André Gide
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André Gide (Paris, 22 de Novembro de 1869 - 19 de Fevereiro de 1951), escritor francês.
Este escritor francês, brilhou em quase todos os géneros literários. Oriundo de uma família da alta burguesia, foi o fundador da Editora Gallimard e da importante Nouvelle Revue Française.
Em 1947 recebeu o Prémio Nobel de Literatura.
Entre as suas obras conta-se «Les nourritures terrestres» (Os alimentos terrestres), Corydon, A Sinfonia Pastoral e O Imoralista.
A primeira dessas obras, escrita em 1897, quando ainda tinha menos de 30 anos de idade, é um dos seus textos mais conhecidos. É um longo e inspirado poema em prosa sobre o desejo e o acordar dos sentidos, que suscita ainda hoje o entusiasmo e a admiração de muitos leitores, em particular dos mais jovens.
[editar] Excertos de «Les nourritures terrestres»
Passei três anos de viagem a esquecer ao contrário tudo o que tinha aprendido pela cabeça.
Foi uma desinstrução lenta e difícil; mas foi-me mais útil do que todas as instruções impostas pelos homens,
e verdadeiramente o começo de uma educação.
Há doenças extravagantes
Que consistem em se querer ter o que se não tem.
Devemos ficar à espera de tudo o que vier a nós,
sem desejarmos o que não temos.
Desejando apenas o que vier.
Cada espera não deve ser um desejo,
só mesmo uma disposição para acolher.
Não devemos preparar as nossas alegrias,
Ou, pelo menos, devemos saber que em seu lugar nos virá surpreender uma outra alegria.
Toda a felicidade é de encontro e apresenta-se a ti em cada instante como um mendigo na estrada.
O que conheci de mais belo sobre a terra foi a minha fome.
Sempre foi fiel a tudo o que a esperava.
Ao chegar a cada albergue, saudou-me sempre uma fome,
em frente a cada fonte esperou-me sempre uma sede.
E sempre uma sede diferente em frente a cada uma delas.
Senti sempre desejo de andar, onde se abria uma estrada;
de repousar, onde uma sombra me convidava;
de nadar, quando estava perto de águas profundas;
de amar ou de dormir, perto de cada leito.
A águia entusiasma-se com o seu voo.
O rouxinol embebeda-se com as noites de Verão.
A planície treme de calor.
Que toda a emoção se transforme para ti numa bebedeira.
Se o que comes não te estonteia é porque não tinhas ainda fome suficiente
e não devias ter comido.
Cada acção perfeita é sempre acompanhada por uma certa voluptuosidade.
É assim que se reconhece que a devíamos fazer.
Não gosto dos que se acham com mérito por terem trabalhado penosamente.
Porque, se o que fizeram foi penoso, seria por certo melhor que tivessem feito outra coisa.
A sinceridade do meu prazer é o mais importante dos meus guias.
A nossa vida deve aparecer-nos à nossa frente como um copo húmido e
cheio de água gelada, nas mãos de um homem cheio de febre;
que quer beber, e que o bebe de um trago, embora saiba que devia esperar;
mas que não consegue afastar essa delícia dos seus lábios,
tão fresca está a água, e tanto o altera o ardor da sua febre.
Estamos ligados aos nossos actos como um fósforo à sua chama.
Eles consomem-nos, é verdade, mas são eles que nos dão o nosso esplendor.
E, se a nossa alma valeu alguma coisa, é porque ardeu com mais ardor do que outras.
Aprendi a agir sem julgar se a acção é boa ou má.
Amar sem me inquietar se é o bem ou se é o mal.
Uma existência patética em vez da tranquilidade.
E a não desejar nenhum repouso sem ser o que chegar com o sono da morte.
Quando um ambiente se tornou parecido contigo
Ou quando te tornaste parecido com o ambiente
Já não te é vantajoso. Precisas de o deixar.
Nada é pior para ti do que a tua família, o teu quarto e o teu passado.
Que a tua visão seja em cada instante nova.
Não desejes nunca voltar a provar as águas do passado.
Não procures, no futuro, encontrar nunca o passado.
Agarra de cada instante a novidade do que se não parece com nada.
O sábio é aquele que se deslumbra com tudo.
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