Aleixo III
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Aleixo III Ângelo (em grego: Αλέξιος Γ' Άγγελος) (c. 1153 - 1211) foi imperador de Bizâncio entre 1195 e 1203.
Índice |
[editar] O início
Aleixo III Ângelo era o segundo filho de Andrónico Ângelo e de Eufrósine Castamonitissa. Andrónico era ele próprio filho de Teodora Comnena, a filha mais nova do imperador Aleixo I Comneno e de Irene Ducaina. Aleixo Ângelo era portanto membro da família imperial em sentido alargado. Juntamente com o seu pai e com os seus irmãos, Aleixo conspirara contra o imperador Andrónico I Comneno (c. 1183), e passara, por isso, vários anos exilado em cortes muçulmanas, inclusive na de Saladino.
O seu irmão mais novo, Isaac, foi ameaçado de morte por ordem do seu primo direito assim que Andrónico I foi afastado do trono a 11 de Setembro de 1185. Isaac, desesperado, atacou os agentes imperiais e matou o seu comandante, Estêvão Hagiocristoforites. Refugiou-se em seguida na basílica de Santa Sofia e daí apelou à população de Constantinopla. Com isto causou um motim que levou ao afastamento de Andrónico I e à aclamação como imperador de Isaac II Ângelo.
[editar] Reinado
Em 1190 Aleixo Ângelo regressara à corte do seu irmão mais novo, das mãos do qual recebeu o alto título de sebastokratōr. Em 1195, enquanto Isaac II caçava na Trácia, Aleixo foi aclamado imperador pelas tropas com a conivência da esposa de Isaac, Eufrósine Ducaina Camaterina. Aleixo capturou Isaac em Estágiras na Macedónia, vazou-lhe os olhos e manteve-o a ferros sempre perto de si, embora Isaac o tivesse resgatado da prisão em Antioquia e o tivesse cumulado com honrarias.
Para redimir-se deste crime e ao mesmo tempo consolidar a sua posição no trono, Aleixo teve de distribuir dinheiro tão generosamente que deixou o tesouro vazio, e tratou os oficiais do exército tão benevolentemente que o império ficou praticamente sem defesa. A imperatriz Eufrósine Ducaina Camaterina, competente e enérgica, tentou em vão suster a sangria financeira; Vatatzes, o seu homem de mão favorito na tentativa de reformar o império, acabou por ser assassinado por ordem do imperador.
No Oriente o império estava a ser avassalado pelo Seljúcidas; a norte os búlgaros e os valáquios abatiam-se sobre as planícies da Macedónia e da Trácia sem que ninguém se lhes opusesse, e Kaloyan da Bulgária tomou várias cidades importantes, enquanto Aleixo gastava somas astronómicas em palácios e jardins e tentava resolver a crise por via diplomática. As tentativas do imperador de fortalecer as defesas do império através de concessões a aristocratas bizantinos e búlgaros nas regiões fronteiriças deu maus resultados, uma vez que aqueles aproveitaram para se estabelecerem como senhorios independentes. A autoridade bizantina sobreviveu, mas num enquandramento muitíssimo enfraquecido.
[editar] Quarta Cruzada
Pouco depois Aleixo viria a defrontar-se com uma ameaça ainda mais impressionante. Em 1202 os príncipes ocidentais reunidos em Veneza lançaram a Quarta Cruzada. Aleixo Ângelo, filho do deposto Isaac II, fugira havia pouco de Constantinopla e apelara para os Cruzados, prometendo-lhes o fim do Grande Cisma do Oriente cisma entra as igrejas Ortodoxa e Católica, o custo do seu transporte e apoio militar aos Cruzados, se estes o ajudassem a depor o tio e e colocassem a ele no trono que fora de seu pai.
Os cruzados, cujo objectivo inicial era o Egipto, deixaram-se convencer a desviar o rumo para Constantinopla, diante da qual surgiram em Junho de 1203, proclamando Aleixo como imperador e incitando a população da capital a derrubar Aleixo III. O imperador não tomou medidas para resisitir, e as suas tentativas para subornar os cruzados fracassaram. O seu cunhado, Teodoro Láscaris, o único a esboçar um movimento de resistência, foi derrotado em Scutari, e teve início o cerco de Constantinopla.
A 17/18 de Julho os cruzados, comandandos pelo idoso Doge Enrico Dandolo, escalaram as muralhas e tomaram a cidade de assalto.Durante os combates no interior das muralhas Aleixo III escondeu-se no palácio e, por fim, meteu-se num barco e fugiu com uma das suas filhas, Irene, com todos os tesouros que conseguiu juntar, rumo a Develton na Trácia, deixando para trás a sua mulher e demais filhas. Isaac II, tirado da prisão e envergando novamente a púrpura imperial, recebeu apoteoticamente o seu filho.
[editar] O exílio
Aleixo tentou organizar a resistência ao novo regime a partir de Andrianopla e depois de Mosinópolis, onde se lhe juntou o futuro usurpador Aleixo Ducas Murzuflus em Abril de 1204, depois da queda definitiva de Constantinopla para os Cruzado e do estabelecimento do Império Latino.
Inicialmente Aleixo III recebeu bem Aleixo Ducas, concedendo-lhe mesmo a mão da sua filha Eudóxia em casamento. Mais tarde Aleixo V foi cegado e abandonado à sua sorte pelo sogro, que fugiu dos Cruzados para a Tessália. Aqui Aleixo III rendeu-se, com a sua mulher, ao marquês Bonifácio de Montferrat, que se estabelecera como governante do efémero Reino de Tessalónica.
Tentanto escapar à "protecção" de Bonifácio, Aleixo III tentou encontrar asilo junto de Miguel I Ducas, déspota do Épiro, em 1205. Capturado por Bonifácio, Aleixo III e os seus acompanhantes foram mandados para Montferrat, antes de serem trazidos de volta a Tessalónica por volta de 1209. Por esta altura o imperador deposto foi resgatado por Miguel I do Épiro, que o enviou para a Ásia Menor, onde o genro de Aleixo, Teodoro I Láscaris do Império de Niceia criara um Estado para resisitir aos Latinos.
Aqui Aleixo III conspirou contra o seu genro depois deste ter-se recusado a aceitar a autoridade de Aleixo, e nisso foi apoiado por Kay Khusrau I, sultão de Rume. Na batalha de Antioquia-na-Pisídia, nas margens do rio Meandro em 1211, o sultão foi derrotado e morto, e Aleixo III foi capturado por Teodoro Láscaris. Aleixo III foi encerrado num mosteiro em Niceia, onde veio a falecer em 1211.
[editar] Família
Do seu casamento com Eufrónise Ducaina Camaterina, Aleixo teve três filhas:
- Irene Angelina, que se casou com (1.º) Andrónico Contostefanos, e (2.º) Aleixo Paleólogo, através do qual era avó do imperador Miguel VIII Paleólogo.
- Ana Angelina, que se casou com (1.º) o sebastokratōr Isaac Comneno, sobrinho-neto do imperador Manuel I Comneno, e (2.º) Teodoro I Láscaris, imperador de Niceia.
- Eudóxia Angelina, que se casou com (1.º) o rei Estêvão I Prvovenčani da Sérvia, (2.º) o imperador Aleixo V Ducas, e (3.º) Leão Sgouros, governador de Corinto.
[editar] Fontes
- Michael Angold, The Byzantine Empire, 1025-1204: A Political History, segunda edição (Londres e Nova Iorque, 1997)
- C.M. Brand, Byzantium Confronts the West (Cambridge, MA, 1968)
- Jonathan Harris, Byzantium and the Crusades (Londres e Nova Iorque, 2003).
- The Oxford Dictionary of Byzantium (Oxford , 1991), 3 vols.
- K. Varzos, Ē genealogia tōn Komnēnōn (Tessalónica, 1984)