Ivan IV da Rússia
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Ivan IV (em russo:Ivan IV России), grão-duque de Moscovo desde os três anos de idade, foi o primeiro governante a utilizar o título de czar (césar, ou imperador) de todas as Rússias. Ivan estendeu o seu domínio para oriente, anexando em 1552 o canato de Kazan e em 1556 o canato de Astrakhan, para absorver a Sibéria e estabeleceu relações comerciais com o Ocidente.
No entanto, a sua capacidade para uma boa governação ficou manchada pela excessiva crueldade. A sua polícia secreta, os Oprichniks, torturou e assassinou todos os suspeitos de traição, como o povo de Novogárdia, acusado de rebelião.
Ivan teve sete mulheres, uma das quais morreu em circunstâncias suspeitas. Num acesso de raiva Ivan matou o filho mais velho, que era tão cruel como ele, e passou o resto da vida imerso em remorsos, misturados com actos de crueldade e violência. Em meio ao seu governo, os tártaros da Criméia saquearam Moscou em 1571. Morreu louco, em 1584.
O comportamento de Ivan IV pode ser explicado pela sua conturbada infância.Filho do grão-duque Vassily III de Moscou,ficou órfão aos oito anos de idade. Praticamente um refém dentro do próprio Kremlin, assistiu às brigas intermináveis entre as diversas facções dos boiardos;era incentivado a assistir sessões de tortura e execuções pelos nobres, que mantinham seus feudos independentes e tomavam o comércio como ponto principal de seus interesses, não unificando a Rússia.Assustado durante todo esse período,Ivan passou a ler cada vez mais a Bíblia, especialmente o Velho Testamento, firmando-se como um obcecado cristão ortodoxo.
Embora os boiardos acreditassem que tudo poderiam fazer,para surpresa geral, subitamente o menino Ivan manda que prendam o principal líder boiardo, o Princípe Shuisky, que é executado sendo literalmente jogado aos cães famintos.Pouco após,anuncia sua coroação como Czar.Os próprios nobres e o restante da Europa duvidavam da sua capacidade em faze-lo,pois o título de arqui duque não lhe garantia o trono. Mas ele insistiu e se auto-coroou. Talvez o receio tenha sido o de que aquele poderia ser um velho sonho, o da unificação.
Tão logo foi coroado Czar, anunciou expropriação de bens de boiardos e da Igreja, clamando a si próprio o poder religioso. Logo criou uma tropa de elite, um exército profissional, os Streltsky (que ganharia cada vez mais poder próprio até sua extinção com a ascensão do Czar Pedro, o Grande).
Seu comportamento irregular, alternando períodos de mania (devoção religiosa associada à violência) com depressão e arrependimento, pode fazer que seja inferido um provável distúrbio psiquiátrico bipolar.
Após a conquista de Kazan, que interpretou como vitória religiosa também, pois a cidade era muçulmana, com a morte da primeira esposa Anastasia aos 27 anos, recolhe-se a um mosteiro e volta a Moscou apenas com o chamamento de representantes dos nobres e da população, que em uma interpretação corrente prefeririam um ditador ao caos. Forma uma guarda pessoal, os Oprichnicky, que se vestiam de preto e cavalgavam animais também pretos, a maioria criminosos, que juraram lealdade eterna ao Czar e com ele cometeram terríveis ações.
Pode-se acrescentar que Ivan IV foi um homem cruel e provavelmente insano mentalmente, mas ele conseguiu unificar a Russia antes dividida em principados independentes, criou uma força militar própria e conquistou terras até a Sibéria, tornando a Rússia um gigantesco país, com um mapa semelhante ao de hoje em dia. Também se tornou um autocrata, o primeiro de uma série, mas por ter ferido à morte seu filho mais velho, e pela misteriosa morte do Czarevich Dmitri, não deixou linhagem. Curiosamente, a morte do pequeno Dmitri acabou por ser atribuída supostamente a Boris Godunov, que se tornou Czar por algum tempo, e um monge, Grigory Otripiev, deixou a Rússia e conquistou a simpatia dos poloneses, declarando-se o verdadeiro Czarevich. Por incrível que pareça, o falso czarevich, com o apoio do exército polonês e pela confusão reinante na Rússia após a morte de Godunov, chegou mesmo a governar por um breve período no Kremlin, sendo substituído à força por um descendente dos Shuikys.