Taurus (banda)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Banda de thrash metal do Brasil.
O Taurus foi fundado na primeira metade de 1985, em meio a invasão do Heavy Metal nacional provocada pelo advento do Rock in Rio. Vários grupos do gênero surgiram no circuito underground de cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Algumas dessas bandas fizeram relativo sucesso, apesar de muitas dificuldades peculiares a qualquer tipo de som não convencional: escassez de espaços para shows, falta de divulgação e desinteresse da indústria fonográfica de grande circuito. Naquele momento, tal movimento passou por um processo de depuração, somente bandas com forte espírito de profissionalismo e seriedade sobreviveram.
A formação original do Taurus tinha Otávio Augusto (vocal), Cláudio Bezz e Marcos Godoy (guitarras), Jean (baixo), e Sérgio Bezz (bateria). Foi lançada no programa “Guitarras” da Rádio Fluminense FM “A maldita” (RJ) com as músicas “Batalha Final” e “Gladiadores” da primeira demo-tape (junho de 1985). Após a gravação o guitarrista Marcos Godoy deixa o grupo, passando a colaborar eventualmente.
Após bem sucedidas apresentações no Rio, e reunindo um significativo número de fiéis admiradores, a banda partiu para a gravação da segunda demo-tape (maio de 1986) que reunia as músicas “Batalha Final” (regravação), “Falsos Comandos”, “Massacre” e “Mundo em Alerta”. Tal trabalho revelou uma evolução da banda, o que levou a contratação pelo selo “Point Rock discos e representações”, do Rio de Janeiro, para o lançamento do primeiro LP, “Signo de Taurus” (julho de 1986). Além das músicas da última demo-tape continha também a faixa título, “Império Humano”, “Damien” e “Rebelião dos Mortos”. O disco é o registro inicial da banda, e coincide com o período de ascensão do Heavy Metal brasileiro, que desembocará numa fase de maturação, com a abertura de novos espaços, quer de shows, quer de lançamentos em vinil.
Em abril de 1987, após uma apresentação e Recife (PE), o vocalista Otávio Augusto deixou a banda por razões de ordem profissional. Para dar prosseguimento às suas atividades, foi convidado o vocalista Renato do grupo carioca Attica, provisoriamente, para ser substituído em julho do mesmo ano, em caráter definitivo, por Jeziel (vocal e guitarra base), ex-integrante da banda Destroyer (RJ).
A partir de então, o Taurus seguiu para uma série de apresentações em vários estados do Brasil, dando continuidade a tour de divulgação do primeiro LP, o que rendeu a Cláudio Bezz o titulo de melhor guitarrista nacional de 1987, segundo o ranking da revista “Metal”. Com o encerramento das apresentações, o grupo se entregou a preparação do material para um novo LP.
“Trapped in Lies” também contou com a produção do mesmo selo em março de 1988. O LP contem 8 faixas, todas em inglês, na intenção de divulgar o trabalho do grupo no mercado externo. O LP marca uma nova fase na história da banda e consequentemente, corresponde também ao período de estabilidade do metal nacional.
A temática do LP corresponde ao pensamento da banda, onde o cotidiano, as crises internacionais, e o momento atual são citados com toda a sua intensidade, objetivando trazer para a ótica do público alvo, temas mais politizados e subjetivos, de forma realista, dentro do estilo catártico da banda: climas pulsantes com mudanças radicais de andamento. A música “Trapped in Lies”, por exemplo, fala da controvérsia do discurso oficial e de seus reais resultados. Já “More Than You Can See” se prende a rotina do homem moderno, sua alienação em relação às questões mais profundas e relevantes. “Behind the Flags” soa como um hino de desilusão às doutrinas políticas e divisão dos povos. As outras faixas acompanham a mesma idéia: “Nothing to Say”, “Napalm Taste”, “Death by Booze” , além de “Aria” (instrumental) e “Communication Breakdown”, esta um cover da banda “Led Zeppelin”, adaptada ao estilo do Taurus.
Na tour de divulgação do LP, o Taurus teve a oportunidade de fazer o “open-act” da banda americana “Nasty Savage”, em sua passagem pelo Brasil. Mais dois shows marcaram grandes momentos dessa tour: Salvador(BA) e Belo Horizonte(MG), dando uma grande amostra do potencial do metal nacional, já com infra-estrutura de grande porte. A imprensa especializada deu ao Taurus os primeiros lugares do ranking nacional, com excelentes críticas ao então novo trabalho e aos shows. Fanzines e revistas da Europa cediam maiores espaços às bandas brasileiras, confessando-se impressionados com a qualidade dos trabalhos. Uma conquista para todos aqueles que apostavam no mercado externo, que mostrou-se ascendente e passível de maior investimento.
Em setembro de 1989, a banda partiu para a gravação de mais um LP, desta vez pelo selo paulista “Heavy Metal Rock”, com distribuição da Polygram.
“Pornography” procura o lado irreverente de temas ainda atuais, mergulhando algumas vezes numa observação introspectiva do próprio ambiente do Heavy Metal, como relata “Brainless” e “This Kind of People”. Em “Caustic Brains” é abordada a questão da destruição dos recursos naturais. “Watch you Say” é uma ironia ao que se diz e como pode ser utilizado pelos mecanismos do poder. A faixa titulo é uma critica aos conceitos de certo e errado, traçando comparações entre a realidade ofuscada e rótulos pré-estabelecidos. O conflito existencial é abordado em duas maneiras diversas: em “Born to Die” é encarado como uma paródia, em “Voices in the Void” de modo tenso e delirante. Na faixa “Denied Ways” questiona a geração “Flower Power” e os rumos tomados pelo movimento jovem, tão romântico e tão confuso. “Why can’t we Talk” fala da geração de então, dentro da ótica Heavy Metal, contestador e agressivo, suas posições dúbias com relação ao sentimento e a maneira de se expressar.
O último álbum traz ainda um conceito importante: a banda define “Pornography” como um trabalho de Rock pesado, rejeitando termos como “Power Metal”, “Trash Metal” ou até mesmo “Heavy Metal”. Tal postura visava trazer novamente para o bojo do Rock’n’Roll suas vertentes mais aceleradas (que não deixa de ser Rock), e diminuir o divisionismo e rótulos inúteis. Houve um certo momento em que se classificou o estilo em diferentes tendências, entretanto, tal preciosismo não trouxe quaisquer benefícios, somente episódios lamentáveis de intolerância. Isto demonstrava o quanto o Rock’n’Roll estava vivo e, melhor, se renovando, buscando uma unidade, sem se desintegrar em microestilos.
O que se pode concluir com esse terceiro trabalho é a evolução do som do Taurus dentro dessa nova fase, iniciada pelo “Trapped in Lies” e que chega em “Pornography” a um estágio de maturação, onde as bases estão mais instigantes, variadas, e os solos mais límpidos. É justamente esta polaridade que fez “Pornography” um inquietante trabalho de Rock pesado alternando entre momentos de expansão dos sentimentos de catarse e a reflexão sobre toda uma geração e um momento, onde letra e musica se resumem em uma única mensagem, compacta, formal e conjuntural. Justamente quando o Heavy Metal nacional passou por um efeito peneira e exigiu-se muito mais dos grupos que mero ímpeto de transpor barreiras, mas também de ocupar seu lugar legítimo entre as manifestações jovens de maneira séria e profissional. Em Dezembro de 2006 o selo marquee records relançou o primeiro disco da banda(Signo de Taurus) em formato digital remasterizado com vários bonus tracks