Luísa Margarida de Barros Portugal
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Luísa Margarida de Barros Portugal (Santo Amaro da Purificação, 1818(?) — França, janeiro de 1891) foi a preceptora das princesas Leopoldina e Isabel, grande amor do Imperador Dom Pedro II e uma das mais vivazes figuras da côrte de Luís Filipe de França.
Filha do Visconde de Pedra Branca, estadista do Primeiro Reinado, desde cedo passou a viver, com o pai, entre França e Brasil. Terminou por casar-se com o nobre francês Conde de Barral e viver na corte de Luís Filipe de França.
Foi nessas circunstâncias que tornou-se amiga da Princesa de Joinville, Francisca de Bragança, irmã de Dom Pedro II. Quando a madrasta do Imperador, Amélia de Leuchtenberg, recusou a tarefa de ser a preceptora das princesas, foi a Princesa Francisca quem indicou Luísa Margarida de Barros Portugal ao Imperador.
Luísa Margarida foi, enfim, escolhida preceptora das princesas imperiais Isabel e Leopoldina Augusta, mas somente aceitou o posto após muita negociação e de certificar-se de seus poderes. Momentaneamente distanciada do marido e acompanhada de seu filho único, Horace Dominique, que mais tarde casou-se com Maria Francisca de Paranaguá, filha do segundo Marquês de Paranguá, transferiu-se para o Rio de Janeiro.
A Condessa de Barral passou a residir em uma casa alugada, uma vez que, por ter uma família, não poderia se contentar com um apartamento no Palácio de São Cristóvão. Foi, também, nomeada dama-de-companhia da Imperatriz Teresa Cristina em setembro de 1855, apesar de que a verdadeira companheira da Imperatriz fosse Dona Josefina de Fonseca Costa.
Luísa Margarida tratou logo de estabelecer sua autoridade no palácio, um local em que o poder era muito disputado, e por isso causou a fúria de muitos dos funcionários mais interesseiros. Possuía personalidade exuberante, ar acertivo, inteligência e, ao mesmo tempo, contraditória mentalidade católica, além de beleza física. Dotada de cultura sólida e amiga de intelectuais e celebridades da época, como Franz Liszt e o Conde de Gobineau, a Condessa servia de intermediária entre o Imperador e muitos intelectuais, com os quais Dom Pedro II trocou vasta correspondência.
Pedro II sentia-se atraído por tipos parecidos com o de sua madrasta Amélia, ou seja, mulheres intelectualizadas, diferentes de sua esposa, Dona Teresa Cristina. A Condessa de Barral, assim, tornou-se amiga íntima do Imperador Dom Pedro II e, segundo a maioria dos historiadores contemporâneos, sua amante.
Como é de se esperar, imediatamente criou-se um conflito entre a Imperatriz Teresa Cristina e a Condessa de Barral. No entanto, logo ficou claro que a Condessa não se colocaria na posição de uma mulher qualquer, e nenhuma evidência há de que tenha consumado seu caso com o Imperador. Pelo contrário, as correspondências que trocaram e que sobrevivem indicam que o relacionamento de ambos foi puramente platônico. Afinal, apesar de moderna e liberal, Luísa Margarida nunca deixou de seguir à risca a cartilha católica.
O relacionamento, uma amizade colorida ao tom das que existiam na França durante o período romântico, duraria até o ano da morte de ambos. Durante um largo período, manteve-se apenas por via epistolar. O imperador encontrou-se com a amiga nas duas viagens que empreendeu à Europa, em 1870 e 1887, e nos últimos meses de vida, quando, viúvo e exilado, passou algumas temporadas na residência da Condessa em Cannes.
Dom Pedro II teria mantido romances também com outras mulheres, como a Condessa de Villeneuve, a Madame de La Tour e Eponina Octaviano. As duas primeiras eram amigas pessoais da Condessa e teriam sido apresentadas ao imperador como forma de "entreterem" o amante.
A Condessa de Barral viria a falecer poucos meses antes do Imperador.
Na década de 1940, seu neto, o Marquês de Barral e Montferrat, doaria ao Museu Imperial de Petrópolis as cartas trocadas entre sua avó e o imperador do Brasil, que evidenciam o relacionamento entre ambos.
O acordo entre a Condessa e o Imperador dizia que ambos deveriam queimar as cartas recebidas um do outro imediatamente após serem lidas. Embora Dom Pedro II tenha seguido as regras, Luísa Margarida esporadicamente as desobedecia e guardava algumas cartas. Assim, as únicas cartas que sobrevivem foram recebidas pela Condessa, mas nenhuma enviada por ela ao Imperador.