Galaico-português
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Galaico-português é uma maneira já ultrapassada para designar uma língua extinta de que o português e o galego descendem, em geral conhecido como galego medieval pelos galegos, e como galego-português pelos portugueses, mas, cada vez mais, como 'galego-português' por especialistas de todas as nacionalidades.
A língua considera-se formada no século XII, principalmente como desenvolvimento do latim vulgar falado pelos conquistadores romanos a partir do século II d.C.
No seu momento foi língua culta fora dos reinos da Galiza e de Portugal nos reinos vizinhos de Leão e Castela. Por exemplo, o rei castelhano Afonso X o Sábio, escreveu as suas Cantigas de Santa Maria em galego-português. A sua importância foi tal que se considera a segunda literatura durante a Idade Média só depois do Occitano.
O documento da lírica galego-portuguesa mais antigo parece ser a cantiga satírica "Ora faz ost'o senhor de Navarra" de Johan Soares de Pavha, datado por alguns de 1196.
As recompilações líricas medievais galego-portuguesas mais importantes são:
- Cancioneiro da Biblioteca Nacional (antigo Colocci-Brancuti)
- Cancioneiro da Vaticana
- Cancioneiro da Ajuda (anteriormente conhecido como Cancioneiro do Colégio dos Nobres).
- Cantigas de Santa Maria, de Afonso X de Castela
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[editar] Documentos mais antigos em Galaico-Português
Recentemente foi achado o documento mais antigo escrito na Galiza , o qual data do ano 1228, trata-se do Foro do bõ burgo do Castro Caldelas outorgado por Afonso IX em Abril do dito ano ao município de Alhariz (Galiza, Espanha).
O mais antigo documento Latino-Português, encontrado em Portugal, é chamado de Doação à Igreja de Sozello, encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, é datado do ano de 870 d.C.
A Notícia de fiadores (1175) é o documento Português mais antigo conhecido, com data.
Recentemente descoberto, o Pacto dos irmãos Pais reivindica o título de texto mais antigo encontrado em Portugal, no entanto é apenas datável por conjectura, é provavelmente anterior a 1173.
Outro documento, a Notícia de Torto, sem data, acredita-se que tenha sido escrito entre 1211 e 1216. O Testamento de Afonso II, é datado de 1214.
O galego-português, comum à Galiza e a Portugal, teve 700 anos de existência oficial e plena, mas as derrotas que os nobres galegos sofreram ao tomar partido pelos bandos perdedores nas guerras pelo poder em finais do séc. XIV e princípios do séc. XV provocam a assimilação da nobreza galega e a dominação castelhana, levando à opressão e ao desaparecimento público, oficial, literário e religioso do galego até finais do séc. XIX. São os chamados "Séculos Escuros". O português, por seu lado, durante este período gozou de protecção e desenvolvimento livre, graças ao facto de Portugal ter sido o único território peninsular que ficou fora do domínio linguístico do castelhano. Desta forma se separaram as duas línguas ou dialetos irmãos.
[editar] Galego x Português da Galiza
O idioma galego pode ser grafado à maneira portuguesa (usando dígrafos como lh e nh) ou à maneira espanhola (grafando os mesmos dígrafos como ll e ñ). O idioma galego propriamente dito, ou "galego isolacionista", "galego concórdia" ou "galego RAG" é grafado à maneira espanhola. Quando se escreve essas palavras à maneira portuguesa, costuma-se chamar de "galego reintegrado" ou "português da Galiza". A forma oral do galego é muito semelhante aos dialectos portugueses falados no norte de Portugal.
[editar] Tradição oral na cultura galego-portuguesa
O património cultural imaterial galego-português está presente nas tradicões orais populares e é hoje um património em perigo de extinção, o que levou à sua candidatura conjunta pelos governos de Portugal e de Espanha à "Masterpiece of Oral and Intangible Heritage of Humanity" em 2005.
O folclore galego-português é muito rico em tradições orais; estas incluem as “cantigas ao desafio” ou “regueifas”, mitos e lendas, cantigas, ditados e lengalengas, além dos falares que retêm uma grande semelhança ao nível morfológico e sintáctico, no léxico e na fonética. A tradição oral está ligada a diversas actividades tradicionais que se transmitem oralmente como as celebrações das festas populares tais como o entrudo, o magusto, as festas da coca, o são João, as festas marítimas, romarias, música e danças populares. Nos ofícios, como as actividades piscatórias, a agricultura e o artesanato, além de serem actividades que são transmitidas de geração em geração de forma verbal, cada actividade usa de um vocabulário específico. Também nos costumes, nos falares, nos bailes, nos rituais, na medicina tradicional e na farmacêutica popular, nas artes culinárias, nas superstições e crendices, existe todo um conhecimento que é transmitido oralmente.
[editar] Controvérsia
Galego-português é um termo envolvido numa controvérsia entre os círculos académicos reintegracionistas galegos e os não reintegracionistas – denominados isolacionistas. Os integracionistas usam os termos galegoportuguês, galego-português, ou ainda galaico-português para designar a língua românica que, segundo eles, na Península Ibérica recebe os nomes de galego ou português. Para os integracionistas, posto que do galego medieval nasceram os actuais galego e português, o nome mais correcto desde o ponto de vista histórico é galego, posto que os habitantes do norte de Portugal às vezes são também conhecidos por galegos. Os galegos da Galiza e os galegos do Norte de Portugal faziam a província romana da Galécia ou Gallæcia (posteriormente Reino da Galiza) e ainda hoje depois da separação de Portugal e Galiza os galegos e galaico-portugueses formam juntos uma mesma identidade cultural que é candidata a ser reconhecida património da humanidade pela UNESCO. Contudo, para os integracionistas os dois idiomas nunca se separaram de fato, e devem voltar a ser tratados como um único idioma.
Mais raramente, o termo é também usado para designar um facto, objecto ou sujeito comum à Galiza e a Portugal, ou para designar algo relativo ou pertencente ao período em que a Galiza e Portugal formavam uma única unidade política no reino Suevo da Galécia antes de ser divido pelos visigodos nos condados de Gallizia e Portugallia.
[editar] Referências
- Cintra, Luís F. Lindley (1971) Nova proposta de classificação dos dialectos galego-portugueses. Boletim de Filologia XXII, pp. 81-116.
[editar] Ligações externas
- O mais antigo documento Latino-Português [[3]]
- Os mais antigos textos escritos em português [[4]]
- Pergaminhos: colecção da Casa de Sarmento [[5]]
- d'Azevedo, Pedro; Documentos de Vairão (séc. XII),Revista Lusitana, Volume XIV, Livraria Clássica Editora, Lisboa 1911 [[6]]
- Geografia da língua Portuguesa - Dialectos portugueses [[7]]
- Ethnologue [[8]]