Mestiço
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Na linguagem corrente, chamam-se mestiços, mulatos ou mistos (em Moçambique) aos descendentes de pessoas de etnias diferentes. Por exemplo, com antepassados pretos e brancos, ou brancos e índios.
Também se usam como adjectivos, nas expressões "raça mestiça" ou "cor mestiça".
A palavra mulato tem sido erroneamente associada à palavra mula, o indivíduo de sexo feminino resultante do cruzamento dum cavalo (ou égua) com um burro (ou burra) e, por essa razão, é por vezes considerada "politicamente incorrecta" por intelectuais de esquerda. A palavra mulato tem origem em "muwallad", termo árabe que significa mestiço de árabe com não árabe, a qual deriva de "walada", gerar, parir. Na Península Ibérica, no tempo da dominação dos muçulmanos (711 a 1492 d.C.), o não árabe poderia ser o descendente dos visigodos ou dos romanos, ou, ainda, dos antigos lusitanos. Como sinónimo, mas em desuso, são usados quarteirão/quadrarão para pessoas com um quarto de sangue negro/índio ou oitavão para pessoas com um oitavo de sangue negro/índio. No Brasil, há o Dia do Mestiço, comemorado em 27 de junho.
PORÉM OS FATOS E CONCEITOS ANTROPOLÓGICOS INVALIDAM AS INFORMAÇÕES ACIMA
1- Segundo o Diccionario de la Lengua Española da Real Academia Española na sua vigésima segunda edicão :
mulo.(Del lat. mulus). 1. m. Hijo de caballo y burra o de asno y yegua, casi siempre estéril. 2. m. coloq. Persona fuerte y vigorosa.~ castellano. 1. m. El que nace de garañón y yegua.ser alguien un ~ de carga. 1. fr. coloq. Ser el encargado de los trabajos pesados.
mulato, ta.(De mulo, en el sentido de híbrido, aplicado primero a cualquier mestizo). 1. adj. Dicho de una persona: Que ha nacido de negra y blanco, o al contrario. U. t. c. s. 2. adj. De color moreno. 3. adj. Que es moreno en su línea. 4. m. y f. ant. muleto.
Fica obvio que a palavra mulato, vem realmente do espanhol mulo, e mulo conforme mostra o dicionário é um animal híbrido filho de um cavalo e um burro ou de um asno e uma égua , já mulato significa: filho de pai branco e mãe negra ou vice versa. O verbete vem logo no inicio com uma pequena nota explicativa mostrando que esta palavra, mulato, é sempre aplicada a um mestiço.
Nas colônias espanholas e no Brasil colônia era também o tratamento que as senhoras de engenho davam para os filhos ilegítimos dos senhores que faziam das escravas suas peças para sexo! Um insulto que foi incorporado na vida cotidiana de tal forma que é aceito por um bom grupo de pessoas como um mero adjetivo .
2- Nos originais das classificações raciais clássicas (anteriores a eliminação científica do conceito biológico de raça diversa entre humanos) não há citação do termo "Mestiço" :
RAÇA
A primeira classificação dos homens em raças foi a “Nouvelle division de la terre par les différents espèces ou races qui l'habitent” ("Nova divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a habitam") de François Bernier, publicada em 1684
Carolus Linnaeus (1758) inventor da taxinomia e criador da classificação Homo Sapiens, reconheceu quatro variedades do homem - Americano (Homo sapiens americanus: vermelho, mau temperamento, subjugável), Europeu (europaeus : branco, sério, forte), Asiatic (Homo sapiens asiaticus: Amarelo, melancólico, ganancioso), e Africano (Homo sapiens afer : preto, impassivel, preguiçoso). Linnaeus reconheceu também uma quinta raça não-geográficamente definida , a Monstruosa (Homo sapiens monstrosus), compreendida por uma diversidade de tipos reais (por exemplo, Patagônios da America do Sul, Flatheads canadenses) e outros imaginados que não caberiam em nenhuma das quatro categorias "normais" (segundo a visão racista de Linnaeus que não apenas criou a classificação como atribuiu a cada uma características físicas e morais, o individuos mestiçados seriam então talvez classificados nesta última categoria) .
O sucessor de Linnaeus', J. F. Blumenbach, primeiramente em 1775 reconheceu "quatro variedades da humanidade:" 1) Europa, Ásia ocidental, e parte de America do Norte; 2) Ásia do leste e Austrália; 3) África; e 4) o resto do novo mundo. A visão de Blumenbach continuo a evoluir, em 1795 dando origem a cinco variedades, Caucasiano, Mongol, Etíope, Americano, e Malaio, diferindo do agrupamento anterior onde os esquimós passaram a ser classificados com os Asiaticos do leste.
Neste sentido, as coisas ficaram estáticas até 1962, o ano em Carleton Coon publicou "A origem das raças". Lá Coon, um antropólogo físico, dividiu a humanidade em cinco raças (ou subspecies): Caucasoide, Mongoloide, Australoide, Congoide (Negroide), e Capoide(Africa Meridional até filipinas).
Segundo Dobzhansky (1970), esta visão conduziu à absurdos como quando os siblings (pessoas com síndrome de Down) foram categorizados em tipo racial(mongolóide) diferentes de ambos seus pais . De uma perspectiva social, este problema (indivíduos surgidos da mistura de raças) foi resolvido tipicamente empregando o conceito de Marvin Harris a hipodescendencia, isto é, a criança de tal união pertence a raça biológica ou socialmente inferior: "o cruzamento entre um branco e um indio é um indio; o cruzamento entre um branco e um negro é um negro; o cruzamento entre um branco e um hindu é um hindu; e o cruzamento entre alguém de raça européia e um judeu é um judeu." (Grant, The Passing of the Great Race, 1916). Em algumas países, uma regra de 1/8 ou 1/16 foi estabelecida a fim determinar a identidade racial apropriada de indivíduos oriundos de mistura de raças. Sob estas regras, se o indivíduo for, pelas linhas da descendência, 1/8 ou somente 1/16 de negro (preto uniforme) , o indivíduo é também negro.
'ETNIA' Uma etnia ou grupo étnico é em um sentido amplo uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas, culturais e genéticas. Estas comunidades comumente reclamam para sí uma estrutura social, política e um território. Etnia se usa a vêzes erroneamente como un eufemismo para raça, ou como um sinônimo para grupo minoritário.
Raça é um conceito que tem sido associado ao de etnia. Porém etnia compreende os fatores culturais (nacionalidade, afiliacão tribal, religiosa,língua ou tradições) e biológicos de um grupo humano, raça específicamente alude aos fatores morfológicos distintivos desses grupos humanos (cor de pele, compleição física, estatura, traço faciais, etc.) desenvolvidos em seu processo de adaptacão a determinado espaço geográfico e ecossistema (clima, altitude, flora, fauna, etc.) ao largo de várias gerações.
Históricamente, a palavra "etnia" significa "gentio", proveniente do adjetivo grego "ethnikos." O adjetivo se deriva do substantivo ethnos, que significa gente ou nacão estrangeira. O sustantivo deixou de estar relacionado com “Pagão” em princípios do sec. XVIII. O uso do moderno sentido da palavra começou na metade do sec. XX.
A Língua
A língua tem sido utilizada como primero fator classificador dos grupos étnicos, sem dúvida esta ferramenta não tem estado estado isenta de manipulacão política ou erro. Se deve assinalar que existe grande número de línguas multi-étnicas e determinadas etnias são multi-língues
A Cultura
A delimitacão cultural de um grupo étnico com respeito aos grupos culturais de fronteira, se faz dificultosa para o etnólogo em especial no tocante a grupos humanos altamente comunicados com grupos vizinhos. Elie Kedourie é talvez o autor que mais tenha aprofundado a análise das diferenças entre etnias e culturas . Geralmente se percebe que os grupos étnicos compartilham uma origem comum , e exibem uma continuidade no tempo, apresentam uma nocão de história em comum e projetam um futuro como povo. Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagem comum, intituições, valores e algumas tradicões. Se bem que em determinadas culturas se mesclam os fatores étnicos e os políticos, não é imprescindível que um grupo étnico conte com instituições próprias de governo para ser considerada como tal. A soberania portanto não é definidora da etnia, mas se admite a necessidade de uma certa projeção social comum.
A Genética
É importante considerar a genética dos grupos étnicos se devemos distingui-los de um grupo de individuos que compartilham únicamente características culturais. As etnias geralmente se remetem a mitos de fundacão que revelam uma nocão de parentesco mais ou menos remoto entre seus membros. A genética atual tende a verificar a existencia dessa relacão genética, porém as provas estão sujeitas a discussão, ver Lucca Cavalli-Sforza.
Grupos étnicos
Os membros de grupos étnicos costumam conceber a sua identidade como algo que está fora da história do estado-nação – quer como alternativa histórica, quer em termos não-históricos, quer em termos de uma ligação a outro estado-nação. Esta identidade expressa-se muitas vezes através de "tradições" variadas que, embora sejam frequentemente invenções recentes, apelam a uma certa noção de passado.
Diante do exposto verifica-se claramente dentro da Construção Social das Raças a inexistência de "Raça Mestiça" ou "identidade racial mestiça" bem como a impossibilidade de seu enquadramento com grupo étnico.
3- No Brasil não existe oficialmente a classificação "mestiço" (já adotado, porém, no lugar do termo pardo) nem negro; segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o brasileiro pode se auto-classificar como preto, pardo, amarelo(oriental), branco ou indígena. O movimento negro tem defendido que sendo que a soma de pretos e pardos compoem a população negra, o que é inapropriaod em função do fato de grande parte dos pardos não serem afrodescendentes, mas indiodescendestes e de outras mestiçagens. O Estado do Amazonas possui oficialmente a data "Dia do Mestiço", que se celebra em 27 de junho, três dias após o "Dia do Caboclo". Militantes radicais dos Movimentos indígena e negro têm questionado a lei.