História do Chipre
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Várias escavações têm demonstrado que durante o Neolítico e a Idade do Bronze os cipriotas tinham uma cultura avançada. A história de Chipre passou pela ocupação por egípcios, assírios, persas, gregos, durante a antiguidade. Colônia micênica no século XIV a.C., foi governada sucessivamente pelos impérios assírio, persa, romano e bizantino. Povoada desde o século VII a.C., foi exportadora de cobre e de madeira.
Em 1191, durante uma cruzada à Terra Santa, o rei Ricardo I Coração de Leão da Inglaterra conquistou a ilha e a vendeu ao cruzado francês e rei Guy de Lusignan de Jerusalém. Imediatamente foi criada uma monarquia feudal que se prolongou até à Idade Média. Importante base para os cruzados, o reino dos Lusignan, serviu de base de ataque para as diversas Cruzadas que se aventuravam na Palestina. Algum tempo depois, os mercadores de Gênova e de Veneza passaram a controlar o comércio da ilha até o século XV. Chipre foi conquistada, em 1489, pelos venezianos e tornou-se base naval para a República de Veneza. A ilha permaneceu parte do Império Veneziano até 1571, quando caiu em mãos do Império Turco-Otomano, que instaurou um arcebispado na região.
No início do século XIX começaram sérias revoltas na ilha. O Império Otomano manteve a ilha sob seu controle até 1878, quando foi derrotado na Guerra Turco-russa de 1877-1878. Temendo a expansão russa, a Turquia induziu a Inglaterra a administrar o Chipre.
Em 12 de Julho de 1878, os britânicos assumiram o controle do território pelo Congresso de Berlim, depois da autorização do sultão turco que continuou a ser o soberano do Chipre. Mas em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha formalmente anexou a ilha e, em 1915, ofereceu-a à Grécia. De acordo com o Tratado de Lausanne (1923), a Turquia reconheceu formalmente a soberania britânica sobre o Chipre. Dois anos mais tarde, a ilha se tornou uma colônia britânica.
Desde o início houve uma rivalidade entre as comunidades de língua grega e as de língua turca, sendo que os primeiros desejavam a união (enosis) com a Grécia. As primeiras revoltas a favor da enosis aconteceram em 1930. O arcebispo Makarios lidera a campanha pela enosis e é deportado para as Seychelles em 1956 depois duma série de atentados na ilha.
Após a Segunda Guerra Mundial houve muita violência civil, na qual a organização terrorista cipriota Eoka teve o papel principal. Em agosto de 1954, a Grécia tentou anexar a ilha. A Turquia afirmou sua oposição à anexação do Chipre pela Grécia, declarando que diante de sua desocupação pela Inglaterra, a ilha deveria retornar ao controle da Turquia.
As negociações realizadas em 1959 entre as diversas partes do conflito levaram a um acordo para a concessão de uma Constituição que tornasse o Chipre uma repúblicaindependente da Comunidade Britânica, cujo funcionamento fosse garantido pela Inglaterra, Turquia e Grécia.
No ano seguinte, Chipre, Grécia e o Reino Unido assinam um tratado que declara a independência da ilha, ficando os britânicos com a soberania das bases de Akrotiri e Dhekelia. A independência foi proclamada em 16 de agosto de 1960, sendo eleitos presidente o greco-cipriota Makarios, arcebispo ortodoxo; e vice-presidente, o turco-cipriota Fazil Kuchuk. A violência], entretanto, continuou.
Makarios era presidente, mas a constituição indicava que os turco-cipriotas ficariam com a vice-presidência, com poder de veto, o que dificultou o funcionamiento do estado e as relações entre greco-cipriotas e turco-cipriotas, desembocando em explosões de violência intercomunitéria em 1963 e 1967. Em dezembro de 1963, as comunidades turca e grega da ilha entraram em conflito quando o presidente propôs alterações constitucionais que pressupunham a supressão do direito da minoria turca de exercer o veto legislativo. Os turco-cipriotas pretendiam a divisão da ilha, enquanto os greco-cipriotas insistiam na existência de um Estado unido com garantias dos direitos das minorias nacionais. Em 1964 o governo era um caos e uma força de paz da ONU teve de intervir.
Em 15 de julho de 1974, a Guarda nacional do Chipre levou a cabo um golpe greco-cipriota favorável à incorporação à Grécia e derrubou o presidente Makarios. As forças turcas invadiram o território do Chipre e, um mês depois, passou a controlar militarmente o norte da ilha. Conversacões em Genebra entre a Grã-Bretanha, Turquia, Grécia e as duas comunidades cipriotas fracassaram, e, apesar de Makarios poder reassumir a presidência em 1975, o Estado Federado Turco de Chipre foi formado no norte pelos cipriotas turcos em 1983, compreendendo cerca de 35% da ilha, e tendo seu próprio presidente, Rauf Denktash. O governo, entretanto, era apenas reconhecido pela Turquia. Esta foi a origem da República Turca de Chipre do Norte, um Estado de fato que atualmente só é reconhecido pela Turquia e pela Organização da Conferência Islâmica. A zona sul permaneceu sob o controle grego. Ao longo desse processo, cerca de 20 mil greco-cipriotas abandonaram o setor sob controle turco, que eqüivale a 40% da ilha, no norte, e cerca de 50 mil turco-cipriotas saíram do sul para refugiar-se nessa área.
A Grã-Bretanha manteve uma importante base para sua força aérea na zona sob controle grego, e também um importante centro de inteligência. A partir de meados da década de 1980 iniciaram-se conversações acerca da reunificação , embora nunca tenham tido sucesso.
Com a morte de Makários, Spyros Kyprianou assumiu a presidência (1977-1988). Em 1990, Chipre solicitou a admissão na Comunidade Européia e, em 1993, Glafcos Cléridès foi eleito presidente da república. A república turca ainda não foi reconhecida por nenhum outro Estado, mas os países que mantêm relações com Chipre (inclusive o Brasil) continuam a ter contatos informais com o líder turco. A chamada "Questão cipriota" tem sido freqüentemente incluída nas agendas das assembléias gerais das Nações Unidas. A população da ilha está dividida em 80% de greco-cipriotas e 20% de turcos. O nível de vida no setor grego é superior ao da Grécia continental.
Depois de uma nova crise em janeiro de 1997, causada pela compra de mísseis russos por parte do governo greco-cipriota, os presidentes Glafcos Klerides e Rauf Denktash, das duas coletividades, iniciaram um novo diálogo com o objetivo de chegar à reunificação de Chipre.
A República de Chipre aderiu formalmente à União Europeia no dia 1 de Maio de 2004 numa cerimónia realizada em Dublin. Ao mesmo tempo, se aplica um plano para a reunificação apoiado pelas Nações Unidas, apesar de um referendo em que 76% dos greco-cipriotas terem votado contra.