Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo
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Atualmente o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (ou simplesmente LAOSP) é uma sociedade civil particular de interesse público pautada no ensino profissional. São três os constituintes do LAOSP:
- LAOSP - Indústria: resultado do desmembramento da atividade produtiva da escola (ver abaixo), é especializada na fabricação de bens de capital e materiais para a construção civil. Seu principal produto são os hidrômetros. É legalmente a mantenedora da Escola Técnica.
- LAOSP - Escola Técnica: responsável pela atividade-fim do LAOSP. Atualmente oferece cursos técnicos de nível médio, curso médio básico e cursos livres relacionados à area de tecnologia.
- Centro Cultural: responsável pela promoção das artes em geral e da preservação da memória da própria instituição.
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[editar] História
A instituição foi criada em 1873 por um grupo de aristocratas pertencentes à elite cafeeira nacional que pretendia formar mão-de-obra especializada para uma futura possível industrialização do país, de acordo com os ideais positivistas que pregavam a "dignificação do homem através do trabalho".
Inicialmente adotou-se o nome "Sociedade Propagadora da Instrução Popular". Não se pretendia nos primeiros anos promover educação profissional: lecionavam-se cursos noturnos de Primeiras Letras e Aritmética, entre outros, para adultos e crianças. Desde essa época, porém, já existia um Conselho Superior (presidido pelo Conselheiro Leôncio de Carvalho) que representava a elite paulista do período.
Passados sete anos, o Conselho Superior decidiu pela total reformulação da instituição e sua efetiva transformação em uma escola. Esta ainda não possuía sede nem diretrizes curriculares e o modelo adotados para a nova instiuição seriam as experiências européias dos Liceus de Artes e Ofícios (as Arts & Crafts Schools idealizadas por William Morris). O movimento das Arts & Crafts (artes e ofícios) já ocorria na Europa há algum tempo e pregava a valorização do trabalho manual do artesão na indústria capitalista.
Com a adoção do nome Lyceu de Artes e Officios, o novo modelo passa a ser exercido e são ministrados cursos de marcenaria, serralheria, gesso, desenho, entre outros, dentro do espírito positivista-burguês das Artes e Ofícios.
A partir de 1890, assume a direção do Liceu o arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo, responsável por uma nova reforma curricular e admistrativa da escola que a faria prosperar de modo inédito.
Ramos de Azevedo também foi um dos fundadores da Escola Politécnica da futura Universidade de São Paulo e trouxe da Bélgica um espírito empreendedor que ía de encontro aos interesses do Conselho Superior. A partir de sua reforma, os alunos do Liceu (aprendizes) passaríam a receber financeiramente pela obra que produziam. Esta obra levaria a marca de qualidade do Liceu estampada e seria vendida por todo o País. Com este modelo, o LAOSP tornou-se auto-suficiente e indepentende.
A prosperidade financeira do Liceu possibilitou a criação de uma sede definitiva. Em 1897 o Escritório Técnico Ramos de Azevedo iniciou o projeto do edifício da Praça da Luz, nunca concluído mas entregue em 1900. Este edifício, através de um acordo com o Estado de São Paulo, seria dividido entre o LAOSP e a recém criada Pinacoteca do Estado.
A produção industrial do Liceu prosperou nitidamente nos períodos de Guerras Mundiais, com o aumento do consumo de itens produzidos no país (devido à redução de importações).
Neste período, passaram pelo Liceu nomes como Victor Brecheret; Alberto Santos Dumont; Adoniran Barbosa. O Liceu se torna o principal divulgador e realizador de obras em estilo Art nouveau da cidade (e do país).
A partir dos anos 50, com a adoção pelo país de um novo modelo de desenvolvimento industrial, os artesãos do Liceu passaram a ser inadequados para as novas atividades de produção. Ocorreu a separação entre a atividade industrial da instituição e sua seção educacional: todo o ideal original de indissociabilidade entre arte e indústria se perdeu a partir daí.
São frutos dessa nova fase industrial: execução das esquadrias do MASP; execução de parte do mobiliário do Aeroporto Internacional de Cumbica; produção dos caixas-automáticos 24 Horas; entre outros.
Na década de 80 foi fundado o Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, estreando o espetáculo multimídia Multivisão.
Nos anos 70 ocorre uma nova reforma curricular e institui-se a Escola Técnica. Seus primeiros cursos envolvem Edificações (EDI), Máquinas e Motores (transformado em Mecânica - MEC - posteriormente), Decoração, Eletrônica (ELO) e mais tarde Desenho de Construção Civil (DCC) e Eletrotécnica. Quatro destes cursos (EDI, ELO, MEC e DCC) compuseram o núcleo pedagógico da escola e sobreviveram até 2002 (data da formatura de suas últimas turmas).
Os pilares do LAOSP sempre foram o ensino gratuito, formação profissional e humanística. Recentemente, porém, através de reformas na Escola levadas a cabo pela LAO-Indústria, instituiu-se o ensino pago e a total separação entre a formação profissional e o ensino básico.
[editar] Obras com a marca Liceu
A lista seguinte reúne edifícios e monumentos em que existem registros da atuação do Liceu, seja em sua construção, seja em seus materiais.
- Pinacoteca do Estado - ornamentos moldados pelos aprendizes do Liceu.
- Teatro Municipal de São Paulo - lustre monumental no saguão produzido nas oficinas do Liceu.
- Palácio das Indústrias de São Paulo - pára-raios feito pelo Liceu.
- Estação Júlio Prestes - esquadrias executadas pelo Liceu.
- Monumento a Duque de Caxias - moldado no Liceu.
- Monumento às bandeiras - moldado no Liceu, sob orientação de Victor Brecheret.
[editar] Ver também
[editar] Outros artigos
[editar] Páginas externas
- LAO-Indústria: www.laosp.com.br
- Escola Técnica: www.liceuescola.com.br
- Associação de ex-alunos: http://www.aexalao.com.br
[editar] Referências bibliográficas
- GORDINHO, Margarida Cintra (org.). Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Missão excelência. São Paulo: Editora Marca d'Água, 2000. 119p. il. ISBN 858511830X.