Celso Furtado
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Celso Monteiro Furtado (Pombal, 26 de julho de 1920 — Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2004) foi um importante economista brasileiro e um dos mais destacados intelectuais do país ao longo do século XX. Suas idéias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econômicas dominantes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.
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[editar] Biografia
Nascido na Paraíba, em 1939 entrou para a Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, tendo concluído o curso em 1944, mesmo ano em que foi convocado para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), servindo na Itália.
Em 1946, ingressou no curso de doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, concluído em 1948 com uma tese sobre a economia brasileira no período colonial. Retornou ao Brasil, trabalhando no DASP e na Fundação Getúlio Vargas.
Em 1949, mudou-se para Santiago do Chile, integrando a recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas. Sob a direção do economista argentino Raúl Prebisch, a CEPAL se tornaria naquele período um importante centro de debates sobre os aspectos teóricos e históricos do desenvolvimento.
Na década de 1950, Furtado presidiu o Grupo Misto CEPAL-BNDES, que elaborou um estudo sobre a economia brasileira que serviria de base para o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. Mais tarde, é convidado pelo professor Nicholas Kaldor ao King's College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde escreveu Formação Econômica do Brasil, clássico da historiografia econômica brasileira.
Retornando ao Brasil, assumiu uma diretoria do BNDE e participou da criação, em 1959, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). “Formação Econômica do Brasil”, a mais consagrada obra de Celso Furtado, foi escrita nesse ano, no mesmo período em que o autor ocupava o cargo de diretor do BNDE do governo de Juscelino Kubitschek. Nesse ano, Furtado já havia sido diretor da Divisão de Desenvolvimento da CEPAL por oito anos (de 1949 a 1957), fator que orientou a metodologia e os objetivos da obra. Isto é, Furtado procurou descrever a evolução da economia brasileira, dentro do paradigma latino-americano, pela análise da estrutura produtiva de cada período histórico da sociedade brasileira (daí a famosa denominação “estruturalista” para o pensamento cepalino em geral), dando ênfase em conceitos analíticos especificamente cepalinos, tais como a visão da economia internacional baseada nas relações entre países centrais, industrializados, e países periféricos, agrícolas.
Em 1962 foi nomeado o primeiro Ministro do Planejamento, elaborando o Plano Trienal. Em 1963 retornou à superintendência da SUDENE, criando e implantando a política de incentivos fiscais para investimentos na região.
Com o golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Exilado, mudou-se para o Chile e, mais tarde, para os Estados Unidos, onde seria pesquisador na Universidade de Yale. Em 1965, mudou-se para a França, assumindo a cátedra de Desenvolvimento Econômico da Universidade de Paris, permanecendo nos quadros da Sorbonne por vinte anos. Na década de 1970 viajou a diferentes países seja em missão das Nações Unidas, seja como conferencista ou professor-visitante.
Com a Anistia, em 1979, retornou à militância política no Brasil, que passou a visitar com freqüência. Conciliou esta atividade com suas tarefas acadêmicas como diretor de pesquisas da Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris.
Em 1981 filia-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1985 foi convidado participar da Comissão do Plano de Ação do governo Tancredo Neves. De 1986 a 1988 foi o ministro da Cultura do governo José Sarney. Nos anos seguintes, retomou a vida acadêmica e participou de diferentes comissões, tendo seu nome figurado entre os candidatos ao Prêmio Nobel de Economia. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1997.
[editar] Academia Brasileira de Letras
Foi eleito a 7 de agosto de 1997, como oitavo ocupante da Cadeira 11, que tem por Patrono Fagundes Varela, tomou posse a 31 de outubro deste mesmo ano, saudado pelo Imortal Eduardo Portella.
Em seu discurso de posse, registrou:
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- "O fundador desta Cadeira número 11 foi um antepassado meu, Lúcio Furtado de Mendonça , de quem possivelmente herdei os pendores memorialísticos, o gosto malsucedido pela ficção literária e uma irreprimível sensibilidade social. Esse socialista declarado empenhou-se na criação desta Academia e certamente a ele mais do que a ninguém devemos a existência desta nobre Instituição."
Precedido por: Darcy Ribeiro |
ABL - cadeira 11 1997 - 2004 |
Sucedido por: Helio Jaguaribe |
[editar] Pensamento e obras
As obras mais importantes de Furtado foram:
- Contos da vida expedicionária – de Nápoles a Paris. RJ, Zelio Valverde, 1946
- A economia brasileira. RJ, A Noite, 1954
- Uma economia dependente. RJ, Ministério da Educação e Cultura, 1956
- Perspectivas da economia brasileira. RJ, Instituto Superior de Estudos Brasileiros, 1958
- Formação econômica do Brasil. RJ, Fundo de Cultura, 1959
- Outras edições:
- Formação econômica do Brasil. 14ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976.
- Formação econômica do Brasil. 24ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1991.
- Outras edições:
- A Operação Nordeste. RJ, Instituto Superior de Estudos Brasileiros, 1959
- Uma política de desenvolvimento econômico para o Nordeste. RJ, Imprensa Nacional, 1959
- Desenvolvimento e subdesenvolvimento. RJ, Fundo de Cultura, 1961
- Subdesenvolvimento e Estado democrático. Recife, Condepe, 1962
- A pré-revolução brasileira. RJ, Fundo de Cultura, 1962
- Dialética do desenvolvimento. RJ, Fundo de Cultura, 1964
- Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. RJ, Civilização Brasileira, 1966.
- Teoria e política do desenvolvimento econômico. SP, Editora Nacional, 1967
- Um projeto para o Brasil. RJ, Saga, 1968
- Formação econômica da América Latina. RJ, Lia Editora, 1969
- Análise do "modelo" brasileiro. RJ, Civilização Brasileira, 1972
- A hegemonia dos Estados Unidos e o subdesenvolvimento da América Latina. RJ, Civilização Brasileira, 1973
- O mito do desenvolvimento econômico. RJ, Paz e Terra, 1974
- A economia latino-americana. SP, Editora Nacional, 1976
- Criatividade e dependência na civilização industrial. RJ, Paz e Terra, 1978
- O Brasil pós-"milagre". RJ, Paz e Terra, 1981
- A nova dependência, dívida externa e monetarismo. RJ, Paz e Terra, 1982
- Não à recessão e ao desemprego. RJ, Paz e Terra, 1983
- Cultura e desenvolvimento em época de crise. RJ, Paz e Terra, 1984
- A fantasia organizada. RJ, Paz e Terra, 1985
- A fantasia desfeita. SP, Paz e Terra, 1989
- Transformação e crise na economia mundial. SP, Paz e Terra, 1987
- ABC da dívida externa. SP, Paz e Terra, 1989
- Os ares do mundo. SP, Paz e Terra, 1991
- Brasil, a construção interrompida. SP, Paz e Terra, 1992
- O capitalismo global. SP, Paz e Terra, 1998
[editar] Ligações externas
- Furtado na Academia
- Celso Furtado em História do pensamento econômico
- Biblioteca Celso Furtado
- Centro Celso Furtado