Détente
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Em 1984, o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan anunciou que tinha ordenado à NASA que construísse uma estação orbital permanente num prazo de dez anos.
A estação se chamaria FREEDOM - ‘Liberdade’. Reagan era um presidente que ainda chamava a União Soviética de Império do Mal.
Apesar do discurso agressivo que acompanhou presidentes americanos durante as quase três décadas de Guerra Fria, a tentação de compartilhar custos e tecnologia com os soviéticos sempre existiu.
Poderia ter ocorrido antes do que se imaginava. O presidente John Kennedy, dois meses antes de ser assassinado, aventou a idéia de uma cooperação com os soviéticos. Morto Kennedy, ninguém falou mais em trabalhar junto no espaço.
Lançamento do ônibus espacial Atlantis, que leva equipamento para a estação orbital rusa, MIR, 25 de setembro 1997 A aproximação com a Rússia foi aos poucos. Começou efetivamente em 1972, o mesmo ano em que foi assinado um tratado de limitação de armas estratégicas.
Durante três anos se preparou um vôo que passaria para a História - o da acoplagem no espaço das naves Apolo e Soyuz.
A política de abertura de diálogo entre o bloco soviético e os Estados Unidos - a chamada détente - garantiu o encontro no espaço.
Mas desconfiança ainda existia. Foi só quando a União Soviética se desintegrou, em 1989, que os americanos resolveram convidar os russos para participar de um projeto conjunto. Fato é que Ronald Reagan esperava animar o empresariado americano e o Congresso com a Freedom.
O projeto ia custar caro. A entrada da Rússia foi importante porque ela arcaria com trinta por cento dos custos.
A Rússia também tem equipamento e experiência. Sem a Rússia, seria difícil fazer a estação espacial internacional.
Os russos tinham na estação espacial MIR um caso de sucesso.
Foi construída para ficar cinco anos no espaço. Lá se vão treze anos e ela continua lá.
Uma representação artística da missão Apolo-Soyuz, 27 de maio, 1975 A estação internacional reuniu logo outros parceiros, entre a Europa, Canadá, Japão e o Brasil, mostrando que a próxima fase da exploração do espaço é de iniciativas internacionais.
Mas o grande parceiro da estação ainda é a Rússia, e há problemas.
A ironia é que, se por uma lado a desintegração da União Soviética permitiu uma aproximação política com os Estados Unidos e a cooperação no espaço, por outro, a emergência de países soberanos dificultou o programa espacial russo.
A plataforma de lançamento russa, por exemplo, fica num outro país, o Cazaquistão.
E, como nos Estados Unidos, sem o ‘incentivo’ da guerra fria, falta dinheiro para o programa espacial, problema pior ainda devido ao estado da economia russa.
Técnicos da NASA dizem que no começo a relação com os russos foi difícil.
Eles trabalham de um jeito diferente. Chegou-se a um meio termo depois de muitas reuniões. Não é que os americanos façam as coisas melhor, são é mais metódicos, buscam mais garantias de segurança.
A preocupação com os russos aumentou ainda mais com a queda, em julho de 1999, de um foguete russo Próton. O foguete é o que vai levar ao espaço o segundo dos dois módulos russos da estação espacial.
Atrasos só fazem subir o custo dessa estação, que já está em torno dos 30 bilhões de dólares, sem contar os vôos do ônibus espacial que está levando as peças para o espaço.
Cosmonautas russos e astronautas americanos examinam equipamento para a missão conjunta Apolo-Soyuz O Brasil participa principalmente com peças que vão servir para armazenar equipamento para fazer experiências.
O Brasil também ganha o direito de enviar seu astronauta ao espaço. O paulista Marcos Pontes, major da Força Aérea, está sendo treinado pela NASA em Houston, no Texas.
A ida de um brasileiro é certa, mas ainda não tem data marcada.
Ela deve ter uma vida útil de quinze anos. Vai poder ser vista a olho nu, porque a órbita é relativamente baixa, de duzentos a quinhentos quilômetros de altitude. A estação também é bem grande, do tamanho de um campo de futebol.
Os engenheiros dizem que ela vai ser a estrela mais brilhante no céu. A estrela feita pelo homem, que vai iluminar mais as noites do século 21.
E, quem sabe, vai ser o nosso trampolim para vôos a Marte.