Sobrenome
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Sobrenome ou apelido de família é a porção do nome do indivíduo que está relacionada com a sua ascendência. Está intimamente ligado ao estudo genealógico.
Na maioria das línguas indo-europeias, o prenome precede o sobrenome (apelido de família) na forma de designar as pessoas. Em algumas culturas e idiomas (por exemplo em húngaro, vietnamita, chinês, japonês ou coreano), o apelido de família precede o prenome na ordem do nome completo.
Na maioria das culturas as pessoas têm apenas um apelido, geralmente herdado do pai. No entanto, em culturas como a Portuguesa ou a Espanhola é costume os filhos receberem um (ou mais) apelidos de ambos os progenitores. Note-se que, enquanto que em Portugal e no Brasil os apelidos "maternos" precedem os "paternos", em Espanha e na América hispânica a ordem é a inversa. Em Portugal o número máximo de apelidos permitidos é quatro, enquanto que em Espanha é dois. No Brasil não existe essa limitação.
Em muitas culturas também é normal uma mulher assumir o apelido do marido após o casamento. Em Países como a França, a Alemanha e nos países Anglo-Saxónicos é normal a mulher "abdicar" do seu apelido de solteira (o chamado maiden name) e ficar apenas com o apelido do seu cônjuge. Nos últimos anos, porém, tem-se tornado algo frequente as mulheres estadunidenses apenas "acrescentarem" o apelido do marido ao seu nome de solteira ou hifenizarem ambos os apelidos (é o caso de Hillary Rodham Clinton).
Em Espanha e em alguns países de língua espanhola a mulher costumava substituir o seu apelido "materno" pelo apelido do marido, precedido da preposição "de". Contudo, nas últimas décadas esta prática tem sido gradualmente abandonada.
Em Portugal, é algo comum as mulheres acrescentarem o apelido (ou apelidos) do marido aos seus, sem no entanto perderem os seus próprios apelidos. Esta prática pode originar nomes extraordinariamente longos ou causar situações como uma mulher chamada Maria Santos Silva casar com um homem chamado José Pereira Santos, passando o seu nome a ser Maria Santos Silva Santos. Durante o Estado Novo isto era obrigatório, mas actualmente depende da vontade da mulher. Não é invulgar em Portugal uma mulher assumir o apelido do marido mas não o usar nem na sua vida profissional nem na sua vida pessoal (veja-se o caso de Maria Barroso). Na lei actual, também é permitido os homens adoptarem o apelido das esposas, embora não seja muito frequente.
Em países como o Japão, ao casar-se um casal é obrigado a assumir um apelido em comum, e apesar de na maioria das vezes ser o do homem, o contrário também é socialmente aceite.
A prática das mulheres assumirem o apelido do marido é considerada por vezes sexista, devido ao seu significado histórico — as mulheres deixam de pertencer à família do pai para pertencerem à família do marido.
[editar] Patronímicos
Seria interessante acrescentar que no Brasil, até o Código Civil de 2002 somente as mulheres poderiam adquirir o sobrenome do cônjuge. Após a nova edição do Diploma Legal, o marido também pode acrescentar ao seu nome o apelido de família da mulher, cabendo ao casal esta decisão.
[editar] Como os nomes surgiram
Conhecer a origem dos sobrenomes poderá indicar de onde certa família descende, no que trabalhavam ou conhecer algumas características dos ancestrais dessa família.
Os primeiros a adquirirem sobrenomes foram os chineses. Algumas lendas sugerem que o Império Fushi decretou o uso de sobrenomes, ou nomes de famílias, por volta de 2.852 a.C. Os chineses tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que vinha primeiro e era uma das 438 palavras do sagrado poema chinês "Po-Chia-Hsing". O nome de família vinha em seguida, tirado de um poema de 30 personagens adotados por cada família. O nome próprio vinha então por último.
Nos tempos antigos os romanos tinham apenas um nome. No entanto mais tarde passaram a usar três nomes. O nome próprio ficava em primeiro e se chamava "praenomen". Depois vinha o "nomem", que designava o clã. O último nome designava a família e é conhecido como "cognomen". Alguns romanos acrescentavam um quarto nome, o "agonomen", para comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis. Quando o Império Romano começou a decair, os nomes de família se confundiram e parece que os nomes sozinhos se tornaram costume mais uma vez.
Durante a Idade Média, as pessoas eram conhecidas somente pelo nome próprio. Mas a necessidade de adicionar outro nome para distinguir as pessoas de mesmo nome ganhou popularidade. Então adicionavam alguma característica, ou função que a pessoa exercia, ou então usavam o nome do pai. No século XI o uso de um segundo nome se tornou tão comum que em alguns lugares era mal considerado não ter um. Mas mesmo tendo sido o começo para todos os sobrenomes que existem hoje, grande parte dos nomes usado na Idade Média não tem a ver com a família, isto é, nenhum era hereditário.
Em respeito aos nomes hereditários, isto é, os nomes que eram passados de pai para filho, é difícil dizer com exatidão quando foi que eles surgiram, pois foi uma prática que se desenvolveu com o passar de centenas de anos.
O uso moderno dos nomes hereditários é uma prática que se originou na aristocracia veneziana, na Itália, por volta do século X ou XI. Os exploradores, voltando das terras Sagradas e passando pelos portos da Itália, tomaram nota deste costume e o espalharam pela Europa. A França, as ilhas Britânicas, e então a Alemanha e Espanha começaram a aplicar esta prática a fim de distinguir os indivíduos que haviam se tornado importantes. Pelos anos de 1370 já se encontra a palavra "sobrenome" em documentos, nas línguas locais.
O governo passou a usar cada vez mais documentos e deixar registrados seus atos entre todo o mais. Assim cada vez mais foi importante identificar com exatidão as pessoas. Em algumas comunidades nos centros urbanos, os nomes próprios não eram mais suficientes para distinguir as pessoas. No campo, com o direito de sucessão hereditária de terras, era preciso algo que indicasse vínculo com o dono da terra, para que os filhos ou parentes pudessem adquirir a terra, já que qualquer pessoa com o mesmo nome poderia tentar se passar por filho. Acredita-se que até o ano de 1450 a maior parte das pessoas de qualquer nível social tinha um sobrenome hereditário, fixo. Este sobrenome identificava a família, provendo assim uma ligação com o passado desta família, e preservando sua identidade no futuro.
Não é surpresa o fato de que antigamente a prioridade das famílias era ter filhos homens, para manter o nome, afinal, os filhos homens eram quem passava o sobrenome para as novas gerações, e era muito desgosto para uma família não ter nenhum descendente homem.
No começo dos séculos XV e XVI os nomes de família ganharam popularidade na Polônia e na Rússia. Os países escandinavos, amarrados ao seu costume de usar o nome do pai como segundo nome, não usaram nomes de família antes do século XIX. A Turquia esperou até 1933, quando o governo forçou a prática de sobrenomes a ser adotada em seu povo.
Os sobrenomes foram primeiramente usados pela nobreza e ricos latifundiários (senhores feudais), e pouco a pouco foram adotados por comerciantes e plebeus. Os primeiros nomes que permaneceram foram aqueles de barões e latifundiários, que receberam seus nomes a partir de seus feudos ou propriedades. Estes nomes se fixaram através da hereditariedade destas terras. Para os membros da classe média e trabalhadores, como as práticas da nobreza eram imitadas, começaram a usar assim os sobrenomes, levando a prática ao uso comum.
É uma tarefa complicada classificar os nomes de família por causa das mudanças de ortografia e pronúncia com o passar dos anos. Muitas palavras antigas tinham significados diferentes na época, ou hoje em dia estão obsoletas. Muitos nomes de família dependeram da competência e discrição de quem os escreveu no registro. O mesmo nome pode muitas vezes estar escrito de diferentes maneiras até mesmo em um documento só. Um exemplo: Carlos Red, que recebeu seu nome por ter cabelos vermelhos (red=vermelho, em inglês), pode ter descendentes prováveis com o sobrenome Reed, Reade, etc.
[editar] Formação dos sobrenomes (ou apelidos)
Os nomes de família chegaram até nós de diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluíram de 4 fontes principais:
Ocupação: John, sendo carpinteiro, cozinheiro, moleiro, alfaiate, se chamaria em inglês, respectivamente, de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor. Um ferreiro, se chamaria em inglês de Smith, um dos sobrenomes mais comuns. Toda vila tinha os seus Smiths (ferreiros), Millers (moleiros), Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), sendo que os Millers de uma vila não tinham necessariamente nenhuma relação com os Millers de outra vila.
Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over, considera-se "em cima"). O John que morava perto de um riacho poderia ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro). Você pode dizer que um sobrenome deriva de um local quando, por exemplo, termina com (em Inglês):
- -hill (em inglês) ou -berg (em alemão), ambos significam montanha, monte;
- -ford (um vau);
- -wood (floresta, bosque);
- -brook (arroio, ribeiro);
- -well (poço).
Alguns nomes portugueses são derivados de nomes estrangeiros de localidade. Por exemplo, Dutra teria vindo do holandês 'van Utrecht'.
Patronímico: Muitos sobrenomes indicavam antigamente o nome do pai; por exemplo, "Jackson" significa "filho de Jack". Os sufixos (ou prefixos) variam de país para país:
- Alemanha: Sch-; Bürg-; Kühn-;
- Armênia: -ian;
- Países Escandinavos: -sen;
- Escócia e Irlanda: Mac-;
- Finlândia: -nen;
- Grécia: -poulos;
- Espanha: -ez;
- Inglaterra: -er;
- Itália: -i, Val-, Dal-;
- Normandia: Fitz-;
- País de Gales: Ap-;
- Polônia: -wiecz;
- Portugal: -es;
- Rússia: -ov, -ev, -vitch (masc.); -ova, -ovna (fem.).
- Suécia: -berg
Na Normandia, John, filho do Randolph, ficaria John fitz-Randolph. Na Escócia, os descendentes, por exemplo, de Gilleain eram conhecidos como MacGilleain e mais tarde abreviava-se para Mc, como McClean, McLane, etc.
Apesar do nome patronímico ter sido usado por um longo tempo, eles sempre mudavam de geração para geração. Como exemplo, John, filho (son) do William, poderia ser conhecido como "John Williamson", mas o filho dele teria como sobrenome "Johnson", por ser filho (son) do John.
Característica: um homem muito baixo poderia ser chamado, em inglês, de Small, Short, Little ou Lytle. Um homem grande poderia ser então Longfellow, Large, Lang ou Long. Muitas pessoas que tinham características de um animal receberia o nome dele, como por exemplo, uma pessoa travessa, astúcia, poderia ser chamada de Fox (raposa); Um bom nadador, de Fish (peixe); um homem quieto, Dove (pombo) e assim por diante. Os sobrenomes que são normalmente engraçados, alguns surpreendentes e por vezes até embaraçosos, são os nomes que provêm das características. Nem sempre se pode levar a sério o significado de um sobrenome comparando com os valores de hoje em dia, pois o significado das palavras mudou durante centenas de anos. Diante do sobrenome inglês "Stout", pode-se interpretar que o titular deste sobrenome era gordo, fortão ou então decidido, resoluto. Muitos sobrenomes têm mais de uma origem. Por exemplo, o sobrenome inglês "Bell" (sino) pode dizer tanto de alguém que morou ou trabalhou onde se toca o sino, quanto alguém que fabricava sinos. Pode ser descendente de alguma Isabel, ou pode ter vindo do francês antigo no qual a palavra "bel" significa beleza, correspondendo então a alguém muito bonito.