Usina hidrelétrica de Itaipu
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A Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, a hidrelétrica de maior potência do mundo, é um empreendimento binacional desenvolvido pelo Brasil e pelo Paraguai no Rio Paraná no trecho de fronteira entre os dois países, 14 km ao norte da Ponte da Amizade. A área do projeto se estende desde Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, ao sul, até Guaíra (Brasil) e Salto del Guairá (Paraguai), ao norte. A potência instalada da Usina é de 14.000 MW (megawatts), com 20 unidades geradoras de 700 MW cada. No ano 2000, a usina atingiu o seu recorde de produção de 93,4 bilhões de quilowatts-hora (kWh), sendo responsável pela geração de 95% da energia elétrica consumida no Paraguai e 24% de toda a demanda do mercado brasileiro. A energia gerada por Itaipu e destinada ao Brasil é transmitida pela empresa Furnas Centrais Elétricas S/A.
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[editar] História
[editar] Negociações entre Brasil e Paraguai
A Usina de Itaipu é resultado de intensas negociações entre os dois países durante a década de 1960. Em 22 de junho de 1966, os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, e do Paraguai, Sapena Pastor, assinaram a "Ata do Iguaçu", uma declaração conjunta que manifestava a disposição para estudar o aproveitamento dos recursos hidráulicos pertencentes em condomínio aos dois países, no trecho do Rio Paraná "desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu".
[editar] Início da obra
Em 1970, o consórcio formado pelas empresas IECO (dos Estados Unidos da América) e ELC (da Itália) venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de 1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná pelos dois países. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro do ano seguinte.
[editar] Desvio do Rio Paraná
No dia 14 de outubro de 1978 foi aberto o canal de desvio do Rio Paraná, que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto.
[editar] Acordo entre Brasil, Paraguai e Argentina
Outro marco importante, na área diplomática, foi a assinatura do Acordo Tripartite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em 19 de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do Rio Paraná desde as Sete Quedas até a foz do Rio da Prata. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época, quando os três países eram governados por ditaduras militares, havia o temor da Argentina que em um eventual conflito o Brasil abrisse completamente as comportas de Itaipu, inundando a cidade de Buenos Aires.
[editar] Surgimento do reservatório
O reservatório da usina começou a ser formado em 16 de outubro de 1979, quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época.
[editar] Início das operações
Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu. As 18 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.
[editar] Expansão da capacidade em 2007
A usina terá sua capacidade instalada elevada de 12.600 megawatts (MW) para 14.000, com a entrada em operação da última unidade geradora no começo de 2007, completando o projeto original de 20 máquinas.
A Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de MWh.
O aumento da capacidade permitirá que 18 unidades geradoras permaneçam funcionando o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção (hoje, 16 operam enquanto é feita a manutenção periódica de duas)[1].
[editar] Dados Técnicos
[editar] Barragem
A barragem, de 7.700m, é feita de concreto, enrocamento e terra.
[editar] Unidades Geradoras
- Existem 18 unidades geradoras, sendo nove na freqüência da rede elétrica paraguaia (50 Hz) e nove na freqüência da rede elétrica brasileira (60 Hz). Duas novas unidades estão previstas (uma para cada freqüência).
- As unidades de 50 Hz têm potência nominal de 823,6 MVA, fator de potência de 0,85 e peso de 3.343 toneladas.
- As unidades de 60 Hz têm potência nominal de 737,0 MVA, fator de potência de 0,95 e peso de 3.242 toneladas.
- Todas as unidades têm tensão nominal de 18 kV.
- As turbinas são do tipo francis, com potência nominal de 715 MW e vazão nominal de 645 metros cúbicos por segundo.
[editar] Subestação
A subestação da usina é blindada em gás de hexafluoreto de enxofre (SF6), que permite uma grande compactação do projeto. Para cada grupo gerador existe um banco de transformadores monofásicos, elevando a tensão de 18 kV para 500 kV.
[editar] Sistema de Transmissão
[editar] Saída da Usina
- Itaipu - SE Foz do Iguaçu: 4 linhas de transmissão de 500 kV transmitem toda a energia do setor de 60 Hz, com 8 km de extensão. A subestação de Foz do Iguaçu eleva a tensão para 750 kV.
- Itaipu - SE Margem Direita: 2 linhas de transmissão de 500 kV, 2 km.
- SE Margem Direita - Foz do Iguaçu: 2 linhas de transmissão de 500 kV, 9 km. Transmite a revenda do Paraguai para o Brasil.
- Itaipu - SE Foz do Iguaçu: 2 linhas de transmissão de 500 kV, 11 km. Transmite diretamente parte do setor de 50 Hz para o Brasil.
[editar] Subestação Foz do Iguaçu
Pertencente à Furnas, é dividida em dois setores:
- O pátio de corrente alternada, que recebe a energia em 60 Hz e eleva para 750 kV, saindo três linhas de transmissão. É o nível de tensão mais elevado existente no Brasil.
- O pátio de corrente contínua (CCAT), que recebe a energia em 50 Hz. Devido á incompatibilidade entre as freqüências, e as vantagens da transmissão em grandes distâncias, a energia é convertida através de circuitos retificadores para ±600 kV e transmitida por duas linhas até Ibiúna (SP). Em Ibiúna a energia é convertida para 60 Hz, interligando-se ao sistema do Sudeste.
[editar] Brasiguaios
O espelho d'água da usina alagou diversas propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do Paraná. As indenizações não foram suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no Brasil. Sendo as terras no Paraguai mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenônemo social dos brasiguaios - brasileiros e seus familiares que residem em terras paraguaias na fronteira com o Brasil.
[editar] Royalties
Nos 170 quilômetros de extensão, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, o Reservatório de Itaipu atinge áreas de 16 municípios, dos quais 15 no Paraná e um no Mato Grosso do Sul. Como compensação, Itaipu paga royalties a esses municípios, proporcionalmente à área de terra alagada. O governo do Paraná também recebe o mesmo valor pago aos 15 municípios que têm direito a royalties.
Com base na chamada Lei dos Royalties, promulgada em 1991, Itaipu pagou até hoje mais de US$ 2,93 bilhões em royalties, dos quais cerca de 75% ficaram no Paraná, distribuídos meio a meio entre o governo do Estado e os municípios lindeiros.
Veja como ficou a distribuição aos municípios paranaenses, acumulada ao longo desses anos:
- Foz do Iguaçu US$ 170,8 milhões
- Santa Terezinha de Itaipu US$ 35,4 milhões
- São Miguel do Iguaçu US$ 89,4 milhões
- Itaipulândia US$ 139,6 milhões
- Medianeira US$ 982,3 mil
- Missal US$ 33,9 milhões
- Santa Helena US$ 223,2 milhões
- Diamante D'Oeste US$ 4,7 milhões
- São José das Palmeiras US$ 1,6 milhões
- Marechal Cândido Rondon US$ 54,3 milhões
- Mercedes US$ 15,0 milhões
- Pato Bragado US$ 36,5 milhões
- Entre Rios do Oeste 25,5 milhões
- Terra Roxa US$ 1,3 milhão
- Guaíra US$ 43,1 milhões
- O município sul-mato-grossense de Mundo Novo recebeu, desde 1991, o total de US$ 12,3 milhões.
Fonte: http://www.itaipu.gov.br
[editar] Maravilha da engenharia
A Usina de Itaipu faz parte da lista das sete maravilhas do mundo moderno, elaborada em 1995 pela revista Popular Mechanics, dos Estados Unidos. Esta lista foi feita com base numa pesquisa realizada pela Associação Norte-Americana de Engenheiros Civis (Asce) entre engenheiros dos mais diversos países.
Além de Itaipu, fazem parte da lista: a Ponte Golden Gate (EUA); o Canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico; o Eurotúnel, que une França e Inglaterra sob o Canal da Mancha; os Projetos do Mar do Norte para o Controle das Águas (Holanda); o Edifício Empire State (EUA); e a Torre da Canadian National (CN Tower) no Canadá.
[editar] Dados curiosos
[editar] Concreto
A quantidade de concreto (em Portugal: betão) utilizada na construção da usina hidrelétrica de Itaipu daria para construir 210 estádios de futebol do tamanho do Maracanã. O volume de concreto, 12,57 milhões de m³, é 15 vezes maior do que o usado na construção do Eurotúnel.
[editar] Ferro
O ferro e aço utilizados permitiriam a construção de 380 Torres Eiffel.
[editar] Vazão
A vazão máxima do vertedouro de Itaipu (62,2 mil metros cúbicos por segundo) corresponde a 40 vezes a vazão média das Cataratas do Iguaçu.
A vazão de duas turbinas de Itaipu (700 metros cúbicos de água por segundo cada), corresponde a toda a vazão média das Cataratas (1500 metros cúbicos por segundo).
[editar] Energia
O Brasil teria que queimar 434 mil barris de petróleo por dia para gerar em plantas termelétricas a potência de Itaipu.
[editar] Escavações
O volume de escavações de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes superior ao do Eurotúnel (que liga França e Inglaterra sob o Canal da Mancha) e o volume de concreto é 15 vezes maior.
Fonte: http://www.itaipu.gov.br/
[editar] "Pega-bicho"
Em uma operação denominada Mymba Kuera (que em tupi-guarani quer dizer “pega-bicho”), durante a formação do reservatório, equipes do setor ambiental de Itaipu esforçaram-se em percorrer a maior parte da área que seria alagada para salvar centenas de exemplares de espécies de animais da região.
[editar] O reservatório
Embora seja apenas o sétimo do Brasil em tamanho, o reservatório de Itaipu tem o maior aproveitamento em relação à área inundada. Para a potência instalada de 12.600 MW, foram alagados 1.350 quilômetros quadrados. Os reservatórios das usinas de Sobradinho, Tucuruí, Porto Primavera, Balbina, Serra da Mesa e Furnas são maiores do que o Itaipu, mas todos perdem na relação área inundada/capacidade instalada.
A usina mais potente depois de Itaipu, Tucuruí, tem capacidade instalada de 4.240 MW, mas houve necessidade de inundar uma área de 2.430 quilômetros quadrados. Itaipu é beneficiada por ser a última usina da Bacia do Rio Paraná classificada como a fio d’água, isto é, utiliza toda a água que chega ao reservatório, mantendo uma reserva mínima para garantir a operacionalidade.
[editar] Dimensões
A barragem principal tem 196 metros de altura, o que é equivalente a um prédio de 65 andares.
[editar] Trabalhadores
A sua construção envolveu o trabalho direto de 40 mil pessoas.
[editar] Geração
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[editar] Galeria de fotos
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Itaipu Binacional (principal referência bibliográfica deste artigo)
- Imagem de Satélite da Barragem no Google Maps
- The Three Gorges dam | A terrible beauty is born | Economist.com
- China Three Gorges Dam Nears Completion
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