Sérgio Britto
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Sérgio Pedro Corrêa de Britto (Rio de Janeiro, 29 de junho de 1923) é um diretor (de cinema, TV e teatro), roteirista, ator (de cinema, TV e teatro) brasileiro.
[editar] Biografia
Um dos fundadores do Teatro dos Sete nos anos 50, participa ativamente de importantes realizações cênicas dos anos 60 e nos anos 70. Nos anos 80, é um dos sócios do Teatro dos Quatro e, na década de 1990, realiza uma série de espetáculos musicados à frente do Teatro Delfim.
Forma-se em medicina em 1948, mas não exerce a profissão. Sua primeira experiência teatral ocorre em 1945, interpretando Benvólio na montagem de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, no Teatro Universitário - TU, dirigida por Esther Leão. Em 1948, no Teatro do Estudante do Brasil - TEB, faz Horácio na histórica encenação de Hamlet, de William Shakespeare, que consagra Sérgio Cardoso no papel-título.
Em 1949, profissionaliza-se, fundando, com Sérgio Cardoso, o Teatro dos Doze, que, durante sua fugaz existência, tem Ruggero Jacobbi e Hoffmann Harnisch como diretores. Em 1950, vai para uma companhia paulista encabeçada por Madalena Nicol, onde atua em Electra e os Fantasmas, de Eugene O'Neill, entre outros desempenhos, e realiza sua primeira experiência de direção, montando, em parceria com Carla Civelli, O Homem, a Besta e a Virtude, de Luigi Pirandello. Em 1952, excursiona com o elenco do Teatro Popular de Arte - TPA, atuando em Manequim, de Henrique Pongetti, com direção de Eugênio Kusnet, entre outras.
Em 1953, participa do primeiro elenco profissional do Teatro de Arena atuando em Esta Noite é Nossa, de Stafford Dickens, direção de José Renato; e dirigindo Judas em Sábado de Aleluia, de Martins Pena. Em 1954, ainda no Arena, tem um elogiado desempenho em Uma Mulher e Três Palhaços, de Marcel Achard. Volta, em 1955, à companhia de Sandro Polloni, agora como Teatro Maria Della Costa - TMDC, para uma série de desempenhos decisivos, em cinco espetáculos dirigidos por Gianni Ratto, mestre que influencia sua evolução artística: O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh; Com a Pulga Atrás da Orelha, de Georges Feydeau; Mirandolina, de Carlo Goldoni; A Moratória, de Jorge Andrade; e A Ilha dos Papagaios, de Sérgio Tofano.
Em 1956, transfere-se para o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, já na fase de declínio da companhia, em que atua em A Casa de Chá do Luar de Agosto, de John Patrick, com direção de Maurice Vaneau; no ano seguinte, Rua São Luís, 27 - 8º Andar, de Abílio Pereira de Almeida, encenação de Alberto D'Aversa; e Um Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller, outra direção de D'Aversa, sua última incursão no conjunto.
Em 1959, junta-se a Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi, dissidentes da companhia paulista, e fundam o Teatro dos Sete, que vem a ser uma das mais importantes companhias filhotes do TBC. Sob a direção de Ratto, é ator em O Mambembe, de Artur Azevedo e José Piza, 1959; A Profissão da Senhora Warren, de George Bernard Shaw, 1960; no mesmo ano, O Cristo Proclamado, de Francisco Pereira da Silva; e Festival de Comédia, 1962, que lhe vale todos os principais prêmios do ano, pela composição de papéis estilisticamente diferenciados em peças curtas de Miguel de Cervantes, Molière e Martins Pena.
Fora da companhia, ainda sob o comando de Gianni, faz Meu Querido Mentiroso, de Jerome Kilty, 1964, um virtuosístico dueto de câmara com Nathália Timberg, que a mesma dupla retomará numa remontagem em 1988; e Santa Joana, de Shaw, com direção de Flávio Rangel, 1965. No mesmo ano, volta ao Teatro dos Sete para o espetáculo de despedida do conjunto, Mirandolina.
Com o fim do Teatro dos Sete, associa-se a Fernando Torres e Fernanda Montenegro para bem-sucedidas montagens como O Homem do Princípio ao Fim, de Millôr Fernandes, e Volta ao Lar, de Harold Pinter, 1968.
Desfeita também essa companhia, funda, no Teatro Senac, a sua própria empresa, a Sérgio Britto Produções Artísticas. Ali, através de três espetáculos dirigidos por Amir Haddad, o ator mergulha nas novas tendências de representação e encenação, e dá uma guinada em sua carreira, rumo ao contemporâneo. É premiado pela atuação em Tango, de Slawomir Mrozek, em 1972. Co-produz e protagoniza a versão carioca de Missa Leiga, de Chico de Assis, 1973. Destaca-se como um dos intérpretes de A Gaivota, de Anton Tchekhov, dirigida por Jorge Lavelli, demonstrando maturidade interpretativa, em 1974. No mesmo ano, parte para outra colaboração com um consagrado diretor franco-argentino: sob a direção de Victor García ensaia a adaptação de Os Autos Sacramentais, de Calderón de la Barca, numa produção de Ruth Escobar, onde, aos 51 anos, aparece pela primeira vez nu em cena; e durante seis meses percorre o mundo, apresentando-se no Irã, em Londres, Lisboa e Veneza, mas não consegue mostrar no Brasil, que vive os anos de censura da ditadura militar.
Em 1975, atua em A Noite dos Campeões, de Jason Miller, encenação de Cecil Thiré. Dirige a atriz Renata Sorrah, em parceria com Walter Scholiers, em Afinal... uma Mulher de Negócios, de Rainer Werner Fassbinder, em 1977. No ano seguinte, associado a Paulo Mamede e Minima Roveda, inaugura o teatro próprio da sua nova companhia, o Teatro dos Quatro, que se transforma numa trincheira de um repertório de alto nível e de produções bem cuidadas. Sergio dirige o espetáculo inaugural do conjunto, Os Veranistas, de Máximo Gorki; faz o papel-título em Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho, tendo como diretor o também ator Nelson Xavier; protagoniza uma das grandes montagens de Rei Lear, de Shakespeare, em 1983. Em 1985, está em Assim É...(Se Lhe Parece), de Luigi Pirandello, com direção de Paulo Betti; no mesmo ano, atua ao lado de Rubens Corrêa e Ítalo Rossi em Quatro Vezes Beckett, que marca o início da trajetória do diretor Gerald Thomas no Brasil. Trabalha em A Cerimônia do Adeus, com texto e direção de Mauro Rasi, onde faz o papel do pensador Jean-Paul Sartre.
Paralelamente à carreira teatral, que soma quase 90 espetáculos, Sergio Britto diversifica suas atividades. No início da carreira trabalha em diversas funções no cinema. Na TV, é pioneiro do teleteatro, como um dos fundadores, diretores e principais intérpretes do Grande Teatro Tupi, que produz cerca de 450 peças. Participa de novelas, minisséries e especiais. Dirige algumas óperas, inclusive uma polêmica La Traviata, no ano de 1974. É também um dos fundadores da escola de formação Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Em 1989, assume a direção artística do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Na TV Educativa, escreve, dirige e apresenta um programa dedicado ao teatro e à arte de interpretar.
Durante a década de 90, à frente do Teatro Delfim, Sérgio Britto realiza, com sucesso, uma série de espetáculos musicais, assinando, em parceria com Clóvis Levy, textos em que aborda períodos definidos da história e da música brasileiras, como Ai, Ai, Brasil, montagem em comemoração dos 500 anos do descobrimento, em 2000. No ano anterior, convida a jovem diretora Nehle Franke, conhecida em Salvador pela veemência e pessoalidade de sua linguagem, para dirigi-lo em O Poder do Hábito, de Thomas Bernhard. Em 2003, celebrando seus 80 anos de idade e mais de 50 de carreira, o ator levou aos palcos Sérgio 80, um monólogo de lembranças.
[editar] Filmografia
[editar] Cinema
- O maior amor do mundo (2006) .... Maestro
- A maldição do Sanpaku (1991) .... Velho
- O Quebra-Nozes (1986)
- Na ponta da faca (1977)
- Gordos e magros (1976)
- Caingangue (1973)
- A culpa (1971)
- O desafio (1965)
- Society em baby-doll (1965)
- A sogra (1954)
- Destino em apuros (1954) — também roteirista
- O homem dos papagaios (1953) — também roteirista
- Uma vida para dois (1953) — também roteirista
- Esquina da ilusão (1953)
- Luz apagada (1953)
- Modelo 19 (1952)
- O comprador de fazendas (1951)
[editar] Televisão
- Vidas cruzadas (2000) — Teodoro
- Chiquinha Gonzaga (1999) — Marquês de Caxias
- Serras Azuis (1998) — Barão de Serras Azuis
- Direito de vencer (1997) — Giovanni Lucilli
- A indomada (1997)
- Xica da Silva — Conde Valadares
- Memorial de Maria Moura (1994) — Eliseu
- Olho no olho (1993)
- O fantasma da ópera (1991) (mini) — Antônio Medeiros
- O farol (1991) — Clemêncio
- A história de Ana Raio e Zé Trovão (1990) — Basílio
- Pantanal (1990) — Thiago
- Kananga do Japão (1989) — Teodoro
- Dona Beija (1986) — Padre Aranha
- Marquesa de Santos (1984) — Visconde de Castro
- Paraíso (1982) — Norberto
- Olhai os lírios do campo (1980) — Vicente Cintra
- Espelho mágico — Gastão Cortez/Benito
- Anjo mau — Theo
- Escalada (1975) — Valério
- O crime de Zé Bigorna (1974) — Abelardo
- Supermanoela (1974) — Jorge
- Mulher (1974)
- E nós aonde vamos? (1970) (só dirigiu)
- Sangue do meu sangue (1969) — Tenente (também dirigiu)
- A muralha (1968) — (só dirigiu)
- O terceiro pecado (1968) (só dirigiu)
- Um rosto de mulher (1965) (só dirigiu)
- Paixões de outono (1965) (só dirigiu)
- Ilusões perdidas (1965) (só dirigiu)
- Coração (1965) (só dirigiu)
- Vitória (1964) (também dirigiu)
- Sonho de amor (1964) (também dirigiu)
- Pouco amor não é amor (1963)
- A morta sem espelho (1963) (também dirigiu)