Auguste de Saint-Hilaire
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- Nota: Se procura localidades denominadas Saint Hilaire, consulte Saint-Hilaire (desambiguação).
Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire (Orleães, 4 de outubro de 1779 — Orleães, 3 de setembro de 1853) foi um botânico, naturalista e viajante francês.
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[editar] Presença no Brasil
Viajou alguns anos pelo Brasil, tendo escrito importantes livros sobre os costumes e paisagens brasileiros do século XIX. Comenta a "Brasiliana da Biblioteca Nacional", página 69: " A viagem do botânico Auguste de Saint-Hilaire ao Brasil foi paradigmática no que diz respeito à forma como os cientistas da Europa dita civilizada se relacionaram com o Brasil no início do século XIX. O francês veio para o Brasil em 1816, acompanhando a missão extraordinária do duque de Luxemburgo, que tinha por objetivo resolver o conflito que opunha Portugal e França quanto à posse da Guiana. Apesar de ter conseguido fazer parte da missão graças a suas relações pessoais, Saint-Hilaire obteve a aprovação do Museu de História Natural de Paris e financiamento do Ministério do Interior. O naturalista deixou o Brasil em 1822."
Prossegue o mesmo autor:
"Não foi um amador que veio ao Brasil. Saint-Hilaire conhecia profundamente a literaura científica e de viagens da época e os procedimentos práticos do trabalho de um naturalista, tais como noções básicas de agricultura, confecção de herbários, transporte de vegetais e, principalmente, dissecação de plantas, a fim de descobrir seus órgãos, por menores ou mais escondidos que estivessem. Uma das características mais marcantes do envolvimento de Saint-Hilaire com o Brasil foi sua vinculação aos discursos e práticas utilitárias e filantrópicas que dominam a literara de viagens desde fins do Antigo Regime. Segundo ele e as autoridades ministeriais que o enviaram, os objetivos maiores de sua viagem seriam o bem-estar da humanidade e a glória nacional. Como na época a França considerava seus interesses como universais, esses dois objetivos se confundem. O Brasil poderia ser benéfico à França por conter uma infinidade de plantas úteis ainda mal conhecidas."
E mais:
"As práticas de espionagem botânica de Saint-Hilaire seriam qualificadas hoje em dia de biopirataria. Ao chegar ao Rio de Janeiro, ele estabelece contacto com Maller, cônsul francês, que o ajuda a remeter produtos naturais para a Martinica. Além disso, ele convence frei Leandro do Sacramento a enviar plantas a Martinica e a Caiena. São 21 caixas de plantas vivas originárias dos arredores do Rio de Janeiro que seguem para as colônias francesas."
Tratava-se provavelmente, para ele, de algo plenamente justificável, uma troca e não um roubo, pois sendo útil aos franceses, estaria ao mesmo tempo sendo útil aos brasileiros. "Conhecimentos apenas empíricos passariam a fazer parte do universo da ciência. É com esse objetivo que ele publica os livros "Histoire des plantes les plus remarquables du Brésil et du Paraguay" (1824) e "Plantes usuelles des Brasiliens" (sic) (1824-1828).
Em obra posterior, de 1840, Saint-Hilaire afirma: "Talvez não tenha sido inútil aos meus semelhantes, quando submeti aos princípios rigorosos da ciência o exame das plantas que os brasileiros empregam para o alívio de seus males". Afirma a "Brasiliana" abaixo citada, página 69: 'Desse modo o sentimento de filantropia que permeava as atividades dos viajantes-naturalistas parte de uma distinção inicial básica: países civilizados com ciência, e países não totalmente civilizados com práticas empíricas tradicionais.´
As fronteiras nacionais deveriam portanto ser abolidas, a ciência se tornava universal, seu desenvolvimento seria útil a toda a humanidade. "Por onde passava, Saint-Hilaire recolhia informações sobre o uso de plantas na medicina, na alimentação e na indústria."
Bem diferente de seu compatriota François Biard, descreveu com sensibilidade suas impressões sobre a variedade do mundo vegetal no Brasil em "Voyage dans les provinces de Rio de Janeiro et de Minas Gerais" (1830):
- "Para conhecer toda a beleza das florestas tropicais é necessário penetrar nesses retiros tão antigos como o mundo. Nada aqui lembra a cansativa monotonia de nossas florestas de carvalhos e pinheiros; cada árvore tem, por assim dizer, um porte que lhe é próprio; cada uma tem sua folhagem e oferece frequentemente uma tonalidade de verde diferente das árvores vizinhas. Vegetais imensos, que pertencem a famílias distantes, misturam seus galhos e confundem sua folhagem."
Foi bastante crítico quanto ao reinado do imperador D. Pedro I e no Apêndice de "Voyage dans le district des diamants et sur le litoral du Brésil" (Paris, 1833).
- "Desde os primeiros momentos da revolução (independência), um bando de homens ignorantes, nutridos dos hábitos do servilismo, foram chamados bruscamente a participar do governo."
Diz a "Brasiliana" abaixo referida, p[agina 74: "Apesar de bem intencionado, o imperador não estava à altura de realizar a tarefa de tirar o Brasil dos vícios estabelecidos com o sistema colonial e a escravidão. Saint-Hilaire termina seu rexto depositando suas esperanças no governo de Pedro II, ainda criança. Sua análise conservadora temia o exemplo dos países sul-americanos, onde o regime republicano, segundo ele, só trouxera desalento. Enfim, há nele a idéia de que o Brasil caminha a passos lentos para o estado de civilização."
[editar] Algumas obras
- Viagem ao Rio Grande do Sul (1820-1821).
- Segunda viagem ao Rio de Janeiro, a Minas Gerais e a São Paulo (1822).
- Viagem ao Espírito Santo e Rio Doce.
- Viagem pelas provincias do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
- Viagem a Curitiba e Santa Catarina.
- Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil.
- Segunda viagem ao interior do Brasil, Espírito Santo.
- Viagem à província de santa catarina, 1820.
- Viagem à comarca de Curitiba, 1820.
- Viagem às nascentes do Rio São Francisco e pela província de Goiás.
- Viagem à província de São Paulo.
[editar] Ligações externas
[editar] Bibliografia
- "Brasiliana da Biblioteca Nacional", Rio de Janeiro, 2001.
- KURY, Lorelai. "La politique des voyages et la culture scientifique d´Auguste de Saint-Hilaire" in Yves Laissus (org.) Les naturalistas français en Amérique du Sud - XVIe.-XIXe siècles, Paris, CTHS, 1995.
- SAINT-HILAIRE, Auguste de - "Leçons de botanique comprenant principalement la morphologia végétale...", Paris, J-P Loss, 1840.
A.St.-Hil. é a abreviatura padrão de Auguste de Saint-Hilaire. Consultar a lista de abreviaturas do nome de botânicos e micologistas |