Abderramão I
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Abderramão I (Abderrahman, Abdarramão, Abd ar-Rahman ou ‘Abd al-Rahmán); (Damasco; 734; – Córdoba; 788); foi o fundador de uma dinastia muçulmana que governou a Espanha por quase três séculos. Ficou conhecido como o emigrante. Era neto de Hisham ibn Abd al-Malik, o décimo califa de Omíada.
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[editar] Vida
Quando os omíadas foram derrotados no Leste pelos abássidas, no que ficou conhecido como o massacre de Abú Futrus em 750, ele era um jovem de cerca de dezesseis anos de idade. Juntamente com seu irmão Yahya, refugiou-se nas tribos de beduínos no deserto. Os abássidas caçavam seus inimigos sem clemência. Seus soldados localizaram os irmãos; Yahya foi morto, e Abd ar-Rahman salvou-se fugindo primeiramente para a Síria e depois para o norte da África, o esconderijo comum de todos aqueles que queriam fugir do alcance dos abássidas.
Com a confusão generalizada que se estabeleceu no califado pela mudança da dinastia, a África ficou nas mãos das autoridades locais, antigos emires ou tenentes dos califas de Omíada, mas agora aspirando pela independência. Passado um tempo, Abd ar-Rahman achou que sua vida estava em perigo, e fugiu mais para o oeste, refugiando-se entre os berberes da Mauritânia da tribo Nafza de onde era originária sua mãe. Em meio a todos os perigos, Abd ar-Rahman sentia-se ainda encorajado com as profecias de seu sábio tio Maslama que diziam ser ele aquele que iria recuperar toda a fortuna da família.
Ele foi acompanhado, em todo seu trajeto de fuga, por uns poucos fiéis seguidores da Omíada. Em 755 ele estava escondido perto de Ceuta, e enviou um agente a Espanha para pedir o apoio de outros membros da família, descendentes dos conquistadores da Espanha que eram numerosos na província de Elvira, atual Granada. O país estava em um estado de confusão sob a fraca autoridade do emir Yusuf al-Fihri, um mero boneco nas mãos de uma facção, e sofria com as disputas tribais entre os árabes e com os conflitos de raça entre os árabes e os berberes. Isto deu a Abd ar-Rahman a oportunidade que ele tinha vindo procurar na África. Com o convite de seus partidários de al-Andalus e dos yemenies, inimigos do governador, ele desembarcou em Almunhecar, a leste de Málaga, em Agosto de 755. Por um tempo ele foi obrigado a submeter-se a ser guiado por seus protetores, que estavam preocupados com os riscos de sua aventura. Yusuf al-Fihri abriu negociações, e ofereceu a Abd ar-Rahman uma de suas filhas em casamento e uma concessão de terra. Isto era muito menos do que o príncipe pensava em obter, mas ele provavelmente teria sido forçado a aceitar a oferta por falta de algo melhor não fosse a insolência de um dos mensageiros de Yusuf, um renegado espanhol, ao ultrajar um chefe partidário da causa Omíada. Ele insultou este cavalheiro, de nome Obeidullah, como sendo incapaz de escrever em bom árabe. Sob esta provocação Obeidullah puxou da espada.
No ano de 756 uma luta armada travou-se no vale do Guadalquivir, e resultou, em 16 de Maio, na derrota de Yusuf al-Fihri. Abd ar-Rahman foi proclamado emir independente de Al-Andalus em Archidona e entrou triunfante em Córdoba. O exército de Abd ar-Rahman estava tão fracamente guarnecido que ele montou no único bom cavalo disponível; ele não tinha bandeira, e uma foi improvisada desenrolando um turbante verde e amarrando-o ao redor da ponta de uma lança. O turbante e a lança tornaram-se a bandeira da Omíada espanhola.
O longo reinado de Abd ar-Rahman I foi gasto num esforço para manter o controle sob seus súditos árabes e berberes. Eles nunca quiseram obedecer a um senhor, e rebelavam-se contra esse comando central, que se tornava cada vez mais rigoroso. Uma dessas rebeliões foi organizada pelo antigo emir, e acabou com a execução deste no ano de 759. Outra, protagonizada em 777 por vários chefes árabes do nordeste peninsular, contou com o apoio de Carlos Magno, que dirigiu um ataque contra Zaragoza; a cidade, mesmo que tomada pelos rebeldes, não se entregou ao rei dos francos, e na precipitada retirada, este perdeu sua retaguarda, mandada pelo duque da Bretanha, Rolando, que recebeu o ataque de montanheses bascos no desfiladeiro de Roncesvalles ( feitos guerreiros celebrados em La Chanson de Roland ); as divisões entre os rebeldes permitiram que Abd ar-Rahman I realizasse uma espetacular demonstração de força, com uma campanha militar que percorreu Navarra, Aragão e Catalunha. Os detalhes destes conflitos pertencem à história geral da Espanha. É, contudo, parte da história pessoal de Abd ar-Rahman I o fato de que em 763 ele teve que sufocar uma rebelião, às portas de sua capital, provocada por rebeldes que agiam em nome dos abássidas, e depois de vencê-la, como sinal de sua vitória, mandou cortar a cabeça dos líderes, enchê-las com sal e cânfora e mandá-las como um desafio ao califa do Leste.
Abd ar-Rahman I conseguiu manter-se no poder com o apoio de um bom exército, formado em sua maior parte por mercenários berberes; consolidou assim a dinastia Omíada, derrotada no Oriente, à frente de um emirado espanhol cuja organização baseou-se no califado oriental.
Por volta do ano de 785, decidiu aproveitar a estrutura original de uma basílica visigótica dedicada a São Vicente para a construção da mesquita de Córdoba ( hoje catedral ), que ficaria para a posteridade como símbolo daquele primeiro esplendor da Espanha muçulmana. Seus últimos anos de vida foram passados entre sucessivas conspirações de palácio, reprimidas com crueldade. Abd ar-Rahman I tornou-se amargo e feroz. Ele foi um bom exemplo de um fundador de uma dinastia oriental, e fez tão bem seu trabalho que a dinastia Omíada durou na Espanha cerca de dois séculos e meio (1031).
[editar] Bibliografia
- KENNEDY, Hugh; Os muçulmanos na Península Ibérica, uma história política do Al-Andalus; Europa-América; 1999; ISBN 9721046205
- CARR, Raymond; História concisa de Espanha; Europa-América; 2003; ISBN 9721054127
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
| Precedido por: Marwan II |
Líder Omíada 756 — 788 |
Seguido por: Hisham I |
| Precedido por: - |
Emir de Córdoba 756 — 788 |
