora fósseis de plantas deste período sejam conhecidos. Areia e siltes assentaram-se no que são agora os Montes Ellsworth, os Montes Horlick e os de Pensacola. A glaciação começou no fim do período Devoniano (360 milhões de anos) enquanto movia-se em direção ao pólo sul e o clima esfriou, embora ainda houvesse flora. Durante o período Permiano, pteridófitas que cresciam em pântanos dominavam a paisagem. Com o tempo estes pântanos transformaram-se em depósitos de carvão nos Montes Transantárticos. Um aquecimento contínuo ao fim do Permiano tornou o clima quente e seco na maior parte da Gondwana. [10]
[editar] Mesozóico
Como resultado do aquecimento contínuo, entre 250 e 65 milhões de anos atrás, a cobertura de gelo polar derreteu e grande parte da Gondwana transformou-se em um deserto. Na Antártica Oriental pteridospermatophytas, espécie de pteridófita atualmente extinta, tornaram-se comuns, e grandes quantidades de arenito e de xisto assentaram-se. A Península Antártica começou a se formar durante o período Jurássico (entre 206 e 146 milhões de anos atrás), e as ilhas subantárticas emergiram gradualmente do oceano. Nogueiras-do-Japão e cicadáceas eram abundantes durante este período, bem como répteis. No período Cretáceo (entre 146 e 65 milhões de anos atrás), a Antártica Ocidental foi dominada por florestas de coníferas, embora notofagáceas tenham começado a dominar no fim deste período. Amonites eram comuns nos mares em torno da Antártica, e também havia dinossauros, embora somente duas espécies antárticas tenham sido encontradas até agora (Criolofossauro e Antarctopelta). Foi durante esse período que a Gondwana começou a separar-se.
[editar] Divisão da Gondwana
A África separou-se da Antártica por volta de 160 milhões de anos atrás, seguida pela Índia no início do Cretáceo (aproximadamente 125 milhões de anos). Há 65 milhões de anos atrás, a Antártica (ainda conectada a Austrália) tinha um clima entre tropical e subtropical, somado a uma fauna de marsupiais. Há 40 milhões de anos atrás, a Austrália unida a Nova Guiné separou-se da Antártica e o gelo começou a aparecer. Por volta de 23 milhões de anos atrás, o surgimento da passagem de Drake entre a Antártica e a América do Sul resultou no aparecimento da Corrente Circumpolar Antártica. O gelo propagou-se, substituindo as florestas que cobriam o continente. O continente está coberto de gelo desde 15 milhões de anos atrás[11].
[editar] Geologia atual
Os estudos geológicos da Antártica foram dificultados pelo fato de quase todo o continente ser coberto permanentemente com uma grossa camada de gelo. Entretanto, novas técnicas como o sensoreamento remoto começaram a revelar as estruturas por debaixo do gelo.
Geologicamente, a Antártica Ocidental assemelha-se aos Andes[10]. A península Antártica foi formada pela elevação e metamorfismo de sedimentos do leito do mar durante o final das eras Mesozóica e Paleozóica. Esta elevação de sedimentos foi acompanhada de intrusões ígneas e vulcanismo. As rochas mais comuns na Antártica Ocidental são o andesito e o riolito formadas durante o período Jurássico. Há evidências de vulcanismo, mesmo depois da formação do manto de gelo, na Terra de Marie Byrd e na Ilha de Alexandre. A única área atípica da Antártica Ocidental é a dos Montes Ellsworth, a região onde a estratigrafia é mais parecida com a da parte oriental do continente.
A Antártica Oriental é geologicamente muito velha, datando do pré-cambriano, com algumas rochas formadas há mais de três bilhões de anos atrás. É formada de uma plataforma metamórfica e ígnea que é a base do escudo continental. Acima desta base estão várias rochas mais modernas, como arenito, calcário, carvão e xisto colocadas durante os períodos Devoniano e Jurássico para dar forma aos Montes Transantárcticos. Em áreas costeiras como a Cordilheira Shackleton e a Terra de Victoria algumas falhas geológicas foram encontradas.
O principal recurso mineral conhecido no continente é o carvão[11]. Inicialmente, foi encontrado por Frank Wild perto da Geleira de Beardmore na expedição do Nimrod, e conhece-se a existência de carvão de baixa qualidade em muitas partes dos Montes Transantárticos. As Montanhas Príncipe Charles contêm depósitos significativos de minério de ferro. Os recursos mais valiosos da Antártica estão localizados ao largo dela, a saber, campos petrolíferos e de gás natural encontrados no Mar de Ross em 1973. A exploração de todos os recursos minerais está proibida até 2048 pelo Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártica. .
[editar] Meio ambiente
As condições de vida na Antártica limitam a variedade da mesma encontrada em terra e, apesar, de seu isolamento, a atividade humana trouxe problemas como o lixo das estações de pesquisa, o buraco na camada de ozônio sobre o continente, o turismo e o aquecimento global. O buraco pode inclusive ameaçar as teias alimentares, pois a luz ultravioleta afeta o crescimento do fitoplâncton do qual se alimenta o krill.
[editar] Flora
As principais dificuldades para o crescimento dos vegetais na Antártica são os fortes ventos, a curta espessura do solo e a limitada quantidade de luz solar, durante o verão.
Por isso, a variedade de espécies de plantas na superfície é limitada a plantas "inferiores", como musgos e hepáticas. Além disso há uma comunidade autotrófica, formada por protistas. A flora continental consiste em líquens, briófitas, algas e fungos. O crescimento e a reprodução ocorrem geralmente no verão.
Há mais de 200 espécies de líquens e aproximadamente 50 espécies de briófitas, tais como musgos. No continente existem 700 espécies de algs, a maioria das quais forma o fitoplâncton. Diatomáceas e algas da neve, algas microscópicas que crescem na neve e no gelo dando-lhes coloração, são abundantes nas regiões costeiras durante o verão. Há duas espécies de plantas que florescem e são encontradas na península Antártica: Deschampsia antarctica e Colobanthus quitensis[12].
[editar] Fauna
O krill é muito importante para a maior parte das teias alimentares, servindo de alimento para lulas, baleias, focas, como a foca leopardo, pinguins e outras aves. As aves mais comuns são os pinguins, os albatrozes e os petréis, no entanto, somente 13 espécies fazem seus ninhos em terra firme, geralmente no litoral, e partem para regiões mais quentes no inverno. Enquanto todas as demais migram, duas espécies de pinguim permanecem e migram para o interior: o pinguim imperador, maior espécie, e o pinguim de Adélia. Por volta de abril, machos e fêmeas dos pinguins imperadores migram 100 quilômetros para o sul, as fêmeas voltam para o litoral para se alimentar, só voltando em julho e os machos se agrupam para se aquecerem.
A fauna dos mares em torno da Antártica é bastante rica. Em particular é composta por uma miríade de invertebrados como esponjas, anêmonas, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar anelídeos, crustáceos e moluscos e entre os mais abundantes estão o isópode Glyptonotus antarticus e o molusco Nacella concinna comum nas zonas costeiras. As condições ambientais afetam o crescimento e a reprodução desses animais: eles se tornam maiores e crescem mais lentamente, se reproduzindo de forma mais lenta em comparação com seus primos de regiões quentes.
A aprovação do Ato de Conservação da Antártica trouxe severas restrições ao continente. A introdução de plantas ou dos animais estrangeiros pode ser punida criminalmente, bem como a retirada de qualquer espécie nativa. O excesso de pesca do krill, de grande importância para o ecossistema local, fez com que a pesca fosse regulamentada e controlada. A Convenção para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR, em inglês), um tratado que entrou em vigor em 1980, requer que regulamentos sobre o Oceano Antártico levem em conta os potenciais efeitos sobre todo o ecossistema Antártico. Apesar destes novos regulamentos, a pesca ilegal, particularmente da merluza-negra, continua sendo um sério problema. A pesca ilegal da merluza aumentou, para cerca de trinta e duas mil toneladas em 2000[13][14].
[editar] Infraestrutura
[editar] Comunicação
[editar] Transportes
[editar] Política
Como único continente inabitado, a Antártica não tem nenhum governo e não pertence a nenhum país. Vários países reivindicam áreas, mas estas reivindicações não são reconhecidas por outros. A área entre 90°W e 150°W é a única parte da Antártica, na verdade a única da Terra, não reivindicada por nenhum país[15].
Desde 1959, as reivindicações na Antártica estão suspensas e o continente é considerado politicamente neutro. Sua situação é regulada pelo Tratado da Antártica de 1959 e por outros acordos relacionados, chamados em seu conjunto de Sistema de Tratados Antárticos. Para as finalidades do Sistema de Tratados, a Antártica é definida como toda a terra e plataformas de gelo em torno dos 60°S. O tratado foi assinado por 12 países, incluindo a União Soviética e os Estados Unidos. Ele transformou a Antártica em uma área de preservação científica, estabeleceu a liberdade de investigação científica, a proteção ambiental, e baniu exercícios militares no continente. Este foi o primeiro acordo para o controlo de armas estabelecido durante a Guerra Fria.
O Tratado da Antártica proíbe quaisquer operações militares na Antártica, tais como o estabelecimento de bases e de fortificações militares, a realização de manobras militares, ou o teste de qualquer tipo de arma. Pessoal e equipamento militar são permitidos apenas para pesquisa científica ou para outros propósitos pacíficos[16]. A única operação militar em larga escala documentada foi a Operación 90, empreendida pelas forças armadas da Argentina[17] dez anos antes de estabelecido o Tratado.
[editar] Territórios da Antárctica
País | Território | Limites | Data |
---|---|---|---|
Argentina | Antártica Argentina | De 25°W a 74°W | 1943 |
Austrália | Território Antárctico Australiano | De 160°E a 142°2'W e 136°11'W a 44°38'E | 1933 |
Chile | Território Antártico Chileno | De 53°W a 90°W | 1940 |
França | Terra Adélia | De 142°2'E a 136°11'E | 1924 |
Nova Zelândia | Dependência de Ross | De 150°W a 160°E | 1923 |
Noruega | Terra da Rainha Maud | De 44°38'E a 20°W | 1939 |
Ilha de Pedro I | De 68°50'S a 90°35'W | 1929 | |
Reino Unido | Território Britânico da Antártica | De 20°W a 80°W | 1908 |
Nenhum | Territórios não reclamados | De 90°W a 150°W |
As reivindicações Argentina, Britânica e Chilena se sobrepõem. A Austrália tem a maior reivindicação de território na Antártica. Os Estados Unidos da América e a Rússia não reconhecem nenhuma reivindicação territorial na Antártica, e reservaram-se o direito de fazer suas próprias reivindicações.
A Alemanha também manteve uma reivindicação chamada Nova Suábia, entre 1939 e 1945. Ela estava situada entre 20°E e 10°W, sobrepondo a reivindicação da Noruega.
[editar] Economia
Ainda que o carvão, os hidrocarbonetos, o minério de ferro, a platina, o cobre, o cromo, o níquel, ouro e outros minerais tenham sido encontrados, eles existem em quantidades pequenas demais para a exploração. O Protocolo de Proteção Ambiental para o Tratado da Antártica (ou Protocolo de Madri) de 1991 também restringe disputas por recursos. Em 1998 um compromisso pela proibição da mineração por 50 anos até o ano 2048, e desenvolvimento econômico e exploração mais limitados foram alcançados. A atividade primária básica é a captura e comércio de peixes. A pesca Antártica entre 2000 e 2001 chegou a 112.934 toneladas[15].
O turismo em pequena escala existe desde 1957 e é atualmente auto-regulado pela Associação Internacional das Operadoras de Turismo Antártico (IAATO, em inglês). Entretanto, nem todas as embarcações uniram-se à IAATO. Muitos navios transportam pessoas para locais turísticos específicos. Um total de 27.950 turistas visitou a Antártica no verão de 2004 a 2005, quase todos vindos de navios comerciais. Esse número deverá aumentar para 80.000 em 2010[18][19]. Houve algumas preocupações recentes sobre os efeitos ambientais causados pelo influxo de visitantes. Ambientalistas e cientistas fizeram apelos por maiores restrições aos navios e ao turismo[20]. Sobrevôos da Antártica (que não aterrissam) vindos da Austrália e Nova Zelândia eram realizados até o acidente do vôo 901 da Air New Zealand em 1979 no monte Erebus, e foram recomeçados da Austrália na metade da década de 1990.
[editar] Pesquisas
Anualmente, cientistas de 27 nações conduzem experimentos impossíveis de reprodução em outros lugares do mundo. No verão mais de 4.000 cientistas operam estações de pesquisa e este número diminui para quase 1.000 no inverno[15]. A Estação McMurdo é capaz de abrigar mais de 1.000 cientistas, visitantes e turistas.
Entre os pesquisadores, incluem-se biólogos, geólogos, oceanógrafos, físicos, astrônomos, glaciólogos, e meteorologistas. Geólogos estudam em geral o tectonismo das placas na região Antártica, meteoritos do espaço e vestígios do período da divisão da Gondwana. Glaciólogos ocupam-se com o estudo da história e da dinâmica do gelo flutuante, da neve, das geleiras, e das capas de gelo. Já os biólogos, além de estudar os animais selvagens, estão interessados em como as baixas temperaturas e a presença dos seres humanos afetam a sobrevivência de uma grande variedade de espécies. Médicos fizeram descobertas a respeito da propagação de viroses e da resposta do corpo às temperaturas extremas. Astrofísicos da Estação Pólo Sul Amundsen-Scott podem estudar o céu e a radiação cósmica de fundo por causa do buraco na camada de ozônio e do ambiente seco. O gelo antártico serve como meio de proteção para o maior telescópio de detecção de neutrinos do mundo, construído dois quilômetros abaixo da estação Amundsen-Scott[21].
Desde os anos 70 um foco importante de estudos tem sido a camada de ozônio acima da Antártica. Em 1985 três cientistas britânicos que trabalhavam com dados que tinham recolhido na Estação Halley descobriram a existência de um buraco nessa camada. Em 1998 informações de satélites da NASA mostraram que o buraco na camada de ozônio era o maior desde que foi notado, cobrindo 27 milhões de quilômetros quadrados. Em 2002 áreas significativas da plataforma de gelo derreteram devido ao aquecimento da região[15].
[editar] Descongelamento
A principal causa do degelo na Antártica é devido o aquecimento global dos últimos 150 anos provocada principalmente pelo efeito estufa[22], segundo estudos das Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial, o estudo também mostra que a maioria do aquecimento é produto de atividades humanas. A consequência é o descongelamento das geleiras, impactos na vida animal, aumento do nível do mar no planeta.
[editar] Nota
^ O topônimo Antártica ou Artárctica tem sua origem no latim tardio antarctĭcus que, por sua vez, deriva do grego antigo ἀνταρκτικός, que significa literalmente "oposto ao Ártico" (anti-ártico). O emprego de Antártida também é admitido, sendo, porém, um castelhanismo. [23].
[editar] Referências
- ↑ IZAGUIRRE, Irina e MATALONI, Gabriela. Antártida, descubriendo el Continente Blanco, p.24.Ediciones Caleuche. S. C. de Bariloche, 2000 ISBN 950-9681-95-4
- ↑ HUNTFORD, Roland. O último lugar da Terra: a competição entre Scott e Amundsen pela conquista do Pólo Sul, pp. 25-31. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. ISBN 85-359-0209-0
- ↑ 70South. Richard Byrd
- ↑ IZAGUIRRE, Irina e MATALONI, Gabriela. Antártida, descubriendo el Continente Blanco, p.15. Ediciones Caleuche. S. C de Bariloche, 2000. ISBN 950-9681-95-4
- ↑ 5,0 5,1 5,2 IZAGUIRRE, Irina e MATALONI, Gabriela. Antártida, descubriendo el Continente Blanco, p. 17. Ediciones Caleuche. S. C de Bariloche, 2000.
- ↑ Idem, p. 18.
- ↑ British Antarctic Survey. Clima na Antártica Acessado em 9 de Fevereiro de 2006.
- ↑ R.K. Headland, The Island of South Georgia, Cambridge University Press, 1984.
- ↑ The Antartic Sun Perguntas e respostas Acessado em 9 de Fevereiro de 2006.
- ↑ 10,0 10,1 Stonehouse, B. (ed.). Encyclopedia of Antarctica and the Southern Oceans. John Wiley & Sons, 2002. ISBN 0-471-98665-8
- ↑ 11,0 11,1 TREWBY, Mary (ed.). Antarctica: An Encyclopedia from Abbott Ice Shelf to Zooplankton. Firefly Books, 2002. ISBN 1-55297-590-8
- ↑ Australian Antarctic Division Vida selvagem da Antártica Acessado em 5 de Fevereiro de 2006.
- ↑ BBC News. Merluza-negra em risco por causa da pesca ilegal. Acessado em 11 de Fevereiro de 2006.
- ↑ Australian Antarctic Division. Merluza-negra. Acessado em 11 de Fevereiro de 2006.
- ↑ 15,0 15,1 15,2 15,3 Central Intelligence Agency Factbook Acessado em 6 de Fevereiro de 2006.
- ↑ Scientific Committee on Antarctic Research. Tratado da Antártica Acessado em 9 de Fevereiro de 2006.
- ↑ Antarctica Institute of Argentina. Argentina na Antártica Acessado em 9 de Fevereiro de 2006.
- ↑ International association of Antarctica Tour Operators. Estatísticas Turísticas. Acessado em 4 de Março de 2006.
- ↑ Políticas da Antártica Acessado em 5 de Fevereiro de 2006.
- ↑ Telegraph UK. Turismo ameaça Antártica. Acessado em 4 de Março de 2006.
- ↑ Antarctic Connection Ciência na Antártica Acessado em 4 de Fevereiro de 2006.
- ↑ Estudo das Nações Unidas e Organização Meteorológica Mundial em 1988.
- ↑ Principais aspectos do continente gelado por Alberto Setzer
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- ((pt)) - Programa Antártico Brasileiro
- ((pt)) - Programa Antártico da Marinha do Brasil
- ((pt)) - Meteorologia na Antártica
- ((en)) - L.L. Ivanov et al, Mapa topográfico de ilha Livingston e ilha Greenwich
- ((en)) - Antarctic Place-names Commission of Bulgaria