Michel Eyquem de Montaigne
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Michel Eyquem de Montaigne (28 de Fevereiro de 1533, château de Montaigne, no Périgord - 13 de Setembro de 1592, no mesmo lugar), escritor e ensaista francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objecto de estudo. É considerado um céptico e humanista.
Montaigne começou a sua educação com o seu pai. Este tinha um espírito por um lado vigilante e metódico e por outro aberto às novidades. Após estes estudos enveredou pelo Direito. Exerceu a função de magistrado primeiro em Périgoux (de 1554 a 1570) depois em Bordéus onde travou profunda amizade com La Boetie. Retirou-se para o seu castelo quando tinha 34 anos. Para se dedicar ao estudo e à reflexão. Levou nove anos a redigir os dois primeiros livros dos Essais. Depois viajou por toda a Europa durante dois anos (1580-1588). Faz o relato desta viagem no livro Journal de Voyage, que só foi publicado pela primeira vez em 1774. Foi presidente da Câmara em Bordéus durante quatro anos. Depois regressou ao seu castelo e continuou a corrigir e a escrever os Essais. Os seus Ensaios compreendem três volumes (três livros). Os seus Ensaios vieram a público em três versões: Os dois primeiros em 1580 e 1588. Na edição de 1588 aparece o terceiro volume. Em 1595 publica-se uma edição póstuma destes três livros com novos acrescentos.
Os Essais são um auto-retrato.São o autoretrato de um homem, não de um filósofo. O auto-retrato de um homem, mais do que o auto-retrato do filósofo. Montaigne apresenta-se-nos em toda a sua complexidade e variedade humanas. Procura também encontrar em si o que é singular. Mas ao fazer esse estudo de auto-observação acabou por observar também o Homem no seu todo. Por isso não nos é de espantar que neles ocorram reflexões tanto sobre os temas mais clássicos e elevados ao lado de pensamentos sobre as ventosidades que o rabo produz. Montaigne é assim um livre pensador. é um pensador sobre o Humano, sobre as suas diversidades e características. E é um pensador que se dedica aos temas que mais lhe apetecem, vai pensando ao sabor dos seus interesses e caprichos.
Se por um lado se interessa sobremaneira pela Antiguidade Clássica esta não é totalmente passadista ou saudosista. O que lhe interessa nos autores antigos, especialmente os latinos mas também gregos, é encontrar máximas e reflexões que o ajudem na sua vida diária e na sua auto-descoberta. Montaigne tenta assim compreender-se, através da introspecção, e tenta assim compreender os Homens.
Montaigne não tem um sistema. Não é um moralista nem um doutrinador. Mas não sendo moralista, não tendo um sistema de conduta, uma moral com princípios rígidos, é um pensador ético. Procura indagar o que está certo ou errado na conduta humana. Propõe-se mais estudar pelos seus ensaios certos assuntos do que dar respostas. No fundo Montaigne está naquele grupo de pensadores que estão a perguntar em vez de responder. E é na sua incerteza em dar respostas que surge um certo cepticismo em Montaigne. Como não está interessado em dar respostas apriorísticas tem uma certa reserva em relação a misticismos e crenças. É de notar um certo alheamento em relação ao Cristianismo e às lutas de religião que se viviam em frança. Embora não deixe de refletir em assuntos como a destruição das novas índias pelos Espanhóis. Ou seja, as suas reflexões visam os clássicos e a sua própria contemporaneidade. Tanto fala de um episódio de Cipião como fala de algum acontecimento do seu século como fala de um qualquer seu episódio doméstico.
[editar] Citações
- A palavra é a metade de quem a pronuncia, metade de quem escuta.
- Existem derrotas mais triunfantes que as vitórias.
- Os homens tendem a acreditar, sobretudo, naquilo que menos compreendem.
- O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim por sua opinião sobre o que acontece.
- Não me encontro onde procuro, mas de repente, quando menos espero.
- Apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. Por isso, aquele que quebra a sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana.
- [http://www.personal.us.es/jnr/mnt/ Tras los pasos de Montaigne(Español)