Revolução de 1964
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Mesmo decorrido quase meio século, os eventos de 1964 e dos anos seguintes são ainda alvo de debates e controvérsias apaixonadas, o que torna importante seu estudo a partir de mais de um ângulo, até porque os nomes variam conforme a ideologia ou simpatia do autor: o que alguns chamam de revolução, outros chamam de golpe militar, e se, para um grupo, sua evolução levou a um regime de exceção, para outro tudo resultou em uma ditadura.
Recomenda-se, assim, que o interessado em conhecer esse período excepcional da História do Brasil compare os diversos artigos presentes na Wikipédia: Anos de chumbo.
A Revolução de 1964, também chamada de Revolução de Abril, ou Revolução vitoriosa, ou ainda Revolução redentora foi talvez a última ocasião na história do Brasil onde a sociedade apelou ao estabelecimento militar para intervir como deus ex machina. Se seu desenrolar e consequências são um tópico essencial na compreensão do Brasil moderno, as condições, ou necessidade, de seu acontecimento refletem o que talvez seja o problema, e virtude, básicos da história brasileira. De fato, o Brasil - que é a continuação da América Portuguesa, a independência sendo mais uma partição de territórios do que um rompimento com a metrópole - nasceu como nação formada, com um território maior do que o de vários dos grandes impérios que os séculos viram.
Por essa enormidade territorial, que manteve-se intacta enquanto que a América Espanhola fragmentou-se nas dezenas de países hoje existentes, pagou-se o preço do poderio provincial. A história política do Brasil é sublinhada por uma luta permanente entre o poder central e os governos regionais (províncias no império e Estados na república) e outra, entre os próprios Estados, fenômeno que explica a Revolução de 30 e o Movimento Constitucionalista, ou Revolução de 32.
Embora o momento mundial criasse uma condição de polarização com um fator externo significativo, a Guerra Fria, a Revolução de 1964 parece decorrer mais da luta do presidente João Goulart contra os governos estaduais e contra o Congresso Nacional do que uma disputa de poder entre capitalistas e socialistas.
Nessa luta, o presidente contava com as forças sindicais e com alguns grupos militares de esquerda, sob a liderança do Gen. Argemiro de Assis Brasil e enfrentava os governadores dos principais Estados, o Congresso Nacional (incluindo setores de seu partido, o PTB) e as Forças Armadas, principalmente o Exército, as quais desde a Guerra do Paraguai representavam um poder político aceito tacitamente pela sociedade brasileira, divididos entre os grupos moderado e linha dura.
Índice |
[editar] Os governadores
Era composto principalmente pelo governador de São Paulo, Adhemar de Barros (PSP), pelo governador da Guanabara, Carlos Lacerda (UDN), pelo governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto (UDN) e pelo senador por Goiás Juscelino Kubitschek (PSD)), aos quais interessava afastar o Presidente João Goulart e seu cunhado Leonel Brizola das eleições presidenciais previstas para 1965.
[editar] O grupo dos militares moderados
Encarnados na figura do Marechal Castelo Branco e de seu vice, Pedro Aleixo, os moderados assumiram a presidência em 1964 dentro de um programa de saneamento político-econômico com o intuito do rápido retorno ao Estado de direito, o que não ocorreu.
[editar] O grupo dos militares da linha dura
Formada principalmente por militares, a linha dura aliava o repúdio aos quadros políticos de então com um ferrenho combate ao intervencionismo externo, tanto dos EUA quanto, e principalmente, da URSS.
[editar] O golpe
A partir de um golpe de estado que desenrolou-se entre 31 de março e os primeiros dias de abril de 1964 (vide Golpe Militar de 1964), a Revolução eliminou os três grandes planos de poder pessoal do período (ou seja, os de Brizola, Juscelino e Lacerda) e forçou uma re-estruturação que fez desaparecer seus partidos, o PTB, o PSD e a UDN, respectivamente.
[editar] A ditadura e as realizações no período
Nos 21 anos em que os Presidentes da República vieram do grupo de oficiais que conspiraram contra o sistema pré-64, a Revolução levou a cabo reformas econômicas e políticas, construiu uma vasta infra-estrutura e permitiu uma mudança social que virtualmente transformou o Brasil em outro país.
Não obstante suas realizações, ela é lembrada quase que exclusivamente pela censura e pela repressão ao pensamento, à guerrilha e ao terrorismo de esquerda.
Vista pela lente do tempo, foi consequência da disputa entre as democracias capitalistas, o facismo plutocrático e o socialismo totalitário que escreveu a história do século XX.
Além disso, quando o Presidente João Figueiredo desceu a rampa do Palácio do Planalto sem entregar a faixa presidencial a seu sucessor José Sarney em 1985, ele encerrou não apenas o movimento do qual fora um dos artífices, mas todo um século de presença política do Exército Brasileiro na vida nacional.
[editar] Antecedentes
Alguns dos antecedentes, eventos dos quais o artigo é, em maior ou menor grau, decorrência, são:
[editar] Internos
- Estado Novo
- Constituição de 1946
- Crise de 1955 e Governo Juscelino Kubistchek
- Governo Jânio Quadros
- Governo João Goulart
- Crise do Parlamentarismo
[editar] Externos
- A influência da participação da FEB na Segunda Guerra Mundial para o oficialato da década de 1940.
- Os reflexos da Guerra Fria e seus episódios como a Revolução Cubana, a Crise dos Mísseis, a Primavera de Praga e a invasão da Hungria pelas forças soviéticas.
[editar] A Revolução de acordo com alguns de seus protagonistas
Com o distanciamento proporcinado pelo tempo surgem manifestações contundentes de protagonistas do golpe/regime militar de 1964 onde eles próprios defendem que o golpe de 64 foi um golpe e não uma revolução.
[editar] Ernesto Geisel
"O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma idéia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução".
Ernesto Geisel em depoimento ao jornalista Élio Gaspari em 1981.
[editar] Sylvio Frota
"Ajustando estas considerações ao Movimento de 31 de março, parece-me mais razoável defini-lo como golpe de Estado... Não foi uma Revolução no sentido preciso e moderno do termo, de transição entre duas fases culturais."
Sylvio Frota em seu livro "Ideais Traídos" editora Jorge Zahar, 2006.
[editar] Períodos e eventos
A Revolução de 1964 compreende um período que aproxidamente começa com a conspiração contra a posse de João Goulart em 1961 e se estende até o fim do mandato do Presidente João Figueiredo em 1985:
- Conspiração
- Golpe de estado
- Governo Castelo Branco
- Governo Costa e Silva
- Junta Militar de 1969
- Constituição de 1969
- Crise do AI-5
- Governo Médici
- Governo Geisel
- Governo Figueiredo