Gilles Deleuze
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sinta-se livre para editá-la para que esta possa atingir um nível de qualidade superior.
Gilles Deleuze (Paris, 18 de Janeiro de 1925 - Paris, 4 de Novembro de 1995) foi um filósofo francês.
Índice |
[editar] Biografia
Entre 1944 e 1948, ele cursa filosofia na universidade de Sorbonne, onde encontra Michel Butor, François Chatelet, Claude Lanzmann, Olivier Revault d’Allonnes e Michel Tournier. Seus professores foram Ferdinand Alquié, Georges Canguilhem, Maurice de Gandillac, Jean Hyppolite.
Concluído o curso em 1948, ele dedica-se à história da filosofia.
Em 1969 Deleuze apresenta como tese principal Diferença e Repetição (Différence et répétition), orientado por Gandillac; e como tese secundária, Spinoza e o problema da expressão (Spinoza et le problème de l’expression) orientado por Alquié.
No mesmo ano, ele conhece Félix Guattari, e este encontro resulta em uma longa e frutuosa colaboração. Esta é uma das influências mais decisivas, juntamente com Spinoza, Nietzsche e Bergson. Segundo Deleuze: "meu encontro com Félix Guattari mudou muitas coisas. Félix já tinha um longo passado polítco e de trabalho psiquiátrico. Ele não era um 'filósofo de formação', mas tinha, por isso mesmo, um devir-filósofo, e muitos outros devires. [...] Félix era um homem de grupo, de bandos ou de tribos, e, no entanto, é um homem sozinho, deserto povoado de todos esses grupos e de todos seus amigos, de todos seus devires. Você sabe como trabalhamos; digo novamente porque me parece importante: não trabalhamos juntos, trabalhamos entre os dois" (DELEUZE G.; PARNET, C., Diálogos, p. 24-5).
Na Universidade de Vincennnes, onde ensinou até 1987, Gilles Deleuze foi, na opinião de todos, um professor extraordinário; como em suas obras de história da filosofia, conseguia conjugar o rigor e erudição exigidos pela academia à uma fecunda imaginação conceitual, tudo em termos simples. Os seus cursos fizeram um grande sucesso, atraindo um público numeroso, internacional e diversificado. Graças à sua esposa, Fanny Deleuze, uma parte importante destas aulas foi transcrita e disponibilizada no sítio de Richard Pinhas (webdeleuze).
"Um dia, talvez, o século será deleuziano." Tal foi o sentimento de Michel Foucault em relação a este filósofo que marcou profundamente o pensamento do fim século XX. Perguntou-se à Deleuze como interpretava esta frase; e ele respondeu que Foucault pensava sem dúvida que representava a expressão mais pura do pensamento da diferença, porque era uma expressão meramente conceptual, ou seja nem histórica (como Michel Foucault), nem crítica (como Roland Barthes, por exemplo), etc.: "queria sem dúvida dizer que era mais inocente,e mais filosófica".
Para Deleuze, "a filosofia é a arte de formar, inventar, fabricar conceitos" (O que é a filosofia?), coisa da qual nunca privou-se (máquinas que desejam, corpo-sem-órgãos, desterritorialização, rizoma, ritournelle, etc.). A sua filosofia vai de encontro à psicanálise, nomeadamente a freudiana, que aos seus olhos reduz o desejo ao complexo de édipo (ver o Antiédipo, escrito em parceria com Félix Guattari). A sua filosofia é uma filosofia da vitalidade e o desejo. Com a crítica radical do complexo de édipo, Deleuze consagrará uma parte de sua réflexão à esquizofrenia, à que uma concepção sedutora da loucura atribuirá o privilégio de ser o único ser capaz de experimentar as "máquinas que desejam" e de apreender o seu "corpo sem órgãos", enquanto que a esquizofrenia é antes "a queda de um processo molecular num buraco negro" (Diálogos, p. 167).
Deleuze supostamente suicidou-se lançando-se de uma janela, em 4 de novembro de 1995, depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro (tumor) terminal. Deleuze sofria de tuberculose desde a juventude (período em que os tratamentos disponíveis não eram eficazes), o que, nos últimos anos de sua vida, acabou evoluindo para uma forma grave de insuficiência respiratória. Há controvérsia em relação a considerar a sua morte um suicídio: amigos próximos advogam que Deleuze caiu acidentalmente, em função de seu estado debilitado, da janela do hospital em que estava internado.
"São os organismos que morrem, não a vida."
[editar] Filosofia
O trabalho de Deleuze se divide em dois grupos: por um lado, monografias interpretando filósofos modernos (Spinoza, Leibniz, Hume, Kant, Nietzsche, Bergson, Foucault) e artistas (Proust, Kafka, Francis Bacon); por outro lado, tomos filosóficos ecléticos centrado na produção de conceitos como diferença, sentido, evento, rizoma, etc.
O filósofo do Corpo-sem-Órgãos (figura estética de Antonin Artaud, retomada como conceito filosófico por Deleuze em parceria com Félix Guattari).
Uma filosofia da liberdade, da multiplicidade de planaltos e dobras, da diferença. O ofício do filósofo é inventar conceitos. Assim como Niezsche cria a personagem-conceito de Zaratustra, Deleuze afirma em L'abécédaire, entrevista dada a Claire Parnet ter criado com Guattari o conceito de ritornelo - refrão, forma de reterritorialização. Uma filosofia da imanência, dos diagramas, dos acontecimentos.
As principais influências filosóficas terão sido Nietzsche, Henri Bergson e Spinoza.
[editar] Obras
- Empirismo e Subjetividade (1953)
- Nietzsche e a Filosofia (1962)
- A Filosofia Crítica de Kant (1963)
- Proust e os Signos (1964)
- Nietzsche (1965)
- O Bergsonismo (1966)
- Apresentação de Sacher-Masoch (1967)
- Spinoza e o problema da Expressão (1968)
- Diferença e Repetição (1969)
- Lógica do Sentido (1969)
- O Devir Palhaço e o Tempo (1970)
- Spinoza: Filosofia Prática (1981)
- Francis Bacon: Lógica da sensação (1981)
- Cinema-1: A Imagem-movimento (1983)
- Cinema-2: A Imagem-tempo (1985)
- Foucault (1986)
- Pericles e Verdi (1988)
- A Dobra (1988)
- Crítica e Clínica (1993)
Em colaboração com Félix Guattari:
- O Anti-Édipo (1972)
- Kafka. Por uma literatura menor (1975)
- Mil Platôs (1980)
- O que é a filosofía? (1991)
[editar] Links externos
- Gilles Deleuze; Poscapitalismo y Deseo Revista Observaciones Filosóficas
- http://www.webdeleuze.com (em francês, mas contém algumas transcrições dos cursos em espanhol)
- http://www.oestrangeiro.org Webgrupo brasileiro com textos de Deleuze, Guattari e Foucault