Manuel Luís Maldonado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Manuel Luís Maldonado (Angra do Heroísmo, 8 de Setembro de 1644 — Angra do Heroísmo, 1711) foi um historiador, genealogista, sacerdote católico e militar português.

Foi condestável, capelão e encarregado do hospital militar da Fortaleza de São João Baptista do Monte Brasil, na ilha Terceira, Açores. É autor da obra Fénix Angrense, no original Fenix Angrence, um dos mais importantes monumentos da historiografia açoriana.

[editar] Biografia

Nascido um ano depois do fim da Guerra do Castelo, na freguesia da Sé da cidade de Angra, ilha Terceira, filho de Amaro Luís, condestável da Fortaleza de São João Baptista do Monte Brasil, e de sua mulher Isabel Gonçalves.

Desde jovem se interessou por temas de história, já que ele próprio afirma, na sua obra Fénix Angrense, que em 1669, com apenas 24 anos de idade, aquando da chegada à Terceira do rei D. Afonso VI de Portugal, desterrado para a Fortaleza do Monte Brasil, estava apto com todas as diligências necessárias para o sacerdócio, e já no entretenimento das averiguações antigas a título de curioso, sem que nestas totalmente me fossem de impedimento as ciências, ou estudos, de Moral e Especulativo em que lidava com pouco fruto.

Seu pai, Amaro Luís, faleceu a 27 de Fevereiro de 1670, sendo Manuel Luís Maldonado nomeado no cargo de condestável da artilharia, que ele ocupava, com data de 1 de Março de 1670.

A 2 de Setembro de 1674 tomou ordens de Epístola, a 8 do mesmo mês de Evangelho, e a 9 de Missa, sendo nomeado, a 23 de Novembro desse ano, capelão menor da Fortaleza de São João Baptista, numa altura em que frequentava o nono ano das Escolas Gerais do Colégio da Companhia de Jesus em Angra. Pregou o seu primeiro sermão a 15 de Setembro de 1680.

Por patente de 25 de Julho de 1689, foi nomeado capelão mor do Castelo e administrador do Hospital Militar da Boa Nova, que lhe ficava anexo.

Manuel Luís Maldonado faleceu, em Angra, no dia 24 de Outubro de 1711, deixando como legado a um sobrinho o seu precioso manuscrito da Fenix Angrense, o resultado de toda uma vida de investigação histórica.

[editar] A Fénix Angrense

Após a morte de Maldonado, o seu manuscrito, assinado com um anagrama, permaneceu esquecido durante muito tempo, não havendo notícia segura do seu percurso. As primeiras referências impressas aparecem por finais do século XVIII, onde Maldonado é confundido com Machado, e apresentado apenas como genealogista. É o caso de António Caetano de Sousa, no Aparato Genealógico da Casa Real Portuguesa, e de Diogo Barbosa Machado, na Biblioteca Lusitana Histórica, Crítica e Cronológica.

Deve-se a Francisco Ferreira Drummond, nos Anais da Ilha Terceira, a primeira referência aprofundada ao manancial de informações contido na Fenix Angrence, em muito contribuindo para o interesse posterior pela obra.

A obra foi escrita entre 1683 e 1711, já que os últimos capítulo ficaram incompletos, presumivelmente pela morte do autor.

Para além de uma extensa parte genealógica, lidando com as principais famílias das ilhas, a obra, na sua parte histórica divide-se em três livros:

• Livro Primeiro - Do Século de Quatrocentos, subdividido em alentos, cada um correspondendo a uma década, começando em 1450;
• Livro Segundo - Do Século de Mil e Quinhentos, subdividido em alentos, cada um correspondendo a uma ou mais décadas;
• Livro Terceiro - Do Século de Quatrocentos, subdividido em alentos, cada um correspondendo a uma década, terminando na Dezena de 1690.

A obra termina por um Epítome das Ilhas dos Açores, incompleto.

Acompanhando a narrativa há um largo acervo de transcrições de documentos, muitos hoje perdidos, que vão consubstanciando e integrando o texto do autor.

O manuscrito permaneceu inédito até 1989, quando, num imenso labor, Helder Fernando Parreira de Sousa Lima, o transcreveu e o anotou, sendo depois dado à estampa em três volumes, pelo Instituto Histórico da Ilha Terceira, com o apoio do Governo dos Açores.

[editar] Bibliografia

• Manuel Luís Maldonado, Fenix Angrence, 1.º vol. - Parte Genealógica, transcrição e notas de Helder Fernando Parreira de Sousa Lima, Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1989, Angra do Heroísmo, Açores.
• Manuel Luís Maldonado, Fenix Angrence, 2.º vol. - Parte Histórica, transcrição e notas de Helder Fernando Parreira de Sousa Lima, Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1990, Angra do Heroísmo, Açores.
• Manuel Luís Maldonado, Fenix Angrence, 3.º vol. - Parte Histórica, transcrição e notas de Helder Fernando Parreira de Sousa Lima, Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1997, Angra do Heroísmo, Açores.
• Ana Madalena Trigo de Sousa, A Fénix Angrense do padre Manuel Luís Maldonado: Estudo da parte histórica, in Islenha, n.º 36, Janeiro-Junho de 2005, pp.4-41, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, Funchal, Madeira.