Instituição total
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Instituição total é aquela que controla ou busca controlar a vida dos indivíduos a ela submetidos substituindo todas as possibilidades de interação social por "alternativas" internas. O conjunto de efeitos causados pelas instituições totais nos seres humanos é chamado de institucionalização.
Algumas características importantes das instituições totais são:
- conselhos de observadores e patronos, normalmente integrados por membros da classe média alta, os chamados "grandes e notáveis"
- cozinhas, refeitórios e dormitórios coletivos
- desrespeito aos direitos humanos e à dignidade dos internos
- envolvimento de internos em trabalhos não-remunerados ou mal remunerados em troca de pequenos privilégios
- frequência compulsória a cultos religiosos
- localização rural e/ou isolada
- regimes autoritários e opressivos
- regras e código de conduta severos
- restrições à liberdade pessoal e à posse de objetos pessoais
- separação rígida dos sexos
- sistema administrativos hierárquicos
- uso excessivo de restrições físicas e medicamentosas
- uso obrigatório de uniformes
[editar] Histórico
[editar] Reino Unido
Organizações públicas e civis ganharam grande autoridade e poder durante e após o século posterior à Revolução Industrial na Inglaterra e em outras nações em rápido desenvolvimento. A crescente demanda industrial por grandes suprimentos de força de trabalho no século XIX também criou a idéia de que as necessidades e direitos dos indivíduos vulneráveis ou improdutivos fossem considerados de menor importância do que as necessidades da sociedade como um todo. Grandes contingentes de mendigos e altas taxas de criminalidade e doença foram as consequências das mudanças sociais e econômicas massivas experimentadas no período posterior à vitória da Inglaterra na Batalha de Waterloo.
Durante o período que vai de 1850 a 1930 diversos tipos de instituições foram criadas na Inglaterra por demanda popular, do parlamento e de autoridades locais para prover abrigo, atenção à saúde, educação e suporte financeiro a indivíduos em necessidade. Na ponta superior da escala, internatos públicos como os de Eton e de Harrow foram criados ou grandemente expandidos para atender a demanda crescente por educação para os filhos daqueles que prestavam serviço na colonias além-mar. Eram vistos como modelos de evolução social e muitas versões pioradas surgiram para atender às camadas menos favorecidas da população. Praticamente todo burgo do Reino Unido foi obrigado por força de lei a providenciar alguma forma de auxílio aos pobres, criminosos, órfãos, mutilados de guerra, idosos sem condições de se manter além de escolas para surdos e cegos como também asilos ou manicômios para pessoas com dificuldade de aprendizagem ou com problemas mentais.
Muitas dessas organizações, apesar de expressarem objetivos e aspirações idealísticas, se tornaram instituições totais na acepção completa da expressão no espaço de uma ou duas gerações a partir de sua criação produzindo e garantindo espaço para controles sociais e ocupacionais severos. Internos ficam presos a um sistema que não apresenta nenhuma rota óbvia de escape ou promoção. Ainda nos anos 1950, na Inglaterra centenas de milhares de pessoas viviam em manicômios e "colônias" vitorianos.
A resistência de muitas instituições à mudança, conforme previsto por Enoch Powell, segue no século XXI e ainda há milhares de pessoas internadas de maneira permanente nos manicômios remanescentes por todo o Reino Unido.