Carlos I de Inglaterra
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Charles I (ou Carlos I) (19 de Novembro de 1600 – 30 de Janeiro de 1649) segundo o calendário juliano em vigor na Inglaterra. Foi rei da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda de 27 de Março de 1625, até sua morte, sendo decapitado fora do palácio de Whitehall, perto de Westminster, e sepultado na capela de São Jorge do castelo de Windsor.
Filho de Ana da Dinamarca ou de Oldenburgo e de Jaime I de Inglaterra, foi o último rei a nascer na Escócia: viu a luz em Dunfermline. Foi coroado em Westminster em 2 de fevereiro de 1626; na Escócia, em 18 de junho de 1633.
O rei esteve no meio de uma controvérsia religiosa. Enfermiço, só se tornou rei porque seu irmão Henrique morreu em 1612, aos 16 anos. Coroado em Londres, teve início uma série de incidentes que o alienaram dos nobres, povo e parlamento. Corado em Edimburgo rei dos escoceses, teve também problemas ali, pois medidas para acercar a igreja calvinista escocesa da igreja episcopaliana inglesa provocaram apoio popular ao National Covenant de 1638.
Carlos havia adotado uma política religiosa que continuava a linha do "meio caminho" Anglicana e foi activamente hostil às tendências reformistas de muitos dos seus súbditos ingleses e escoceses. Sua política era extremamente ofensiva para a teologia ou doutrina Calvinista, insistia que a liturgia da Igreja Anglicana fosse celebrada com todas as cerimónias e vestimentas recomendadas pelo livro de reza comum (Book of Common Prayer). Muitos de seus súbditos consideraram que esta política trazia a Igreja Anglicana demasiadamente próximo do catolicismo romano.
Carlos acreditava no direito divino dos reis e na autoridade da Igreja da Inglaterra, o que cedo o levou a conflitos com o Parlamento e que seria a causa final da guerra civil. Dissolveu o Parlamento e governou sozinho durante 11 anos. Seu conselheiro Buckingham o arrastou a um conflito ruinoso com a França, antes de ser assassinado (como se lê em «Les Quatre Mousquetaires»). Empréstimos forçados, reforma de moeda, tonnage, ship money e outras medidas financeiras extraordinárias foram sancionadas para cobrir as despesas do Governo.
A Escócia entrou em guerra contra ele, e como mais tarde sucederia com Luís XVI, o rei acabou sem dinheiro e viu-se obrigado a recorrer ao Parlamento para sanear suas finanças. É este conflito entre rei e Parlamento que terminará na guerra civil que colocará em lados opostos os Cavaleiros (cavaliers) contra os Cabeças Redondas, partidários do Parlamento.
Durante todo seu reinado, tinha combatido os parlamentares e os puritanos anglicanos, os Cabeças Redondas que lhe censuravam o governo como monarca absoluto. (Nessa época alguns puritanos emigraram para a América e foram os pais fundadores dos futuros Estados Unidos). Não houve reconciliação e Carlos se achou no lado perdedor na Guerra civil de 1642. A luta pelo poder travada contra o parlamento tornou-se famosa; era defensor do direito divino dos reis, e seus inimigos temiam que procurasse obter o poder absoluto. Houve um oposição generalizada a muitas de suas acções, especialmente a imposição de impostos sem o assentimento do Parlamento. Os últimos anos de seu reinado foram marcados pela Guerra Civil Inglesa; ele foi confrontado pelas forças do parlamento (que resistiram às suas tentativas de aumentar o seu próprio poder) e pelos Puritanos (hostis às suas políticas religiosas).
Foi expulso de Londres em 10 de janeiro de 1642. Tentara sem êxito mandar prender os chefes do Parlamento que desejavam limitar seus poderes. Preferiu se render aos escoceses, mais simpáticos, mas foi entregue por eles ao Parlamento inglês, o que sempre lamentaram os escoceses, cuja influência presbiteriana no Parlamento inglês minguou por obra dos «duros» de Cromwell. No meio da guerra revolucionária foi convocado um Parlamento expurgado, reduzido a uma centena de membros. Este Parlamento nomeou um tribunal para julgar o rei, mas Carlos se recusou a reconhecer sua autoridade. Em 27 de janeiro de 1649 foi sentenciado a morrer como tirano, assassino, inimigo da nação.
A Escócia protestou, a França e os Países Baixos – em vão. Oliver Cromwell se tornou diretor do conselho de Estado, uma agência do Parlamento que governou a Inglaterra como república (na verdade, uma ditadura) até entrar em vigor a monarquia parlamentar, a primeira do gênero.
Sua morte digna fez crescer o fervor monarquista e preparou a restauração, sem o saber, pois as perturbações continuarão durante a ditadura de Cromwell. Na verdade, só terminariam em 1688 com a instauração de uma sólida monarquia parlamentar no termo da Revolução Gloriosa. Nesse mesmo ano, aliás, na França o rei Luís XIV e Mazarino abatiam a Fronda parlamentar. Os dois países evoluiriam em direções opostas: a Inglaterra rumo a uma monarquia parlamentar e a França rumo à monarquia absoluta. Seu filho Carlos II só restauraria a monarquia em 1660.
[editar] Casamento e posteridade
Abriram-se negociações para seu casamento com o Príncipe de Gales em 1624 quando tinha ainda 14 anos. Aconselhado pelo duque de Buckingham, tão influente sobre ele quanto o fora sobre o pai, tinha viajado à Espanha em 1623 para obter a mão da Infanta Maria de Áustria; aceitou concessões irreais, mas as reticências espanholas os exasperaram e voltaram à Inglaterra decididos a uma aliança com a França.
Casou por procuração em Paris em 1º de maio de 1625 e em pessoa em Canterbury em 13 de junho com Henriqueta Maria de Bourbon (Louvre 26 de novembro de 1609-31 de agosto de 1669 Paris), filha de Henrique IV e Maria de Médicis. Desde sua entronização, era querido por suas boas maneiras mas este casamento com uma irmã de Luís XIII e seu gosto pelo poder pessoal o tornaram impopular. Tiveram nove filhos.
[editar] Filhos
- 1 - Carlos Jaime Stuart (n. e m. 13 de maio de 1629 no palácio de Greenwich) Duque de Cornwall, Duque de Rothesay.
- 2 - Henriqueta MARIA Stuart (palácio de S. Jaime, Londres 4 de novembro de 1631-24 de dezembro de 1660 palácio de Whitehall, sepultada em Westminster) a primeira a ter o títuo de Princesa Real. Casou em 1641 com Guilherme II (Haia 1626-1650 varíola) Príncipe de Orange e Nassau, stathouder ou stadholder eleito em 1647 e captião-geral dos Países Baixos, príncipe de Orange, Conde de Nassau, statdhouder da República da Holanda, Zelândia, Utrecht, Overijsel, Guéldria, Orenthe. Filho do stadholder Frederico Henrique (1584-1647), príncipe de Orange, Conde de Nassau (1625-47) , que sucedeu em 1625 ao irmão, Mauricio de Nasau; e de Amélia (morta em 1675), filha de João Alberto I, C de Solms Braunfels. Como tentou um golpe de estado falho, por sua morte o caro de stadtholder foi abolido até 1672. Ver a descendência no verbete do marido. Um de seus filhos, Guilherme, casando com a prima, Rainha Maria II, será rei como Guilherme III.
- 3 -Isabel ou ELizabeth (palácio de S. Jaime, Londres 29 de dezembro de 1635-8 de setembro de 1650 febre ou, se acredita, envenenada por ordem de Oliver Cromwell, castelo de Carisbrook(e) na ilha de Wight). Chamada Elisabeth "Temperance". Ao estourar a guerra civil, ela e o Duque de Gloucester ficaram entregues aos cuidados do Parlamento e em 1645 aos Condes de Northumberland. Em 21 de abril de 1648 Jaime foi convencido por Elizabeth a escapar (ou libertado por influência e conselho de Cromwell?) Teve um triste encontro final com o pai em 29 de janeiro de 1649.
- 4 - Ana (palácio de S. Jaime, Londres 1637-1640 palácio de Richmond).
- 5 - Catarina (n. e m. em junho de 1639 Whitehall)
- 6 - Henrique (Oatlands, Surrey 8 de julho de 1640-13 de setembro de 1660 palácio de Whitehall, de varíola). Duque de Gloucester, em 1659 conde ou earl of Cambridge, título extinto desde 1651 quando morreu Guilherme, segundo Duque de Hamilton, conde de Cambridge.
- 7 - Henriqueta Ana (Henrietta Anne) Stuart (Bedford House, Exeter 16 de junho de 1644- 1670 St. Cloud sepultada na abadia de St-Denis). Casou em 31 de março de 1661 em Paris com Filipe I de Bourbon (1641-1701) Duque de Orleans, filho de Luís XIII e Ana de Áustria, e de Isabel Carlota da Baviera, Madame Palatine. Quando morrer no futuro o Cardeal Stuart, Henrique Benedito Stuart, cardeal de York, os descendentes legítimos do trono inglês, para os jacobitas, encontram-se na linha desta herdeira. Tomou em Paris título de Madama. Bela e ligeira, descontentou o marido, com o qual se indispôs. Amiga íntima do Rei, foi encarregada da negociação do Tratado de Dover (1670). Sua morte repentina despertou rumores de envenenamento. A ela dedicou uma célebre oração funebre Bossuet. Retratada por François Mignard. Ver suas duas filhas no verbete dedicado ao marido.
- 8 - Carlos II (1630-1685, com últimos ritos católicos, sepultado em Westminster). Rei da Escócia coroado em 30 de janeiro de 1649-1660, depois coroado em Scone 1º de janeiro de 1651 Rei da Inglaterra (etc) 1660 coroado Westminster 23 de abril de 1661.
[editar] Ver também
| Precedido por: Jaime I |
Rei de Inglaterra 1625 — 1649 |
Seguido por: Protectorado de Oliver Cromwell |
| Rei da Escócia 1625 — 1649 |
||
| Rei da Irlanda 1625 — 1649 |
