História da Bahia
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Local de chegada dos primeiros portugueses ao Brasil no ano de 1500, a região do que viria a ser o estado da Bahia começou a ser povoada em 1534. O seu primeiro donatário foi Francisco Pereira Coutinho, cuja descendência veio a receber da Coroa Portuguesa quer o morgadio do juro real da Redízima da Bahía (séc. XVI), quer os títulos de Visconde da Bahía, de juro e herdade (1796), e de Conde da Bahía (1833).
Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil, fundou Salvador, que se tornou a primeira capital do país em 1549, sendo por muitos anos a maior cidade das Américas. Em 1572 o governo colonial dividiu o país em dois governos, um em Salvador, e o outro no Rio de Janeiro, esta situação se manteve até 1581, quando a capital do Brasil passou a ser novamente apenas Salvador. A capital foi transferida para o Rio de Janeiro definitivamente em 1763, pelo Marquês de Pombal.
Em Salvador concentrou-se uma grande população de europeus, índios, negros e mestiços - em decorrência da economia, centrada no comércio com engenhos instalados no vasto Recôncavo. A extensa costa não esteve livre de ameaças e ataques estrangeiros, ameaças que ensejaram a fortificação de vários pontos. Porto Seguro, por exemplo, teve seu primeiro fortim levantado em 1504 por Gonçalo Coelho e reforçado no século XVII. Quando, em 1595, os franceses atacaram Ilhéus e foram repelidos, já existia na entrada do porto o fortim de Santo Antônio, transformado em 1611 em forte de pedra e cal. Cairu, fundada depois da guerra contra os Aimorés, provavelmente em 1610, nasceu também com sua fortaleza.
O território original da Bahia compreendia a margem direita do rio São Francisco (a esquerda pertencia a Pernambuco). Estava, basicamente, dividido entre dois grandes feudos: a Casa da Ponte e a Casa da Torre, dos senhores Guedes de Brito e Garcia d'Ávila, respectivamente - promotores da ocupação de seu território e muito importantes em sua defesa.
Ingleses e holandeses atacaram a Bahia no século XVII. Salvador chegou a ficar sob domínio holandês entre 1624 e 1625, mas foi retomada pelos portugueses com a ajuda de morgados como a Casa da Torre.
Por sua posição estratégica, à entrada da baía de Todos os Santos, e por ali se refugiarem barcos inimigos e contrabandistas, o Governador Diogo Luís de Oliveira determinou em 1631 a construção de um forte em Morro de São Paulo, ampliado em 1730, transformando-se em uma das maiores fortificações da costa, com 678 m de cortina. Os holandeses, antes de atacarem Salvador, em 1624, estiveram em Morro de São Paulo e utilizaram o seu canal como tocaia para atacar navios lusos, entre os quais um barco jesuíta que vinha de São Vicente, conduzindo 15 religiosos da Companhia e outros de outras Ordens. Um ano mais tarde, ali se refugiou a numerosa armada de Boudewijn Hendriczzood que, ao ter conhecimento da retomada de Salvador pelos espanhóis e portugueses, rumou para o Norte.
Enquanto estiveram no Recife, os holandeses não deixaram de rondar a costa baiana, atacando Caravelas (1636), Camamu e Ilhéus (1637). Os ataques provocaram a construção em Camamu, em 1649, do forte de Nossa Senhora das Graças, com quatro baluartes, reedificado entre 1694/1702 e, possivelmente, a construção do forte de São Sebastião em Ilhéus, pois documento de 1724 já o assinala sobre um monte.
A economia do litoral foi extrativista. A princípio, pau-brasil, valorizado na Europa como pau de tinta e disputado por comerciantes portugueses, contrabandistas e piratas. Depois, incluíram-se na pauta de exportação e contrabando madeiras para a construção naval e civil, cortadas entre Ilhéus e Valença. Em 1722, os jesuítas do Colégio da Bahia instalaram uma serraria hidráulica em Camamu à qual se somavam mais duas de terceiros, no final do século. No imposto extorquido para a reconstrução de Lisboa, após o terremoto, a vila pagaria sua contribuição com madeira e farinha de mandioca. Desde a coroação de Dom José I, em 1750, e a nomeação do conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal como primeiro-ministro, havia-se inaugurado uma política mais atuante com relação ao Brasil e, em particular, à Bahia.
Pela Carta Régia datada de 1755, decidiu-se transformar em vilas as missões jesuíticas, com a intenção de afastar os índios da influência dos padres. São criadas as vilas de Prado (1755), antiga Aldeia de Jucururu; Alcobaça (1755), com território desmembrado de Caravelas; Nova Santarém (1758), antiga aldeia de São Miguel e Santo André de Serinhaém, atual cidade de Ituberá; Barcelos (1758), ex-aldeia de Nossa Senhora das Candeias, emancipada de Camamu; Troncoso (1759), ex-aldeia de S. João Batista dos Índios; Vale Verde (1759), antiga Aldeia do Espírito Santo; Maraú (1761), ex-Aldeia de S. Sebastião de Maraú.
Por solicitação de Dom Marcos de Noronha, Conde dos Arcos, e através de Provisão do Conselho Ultramarino de 4 de março de 1761, D. José I ordenou ao ouvidor da Comarca da Bahia, Desembargador Luís Freire Veras, que tomasse posse da Capitania dos Ilhéus para a Coroa. Igual providência foi adotada com relação à Capitania de Porto Seguro, transformando-se as duas em comarcas. Estas medidas estavam relacionadas com a preocupação do Governo Geral em controlar o contrabando no litoral sul e proteger as populações da região de Cairu e Camamu, centros de abastecimento da capital, contra os freqüentes ataques dos Guerens, que voltaram a atacar, no período entre 1749 e 1755. Foram elevadas a vila a Aldeia de Belmonte (1765); a missão de N. S. da Escada, com o nome de Nova Olivença (1768), em Ilhéus; o povoado de Campinhos (1720), com a denominação de Vila Viçosa (1768) e a Aldeia do Mucuri, com o nome de São José de Porto Alegre (1769), atual cidade de Mucuri. Três destes municípios foram supressos nas três primeiras décadas do século atual: Vila Verde, Trancoso e Barcelos. Com a mudança da capital do país para o Rio de Janeiro, o Governo da Bahia ordenou em 1777 ao Ouvidor de Porto Seguro criar paradas de correio, vilas e povoações entre Salvador e Espírito Santo, mas pouca coisa se fez. No fim do século XVIII, a Povoação de Amparo, à margem do rio Una, foi levada a vila com o nome de Valença (1799), sendo seu território desmembrado de Cairu.
De nada valeu o protesto de Silva Lisboa, juiz conservador das matas, em 1779, contra a devastação da Mata Atlântica. Ainda no início do século XIX o inglês Thomas Lindley seria preso em Porto Seguro por contrabando de pau-brasil, cujo comércio foi monopólio do Estado até 1859.
O ano de 1798 testemunhou a Conjuração Baiana, que propunha a formação da República Bahiense - movimento pouco difundido, mas com repressão superior àquela da Inconfidência Mineira: seus líderes eram negros instruídos (os alfaiates João de Deus, Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens) associados a uma elite liberal (Cipriano Barata, Moniz Barreto, Aguilar Pantoja, membros da Casa da Torre e outros aristocratas), mas só os populares foram executados, mais precisamente no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799.
Na Baía de Tinharé, cessados os ataques indígenas, os colonos refugiados na Ilha de Boipeba voltaram ao continente. Em 1811, Boipeba chegou a tal ruína que perdeu sua condição de vila para o povoado de Jequié, em terra filme, que recebeu o nome de Vila Nova de Boipeba, hoje Nilo Peçanha. Por sua vez, a Vila de Nova Boipeba perdia, em 1847, o foro de vila para Taperoá, uma povoação surgida em torno a uma capela jesuítica que, em 1637, pertencia à Freguesia de Cairu. Nova Boipeba foi restaurada, em 1873, com território desmembrado de Taperoá. Todos os demais municípios do litoral sul foram criados no século XX.
Mesmo após a declaração de independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, a Bahia continuou ocupada pelas tropas portuguesas, até à rendição destes, ocorrida no dia 2 de julho de 1823. Por essa razão a data é comemorada pelos baianos como o Dia da Independência da Bahia.
Com a independência do Brasil, os baianos exigiram maior autonomia e destaque. Como a resposta foi negativa, organizaram levantes armados que foram sufocados pelo governo central.
Com a República ocorreram outros incidentes políticos importantes, como a Guerra de Canudos e o bombardeio de Salvador, em 1912.
A Bahia contribuiu ativamente para a história brasileira, e muitos expoentes baianos constituem nomes de proa na política, cultura e ciência do país.
[editar] Ver também
- Independência da Bahia
- Conjuração baiana
- Capitania da Bahia
- Federação do Guanais
- Guerra de Canudos
- Revolta dos Malês
- Sabinada