Máximo Gorki
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Máximo Gorki (Максим Горький), pseudônimo de Aleksei Maksimovich Peshkov (em russo, Алексей Максимович Пешков) (Nijni Nóvgorod, 16 ou 28 de março de 1868 – Moscou, 14 de junho de 1936), foi um famoso escritor, romancista, dramaturgo, contista e ativista político russo. Gorki foi escritor de escola naturalista que formou uma espécie de ponte entre as gerações de Tchekhov e Tolstoi, e a nova geração de escritores soviéticos.
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[editar] Os anos difíceis da infância em Nijni Nóvgorod
Gorki nasceu em um meio social pobre, em Nizhny Novgorod, cidade que em 1932 passou a se chamar Gorki por ordem de Stalin. O nome da cidade foi revertido para o nome original em 1991. Órfão de pai foi criado pelo avô materno que era tintureiro. Em 1878 quando sua mãe faleceu teve que deixar a casa do avô para ir trabalhar. Foi sapateiro, desenhista, lavador de pratos num navio que percorria o Volga, onde teve contato com alguns livros emprestados pelo cozinheiro, o que acabou despertando sua consciência política.
[editar] Os primeiros passos como escritor
Em 1883, com apenas 15 anos, publica dois romances, Romá Gordieiev e Os Três; aos 16 anos, muda-se para Kazan, onde tenta cursar gratuitamente a universidade, porém, não consegue e, frustrado, vai trabalhar como vigia num teatro para sobreviver. Mais tarde torna-se pescador no mar Cáspio e vendedor de frutas em Astrakan. Como a situação não melhorava, decide ir em busca de melhores oportunidades, e viaja para Odessa com um grupo de marginais nômades que iam de cidade em cidade à procura de emprego. Assim, ele exerce várias profissões, sofre com a miséria, a fome e o frio. Aos 19 anos volta a morar em Kazan, onde, desesperado com a situação e sem vontade de continuar vivendo, tenta o suicídio com um tiro, o qual atinge um dos pulmões, mas sobrevive e para piorar mais a situação, adquire tuberculose. Mas essa experiência fatídica resultará anos depois em dois escritos: Um incidente na vida de Makar, escrito em 1892, e, Como aprendi a escrever, publicado, muito mais tarde, em 1912.
[editar] A iniciação ao comunismo
A partir da frustrada tentativa contra sua vida, engaja-se na vida política, lê Marx e segue os passos de Lênin. Em 1890 é preso em Nijni-Nóvgorod, acusado de exercer atividades subversivas; pouco tempo depois, foi posto em liberdade e volta a viajar sem destino acompanhado de indigentes miseráveis.
Publica seu primeiro conto em 1892 intitulado, Makar Tchudra, e, para desviar a atenção das autoridades, que o vigiavam, adota o pseudônimo de Máximo Gorki, o que lê facilitou um emprego no jornal de Samara, o Saramarskaia Gazieta, assim consegue grande alcance, tanto como jornalista como escritor. Logo a seguir, Gorki aderiu novamente ao marxismo e militou em inúmeros grupos revolucionários, o que lhe valeu mais uma temporada na prisão.
[editar] O primeiro grande sucesso
Após sair da prisão em 1901, começa a escrever para teatro, escreve Pequenos Burgueses, peça teatral, a qual, segundo críticos atuais, se Gorki escrevesse hoje, não mudaria uma única palavra. O texto foi concebido em 1900, quando ainda se encontrava preso, e Gorki trabalhou algum tempo na peça, até que ela atingisse uma forma satisfatória. No início tinha o título de: Cenas em Casa dos Bessemov, Esboço Dramático em Quatro Atos. Na verdade, a peça não segue uma linha de ação única, mas é antes um mosaico de situações e personagens representativas da vida russa da época. As personagens de Pequenos Burgueses vivem num meio mesquinho, revelando-se quase sempre impotentes para vencer as barreiras desse meio. A impotência, em vários níveis, é o único elemento comum a todas elas. Cada um por seus motivos não consegue romper o asfixiante círculo familiar. A peça mostra o conflito entre os membros de uma família de comerciantes, dominada pela figura do pai autoritário que reprime os impulsos do filho intelectual e da filha deprimida. O único insurgente é o filho adotivo, o ferroviário Nill, que Gorki elege como uma espécie de operário do ano, isto é, um herói que vai conduzir a Rússia à revolução.
Ainda em 1901, em julho, escreve Ralé, peça em que a fala é menos pronunciável e os gestos reconstituídos que o intangível fluxo de almas humanas no interminável e escorregadio contato de uma com as outras. A peça reúne suas cambiantes sobre um foco definido e sua conclusão tem uma firmeza clássica. Em 1902 acontece a estréia de Pequenos Burgueses no Teatro de Arte de Moscou, e a peça obtém um grande sucesso, mesmo com os cortes impostos pela censura.
[editar] Novamente, a prisão
Toma parte em 1905, na primeira revolução que pretendia derrubar o Czar Nicolau II da Rússia, e após o fracasso da intentona, acabou preso por subversão na cadeia de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo. No ano seguinte, porém, com a ajuda de outros intelectuais e sob fortíssima pressão da comunidade internacional, as autoridades russas foram obrigadas a libertá-lo. Organiza, a seguir, o jornal Nóvaia Jizni (Vida Nova), mas é obrigado a abandonar a Rússia.
[editar] Anos de exílio
Vai para os Estados Unidos, mas sua permanência é dificultada pelo embaixador russo, e, é vigiado pelo dono de um jornal de grande alcance, que o acusa de imoralidade pública já que ele se casara pela terceira vez. Juntamente com sua mulher Maria Budberg, se refugia em Staten Island, viaja então para a Itália e, em 1906 fixa sua residência em Capri, onde cria uma escola para imigrantes revolucionários que vai até 1914. Lá, escreve em 1906, Os Bárbaros, a peça de teatro, Os Inimigos, e o romance Mãe em 1907.
Durante esse tempo de tranqüilidade em Capri escreve, Os Últimos em 1908, Gente Esquisita em 1910, Vassa Alheleznova em 1911, Os Kykov em 1912, e a trilogia autobiográfica: Infância, Ganhando meu pão e Minhas Universidades em 1912-13. Mas a sua obra-prima seria mesmo A Confissão, escrita em 1908.
[editar] A volta à Rússia
Com o início da Grande Guerra em 1914, Gorki retorna a Rússia, dirige um jornal mensal Liétopis (crônica). Acompanha a revolução sem entretanto ir ao front, e torna-se grande amigo de Lênin. Em 1921 adoece gravemente dos pulmões e volta para a Itália, em busca de um clima melhor, permanecendo em Sorrento durante vários anos. Ali escreve Recordações sobre Lênin em 1924, Os Artamonov em 1925 e A vida de Klim Samgin em 1927-36. Apesar de sua amizade com Lênin, o escritor só retornou definitivamente à Rússia em 1928, quando então, Gorki decide estabelecer-se definitivamente na União Soviética, apesar de sua saúde precária, transformando-se de imediato na maior figura literária do regime comunista. Escreve então Yegor Bolychov, retratando o fim da classe média por meio da história de um comerciante. Em 1933, funda com o apoio de Stálin, o Instituto de Literatura Máximo Gorki, uma incrível iniciativa de um célebre escritor, que não chegara a terminar o ensino secundário e sempre sonhara em tirar um curso superior.
[editar] O fim
Ainda estava escrevendo A vida de Klim Samgin, quando morreu de pneumonia, em 18 de junho de 1936. Foi sepultado com todas as honras oficiais e seu féretro acompanhado por Stálin e Molotov. Entretanto, em 1938, Leon Trotski denuncia no artigo Quatro médicos que sabiam demais, escrito para o New York Times que, Gorki na verdade foi envenenado a mando de Stalin.
[editar] O legado de Gorki
Há em Gorki a força do natural e a beleza do espontâneo, que tanto fascinam, em nossa busca de legitimidade. Há também a transfiguração da realidade, o surrealismo da fuga ao legítimo, que é uma espécie de descanso do espírito, no seu enquadramento real.
O que a vida e a obra de Górki mostram não é o revolucionário perigoso que, segundo os seus adversários, teria envenenado o mundo através da literatura, mas o homem em que a memória, marcada pela lembrança das agruras sofridas e das injustiças presenciadas, anseia pela transfiguração do mundo.
A obra de Gorki centra-se no submundo russo. O ficcionista registrou com vigor e emoção personagens que integravam as classes excluídas: operários, vagabundos, prostitutas, gente humilde, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes setores sociais à literatura, mas olhavam para os pobres de fora, apenas com piedade ou com frieza. Gorki, ao contrário, conhecia aquele universo por dentro – ele próprio era um desses desvalidos – e soube captar o que havia de mais profundo na alma do povo russo. Daí a impressão de autenticidade que suas obras nos transmitem.
Sem dúvida, ele foi o criador da chamada literatura proletária que teve seguidores no mundo inteiro em sua época. Mesmo que o mundo resolvesse suas diferenças e corrigisse as injustiças sociais, ainda assim faltaria o último toque, aquele toque que construiu o templo literário de Gorki, resistente às manobras ideológicas e imunes à ação do tempo.
[editar] Bibliografia
- GASSNER. John,. Mestres do Teatro II. Coleção Estudos Vol. 2. São Paulo. Editora Perspectiva. 1996. 2ª Edição.
- CAMARGO. Joracy,. O Teatro Soviético, Coleção Teatro no Mundo I, Rio de Janeiro, Editora Leitura. 1ª Edição.
- EHRHARD. Macelle, A Literatura Russa, Coleção Saber Atual, Trad: J. Guinsburg. São Paulo, 1956.