História do Rio de Janeiro
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[editar] Capitania Hereditária e Capital do Vice-Reino
O Rio de Janeiro originou-se de partes da capitania de São Tomé e de São Vicente. Entre 1555 e 1567, o território foi ocupado pelos franceses, que pretendiam instalar uma colônia de povoamento, a França Antártica. Visando evitar a ocupação pelos franceses, em 1º de março de 1565, foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, por Estácio de Sá.
No século XVII, a pecuária e a cana-de-açúcar impulsionaram o progresso, definitivamente assegurado quando o porto começou a exportar o ouro extraído de Minas Gerais, no século XVIII. Uma Carta Régia de 27 de dezembro de 1697 ampliou a jurisdição dos governadores do Rio, tornando-os independentes da jurisdição dos governadores gerais na Bahia, ficando submetidos apenas ao Rei. Tudo para facilitar o desempenho da missão de administradores das Minas de ouro que acabavam de ser descobertas. Nessa época, o Rio passou a ser mais ligado ao interior com a abertura do Caminho Novo.
Em 1763, o Rio de Janeiro se tornou a sede do Vice-reino do Brasil e a capital da colônia. Com a mudança da família real para o Brasil, em 1808, a região foi muito beneficiada com reformas urbanas para abrigar a Corte portuguesa. Dentro das mudanças promovidas destacam-se: a transferência de órgãos de administração pública e justiça, a criação de novas igrejas, hospitais, quartéis, fundação do primeiro banco do país - o Banco do Brasil - e a Imprensa Régia, com a Gazeta do Rio de Janeiro.Nos anos seguintes também surgiram o Jardim Botânico, a Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional) e a Academia Real Militar.
Assim, ocorreu um processo de introdução cultural, influenciada não somente pelas informações trazidas pela chegada da Família Real, mas também pela presença de artistas europeus que foram contratados para registrar a sociedade e natureza brasileira. Nessa mesma época, nasceu a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.
[editar] O Município Neutro
Após a transferência da Corte portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro, a autonomia, que a província tanto aspirava, não foi alcançada da mesma forma que as demais, já que ao ministro do Reino, cargo que foi praticamente um substituto para o de Vice-Rei com relação ao Rio de Janeiro, era confiada a sua administração.
Aliado a isto, estava o fato de que a cidade do Rio era a capital do Império, o que fazia com que o ministro administrasse a província inteira por meio de "avisos", os quais dirigia às Câmaras Municipais de cidades que, naquela época, cresciam à passos largos devido à ampliação e fortalecimento da lavoura cafeeira, que já sobrepujava à força da lavoura canavieira na região Norte Fluminense.
Estas diferenças que haviam com relação as demais unidades administrativas do fez com que no ano de 1834 a cidade do Rio fosse transformada em Município Neutro, permanecendo como capital do país, enquanto a província passou a ter a mesma organização político administrativa das demais, tem agora sua capital em Vila Real da Praia Grande, que no ano seguinte passou a se chamar Niterói.
Já a cidade do Rio passou a ter uma Câmara Municipal, que cuidaria da vida daquela cidade sem interferência de um presidente de província, e em 1889, após a implantação da República, a mesma continuou como capital, sendo o Município Neutro transformado em Distrito Federal e a província em Estado. Com a mudança da capital para Brasília, em 1960, o município do Rio de Janeiro tornou-se o Estado da Guanabara.
[editar] Ascenção e queda do poder cafeeiro
A despeito da grande rotatividade ocorrida no poder da província fluminense logo após a criação do Município Neutro (que lhe deu 85 governantes até o fim do Império), a expansão da lavoura cafeeira trouxe prosperidade nunca antes alcançada nesta região.
Tanto com o surgimento de novos centros urbanos pela província, quanto pelo explendor exibido nas fazendas dos "barões do café" via-se a prosperidade trazida pelo "Ouro Verde", que também trouxe desenvolimento da educação, notado pela construção de várias escolas por todas as cidades.
Com isso convivia, porém, o trabalho escravo, base de sustentação da sociedade cafeeira fluminense e que crescia sem parar à medida que as lavouras se ampliavam pelo Vale do Paraíba. Nesse período, a província se tornou a mais rica e poderosa no país e sua principal exportadora.
Essa situação perdurou até por volta de 1888. Com a abolição da escravatura, a aristocracia fluminense se empobrece, já que não tem mais sua mão-de-obra e ainda vê a exaustão do solo e a redução das safras colhidas ano após ano.
[editar] O Estado do Rio e a República Velha
A decadência foi a tônica na província nos últimos dias do regime imperial. Na luta pela República, vários foram os fluminenses que se distinguiram, cabendo citar Antônio da Silva Jardim, Lopes Trovão, Rangel Pestana, entre outros. Também forte foi a presença na campanha abolicionista.
Com a proclamação da República, logo ocorreram problemas políticos que foram, com o tempo, lhe retirando a grandeza e o destaque conseguidos durante o Império.
Após a aprovação da nova Constituição estadual, em 9 de abril de 1892, a capital foi transferida para a cidade de Petrópolis, devido às agitações que ocorreram durante o governo do Marechal Floriano Peixoto nas cidades do Rio e de Niterói, e também à Revolta da Armada, ocorrida naquela época.
Após diversos anos em que lutas políticas fazerem o Estado perder o rumo administrativo, fato comprovado pela dualidade de Assembléias Legislativas por três períodos, estas fazem aumentar ainda mais a crise econômica fluminense, que se arrasta de tal maneira a transformar, gradualmente, suas plantações de café em pastagens para a pecuária e a fazer com que o mesmo não acompanhe o desenvolvimento industrial experimentado por São Paulo.
[editar] A Revolução de 30 e o Estado Novo
Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, vários interventores foram nomeados, o que não alterou o quadro sócio-econômico fluminense até que, em 1937, é nomeado Ernani do Amaral Peixoto, genro de Vargas (este casou-se com Alzira Vargas em 1939) e que pôde realizar muito pelo Estado, dando incentivo ao seu desenvolvimento industrial, com a construção, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda, no Vale do Paraíba fluminense e da Fábrica Nacional de Motores (FNM), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, bem como a expansão da malha rodoviária estadual.
Amaral Peixoto ainda mobilizou a população fluminense no esforço de guerra, que resultou na aquisição, com os recursos arrecadados, de um novo navio para a Marinha de Guerra brasileira.
Data desse período, também, a formação de várias instituições de ensino superior e centros de estudo sobre a cultura e história fluminenses, que procuravam resgatar a memória e construir uma identidade para a população do Estado, esvaziado econômica e politicamente desde o fim do Segundo Império.
[editar] A redemocratização e a Revolução de 1964
Com a queda de Vargas, Amaral Peixoto foi afastado do comando do Estado e cinco interventores sucederam-se no governo fluminense até a eleição, em 1947 de Edmundo de Macedo Soares e Silva, construtor da usina de Volta Redonda, que reorganizou a administração e as finanças estaduais, bem como continuou o incentivo à industrialização e à produção agropecuária.
Foi sucedido, entretanto, por Amaral Peixoto, que dá nova força à expansão industrial e rodoviária, datando desse período a criação da Companhia Nacional de Álcalis.
Até o ano de 1964, os governos estaduais procuram dinamizar a economia fluminense, reformando a estrutura do estado e dando nova feição à cidade de Niterói.
Após a Revolução de 1964, o governador Badger da Silveira, recém-eleito em 1963, é afastado do cargo, sendo substituído pelo General Paulo Torres que trata de criar a Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro (CODERJ).
Segue-se a ele Geremias Fontes e Raimundo Padilha, que seria o último governador do Estado do Rio antes da fusão com o da Guanabara, datando do seu governo a conclusão da Ponte Rio-Niterói e o início da construção da usina nuclear de Angra dos Reis.
[editar] O novo Estado do Rio
Após a edição da Lei Complementar nº20 em 1974, assinada pelo presidente Ernesto Geisel, fundiram-se os Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 15 de março de 1975. A capital do novo Estado do Rio de Janeiro passou a ser a cidade do Rio de Janeiro, voltando-se a situação político-territorial anterior a 1834, ano da criação do Município Neutro. Foram mantidos ainda os símbolos do antigo Estado do Rio de Janeiro, enquanto os símbolos do antigo Estado da Guanabara passaram a ser os símbolos do Município do Rio de Janeiro.
Alguns alegam que a motivação por trás do presidente Geisel para a fusão foi neutralizar a força oposicionista do MDB no Estado da Guanabara. O antigo Estado do Rio de Janeiro, tradicionalmente, sempre foi considerado um pólo de conservadorismo, vide governos sucessivos do PDS e posteriormente da ARENA, apesar da grande força do PTB, e depois de 1964, do MDB, nessa região, o que levou à errônea conclusão que este viria a neutralizar a oposição emedebista guanabarina, evitando maiores problemas para o governo militar, que acaba por indicar como primeiro governador do "novo" Estado o almirante Floriano Peixoto Faria Lima.
Apesar de Faria Lima assumir o Estado com promessas do governo federal de maciços investimentos, a fim de compensar os problemas que poderiam advir da fusão, esses não se concretizaram plenamente, mesmo da implantação das usinas nucleares em Angra dos Reis e da expansão da Companhia Siderúrgica Nacional, o que acarretou problemas que viriam a ser sentidos, principalmente nas áreas de habitação, educação, saúde e segurança na década de 1980.
Com a abertura política e a volta das eleições diretas para governador, os fluminenses elegem no ano de 1982 Leonel de Moura Brizola, exilado político desde 1964, que voltava ao Brasil com a bandeira do trabalhismo varguista, o que conquistou o eleitorado insatisfeito com o segundo governo de Chagas Freitas.
Com a adoção de diversas medidas controversas, Brizola angaria nesse primeiro mandato a antipatia principalmente do eleitorado da cidade do Rio, devido as suas políticas de amparo, tida como populista, às camadas mais pobres das favelas daquela cidade. Isso, aliado ao descontrole que haveria na área da segurança pública, mais a crise econômica que se instalou no país naquela década acabaram por impedir que ele fizesse seu sucessor.
Eleito Moreira Franco no ano de 1987, apoiado pelo controle inflacionário obtido pelo governo feferal à época e pelo descontentamento com Brizola, pouco se muda a situação social da população fluminense, o que acaba por levar a uma nova eleição de Leonel Brizola ao governo estadual no ano de 1991.
Em seu segundo mandato, Brizola acaba por repetir alguns erros da primeira gestão, que fazem o Estado sofrer uma "intervenção branca" do governo federal no ano de 1992, durante a conferência mundial sobre ecologia ECO-92, e também no ano de 1994, devido a situação de falta de controle da violência por parte do governo local, o que leva a decisão, apoiada pela população de colocar tropas das Forças Armadas patrulhando as ruas da capital.
Em meio a esses problemas, Brizola renuncia ao mandato a fim de concorrer às eleições federais, o que leva à eleição de Marcello Alencar, que implementa uma política mais forte com relação a segurança pública, voltada para o confronto com a marginalidade, o que acaba por gerar antipatia da população de baixa renda favelada, mais exposta aos enfrentamentos entre a polícia e bandidos.
Na eleição seguinte, Anthony Garotinho, apadrinhado à época por Brizola e que anteriormente havia perdido a eleição para Alencar, é eleito governador apoiado por uma aliança de esquerda que inclui como vice-governador Benedita da Silva, do PT, que o substitui em 2002 quando ele também renuncia, como Brizola, visando a corrida presidencial. Benedita assume em meio a problemas de ordem fiscal que acabam por impedí-la de se reeleger, sendo derrotada por Rosinha Garotinho, esposa de Anthony Garotinho, que procura, após eleita, manter o estilo por vezes controvertido de governar de seu marido, enfrentando ainda duras críticas com relação à situação da segurança pública.
Nas eleições de 2006 o eleitorado fluminense elege Sérgio Cabral Filho como o novo governador. A vitória ocorreu no segundo turno após vencer a ex-juíza Denise Frossard, apoiada por Cesar Maia. Apesar de pertencer ao mesmo partido de Garotinho e Rosinha (PMDB) Cabral tentou dissociar, durante a campanha, sua imagem ao do casal.