Acumulação entravada
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Acumulação entravada é um termo criado por Csaba Deák, que se refere à base material da reprodução da sociedade brasileira, que ele classifica como 'sociedade de elite'.
É uma reprodução ampliada, em que parte do excedente produzido anualmente é incorporada à produção (acumulado), enquanto outra parte é expatriada e fica assim perdida para o processo de acumulação. Assim, se o processo de produção é capitalista, onde predomina a produção de mercadorias e o trabalho assalariado, ele difere da produção capitalista nos países ditos 'centrais', ou 'desenvolvidos' em que o princípio de acumulação não fica subordinado ao princípio de expatriação de excedente.
De acordo com essa teoria, tanto a acumulação entravada quanto a sociedade de elite têm sua origem na produção colonial e sua respectiva sociedade colonial, cujas caracteríticas fundamentais foram conservadas após a Independência. O processo de Independência se limitou a internalizar o aparelho estatal e arcabouço institucional (até então assegurado por Portugal), sem alteração nos princípios de organização da produção ou da sociedade.
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[editar] Autonomia
A acumulação entravada é um processo endógeno, em que as razões da perpetuação do não-desenvolvimento são internas e inerentes à dita "sociedade de elite".
[editar] Os entraves
Entre os principais meios de manutenção dos entraves ao desenvolvimento estão:
- Sistema financeiro: ausência de crédito e juros altos
- Fragmentação deliberada e precariedade crônica das infraestruturas espaciais ou da produção.
- A produção nacional necessária pela restrição da balança de pagamentos é restrita ao bens de consumo. O progresso técnico, que se dá (daria) nos ramos de máquinas, fica assim eliminado mesmo com o aumento do volume de produção. Se alguns 'setores-chave' são ainda assim necessários para o apoio da produção de bens de consumo, estes serão delegados ao Estado ou ao capital estrangeiro, impedindo, em ambos os casos, o desenvolvimento de forças sociais internas com interesses vinculados ao desenvolvimento e notadamente, à transformação da elite em burguesia.
- No plano ideológico, os meios de reprodução dos entraves são apresentados como sendo resultado de atraso ou de dominação --qualquer força externa contra a qual seria impensável a sociedade brasileira se rebelar--, formando a ideologia do subdesenvolvimento, dependência ou globalização.
[editar] Crise da acumulação entravada
Com a exaustão do estágio de desenvolvimento extensivo, em meados da década de 1970, o modelo brasileiro de acumulação entravada entra em uma crise da qual não teve condição de se recompor: com a diminuição das taxas de excedente em diversas indústrias, a subdivisão do excedente em uma parcela a ser expatriada e ainda assim restar algum para ser acumulada, e a manutenção do status quo torna-se problemática.
O impasse gerado perdura ainda na virada do milênio, pois é igualmente problemática a transição ao estágio intensivo, com a opção pelo pleno desenvolvimento e a cessação da expatriação, por implicar na remoção dos entraves e um última instância, na transformação da sociedade de elite em burguesa.