Tibério Graco
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Para outros romanos com este nome veja Tibério Graco (desambiguação)
Tiberius Sempronius Gracchus (Lat: TI·SEMPRONIVS·TI·F·P·N·GRACCVS), aportuguesado para Tibério Semprónio Graco (163-132 a.C.) foi um político romano e um dos líderes da facção senatorial dos Populares no século II a.C.. As suas iniciativas legislativas, sobretudo as que diziam respeito a uma reforma agrária, causaram o caos político primeiro e violentos confrontos depois, que acabaram na sua morte.
Tibério nasceu em 163 a.C., filho mais velho de Tibério Semprónio Graco (m. 154 a.C.) um político influente e de Cornélia Africana. Embora não fossem patrícios, os Gracchii eram uma das famílias mais importantes da aristocracia romana. Através da mãe Tibério era neto de Scipio Africanus, o herói da segunda guerra púnica, e pela irmã Sempronia era cunhado de Scipio Aemilianus.
A vida pública de Tibério começou durante a terceira guerra púnica, como tribuno militar ao serviço do seu cunhado. Em 137 a.C. foi nomeado questor e escalonado para servir em Numantia (na Hispânia) sob as ordens do cônsul Gaius Hostilius Mancinus. A campanha não foi bem sucedida e o exército romano sofreu uma pesada derrota. O desastre total foi evitado por Tibério Graco, que tomou a iniciativa de assinar um tratado de paz com o inimigo. De regresso a Roma, Scipio Aemilianus considerou a atitude como covardia e convenceu o senado a anular o armistício. Tibério não gostou de se ver desautorizado e tornou-se num crítico da actuação do cunhado.
As guerras púnicas e os seus efeitos económicos e sociais devastadores contribuiam então para um clima político de instabilidade. Uma vez que no século II a.C. não havia um exército profissional, os legionários eram recrutados entre as classes baixas, principalmente nos escalões rurais, e obrigados a servir a totalidade de uma campanha, qualquer que fosse a sua duração. Muitas quintas ficaram entregues às mulheres e filhos dos homens obrigados a integrar o exército e, em consequência, muitos entraram em bancarrota e ficaram sem meios de subsistência próprios. Quem lucrava da situação era a classe alta, com dinheiro suficiente para ir comprando estes pequenos pedaços de terra, agregando-os aos seus latifúndios (latifundi) trabalhados por mão de obra escrava.
Quando Tibério Graco foi eleito tribuno das plebes em 133 a.C. tomou este problema em mãos. Uma das suas iniciativas políticas foi a Lex Sempronia agraria, uma lei que proibia a existência de latifúndios com mais de 500 acres. O excesso seria, segundo a lei, comprado pelo estado e redistribuido pelos soldados no fim de cada campanha militar. A lei procurava resolver dois problemas: dar meios de subsistência aos legionários sem terra e, desta forma, aumentar o número de homens passíveis de cumprir serviço militar (que estava limitado a homens com um determinado rendimento mínimo). A facção conservadora do senado, os Optimates, mostrou-se totalmente em desacordo com a reforma agrária de Tibério e arranjou maneira de bloquear a iniciativa com uma alegada falta de fundos governamentais.
Sem dinheiro para pôr a lei semprónia agrária em acção, o problema parecia sem solução. No entanto, no fim do ano, o rei Attalus de Pergamon morreu sem herdeiros, deixando a sua colossal fortuna à cidade de Roma. Tibério viu a sua oportunidade e utilizou os seus poderes tribunícios para destinar estes fundos para a execução da sua lei. Um dos seus colegas tribunos, Gaius Octavius, tentou vetar esta medida, mas foi removido do cargo por iniciativa de Tibério, de forma ilegal. No fim do ano, o seu mandato como tribuno estava no fim e Tibério procurou voltar a concorrer às eleições. Quando ficou claro que seria eleito novamente, os Optimates recorreram à violência. Tibério foi morto no início de 132 a.C., perto do Capitólio durante um confronto armado com os seus inimigos políticos.
Tibério foi casado com uma Cláudia Pulcheria, filha de Appius Claudius Pulcher consul em 143 a.C.. A união resultou em três filhos, que morreram todos muito jovens. O seu herdeiro acabou por ser o seu irmão mais novo Caio Graco que herdou também os seus ideais políticos e a sua vontade de reforma.
[editar] Referências
- Vida de Tiberius e Gaius Gracchus, de Plutarco