A priori
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A priori é uma expressão em latim utilizada em filosofia para designar aquilo que precede a experiência. Mais especificamente, a expressão costuma designar o conhecimento proposicional que pode ser adquirido antes ou independentemente da experiência, isto é, das informações recebidas através da percepção. O conhecimento a priori costuma ser contrastado com o conhecimento a posteriori, aquele que requer a experiência.
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[editar] Disciplinas a priori
A matemática e a lógica costumam ser consideradas disciplinas a priori. Frases como "2+2=4" costumam ser consideradas a priori, pois se originam da reflexão, independentemente da experiência.
As ciências sociais e naturais costumam ser consideradas disciplinas a posteriori. Frases como "O céu costuma ser azul" são exemplos de conhecimento a posteriori.
[editar] Concepção clássica do a priori
É provável que o termo tenha sido usado pela primeira vez por Alberto da Saxônia, no século 14. A teoria, todavia, é tão antiga quanto Aristóteles. Na ordem do conhecimento humano, os fatos particulares da experiência vêm primeiro, e são a base de leis ou causas gerais. Mas na ordem da natureza as últimas vêm primeiro. Assim, para Aristóteles (como também para Descartes, no século 17), argumentos a priori são aqueles que vão das leis ou causas aos efeitos, em oposição aos argumentos que chamamos a posteriori, os quais vão dos efeitos às causas.
[editar] Racionalismo
É próprio do racionalismo de filósofos como Descartes e Leibniz defender que o conhecimento se adquire pela razão, não pela experiência. Descartes considerou o autoconhecimento adquirido no cogito como a priori, pois uma pessoa não precisa fazer referência à sua experiência passada ou presente para considerar sua própria existência.
[editar] Empirismo
John Locke, admitindo que a reflexão é parte da experiência, deu uma base para o abandono da noção de conhecimento a priori.
David Hume considerou todo conhecimento a priori como relação de idéias.
[editar] Concepção kantiana do a priori
Desde Kant as expressões "a priori" e "a posteriori" tornaram-se puramente adjetivas, ao invés de adverbiais, como antes eram. A priori é aplicado por Kant a juízos os quais são vistos como independentes da experiência, e pertencentes à essência do pensamento. A posteriori àqueles derivados de observações particulares.
Desde Kant as expressões a priori e a posteriori tem sido aplicada principalmente a juízos. Todavia, atualmente também se fala em verdades a priori e em justificações a priori, em epistemologia. Para Tyler Burge, por exemplo, a justificação das crenças ou opiniões é a priori ou a posteriori.
Normalmente a distinção entre a priori e a posteriori articula-se com a distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos.
Para Kant, o conhecimento a priori é necessariamente verdadeiro, enquanto o conhecimento a posteriori é contingente. As proposições da lógica, por exemplo, se são verdadeiras, então são necessariamente verdadeiras. Já as proposições das ciências naturais, por exemplo, apresentam algo que é verdadeiro, mas poderia não ter sido.
[editar] Kripke
Em Naming and necessity Saul Kripke argumenta, contra Kant, que a aprioridade é uma propriedade puramente epistemológica, e por isso não deve ser misturada com a necessidade, a qual é uma propriedade metafísica. Por exemplo:
- Hesperus e Phosphorus são dois nomes do planeta Vênus. "Hesperus é Phosphorus" é uma verdade necessária, mas a posteriori. Só pela experiência podemos vir a saber disso.
- Podemos dizer, da barra que está em Paris e antigamente servia de padrão para o metro, "Esta barra tem um metro". Trata-se de um conhecimento a priori, mas contingente. Como a barra define o metro, ela tem um metro. Mas as coisas poderiam ter sido diferentes, e a barra em questão poderia não ter sido o padrão do metro.