Alexandre Herculano
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Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Santarém, 13 de Setembro de 1877) é um escritor da era do romantismo, um historiador, um jornalista, e um poeta português.
[editar] Biografia
Alexandre Herculano nasceu em 1810 em Lisboa, de família modesta, não pôde fazer estudos universitários, então contornou como autodidata. Aos 21 anos interrompeu a suas actividade para envolver-se na revosta militar, horrorizado pelo os absolutistas. Exilou-se em Agosto 1831, fugindo da perseguição dos absolutistas. No ano seguinte participou na expedição liberalista à Ilha Terceira como voluntário, e foi um dos 7500 homens de D. Pedro IV a desembarcar no Mindelo para a ocupação do Porto (juntamente com Garrett).
Durante sete anos, foi diretor da Panorama, revista de caráter artístico e cientifico na qual publicou varias de suas obras. Dedicou-se seriamente à atividade de historiador, pesquisando e coletando documentos por todo o país. Teceu conflitos ideológicos com o clero porque se negou a admitir como verdade histórica o chamado “Milagre de Ourique” – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha. Sua desilusão com a vida pública foi aumentando gradualmente, o que o fez recusar títulos e nomeações e ocupar-se da agricultura em sua propriedade em Vale de Lobos, próximo a Santarém. Mesmo retirado, gozou de grande prestigio até o fim da vida.
Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial. Descontente com o governo de Miguel I de Portugal, exilou-se na França, onde escreveu os seus melhores poemas. Voltou a Portugal, em 1832, continuou a fazer poesia, como A Voz do Profeta em 1836 e A Harpa do Crente em 1838. No jornal Panorama por volta de 1840; publicou obras de ficção, como Eurico, o Presbítero de 1844, e ganhou fama como historiador; publicou A História de Portugal, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal.
Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Morreu na sua quinta de Vila de Lobos a 13 de Setembro de 1877.
[editar] Obras principais
Contos e Novelas Históricos - O Alcaide de Santarém (retrata o domínio árabe na Península Ibérica)
- Arras pro Forro da Espanha (retrata o reinado de D. Fernando)
- A Morte do Lidador
- A dama Pé-de-Cabra (Retrata Reconquista e formação do Estado português)
- O Bispo Negro (Retrata Reconquista e formação do Estado português)
- O Castelo de Faria (retrata a Revolução de Avis)
- A Abóbada (retrata o reindao de F. João I)
Romances Históricos
- O bobo - Eurico, O Presbítero (Fala a respeito do fim do Império Godo na região que atualmente compreende a Espanha, diante da conquista dos mulçumanos que avançaram pela maior parte da península Ibérica)
- O Monge de Cister – estes dois últimos formando o Monasticon
Poesias- A Voz do Profeta
- A Harpa do Crente
- Poesias
E uma vasta Obra Historiográfica que inclui quatro volumes da
- História de Portugal
- História da Origem e Estabelecimento a Inquisição em Portugal Herculano depois incorporou às Lendas e Narrativas, o texto chamado O pároco da aldeia que focalizados anos de sua infância rural, tecendo um quadro de costumes recheado de considerações de ordem social e religiosa.
Além disso, deixou ensaios sobre diversas questões polemicas da época, que se somam à sua intensa atividade jornalística. A parte mais significativa da obra literearia de Herculano se concentra em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao gênero conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX. A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Sott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé,entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasímodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficçao moderna em Portugal.
As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da historia da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa. O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Garret, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. Assim, a partir disto, as narrativas históricas foram gradativamente enfocando épocas cada vez mais próximas do século XIX.