Azeite-de-dendê
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O azeite-de-dendê ou óleo de palma é um azeite popular na culinária brasileira e no candomblé e produzido a partir do fruto da palmeira conhecida como Dendezeiro (Elaeis guineensis).
Indispensável na cozinha afro-brasileira, é utilizado em pratos como caruru, vatapá, acarajé, bobó-de-camarão, abará, entre outros. Além do uso culinário, o azeite-de-dendê pode também substituir o óleo diesel, embora seja muito mais caro, sendo ainda rico em vitamina A.
É empregado na fabricação de sabão e vela, para proteção de folhas-de-flandres e chapas de aço, fabricação de graxas e lubrificantes e artigos vulcanizados.
O processo de extração do azeite pode ser artesanal ou não e pode levar horas, já que o fruto de cor marrom/escura é firme.
INTRODUÇÃO
O dendezeiro (Elais guineesis Jaquim), é uma palmeira originária da costa ocidental da África (Golfo da Guiné), sendo encontradas em povoamentos subespontâneo desde o Senegal até Angola.
O óleo originário desde de palmeira - o azeite de dendê, consumido a mais de 5000 anos, foi introduzido no continente a partir do século XV, coincidindo com o início dos tráficos de escravos entre a África e o Brasil.
No contexto atual, o azeite de dendê é o segundo óleo mais produzido e consumido no mundo, representando 18,49% da produção e 20,40% do consumo mundial.
A região Sudeste da Bahia possui uma diversidade edafo-climática excepcional para o cultivo do dendezeiro, com uma disponibilidade de área da ordem de 752.625 hectares, que, aliada à existência do país de uma demanda insatisfeita da ordem de 500.000 toneladas de óleo de dendê; de importações que se situam entre 100 e 150 mil toneladas, além do aspecto ambietal-ecológico possibilitando a recomposição de espaço florestal em processo adiantado de degradação , por "florestas de cultivo"; econômico-social, proporcionando aumento da renda regional e criação de novos empregos, além de funcionar como vetor de sustentação da própria cacauicultura e finalmente estratégico, buscando através da agricultura integrada, o caminho de desenvolvimento harmonizando os recursos da terra com os valores humanos.
CLIMA
Os fatores climáticos de maior importância para o cultivo do dendezeiro são: chuva, horas de brilho solar e temperaturas máxima e mínima.
Chuva- Uma adequada disponibilidade de água no solo de forma constante é condição extremamente importante para o desenvolvimento e produção. O regime pluviométrico ideal caracteriza-se por uma precipitação média anual de 1800 a 2000 mm, com precipitações mensais sempre superiores a 100mm, segurando boa distribuição ao longo do ano.
Brilho Solar- Altos níveis de radiação solar são indispensáveis para o crescimento e produção. A isolação necessária para a expressão do potencial produtivo do dendezeiro, situa-se em torno de 1800 horas/ano.
Temperatura- Fator importante na determinação do crescimento e produção sendo observados que as maiores produções são obtidas em regiões com pequenas variações de temperatura e onde a média anual situa-se entre 25 e 27ºC e sem ocorrência de temperaturas mínimas a baixo de 19ºC por períodos prolongados.
SOLO
Embora seja cultivados em diferentes tipos de solos, variações nas propriedades físicas e químicas causam diferentes significativas na produção. Os parâmetros mais importantes são: profundidade efetiva > de 90 cm, textura franca ou mais argilosa, estrutura forte ou moderada, permeabilidade moderada, relevo plano ou suave ondulado, não pedregoso, sem concreções de ferro, alumínio ou manganês e sem camada adensada, consistência muito friável ou firme e regime de umidade alto.
VARIEDADE
As variedades são classificadas de acordo com a espessura da casa (endocarpo) em:
Dura - Apresenta casaca com mais de 2mm de espessura e fibras dispersas na polpa, esta variedade é usada como planta feminina na produção de híbridos comerciais.
Psifera - Os frutos dessa variedade não possuem casca separando a polpa da amêndoa. Ela é usada como fornecedoras de pólen na produção de híbridos comerciais.
Tenera - Apresenta espessura de casca inferior a 2mm e um anel fibroso ao seu redor; é obtida através do cruzamento entre as variedades Duras e Psifera, sendo recomendada para plantios comerciais.
FORMAÇÃO DE MUDAS
O sucesso de um plantio comercial de dendezeiros comercias depende do material genético utilizado e do processo de formação de mudas, que compreende as seguintes etapas:
Pré-viveiro - Tem início com a repicagem da semente pré-germinada para sacos semelhantes aos utilizados para mudas de cacau, e tem normalmente a duração de 4 meses, obtendo-se ao final uma muda com quatro folhas lanceoladas.
Viveiro - Feito a céu aberto, localizado preferencialmente próximo a uma fonte abundante de água afim de facilitar a irrigação. Os sacos plásticos utilizados no viveiro medem 40x40cm com 0,002mm de espessura, com capacidade para 20 a 25 kg de solo. O período de permanência no viveiro varia de 8 a 10 meses e as mudas a serem levadas a campo apresentam uma altura de 80 a 120 cm e com 8 a 12 folhas funcionais.
Tratos culturais no viveiro - Durante o período de formação das mudas são importantes ainda os tratos culturais: Irrigação, adubação, eliminação de ervas daninhas e controles de pragas e doenças.
PLANTIO DEFINITIVO
Escolhas da área - A área para o plantio de dendê deve ser plana ou suave ondulada, com declividade inferior a 8%, que não apresente dificuldade para o uso de máquinas agrícolas.
Preparo da área - Em função das características da vegetação (mata virgem, mata raleada, área degradada, plantação velha de dendê ou cultivo anual), da disponibilidade de equipamentos e de sistema de exploração, o preparo da área pode ser manual (broca, derruba, queima, abertura de linhas e pontos de plantio), mecanizado (derruba, queima e enleiramento) , ou misto.
Plantio de leguminosa - Com o objetivo de proteger o solo, controlar ervas daninhas e fixar o nitrogênio, recomenda-se o plantio de uma cobertura verde que se estabeleça rapidamente, tenha pouca altura, não afete o sistema radicular do dendezeiro, ciclo vegetativo curto e baixo custo de implantação; neste caso a mais recomendável é o kudzú ( Pueraria phaseoloides).
ESPAÇAMENTO, COVEAMENTO E PLANTIO
Tradicionalmente o dendezeiro é implantado no espaçamento de 9x9x9m em triângulo equilátero o que implica num espaçamento de 7,8m entre linhas e de 9m entre plantas na linha que deve estar orientada no sentido norte-sul para evitar sombreamento entre plantas; desta forma é possível colocar 143 plantas por hectare.
Abertura de covas - Deve ser feita manual e mecanicamente, nas dimensões de 40x40x40cm, separando-se a camada superficial do solo rica em matéria orgânica, para colocar no fundo quando do enchimento da cova.
Plantio de mudas - Deve ser feito em período chuvoso. O coleto (região entre a parte aérea e as raízes), deve ficar ao nível do solo; após o plantio é importante comprimir .a terra em volta da planta.
TRATOS CULTURAIS NO CAMPO
Coroamento - Consiste em eliminar as plantas daninhas que crescem em volta do dendezeiro, mantendo limpa a área ao seu redor, evitando competição e proporcionando condições favoráveis ao desenvolvimento.
Roçagem - Nos primeiros anos, é necessário eliminar, periodicamente, a vegetação existentes nas estrelinhas, visando facilitar o estabelecimento de leguminosa.
Adubação - A obtenção de altos rendimentos só é possível com a utilização racional de fertilizante, já que o dendezeiro requer cerca de 192,5 kg de nitrogênio, 26 kg de fósforo, 251,4 de potássio, 61,3 de magnésio e 99,3 de cálcio por ha/ano para o crescimento e produção de 25 toneladas de cachos por hectare/ano. Os métodos usados com guia para recomendação de adubação baseia-se em: análise de solo dá uma idéia da disponibilidade de nutrientes no solo; análise foliar - indica o estado nutricional da planta naquele momento e estabelecem níveis críticos para cada nutriente; experimentos de adubação - através dos quais é possível determinar as necessidades exatas para um determinado tipo de solo e sob certas condições ambientais.
Controle de pragas - A principal praga do dendezeiro de importância econômico na Bahia , é o Rhynchophorus palmarum, cujas larvas alimentam-se dos tecidos do estipe, fazendo galerias que podem provocar uma podridão interna; quando atinge o meristema provoca a morte de planta.
O Rhynchoprus palmarum é o principal vetor do nematóide causador da doença "anel vermelho" . O controle desta praga é feito com iscas armadilhas (pedaços de estipe do dendezeiro ou toletes de cana-de-açúcar) envenenadas com Furadan 350 SL.
Outras pragas ocorrem de forma esporádica como a broca das raízes causada pela Sagalassa valida e lagartas desfoliadoras como Sibine fusca e Brassolis sophoraea .
Controle de doenças - O anel vermelho, causado pela nematóide Rhadinaphelencus cocophilus , é a única doença de importância econômica para o dendezeiro, no estado da Bahia; o inseto transmissor do nematóide é o Rhychoprus palmarum , que conduz o nematóide no intestino, traquéia e nas cavidades do corpo. As medidas de controle do inseto são a única forma de se evitar a incidência da doença. O dendezeiro é suscetível ao toque de outras doenças de importância econômica, especialmente na região amazônica, onde ocorrem: fusariose, causada pelo fungo Fusarium oxysporum , merchitez, causada pelo protozoário Phytomonas sp e amarelecimento fatal, cujo agente causal é desconhecido.
Colheita - A colheita é um trabalho muito importante, porque é nesta etapa que se obtém os resultados de todos os esforços e investimentos com o cultivo. Na execução no trabalho de colheita duas etapas importantes devem ser observadas: grau de maturação dos frutos - este fator esta diretamente relacionado com o conteúdo de óleo na polpa e com a qualidade do óleo obtido. O critério mais simples para se identificar o estágio ideal de maturação dos cachos são os frutos soltos que normalmente se encontram no pé da planta, quando o cacho está maduro recomendando-se que esse número não seja superior a 10 frutos; freqüência de colheita - a maturação dos cachos ao longo de todo o ano, por isso é necessário, que os intervalos de colheita sejam curtos de forma que um cacho que deixou de ser colhido em um ciclo, não esteja excessivamente maduro no seguinte comprometendo a qualidade do óleo a ser obtido.
PRODUÇÃO
Um plantio corretamente conduzido inicia a produção ao final do terceiro ano após o plantio, com uma produção entre 6 e 8 toneladas de cachos/ha, atingindo o pico máximo de produção no oitavo ano podendo atingir 25 toneladas de cachos/ha produção que permanece neste nível até o décimo sétimo ano, declinando ligeiramente até o final da sua vida útil produtiva que ocorre por volta dos vinte e cinco anos. Dos frutos do dendezeiro, podem ser extraídos dois tipos de óleos: óleo de polpa, conhecida no Brasil como azeite de dendê e óleo de palmiste. O rendimento em óleo representa 22% do peso dos cachos para o óleo de polpa e 3% para o óleo de palmiste.
BENEFICIAMENTO
O beneficiamento da produção deve ser iniciado imediatamente após a colheita, e consta das seguintes etapas: esterilização - tem como finalidade inativar enzimas que provocam acidez e facilitar o desaparecimento dos frutos do cacho; debulhacuja finalidade é separar os frutos do cacho; digestão - quebra estrutura das células da polpa, facilitando a liberação do óleo e prensagem - a massa saída do digestor é submetida à presagem, separando o óleo e uma misturas de fibras e sementes que em seguida passa pelo desfibrador, que por ventilação separa as fibras das sementes. As fibras são utilizadas como combustível nas caldeiras; as sementes são transportadas para os secadores; após a secagem são encaminhadas para os quebradores e em seguida são separadas as cascas e amêndoas que após serem trituradas, por prensagem se extraem o óleo de palmiste; o resíduo restante representa a torta que contém, 14 a 18% de proteína e pode ser utilizada como componente de ração animal.
COMPOSIÇÃO E USOS
O azeite de dendê, contém proporções iguais de ácidos graxos saturados( palmítico 44% e esteárico 4%) e não saturados (oléico 40% linolécio 10%).
È uma fonte natural de vitamina E, tocofeiros e tocotrienois que atuam como antioxidantes. É rico também em betacaroteno, fonte importante de vitamina A.
É o óleo mais apropriado para fabricação de margarina, pela sua consistência e por não rancificar, excelente como óleo de cozinha e frituras, sendo também utilizados na produção de manteiga vegetal (shortening), apropriada para fabricação de pães, bolos, tortas, biscoitos finos, cremes etc. O maior uso de óleo de dendê é como matéria-prima na fabricação de sabões, sabonete, sabão em pó, detergentes e amaciantes de roupa biodegradáveis, podendo ainda ser utilizados como combustível em motores a diesel.