Fernando I de Habsburgo
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Fernando I de Habsburgo (Ferdinand, em alemão e tcheco; Ferdinánd, em húngaro) (*Alcalá de Henares, 10 de março de 1503 — †Viena, 27 de julho de 1564) foi Sacro Imperador Romano-Germânico de 1556 até a sua morte.
Seus pais foram o arquiduque da Áustria Filipe I de Castela (também conhecido como Felipe I de Espanha, apelidado "o Formoso") e a rainha Joana I de Castela, apelidada "a Louca". Seu irmão mais velho era Carlos I de Espanha (e Sacro Imperador como Carlos V).
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[editar] Dados biográficos
Seus títulos foram Arquiduque e duque da Áustria, duque da Carníola, duque da Caríntia, duque da Estíria e conde do Tirol a partir de 1520. Foi Rei da Hungria e da Boêmia a partir de 1526; rei da Croácia em 1540. Em 1531, foi eleito Rei dos Romanos, o que fez dele herdeiro do Sacro Imperador Carlos V, seu irmão; Fernando governava o Império nas ausências do irmão. Assumiu a dignidade de Sacro Imperador em 1556 (coroado em 1558).
Educado na Espanha, foi o neto favorito do rei Fernando VI de Aragão, que previa para ele uma regência espanhola nas ausências do irmão. Mas seu outro avô, Maximiliano, obteve para ele a sucessão dupla na Boêmia e Hungria.
Carlos V reconhecera ao irmão pelo Tratado de Worms (1521) a posse e soberania plena dos cinco Estados hereditários dos Habsburgos: os arquiducados e ducados da Alta e Baixa Áustria, Caríntia, Estíria, Carníola, logo depois o condado do Tirol e possessões hereditárias de sua Casa no sul da Alemanha. Esta partilha constituiu o patrimônio de Fernando. Foi nomeado para governar o ducado de Vurtemberga e integrar o conselho de regência que governava a Alemanha nas ausências do Imperador.
Pelas convenções de Bruxelas em 1522, recebeu o título de governador das regiões da Alemanha do Sul, do Tirol e da Alta Alsácia.
A época era de expansão otomana, desde a queda de Constantinopla em 1453. Em 1529, Viena esteve sob assédio turco. Até o século XVII, a Europa teria que conviver com o avanço das forças turcas, ameaçando a Sicília, Malta e os territórios de Veneza.
[editar] Rei da Boêmia e da Hungria
Em 29 de agosto de 1526, morreu seu cunhado Luís II, rei da Boémia e da Hungria, derrotado pelas tropas otomanas do sultão Solimão, o Magnífico, na batalha de Mohács.
Fernando foi escolhido rei da Boêmia e rei da Hungria. Coroado rei da Boêmia em Praga, em fevereiro de 1527, não pôde assegurar a coroa da Hungria, pois ali João Zápolya, príncipe da Transilvânia, apoiado por parte da nobreza e depois pelos turcos, mantinha a resistência, embora compromisso posterior assegurasse a integridade das possessões dos Habsburgos. O reino da Hungria tornou-se objeto de uma disputa dinástica entre Habsburgos e Zápolyas, cada partido sendo apoiado por uma parcela da nobreza húngara. Fernando contava ademais com o apoio de seu irmão Carlos V.
Em 1527, Fernando venceu a Batalha de Tokaj, porém não foi o suficiente para ganhar o controle de toda Hungria. Em todo caso, fez-se coroar rei da Hungria em novembro de 1527, sem tomar posse do país.
Em 1529, suas tropas repeliram com sucesso o ataque de Solimão à capital, Viena (Cerco de Viena), mesmo com Fernando já tendo se retirado para Boêmia. Finalmente, em 1533 Fernando assinou tratado de paz com o Império Otomano, dividindo o reino da Hungria entre os Habsburgos no oeste e João Zápolya no leste. Em 1527 os Habsburgos deram início a um processo histórico que levaria à incorporação das terras das coroas da Boêmia e da Hungria às suas possessões hereditárias.
Em 1538, pelo tratado de Nagyvárad, Fernando tornou-se o sucessor de Zápolya, sendo entretanto incapaz de impor o acordo.
A vida de Fernando ficou marcada por uma luta dupla: contra o Islão, no Danúbio, onde, após a morte de seu cunhado Luís II em 1516, foi eleito rei da Boêmia e Hungria, devendo conter o avanço otomano sobre Viena. Não conseguiu tomar Buda em 1541 e teria que assinar uma trégua de oito anos (1562) pagando tributo annal ao sultão e reconhecimento, na Transilvânia, da dinastia rival de João Zápolya. Sua segunda luta foi contra os protestantes, com uma relativa indiferença. Fernando, aluno e amigo dos jesuítas, deixara-se influenciar em sua estada em Flandres pelos humanistas, sobretudo Erasmo. Participara da Assembléia de Ratisbona em 1524, que decidiu a reforma católica na Alemanha, constituiu com os cinco cantões católicos primitivos da Suíça uma União Cristã, em 1529, para combater a heresia protestante, assinou com a Liga de Esmalcalda o Tratado de Kadan e esmagou revolta dos senhores tchecos na Boêmia. Mas desejava sinceramente reformas na Igreja: tentou obter de Roma a comunhão sob duas espécies em 1554 e esforçou-se por atenuar o conflito religioso, negociando a Paz de Augsburgo em 1555.
Em 1540, João Sigismundo Zápolya, filho de João com Isabel Jagelão, foi eleito rei da Hungria, inicialmente apoiado pelo rei seu tio, Sigismundo II da Polônia e Lituânia, irmão de Isabel. Em 1549 um tratado foi assinado entre os Habsburgos e o soberano polonês: a Polónia ficou neutra no conflito com os Habsburgos e Sigismundo II se casou com Isabel de Habsburgo, filha de Fernando I.
Como soberano da Áustria, Boêmia e Hungria, Fernando I tentou centralizar e construir uma monarquia absoluta moderna. Em 1527 editou uma constituição para seus domínios hereditários (Hofstaatsordnung) e estabeleceu instituições à moda austríaca em Bratislava para a Hungria, em Praga para a Boémia e em Wrocław (Breslau) para a Silésia. Uma forte oposição dos nobres forçou-o em 1559 a declarar tais instituições livres de supervisão pelo governo central em Viena.
Em 1551 chamou os jesuítas a Viena e em 1556 a Praga, reativando o arcebispado desta última. Príncipe católico, apoiou a Contra-Reforma.
[editar] Sacro Imperador Romano
Em janeiro 1531, Fernando fora eleito rei dos Romanos em Colônia, o que era um passo rumo à coroa imperial. Reconhecido herdeiro de Carlos V ao trono imperial em 1551, a abdicação deste último em 1556 fez com que Fernando fosse coroado Sacro Imperador em 1558, em Aachen.
Continuou a enfrentaru a ameaça externa da política expansionista do sultão Solimão, o Magnífico. Carlos V havia defendido Viena em 1529, mas as terras foram ameaçadas de novo em 1532 e 1541. Enfrentou ainda, como o irmão, a ameaça interna das divisões entre católicos e luteranos: em 1534, Filipe de Hesse, chefe político dos luteranos, arrancou o Vurtemberga do controle dos Habsburgos e Fernando I apoiou o Imperador seu irmão na sua campanha de 1546-7 para destruir a Liga de Esmalcalda, formada por protestantes.
Talvez mais realista do que Carlos, deve-se a Fernando a Paz de Augsburgo, de 1555.
Carlos excluiu seu filho o Infante Filipe, futuro Filipe II de Espanha, da sucessão imperial germânica, que foi transmitida ao primogênito de Fernando, Maximiliano (1527–1576).
[editar] Casamento
Em 25 de maio de 1521, em Linz, Áustria, Fernando casou-se com Ana Jagelão, filha de Vladislau II da Hungria e da Boêmia.
[editar] Posteridade
Filhos de Fernando e Ana:
- Fernando II da Áustria, Arquiduque da Áustria, Conde do Tirol, Landgrave da Alta Alsácia, teve um casamento morganático em 1557 com Filipina Welser, filha de Francisco A. Welser; foi designada baronesa de Zinnenberg; tiveram cinco filhos. Enviuvando, Fernando II casou em 1582 com Ana Catarina de Gonzaga-Mântua, filha de Guilherme Gonzaga, Duque de Mântua; tiveram três filhos.
- Maria de Habsburgo, casou em 1546 com Guilherme III de Cleves, apelidado o Rico, Duque de Julich-Cleves-Berg.
- Ana.
- Carlos II da Áustria.
- Isabel, que em maio de 1549 casou com o rei Sigismundo II da Polônia ou Sigismundo II Augusto Jagelão I, filho de Sigismundo I, que ao enviuvar casou com sua cunhada Catarina, Duquesa de Mântua.
- Catarina, que em 1553 se casou com o cunhado, o rei Sigismundo II da Polônia viúvo de sua irmã Isabel. Tinha em 1549 casado com Francisco III Gonzaga (duque de Mântua) morto em 1550.
- Bárbara de Habsburgo, que casou em 1565 com Afonso II d´Este, em 1559 Duque de Ferrara e Módena. O qual casara em 1558 com Lucrécia de Médiciss, filha de Cosimo ou Cosme I de Médicis, Grão-Duque de Florença, e Eleonora de Toledo. Casaria em 1579 com Margarida Gonzaga. Em 1597, ao morrer Afonso II sem posteridade, Clemente VIII iria obter Ferrara como feudo vago, unindo-a aos Estados pontificais até entrar em 1859 para o reino unificado da Itália.
- Leonor, casada em 1561 com Guilherme Gonzaga, Duque de Mântua.
- Madalena.
- Margarida, religiosa.
- Joana, que se casou com Francisco I de Médicis, Grão-Duque da Toscana. Serão pais de Maria de Médicis, rainha de França por se ter casado com o rei Henrique IV de Bourbon.
- Helena, religiosa.
- Úrsula.
- Ana, casou em julho de 1546 com Alberto V de Wittelsbach, o Magnífico, Duque da Baviera, filho de Guilherme IV.
- João.
[editar] Ver também
Precedido por: Carlos V |
Sacro Imperador Romano-Germânico 1558 — 1564 |
Sucedido por: Maximiliano II |
Precedido por: Luís II |
Rei da Hungria Rei da Boêmia 1526 — 1564 |
Sucedido por: Maximiliano II |
Precedido por: Carlos V |
Arquiduque da Áustria 1520 — 1564 |
Sucedido por: Maximiliano II |