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Indústria cultural

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Indústria cultural é o nome genérico que se dá ao conjunto de empresas e instituições cuja principal atividade econômica é a produção de cultura, com fins lucrativos e mercantis. No sistema de produção cultural encaixam-se a TV, o rádio, jornais, revistas, entretenimento em geral; que são elaborados de forma a aumentar o consumo, modificar hábitos, educar, informar, podendo pretender ainda, em alguns casos, ter a capacidade de atingir a sociedade como um todo.

A expressão "indústria cultural" foi utilizada pela primeira vez pelos teóricos da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer no livro Dialektik der Aufklärung (Dialética do Esclarecimento ou Dialética do Iluminismo, em português). Nessa obra, Adorno e Horkheimer discorrem sobre a reificação da cultura por meio de processos industriais.

Informações da Organização Mundial do Comércio (OMC) dão conta de que o faturamento das indústrias criativas no mercado internacional duplicou nos primeiros três anos do século XXI. Segundo os cálculos dos especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU), a economia criativa, que envolve setores tão díspares como o teatro, o artesanato, a televisão, o cinema, a publicidade e desenvolvimento de programas de computador, entre muitos outros, é responsável, hoje, por 7% das riquezas produzidas no mundo (o produto Interno Bruto, ou PIB) e, como cresce rapidamente, logo chegará aos 10%. Essa, no entanto, é uma média estatística, e esconde disparidades terríveis, que não podem ser ignoradas.

A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da Unesco, de 2002 afirma: "Frente às mudanças econômicas e tecnológicas atuais, que abrem vastas perspectivas para a criação e a inovação, deve-se prestar particular atenção à diversidade da oferta criativa, ao justo reconhecimento dos direitos dos autores e artistas, assim como ao caráter específico dos bens e serviços culturais".

Na 11ª reunião da Unctad, realizada em São Paulo, no Brasil, em 2004, abriu-se espaço para o debate sobre o papel das chamadas indústrias da criatividade no desenvolvimento. O resultado foi a proposta de criação de um Observatório Internacional para o setor, com o objetivo de apoiar os formuladores de políticas públicas e outros interessados, encorajando a capacitação, a valorização da diversidade cultural e a construção de redes de distribuição e comércio. Para reduzir a distância entre países pobres e ricos em termos de recursos para a construção de ambientes favoráveis ao florescimento da economia criativa, a Unesco criou um fundo, cujo objetivo é ajudar artistas e gestores culturais a encontrar financiamento para seus projetos, de modo que a diversidade possa se beneficiar com a globalização ao invés de ser vitimada por ela.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), apenas três países, o Reino Unido, os Estados Unidos e a China, produzem 40% dos bens culturais negociados no planeta -- entre eles livros, CDs, filmes, videogames e esculturas. As vendas da América Latina e da África, somadas, não chegam a 4%. Ao divulgar essas informações, resultantes da análise de 120 economias, em dezembro de 2005, o diretor-geral da Unesco, Koïchiro Matsuura, afirmou: "Embora a globalização dê oportunidades para que os países compartilhem suas culturas e seus talentos criativos, é claro que nem todas as nações são capazes de aproveitar as oportunidades que se apresentam". E cinco sextos da população mundial – uma multidão de um bilhão de pessoas -- vivem em países em desenvolvimento ou absolutamente pobres. Estão, portanto, entre os que não conseguem aproveitar as tais oportunidades de que falou o diretor da Unesco.

O professor argentino, diretor do programa de estudos sobre cultura urbana na Universidade Autônoma Metropolitana do México, Néstor Canclini, coleciona informações bastante interessantes sobre o poder da indústria criativa dos países ricos, e a ignorância das pessoas acerca da riqueza cultural alheia. Algumas delas são as seguintes. A indústria audiovisual é a maior exportadora dos Estados Unidos. Fatura 60 bilhões de dólares por ano. Desde a década de 1990, seis empresas transnacionais tomaram conta de 96% do mercado mundial de música. Compraram pequenas gravadoras e editoras em países latino-americanos, africanos e asiáticos. No que se refere ao cinema a situação é ainda mais chocante. Mais de 90% das telas norte-americanas só exibem filmes feitos no próprio país. O americano comum, portanto, não conhece o que se faz no estrangeiro. E o que se produz, na verdade, é pouco -- 85% dos filmes exibidos em todo o planeta brotam de Hollywood. Mesmo países europeus como a França e a Itália, que no passado foram reconhecidos pela qualidade de suas fitas, andam lutando para se manter à tona.

Em todo o planeta os países estão se movimentando para proteger sua produção criativa e estimular seu crescimento. Países como Índia, Bangladesh, Laos e África do Sul tomaram medidas para resguardar suas práticas de medicina tradicional. No Cazaquistão, o design dos tapetes persas foi registrado e protegido como propriedade intelectual. Na Hungria, 6% das receitas das emissoras de televisão são direcionados à produção de filmes nacionais. O Egito estimula parcerias público-privadas para financiar a infra-estrutura da indústria cinematográfica.

Zurique, na Suíça, adotou uma estratégia para desenvolver o setor cultural em 2003. A cidade passou a ser apresentada como um porto liberal para pensadores, empreendedores e criadores e atraiu muita gente. Hoje, as indústrias criativas são grandes empregadoras na cidade. Algo semelhante ocorreu em Viena, na Áustria, onde foi lançado em 2004 um plano para promover e facilitar o crédito a pequenas e médias indústrias criativas -- em áreas diversas, de moda e música a multimídia e design. Atualmente o setor emprega mais de 100 mil pessoas. Na França, 40% das músicas tocadas pelas emissoras de rádio têm de ser em idioma francês. O governo subsidia a produção de filmes nacionais para a televisão e as expressões culturais do povo gaulês. Desde 1983 o Instituto para o Financiamento do Cinema e das Indústrias Culturais oferece garantias de 50% a 70% do valor dos empréstimos concedidos pelos bancos aos empreendimentos do setor. O escritório dedicado a cuidar da exportação da música francesa foi criado em 1993, e está presente em Nova York, Londres, Berlim e Paris. O volume de vendas saltou de 1,5 milhão de CDs em 1992 para mais de 39 milhões em 2000.

No Reino Unido a expressão “Creative Britain” foi cunhada em 1997. Os órgãos públicos foram orientados a estabelecer parcerias com o setor privado para impulsionar as indústrias criativas. Os resultados servem de exemplo para outras iniciativas. Em 2002 o setor representou 4,2% de todos os produtos e serviços exportados pelo país -- e o crescimento das vendas externas é, em média, de 13% ao ano. Criou cerca de 8% da riqueza produzida em 2003. Os dados são do ministério das Indústrias Criativas, cujo ministro, James Purnell, pretende transformar a Grã-Bretanha no maior centro criativo do planeta. Atualmente 120 mil empresas dessa área estão registradas no Inter-Departamental Business Register.

Em 1980 o Canadá começou a dar atenção à economia criativa, quando uma lei permitiu a liberação de verbas para programas de treinamento, de abertura de empresas e de criação de empregos no setor. Em 1993, apenas treze anos depois, foi feito um estudo sobre os resultados obtidos. Entre outras coisas, constatou-se que cada dólar aplicado em atividades relacionadas à cultura gera 3,2 dólares na atividade econômica como um todo. Hoje, segundo o Conselho da Cidade de Toronto, somente no município existem 190 mil pessoas (14% da força de trabalho) atuando na área cultural em empresas que faturam cerca de 9 bilhões de dólares por ano. Na Argentina existe uma autarquia que recolhe 10% do faturamento dos cinemas, 10% das locadoras de vídeos e impostos pagos pela publicidade em geral para subsidiar a produção nacional de filmes. Resultado: em 2003, em plena crise recessiva, o país produziu 50 longas-metragens, o dobro da média registrada entre 1980 e 1990.

[editar] Indústria cultural no Brasil

A indústria cultural no Brasil, não apresenta homogeniedade, pois existe uma grande diferença entre as classes sociais. A desigualdade na divisão de renda, impossibilita a existência de uma sociedade de consumo consistente.

Um dos meios de comunicação com maior poder de alienação da indústria cultural brasileira é a televisão, onde são vinculadas em sua maioria, programas que não levam o espectador a refletir, pensar...no entanto, o levam para um mundo de sonhos e fantasias...o fazem sair da realidade, do seu cotidiano. Não descartando o fato de que programas populares como a novela tem grande aceitabilidade, pois mostram situações do dia-a-dia da população brasileira, por conseguinte, tem ligação com a realidade da cultura do país.

No Brasil, os cálculos mais abrangentes indicam que o PIB Cultural contribui com apenas 1% da riqueza nacional

Em abril de 2005 ocorreu em Salvador, na Bahia, um Fórum Internacional, que contou com o apoio da Unctad, do UNDP e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ali foi lançada a pedra fundamental do Centro Internacional das Indústrias Criativas, onde se concentrarão a pesquisa e os dados sobre o setor em todo o mundo.

'We do it different', ou ‘Nós fazemos diferente’ é o mote da campanha lançada pelo Brasil na Europa para aproveitar a Copa do Mundo de Futebol de 2006. A idéia foi implementada pela Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil) para fortalecer a marca nacional no mercado exterior. Entre muitas outras iniciativas, a Apex busca novos mercados para os instrumentos musicais brasileiros que são variados, bonitos, de boa qualidade, mas vendem pouco. Parte dessas informações foram obtidas nos sites [www.desafios.org.br] e [www.minc.gov.br], que trazem mais dados sobre o tema.

Outros organismos têm se preocupado em valorizar as tradições culturais brasileiras -- música, produção artesanal, teatro, festas regionais -- que, descobriu-se recentemente, constituem produtos, mercadorias, que podem ser vendidos e gerar renda a populações mais carentes e ao país como um todo.

O novo setor, que já tem espaço garantido e políticas públicas apropriadas em países como Austrália, Inglaterra, França e Canadá, só em 2005 começou a ser discutido no Brasil. E tem mostrado alguns avanços. O turismo regional tem crescido, há tribos indígenas em processo de organização para exportação de seus produtos tradicionais, novos pólos de desenvolvimento de softwares estão se implantando no país.

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