Joana I de Castela
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Joana (Toledo, 6 de Novembro de 1479 — 11 de Abril de 1555) em Tordesilhas. Em espanhol, designada a Louca (La Loca), foi rainha de Castela e mãe de Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico, foi a segunda filha de Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, os designados Reis Católicos. Sepultada no convento de Santa Clara, foi em 1574 transferido seu corpo para a Capela Real de Granada, junto ao do marido, sendo o castelo de Tordesilhas onde morreu demolido em 1771.
Foi proclamada rainha de Castela em 26 de novembro de 1504 e reconhecida pelas Cortes de Toro em 11 de janeiro de 1505, mas sob a regência do pai, depois do marido. Teria começado a perder a razão ca. 1502 e se sabe que sua avó D. Isabel de Portugal enlouquecera de desgosto pela morte do marido. Joana começou a perder o juízo com as aventuras amorosas do esposo.
Foi elevada ao trono por mortes na família : morreu em 1497 seu irmão D. João de Castela e Aragão; morreu ao nascer o filho deste; morreu em 1498 sua irmã D. Isabel, rainha de Portugal, casada com o rei D. Manuel I; morreu o filho desta, o príncipe D. Miguel da Paz em 1500. Assim, Joana e Filipe foram jurados herdeiros em 1502. Em dezembro de 1502 Filipe voltou para as terras de Flandres. Pelo tratado de Blois, em 22 de setembro de 1504, sem autorização do sogro, o rei Fernando II de Aragão, Filipe dispôs com o rei francês Luís XII o casamento de Carlos de Gand, seu filho ainda menino, com uma das filhas do rei, Cláudia ou Renata, comprometendo os direitos e a conquista de Nápoles.
Infidelidades e ausências do marido afetaram Joana fortemente. A rainha fugiu de Medina del Campo, enfim em março de 1504 foi para Flandres. Havia violentos choques da política flamenco-borgonhesa do marido Habsburgo com a política de seu pai, Fernando II.
[editar] Rainha
Sua mãe Isabel morreu em 25 de novembro de 1504. Joana foi nomeada Rainha e proprietária de Castela e Leão. O testamento encarregava Fernando II da administração e governo de seus reinos de Castela; a rainha proibia a concessão de cargos castelhanos a estrangeiros (como o que sucederá sob seu neto o rei Carlos I e imperador Carlos V, provocando a revolta dos comuneros). O testamento determinava ainda que caso Joana manifestasse sintoma de desequilíbrio , o reino devia ser regido por seu pai.
Desde esse momento produziu-se o enfrentamento entre Filipe o Formoso e o sogro, contanto o borgonhês com apoio da maior parte da nobreza. Com o casamento, Filipe recebera títulos nobiliários - era Duque da Borgonha, do Luxemburgo, de Brabante, de Gueldres e Limburgo e conde do Tirol, Artois e Flandres. Mas queria poder: alegou por isso alienação mental da mulher – mas o testamento de Isabel dizia que na incapacidade de Joana para assumir suas funções, governaria seu pai. Desde então, surgiram os enfrentamentos entre os dois pela regência. Fernando II tinha esperanças de conservar a regência, mas parte da nobreza castelhana se acercou a Filipe (que alegava a suposta loucura de Joana). Criaram-se verdadeiramente dois partidos: o partido que apoiava Filipe era dirigido pelo Duque de Najera, don Pedro Manrique de Lara, pelo Conde de Benavente don Alonso de Pimentel, pelos marqueses de Villena, Zenete e Priego, os Duques de Medina Sidonia e Bejar, o conde de Ureña.
Pelo Tratado de Blois (28 de julho de 1505) firmou-se uma aliança Espanha-França e se acertou o casamento de Fernando II de Aragão, o viúvo, com Germaine de Foix, uma sobrinha de Luís XII. Pelo tratado de Windsor, em 9 de fevereiro de 1506, assinado com o rei da Inglaterra Henrique VIII ficou determinado que Carlos de Gand casaria com Maria Tudor, sua irmã, e Henrique VIII com Margarida da Austria, irmã de Filipe I. Desembarcaram em La Coruña em 26 de abril de 1506 e emn 20 de junho os dois reis se encontraram em Remesal. A entrevista foi fria e dela não saiu acordo, e Fernando entregou o governo de Castela. Pelo tratado de Villafáfila, em junho, Fernando renunciou a seus direitos.
Houve algumas tentativas de conciliação mas Fernando II abandonou Castela, permitindo a Filipe tomar o governo como rei cônjuge Filipe I, para satisfação dos nobres. Um reinado breve, pois ele morreria dois anos depois, mas caracterizado por repartição de privilégios e mercês aos nobres castelhanos e flamengos, alcançando pepel importante o senhor de Belmonte, D. Juan Manuel. ~ As Cortes em 9 de julho os juraram - Joana como rainha de Castela, Felipe como marido, Carlos de Gand como herdeiro. Filipe a isolou e governou como rei proprietário, reorganizando cargos e ofícios. Com o senhor de Belmonte e presidente do Real Conselho, Filiberto de Veyre (apelidado La Mouche), João de Luxemburgo, senhor de Ville, e Garcilaso de la Vega, comendador de Leão.
[editar] A viuvez
Filipe regeria a coroa de abril de 1506 a setembro, pois morreu de repente. A peste açoitava o país. Suspeitou-se de veneno. Fernando II e o cardeal Cisneros recuperaram o poder. Em 1 de novembro de 1506 a Rainha Joana mandou abrir o caixão do marido, sepultado no esplêndido panteão real da Cartuja de Miraflores, em Burgos. Fez embalsamar o corpo, vestiu o cadáver com grande pompa e o levou consigo, encabeçando o cortejo, viajando sempre à noite, afastada dos locais onde mulheres pudessem ter contacto com ele, o que serviu para aumentar as notícias de sua loucura. Recusou viver em Arevalo onde estivera encerrada a avó portuguesa, louca. Quando a peste se declarou em Burgos, deixou a cidade em 20 de dezembro de 1506 e foi para Torquemada, onde pariu sua última filha, a infanta Catarina, futura rainha de Portugal. Viajou infindamente com o cadáver do marido, passou por toda a Castela, Hornillos, Tortoles, em Arcos viveu dois anos.
Até que o pai mandou dar um fim à loucura e em fevereiro de 1509 mandou encerrá-la, com a pequena Catarina, em Tordesilhas. O cadáver foi ali sepultado na igreja mudéjar de Santa Clara e dois anos mais tarde seria transferido ao Panteão dos Reis, em Granada.
Joana viveu em Tordesilhas durante 46 anos sem sair do seu palácio. A literatura romântica fez dela a figura enlouquecida por ciúmes, mas herdara da avó a esquizofrenia que recairá em D. Carlos, seu neto. Morto seu pai, Fernando II, tomou o poder seu neto Carlos de Gand, na sucessão dos reis castelhanos Carlos I, Carlos V na contagem dos imperadores da Alemanha ou Áustria ou do sacro império romano-germânico.
[editar] Casamento e posteridade
Por razões políticas o pai de Filipe e o de Joana dispuseram um casamento duplo, pois ao mesmo tempo casava ela com Filipe o Formoso e sua irmã Margarida de Áustria casou com D. João. A cerimônia foi realizada em Lille, Flandres, 21 de outubro de 1496. O arquiduque Filipe nascera em Bruges em 22 de julho de 1478 e morreria em Burgos, em 25 de setembro de 1506.
Era filho de Maria da Borgonha (por sua vez filha de Carlos o Temerário) e de Maximiliano de Habsburgo, filho do imperador Frederico III. Conde de Flandres, arquiduque de Áustria, Filipe herdou de sua mãe, morta em 1482, os ducados de Borgonha, Brabante, Luxemburgo e Limburgo, os condados de Flandres, Artois, Henegau, Holanda, Zelanda e Namur. Apesar de ser um casamento político, houve bom entendimento entre eles. O casamento não impediu porém Filipe de aventuras amorosas com outras damas, enfurecendo Joana, muito ciumenta, e houve violentos enfrentamentos no casal. Joana chegou mesmo a agredir uma dama com um pente, suspeitando ser uma das amantes do marido. Quando se olham seus retratos,´verifica-se ser exagerado o apelido Formoso, pois tinha boas proporções, rosto agradável, apenas. Gostava dos desportos de seu tempo, .de ser ágil, forte - e sobretudo dos galanteios amorosos. Em Burgos, morreu porque recebeu um desafio para jogar à pelota, em que se destacava, depois da partida bebeu um bom jarro de água gelada. Diz-se que com isso provocou a febre intensa que o matou.
Filhos:
1 - caçula, Catarina de Áustria ou de Habsburgo. Nasceu póstuma, em Torquemada 14 de janeiro de 1507 e morreu em Lisboa, em 12 de fevereiro de 1578, estando sepultada no mosteiro de Belém. Casou em 1525 com o rei D. João III, filho de D. Manuel I o Venturoso e de sua tia Maria de Castela.
2 - Carlos de Gand, rei Carlos I da Espanha ou imperador do Sacro Império Romano-Germânico Carlos V. Nasceu em 23 de fevereiro de 1500 e morreu em 1558.
3 - Fernando I de Habsburgo ou Áustria, nascido em 1503 e morto em 1564, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Rei dos romanos, rei da Boêmia e da Hungria.
4 - Isabel de Habsburgo nascida em Bruxelas em 1501 e morta em 1525 em Gand, em 1514 casada com o rei da Dinamarca Cristiano II.
5 - Maria de Habsburgo ou da Hungria (1505-1558), regente dos Países Baixos, casada em 1522 com Luís II Rei da Hungria e da Boêmia. Depois da morte de sua tia Margarida de Áustria em 1530 foi nomeada governadora geral das terras borgonhesas, os futuros Países Baixos.
6 - a primogênita foi D. Leonor de Áustria, nascida no Brabante em 1498 e morta em 1558 em Taraveruella, nos arredores de Badajoz). Casou em Saragoça em 1518 com o rei D. Manuel I o Venturoso, de Portugal de quem foi a terceira esposa. Enviuvou em 1521, casando com o rei da França Francisco I de Valois.
Precedido por: Isabel I |
Rainha de Castela 1504 — 1505 |
Seguido por: Filipe I |
Rainha de Leão 1504 — 1505 |