Marin Marais
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Marin Marais (Paris, 25 de maio de 1656 — Paris, 15 de agosto de 1728) foi um violista (tocador de viola) ou gambista e compositor francês do período barroco.
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[editar] Biografia
Marin Marais nasceu no seio de família modesta: seus pais foram Vincent Marais, fabricante de sapatos e Catherine Bellanger. Somente o irmão de Vincent, sacerdote católico, era de meio social mais elevado.
Em 1667, Marin Marais torna-se menino de coro da Saint-Germain-l'Auxerrois, onde encontrará Michel-Richard Delalande (igualmente menino de coro) e François Lalouette, pároco. Aos dezesseis anos, deixa voluntariamente Saint-Germain-l'Auxerrois e tenta aperfeiçoar-se junto de Sainte-Colombe na viola baixo que ele tinha aprendido por ocasião de sua formação como menino de coro. Esse último, sentindo-se talvez ameaçado pelo grande talento do jovem músico, diz-lhe ao final de seis meses que não tem mais nada a ensiná-lo!
Titon du Tillet relata que Marin Marais ter-se-ia então, a partir daquele dia, escondido embaixo do gabinete de trabalho de Sainte-Colombe, instalado em seu jardim, para tentar desvendar os segredos do Mestre, mas teria sido descoberto e castigado por Sainte-Colombe, ao fim de algum tempo.
Marais entra, em seguida, na orquestra da Academia Real de Música, dirigida por Jean-Baptiste Lully, talvez graças à influência de Lalouette, que também trabalhava na orquestra.
Em 1676, casa-se com Catherine Darnicourt com a qual ele teria tido (ainda segundo Titon du Tillet) dezenove filhos; foram encontradas informações sobre doze crianças, em todo o caso. Ele obtém em 1679 o cargo de tocador de viola da câmara do Rei Luís XIV. Acumulará esse cargo com a carreira de músico da Ópera, durante quarenta anos.
Foi em 1685 que Marin Marais começou a escrever peças para viola; o primeiro livro aparece em 1686. E nesse mesmo ano retoma a escrita da cena de o Idylle dramatique, que obterá grande sucesso. Lamentavelmente, a partitura se perdeu, apenas seu texto foi encontrado.
Após a morte de Jean-Baptiste Lully, que dá aos compositores maior liberdade para fazê-los tocar suas obras, Marais escreve Alcide (libreto de Jean Galbert de Campistron), em colaboração com Louis Lully (filho mais velho de Jean-Baptiste Lully), que será repreentado em 1693, com grande sucesso.
Paralelamente, apresenta-se como gambista com outros músicos da Corte de Luís XIV, mas também para membros da nobreza: o Duque da Burgonha, Madame de Montespan, Françoise d’Aubigné, etc.). E é nestes termos que Madame de Sévigné dava conta de tais apresentações musicais à sua filha, em carta de 1696:
- Os jovens, para divertir-se, dançaram ao som das canções, o que atualmente é grande moda na Corte. Tocava quem quisesse, e quem quisesse também emprestava a orelha ao belo concerto de Vizé, Marais, Descoteaux e Philibert. Depois disso, chegou a meia-noite e o casamento foi celebrado na capela da Prefeitura de Créquy.
O livro Peças em trio para flautas, violinos e viola, publicado em 1689, mostra o repertório utilizado por Marais para esses concertos na Corte.
Em 1701, Marais foi chamado para dirigir uma cerimônia muito grande para a cura do Delfim, reunindo 250 músicos e cantores, durante a qual foram interpretados, entre outros, dois de seus motetos: Domine salvum fac regem e outro cujo nome não ficou regist(r)ado.
Depois desse importante evento, tornou-se Maestro permanente da Ópera, por volta de 1704. Ele escreverá ainda Alcyone, tragédia musical (representada em 1706), que receberá também grande sucesso.
A seguir, Marais conhece um período menos fastoso, com o fracasso de Sémélé, que será sua última obra lírica. Em outras paragens, novos e brilhantes violistas vêm contestar sua supremacia de violista e de compositor: Louis de Caix d’Hervelois e sobretudo Antoine Forqueray.
Em 1708, Marais solicita e obtém que seu filho mais velho, Vincent, assuma seu posto de violista na Corte real. Ele continua, contudo, a tocar na Corte até a morte de Luís XIV, depois da qual suas atividades restringem-se muito. Não deixa, contudo, de ensinar e de praticar seu instrumento e vive com alguma tranqüilidade. Quase que exatamente um ano após a morte de sua filha mais velha, no dia 4 de agosto, morre ele no dia 15 de agosto de 1728.
[editar] Obras
[editar] Instrumental
[editar] Peças para viola de gamba
Marais escreveu perto de 600 peças para viola, repartidas em 5 livros, cada um deles compreendendo, entre outras, uma quarentena de suites, às vezes com peças de caracteres, como Tombeau pour Monsieur de Sainte-Colombe.
- Peças para uma e para duas violas (1686)
- Peças para uma e duas violas com aumento de muitas peças particulares em partição (1689)
- Peças de violas, Segundo livro (1701)
- Peças de viola, Terceiro livro (1711)
- Peças para uma e para três violas, Quarto livro (1717)
- Peças de viola, Quinto livro (1725)
[editar] Peças para trio
O músico foi um dos primeiros, em França, a ter escrito peças para trio.
- Peças para trio para flautas, violinos e viola (1692)
- A Gama e outros trechos de sinfonia para violino, viola e címbalo (1723)
[editar] As tragédias líricas francesas
- Alcide (1693)
- Ariane et Bacchus (1696)
- Alcyone (1706)
- Sémélé (1709)
[editar] Bibliografia
- Sylvette Milliot et Jérôme de La Gorce, Marin Marais, Paris, Fayard, 1991, (em francês)
[editar] Filme, romance
- Tous les matins du monde, filme de Alain Corneau (baseado no romance de Pascal Quignard), (em francês).
- Tous les matins du monde (Todas as manhãs do mundo), romance de Pascal Quignard (1991), (em francês).
[editar] Ligações externas
- As tragédias musicais de Marin Marais e suas representações no sítio do Prêmio CÉSAR, (em francês).
- Todas as peças para trio em edição moderna, para cópias livres não comerciais, (em francês).
- Os sinos de Santa Genoveva do Monte de Paris, em edição moderna para cópias livres não comerciais, (em francês).