Unidade imaginária
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Em Matemática, a unidade imaginária i permite ao sistema de números reais ser estendido ao sistema de números complexos . Sua definição particular depende do método particular de extensão.
A motivação inicial para essa extensão é o fato que nem toda equação polinomial f(x) = 0 tenha uma solução nos números reais. Em particular, a equação x2 + 1 = 0 não tem solução real. No entanto, se permitirmos números complexos como solução, então esta equação, e mesmo toda equação polinomial f(x) = 0 tem uma solução. (Veja Teorema fundamental da álgebra.)
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[editar] Definição
Por definição, a unidade imaginária i é a solução da equação
- x2 = −1
As operações com números reais podem ser estendidas aos números imaginários e complexos em se tratando i como uma quantidade desconhecida ao se manipular uma expressão, e então usar a definição pra substituir as ocorrências de i2 com −1.
[editar] i e −i
A equação acima tem, na verdade, duas soluções distintas que são inversos aditivos. Mais precisamente, uma vez que uma solução i da equação foi encontrada, −i ≠ i também é uma solução. Como a equação é a única definição de i, parece que a definição é ambígua (mais precisamente, não bem definida). No entanto, não existe ambigüidade, desde que escolhamos uma solução e a definamos para sempre como "i positivo".
Este caso é sutil. A explicação mais precisa é dizer que, apesar de o campo complexo, definido como R[X]/(X2 + 1), (veja número complexo) ser único até o isomorfismo, ele não é único até um isomorfismo único — existem exatamente 2 automorfismo de campo de R[X]/(X2 + 1), a identidade e o automorfismo enviando X a −X. (Deve ser notado que estes não são os únicos automorfismos de campo de C; eles são os únicos automorfismos de campo de C que mantêm cada número real fixo.) Veja número complexo, conjugação complexa, automorfismo de campo e Grupo de Galois.
Um problema similar parece ocorrer se os números complexos são interpretados como 2 × 2 matrizes reais, porque então ambas
são soluções da equação x2 = −1. Neste caso, a ambigüidade resulta da escolha geométrica de qual "direção" em torno do círculo unitário é "positiva". Uma explicação mais precisa é dizer que o automorfismo de grupo do grupo ortogonal especial SO(2, R) tem exatamente 2 elementos — a identidade e o automorfismo que trocam rotações "CW" (sentido horário) e "CCW" (sentido anti-horário).
[editar] Lembrete
A unidade imaginária é, às vezes, escrita em contextos de Matemática avançada, mas deve-se tomar cuidado ao manipular fórmulas envolvendo radicais. A notação é reservada tanto para a função raiz quadrada principal, que é definida somente para o real x ≥ 0, como para ramo principal da função raiz quadrada complexa. Tentar aplicar as regras de cálculo da função raiz quadrada (real) principal para manipular o ramo principal da função raiz quadrada complexa resultará em resultados falsos:
A regra de cálculo
é valida somente para números reais não-negativos a e b.
[editar] Potências de "i"
As potências de i repetem-se em círculo:
Isso pode ser expresso com o seguinte padrão, onde "n" é um inteiro:
[editar] i e a Fórmula de Euler
Tomando-se a Fórmula de Euler , e substituindo-se π / 2 por x, chega-se a
Se os dois lados forem elevados à potência , lembrando que , obtém-se a identidade:
De fato, é fácil determinar que ii tem um número infinito de soluções na forma de
onde N é qualquer inteiro. Do ponto de vista da teoria dos números, é um número quadrático irracional, como √2, e aplicando-se o Teorema Gelfond-Schneider, pode-se concluir que todos os valores obtidos acima, e e − π / 2 em particular, são transcendentais.
Da identidade acima
chega-se de maneira elegante ao resultado
que relaciona cinco das identidades matemáticas mais significativas em uma simples expressão.
[editar] Notação alternativa
Em Engenharia elétrica e áreas relacionadas, a unidade imaginária é escrita freqüentemente como "j" para evitar a confusão com a notação de corrente elétrica variável, tradicionalmente escrita i.