Amélia de Leuchtenberg

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D. Amélia, imperatriz do Brasil.

Dona Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Leuchtemberg–Beauharnais (Milão, 31 de Julho de 1812 — Lisboa, 26 de janeiro de 1876), Princesa da Baviera, foi a segunda Imperatriz do Brasil e Duquesa de Bragança.

Foi a quarta filha do general Eugênio de Beauharnais, filho da Imperatriz Josefina e filho adotivo de Napoleão Bonaparte de quem foi vice-rei de Itália. Por ocasião do casamento, foi designado Duque de Leuchtenberg e Príncipe de Eichstadt. Sua mãe, casada em 1806, foi a princesa alemã Augusta Amélia de Wittelsbach, filha do rei da Baviera, Maximiliano I da Baviera e de Maria Guilhermina Augusta, Princesa de Hesse-Darmstadt.

A Imperatriz D. Amélia era assim prima, por afinidade, do imperador Napoleão III.

Passou a sua infância e parte de sua juventude na cidade de Munique, residência da Família Real da Baviera. Foi oficialmente apresentada à corte da Baviera no Natal de 1828. Aos dezessete anos, D. Amélia casou-se, por procuração, em Munique a 2 de Agosto de 1829 com D. Pedro I, Imperador do Brasil, viúvo desde 1826, quando morrera sua primeira esposa a arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina de Áustria.

Teve grande papel em conseguir o segundo casamento de D. Pedro Paulo Barbosa da Silva, que desde 1826 estava na Europa. Capitão de engenheiros, em 1824 fora nomeado comandante do forte de Irajá. Seguira para a Europa para aperfeiçoar estudos e ali, fora nomeado para a Legação do Brasil na Rússia, depois na Inglaterra, e em Viena, na Áustria, aonde foi como portador do contrato de casamento entre Dom Pedro e a princesa de Leuchtenberg; por isso seria feito Marquês de Paranaguá, e sua família adotou o título por sobrenome, posteriormente.

A convenção matrimonial de 30 de maio foi ratificada em 30 de junho de 1829 em Munique pela mãe e tutota da noiva, princesa Augusta Amélia, Duquesa de Leuchtenberg e princesa de Eichstaedt, nascida como princesa real da Baviera. Em 30 de julho de 1829 carta de lei ratificou no Brasil o Tratado do casamento de Sua Majestade o Imperador. A cerimônia do casamento foi realizada em Munique, a 2 de agosto de 1829, na capela do palácio de Leuchtenberg, estando o noivo representado pelo marquês de Barbacena.

[editar] No Brasil

Dona Amélia chegou ao Brasil em 16 de Outubro de 1829, na fragata Imperatriz, vinda de Ostende, na Bélgica. Acompanhavam-na a bordo Barbacena e a pequena D. Maria da Glória, ainda sem trono, em quem o pai renunciara seus direitos em 1828. O Marquês de Barbacena, Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta, passara meses na Europa buscando uma princesa que casasse com D. Pedro I e entendia assuntos dinásticos . Havia retornado à Europa para entregar a jovem Rainha D. Maria II ao avô paterno, imperador da Áustria, mas ao chegar a Gibraltar soube da aclamação de D. Miguel em Portugal. Não seguiu portanto para a Áustria, que patrocinava tal usurpação, indo com D. Maria da Glória para Londres e depois trazendo-a com Amélia de Leuchtenberg para o Brasil. Era Grande do Império, alcaide-mor da vila de Jaguaripe, Veador de Sua Majestade a Imperatriz.

O casal recebeu as bençãos nupciais na Capela Imperial no dia seguinte.

Amélia vinha ainda acompanhada por um irmão mais velho, de 19 anos, Augusto de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, que foi condecorado pelo Imperador D. Pedro I, com o titulo de Duque de Santa Cruz. Mais tarde Augusto casaria com Maria da Glória, filha de Dom Pedro e da arquiduquesa austríaca Leopoldina, que se tornaria rainha Maria II de Portugal, de quem foi o primeiro marido. Data de 5 de novembro o decreto pelo qual D. Pedro I concederia a este único príncipe estrangeiro um título de duque do Império brasileiro.

Encantado com a beleza da segunda esposa, D. Pedro I criou, em sua homenagem e para comemorar a ocasião, a Imperial Ordem da Rosa. No decreto de criação da Ordem, também assinado por José Clemente Pereira, secretário de Estado dos Negócios do Império, diz D. Pedro I: «Querendo perpetuar a memória de meu faustíssimo consórcio com a princesa Amélia de Leuchtenberg e Eichstaedt por uma instituição útil que, assinalando esta época feliz, a conserve em glória na lembrança da posteridade», etc.

Ao chegar ao paço de São Cristóvão, percebendo a falta de protocolo que reinava, impôs à corte como língua oficial o francês e o protocolo de uma corte europeia. D. Pedro I tentou trazer para junto de si, no Palácio, a Duquesa de Goiás, filha nascida de sua amante a Marquesa de Santos, mas D. Amélia recusou-se a tê-la no Paço. O que ela nem percebia, seguramente, era a corte dividida entre clementistas (brasileiros adotivos) e calmonistas (brasileiros natos). Nem a perene incompatibilidade do Imperador com o regime representativo, mesmo quando a opinião liberal já aprendia a enfrentá-lo na Câmara e na imprensa. E dizia-se de José Clemente, cuja origem não se questionava pois fora líder em 1822 e merecera a honra do exilio, que virara a casaca e passara a Ministro tão absolutista quanto Queluz; bem ao contrário de Nicolau de Campos Vergueiro, brasileiro adotivo mas liberal fiel, talbez o mais querido dos chefes da Oposição, que seria o único senador a subscrever o ultimato de 17 de março de 1831.

D. Amélia na velhice.

[editar] De volta à Europa

Após a abdicação de D. Pedro I do trono do Brasil (7 de Abril de 1831), D. Amélia seguiu o marido de navio para a Europa. Encontrava-se grávida de três meses e sofreu muito com enjôos. O primeiro porto a ser alcançado foi do Faial, no arquipélago dos Açores. Após reabastecer, o navio seguiu viagem rumo a Cherburgo, na França.

A Imperatriz deu à luz a uma menina, D. Maria Amélia de Bragança. Na França, D. Amélia estabeleceu residência em Paris, com a sua enteada, a rainha - sem trono - de Portugal, D. Maria da Glória e com D. Isabel Maria, Duquesa de Goiás, que acabaria adotando por filha, embora tenha anteriormente recusado tê-la no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. No dia 30 de Novembro de 1831 nasceu a sua filha a Princesa D. Maria Amélia.

Enquanto isso, D. Pedro I empreendia uma encarniçada luta contra o seu irmão D. Miguel pelo trono português, em nome de sua filha, D. Maria da Glória. Quando, vitorioso, conseguiu retomar o trono para a sua filha, que voltou a reinar como D. Maria II, D. Amélia foi residir com D. Pedro no Palácio de Queluz, em Lisboa.

Com o falecimento de D. Pedro, em 24 de setembro de 1834, D. Amélia, duquesa de Leuchtenberg e de Bragança, dedicou-se a obras de caridade e a cuidar de sua única filha, D. Maria Amélia.

Por volta de 1850, após o falecimento de Pedro V de Portugal, seu enteado-neto, D. Amélia retornou para a Baviera com sua filha. Esta, vindo a contrair tuberculose, fez com que ambas se mudassem para o Funchal, na Ilha da Madeira.

Como D. Maria Amélia faleceu da doença, aos 22 anos (4 de Fevereiro de 1853), D. Amélia voltou a residir em Lisboa, onde morreu a 26 de Janeiro de 1876, aos 64 anos de idade.

Os seus restos mortais jazem na Cripta Imperial do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo.

[editar] Descendência

Com D. Pedro I, Imperador do Brasil e Rei de Portugal:

D. Maria Amélia de Bragança (1831–1853)

[editar] Representações na cultura

A Imperatriz Amélia de Leuchtenberg já foi retratada como personagem no cinema e na televisão, interpretada por Maria Cláudia no filme "Independência ou Morte" (1972), Cida Marques na minissérie "Entre o Amor e a Espada" (2001) e Cláudia Abreu na minissérie "O Quinto dos Infernos" (2002).