Antônio Britto
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Antônio Britto Filho (Santana do Livramento, 1 de julho de 1952) é um jornalista e executivo brasileiro, que exerceu os cargos de deputado federal, ministro da República e governador do estado do Rio Grande do Sul.
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[editar] Vida acadêmica e jornalística
Filho de um jornalista, começou a trabalhar no pequeno jornal local do pai, antes de cursar a faculdade de jornalismo na UFRGS. Profissionalmente, começou a atuar em 1970, no Jornal da Semana, publicação dominical do grupo Editorial Sinos, como redator de futebol. Mais tarde, por indicação do jornalista Paulo Sant'Ana, passou a trabalhar como repórter no jornal Zero Hora, do grupo RBS, aos 19 anos de idade.
Em 1972, transferiu-se para a rádio Guaíba (pertencente ao grupo Caldas Júnior}, a convite de Pedro Carneiro Pereira, onde chegou a coordenador da área de esportes e chefe de jornalismo. Em 1978, deixou a Guaíba e voltou ao grupo RBS, passando a trabalhar na TV Gaúcha. Nesse mesmo ano, tornou-se professor da Unisinos, função que exerceu até 1979.
Da RBS, passou ainda em 1979 para a editoria de política da Rede Globo em Brasília, atuando também como comentarista e apresentador. No início de 1985, logo após a eleição de Tancredo Neves para a presidência da República, foi convidado para ser secretário de imprensa do novo governo. Nessa função, atuou como porta-voz das informações médicas sobre o estado de saúde do presidente, no período que antecedeu à sua morte, em 21 de abril de 1985.
[editar] Início da carreira política
Conhecido através da mídia televisiva e autor de um livro sobre os últimos dias de Tancredo, Antônio Britto foi convidado por Ulisses Guimarães a filiar-se ao PMDB, partido ao qual lançou-se candidato a deputado federal nas eleições de 1986, sendo eleito com uma das maiores votações do estado (e reeleito em 1990).
Na Câmara dos Deputados, atuou na elaboração da Constituição de 1988 e foi presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática no biênio 1990-91. Em 1988, foi indicado pelo PMDB como candidato à prefeitura de Porto Alegre, mas apesar do favoritismo inicial, perdeu força e acabou em quarto lugar no pleito, vencido por Olívio Dutra (PT).
Em 1992, foi convidado pelo presidente Itamar Franco para ocupar a pasta da Previdência Social. A decisão presidencial de atualizar os vencimentos dos aposentados foi-lhe, então, bastante benéfica, o que alavancou sua popularidade nacional e o colocou como um dos prováveis sucessores do próprio Itamar nas eleições de 1994. No entanto, Antônio Britto preferiu buscar antes o governo de seu próprio estado, orientando o apoio do PMDB local à candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em contraposição ao candidato oficial do partido, Orestes Quércia.
No primeiro turno do pleito, Antônio Britto obteve 49,2% dos votos válidos (contra 34,7% de seu principal concorrente, Olívio Dutra). No segundo turno, obtendo o apoio do PPR e parte do PDT (do então governador, Alceu Collares, Britto obteve 52,2% dos votos, contra 47,8% de Olívio. A polarização PMDB/PT no Rio Grande do Sul repetiu-se nas eleições de 1998 e 2002.
[editar] O governo Britto
A gestão de Antônio Britto a frente do governo do Rio Grande do Sul foi marcada por reformas administrativas e uma intensa polêmica com a oposição (liderada pelo PT), que detinha a hegemonia dos sindicatos de servidores, especialmente o CPERS, que agrega o magistério estadual.
Essa polêmica não se limitava à questão salarial, mas incluia as medidas que Antônio Britto e sua equipe de governo adotaram para buscar o saneamento das finanças estaduais, que incluiam a privatização das grandes autarquias de serviços públicos do estado, a Companhia Riograndense de Telecomunicações (telefonia) e a Companhia Estadual de Energia Elétrica, ambas criadas na gestão de Leonel Brizola (1959 a 1962). Para os defensores do governo Britto, as privatizações ampliariam a abrangência dos serviços, barateando o seu custo de instalação. Para seus adversários, as taxas cobradas pelas empresas privatizadas se tornariam com o tempo mais caras para a população, beneficiando apenas alguns grupos empresariais específicos.
Outro foco de polêmica foi a política de atração de grandes empresas automobilísticas para o estado através de concessão de benefícios fiscais, como a isenção do ICMS nos primeiros anos. Para seus opositores, a política de atração de investimentos (envolvendo o estado na "guerra tributária" com outras unidades da federação) representava uma perda para o fisco, não compensando a geração de empregos.
Outra medida combatida do governo Britto foi a criação de pólos rodoviários privados, que receberam a concessão de pedágios, medida que comprometeu a sua popularidade em algumas localidades. No setor bancário, o governo Britto procedeu a fusão dos dois bancos estaduais, incorporando a Caixa Econômica Estadual (também criada por Brizola) ao Banrisul. Algumas medidas privatizantes de Antônio Britto (que lhe valeram a acusação de "neoliberal" por seus adversários ), precederam às próprias privatizações do governo federal, na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
[editar] As eleições de 1998
Politicamente, Antônio Britto procurou governar com uma base partidária ampla, isolando apenas o PT. Isso permitiu a composição de uma ampla coligação de partidos para as eleições de 1998, quando concorreu à reeleição pelo PMDB. Mas em alguns casos, o favorecimento ao PPB (que indicou seu candidato a vice, José Otávio Germano) levou a rupturas dentro de seu próprio partido, que em alguns municípios anunciou o apoio ao PT.
Antônio Britto chegou a vencer o primeiro turno das eleições por uma pequena margem de votos. Mas no segundo turno, novamente contra o seu adversário de 1994, Olívio Dutra (PT), acabou sendo derrotado por uma diferença de 525 mil votos. No pleito, foi decisivo o apoio do PDT (contrário às privatizações) ao candidato do PT.
[editar] Atuação empresarial
Após a derrota em sua tentativa de reeleição, Antônio Britto passou a trabalhar na iniciativa privada, como consultor junto ao grupo Telefonica de Espanha, o que levou a suspeitas de favorecimento na privatização da CRT, em 1997. Em 2001, ainda cotado como preferido para a sucessão de Olívio Dutra (que acabaria não concorrendo à reeleição), Antônio Britto entrou em choque com o senador Pedro Simon, principal liderança regional do PMDB, e acabou saindo do partido.
Filiou-se então ao PPS (incipiente no estado), junto com sua base de apoio, e lançou-se à sucessão estadual de 2002, em aliança com o PFL (já que o PDT se recusara a apoiá-lo, dentro da regra da "verticalização" da coligações nos estados). No entanto, a forte rejeição ao seu nome fez suas intenções de voto "migrarem" em massa para o candidato do PMDB, Germano Rigotto. Britto ficou em terceiro lugar, com apenas 12% dos votos, enquanto Rigotto derrotou Tarso Genro (PT), no segundo turno, trazendo novamente o PMDB ao governo estadual.
A partir de então, Britto anunciou seu abandono definitivo da vida política, tornando-se diretor da empresa Calçados Azaléia, e seu presidente após a morte do fundador, Nestor de Paula, de quem se aproximou durante o governo do estado. Em 2005, envolveu-se em uma polêmica nacional, ao fechar uma unidade da fábrica no Rio Grande do Sul, demitindo 800 funcionários, ao mesmo tempo que abria uma unidade na China. No final de 2006 anunciou seu desligamento da Azaléia.
Precedido por: Alceu Collares |
Governador do Rio Grande do Sul 1995 — 1998 |
Sucedido por: Olívio Dutra |