Kouros
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Kouros (do grego, jovem), com plural kouroi, designa um tipo de estátua da Grécia Antiga, representando um jovem do sexo masculino. Esta figura apresenta-se sempre em pé e desnuda, com cabelos longos frisados, e trazendo no rosto sereno o sorriso típico da escultura do Período Arcaico da arte grega (c. 650 a.C. a 500 a.C.). Kouroi são produzidos desde o século VIII a.C. até à implementação do chamado estilo rigoroso em cerca de 480 a.C., que precede o Período Clássico.
[editar] O termo
O nome kouros, que os antigos gregos associavam à juventude masculina, é também utilizado por Homero para se referir a jovens soldados. A partir do século V a.C. a palavra passou a ser especificamente associada a um jovem adolescente sem barba. Historiadores de arte da modernidade usaram, a partir da década de 90 do século XIX, o termo kouros para designar estas estátuas desnudas. Kouroi também eram conhecidos normalmente por Apolos, visto acreditar-se que todas estas estátuas representavam Apolo.
[editar] Caracterização
Os primeiros kouroi eram feitos de madeira e não sobreviveram até aos nossos dias devido à sensibilidade do material. Por volta do século VII a.C., os gregos passam a dominar o trabalho em pedra, aprendendo-o com as ferramentas metálicas dos egípcios, e criam kouroi em pedra, especialmente em mármore originário das ilhas de Paros e Samos, possivelmente pintando-os depois.
Resultado das visitas constantes de mercenários e mercadores gregos ao Egipto, tanto a kore como o kouros vão se deixar fortemente influenciar pela arte do Antigo Egipto. Principalmente na fase arcaica, estas estátuas são pautadas por uma rígida simetria e frontalidade, característica assimilada das estátuas egípcias. As extremidades do corpo transmitem pouco movimento, embora algumas vezes estátuas se posicionem como se estivessem a dar um passo em frente, embora de um modo artificial. Mas ao contrário das estátuas egípcias na mesma posição, os kouroi apresentam um ligeira inclinação para a frente, não deixando que o peso do corpo assente somente na perna que fica recuada. Também como nas suas parentes egípcias, o tronco é largo e a cintura estreita, e os músculos e as articulações são modulados de forma esquemática. Geralmente apresentam os braços caídos aos longo do corpo, mas também existem os que têm um braço erguido a partir do cotovelo formando um ângulo de 90 º com o tronco, e que seguram na mão uma oferenda.
Os kouroi estão sempre nus, usando no máximo um cinto, e ocasionalmente botas. O equivalente feminino do kouros designa-se kore, e, contrariamente ao seu semelhante masculino, veste uma espécie de túnica chamada peplos.
A cabeça erguida e os olhos são direccionados para o ponto de vista do observador, e nunca saem deste eixo rígido. Os rostos demonstram influência da arte cretense e são modulados como se de um estereótipo se tratasse: usam o cabelo longo e frisado ou com contas ao modo cretense, e os olhos possuem um aspecto similar ao da escultura egípcia, que era na altura copiada na produção cretense. Tanto os kouroi, como a sua semelhante feminina, exibem um sorriso controlado de lábios cerrados, o chamado sorriso arcaico. Também existem figuras de homens já adultos usando barba, mas estes não se inserem na designação de kouroi.
Mais tarde estas estátuas assumem poses mais naturalistas e os penteados deixam-se influenciar mais pela moda da Grécia continental.
No século VI a.C. os kouroi, que até então possuem uma escala humana, aumentam de dimensão à medida que a sociedade grega enriquece e se sente mais à vontade na modulação do mármore. Algumas estátuas podem chegar a atingir 3 ou 4 vezes o tamanho da escala real humana.
[editar] Função e encomenda
Crê-se que, em períodos iniciais, o kouros possuisse características mágicas, e que representasse a imagem dos deuses. Por volta do século VII a.C., o primeiro período para o qual existem fontes, pode-se concluir que os kouroi servem dois propósitos. São apresentados em templos por gregos proeminentes como oferendas votivas, o que se pode comprovar pelas inscrições que surgem frequentemente nos seus pedestais. Também são colocados em cemitérios, em túmulos de cidadãos importantes, onde representam o falecido como o ideal da masculinidade. No entanto, os kouroi nunca representam pessoas reais, os seus rostos não são retratos, mas antes uma representação simbólica do falecido. Somente a partir de finais do século VI a.C., os kouroi passam a representar pessoas reais de um modo naturalista, embora nunca perdendo totalmente a rigidez da tradição formal.
A maior parte destas estátuas é encomendada por aristocratas como oferendas para templos, ou pelas suas famílias para serem colocadas sobre os seus túmulos. A escultura em mármore é demasiado dispendiosa e somente os mais abastados podem pagar a escultores por obras deste valor. Deste modo, os kouroi tonrnam-se o símbolo da riqueza e do poder da classe aristocrática grega. Consequentemente, quando esta classe perde poder no século VI a.C., os kouroi saem de moda na produção artística.
[editar] Figuras semelhantes
Na arquitectura medieval do norte da Europa encontram-se em colunas de igrejas, figuras masculinas que parecem surgir do interior do fuste para o exterior. Não se pode considerar um atlante por não se tratar de elemento de suporte em si, mas antes um elemento adicional à estrutura. Esta figura, que apresenta indumentárias típicas do norte da Europa, tem somente um carácter decorativo, e, embora seja possível que se trate de uma influência da tradição grega ou romana, não é possível categorizar estas figuras como kouros ou kore.
[editar] Ver também
[editar] Bibliografia
- CALADO, Margarida, PAIS DA SILVA, Jorge Henrique, Dicionário de Termos da Arte e Arquitectura, Editorial Presença, Lisboa, 2005, ISBN 20130007
- THIELE, Carmela, Skulptur - Schnellkurs, DuMont Buchverlag, Köln, 1995, ISBN 3770135377