Tapete persa
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O tapete persa é uma parte essencial da arte e cultura persas. A tecelagem de tapetes é indubitavelmente uma das manifestações mais características da cultura e arte persas sendo anterior à Idade do Bronze (ca.3500-2000 a.C.).
O mais antigo exemplar de tapete persa, que chegou até os nossos dias, vem da dinastia Safávida (1501-1736) no século XVI. Porém, representações em pinturas provam uma história de produção ainda mais antiga. Há muitas variedades entre os tapetes persas clássicos dos séculos XVI e XVII. Motivos comuns incluem ramos de videira, arabescos, palmeiras, nuvens, medalhões e sobrepondo tudo isto, figuras geométricas ao invés de animais e figuras humanas. A arte persa, que é baseada na cultura xiita, não possui a linha rígida contra a representação humana, encontrada na tecelagem de tapetes turcos, que foram influenciados pela cultura sunita. Desenhos geométricos são particularmente populares no mercado iraniano e são bem menos comuns em tapetes exportados para o Ocidente.
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[editar] Materiais
A lã é o material mais comum para tapetes, mas o algodão é freqüentemente usado para a confecção de tapetes a serem utilizados em ambientes mais populares. A confecção de tapetes em seda é anterior ao século XVI em Sabzavar e ao século XVII em Kashan e Yazd. Tapetes de seda são menos comuns do que os de lã, pois a seda além de cara é menos durável; eles tendem a serem mais valorizados com o passar do tempo, devido a sua pouca duração os tornarem raros. Os tapetes de seda são muito freqüentemente exibidos nas paredes como uma tapeçaria em lugar de serem usados como tapetes.
[editar] História
Com o passar dos anos, os materiais usados em tapetes, incluindo a lã e o algodão, se decompõem. Devido a isso, os arqueólogos raramente conseguem descobrir algum vestígio deles nas escavações arqueológicas.
O que permaneceu dos tempos antigos como evidência da tecelagem de tapetes não vai além de alguns pedaços gastos. Tais fragmentos não ajudam muito a reconhecer as características da tecelagem de tapetes do período pré-Seljuk (séculos XIII e XIV) na Pérsia.
Entre os pedaços mais antigos já descobertos estão os encontrados no Turquistão Oriental, datados dos séculos III ao V e também algumas das tecelagens manuais dos seljuks da Ásia Menor em exibição na mesquita de Ala'edin em Konya e na mesquita de Ashrafoghlu em Balıkesir, na Turquia. Estes pedaços chamaram a atenção de pesquisadores do início deste século e agora estão sendo mantidos no Museu de Arte Turca e Islâmica em Istambul e no Museu de Mowlana em Konya.
Porém, em uma escavação arqueológica sem igual em 1949, o excepcional tapete de Pazyryk foi descoberto sob o gelo do Vale de Pazyryk, nas montanhas Altai na Sibéria. Foi descoberto na sepultura de um príncipe citiano por um grupo de arqueólogos russos sob a supervisão de Sergei Ivanovich Rudenko. Testes de radiocarbono inicialmente indicaram que o tapete de Pazyryk foi tecido no século V a.C., mas a correção de um erro de calibração deu mais tarde a data aproximada de 300 a.C.. Este tapete mede 1,83 metro por 2 metros e tem trinta e seis nós simétricos por cm². A técnica de tecelagem avançada usada no tapete de Pazyryk indica uma longa história de evolução e experiência nesta arte. A maioria dos peritos acredita que o tapete de Pazyryk é um antigo produto de pelo menos mil anos de evolução da técnica e história da tecelagem. De acordo com esta teoria a arte de tecer tapetes tem pelo menos 3 500 anos.
[editar] O tapete persa hoje em dia
Embora a produção de tapetes hoje tenha se tornado mecanizada, na maior parte das vezes, os tradicionais tapetes feitos à mão são ainda largamente encontrados em todo o mundo e costumam custar mais caro do que aqueles de produção industrial.
Muitas peças finas de tapetes persas são encontradas no Museu Iraniano do Tapete em Teerã.
[editar] A diferença entre o tapete anatoliano e o persa
A diferença entre o tapete anatoliano (turco) e o persa é apenas uma questão de técnica de tecelagem e o emprego dos motivos de decoração.
Tipicamente, um tradicional tapete persa é amarrado com um único laço de nó (nó persa ou senneh), enquanto que o tradicional tapete anatoliano é amarrado com um nó de dupla laçada (nó turco ou ghiordes). Isto significa que para cada 'carreira vertical' de fio em um tapete, o anatoliano tem duas voltas em oposição à uma volta dos vários tapetes persas que utilizam o nó 'único' persa. Finalmente, este processo de 'laçada dupla' nos tradicionais tapetes anatolianos/turcos resulta na apresentação das imagens mais em formas de blocos quando comparados ao tradicional tapete persa de laçada 'única'. O estilo tradicional anatoliano também reduz o número de nós por centímetro quadrado. O resultado disso criou a antiga e internacional reputação do 'tapete persa' em termos de qualidade.
É também comum ver tapete anatoliano ser identificado como o de mais longa duração, o que provavelmente é verdade. Porém, mesmo os mais bem feitos e cuidados tapetes seja de qual for seu estilo não dura mais do que algumas poucas centenas de anos.
Hoje, é comum ver tecelagens de tapetes, tanto na Turquia quanto no Irã, usarem qualquer um dos dois estilos de nó. Quando se comparam os tapetes, a única maneira de definitivamente identificar o tipo de nó empregado é olhar a base do nó.
[editar] Tradicionais centros de produção de tapetes no Irã (Pérsia)
Os principais centros clássicos de produção de tapetes na Pérsia estavam em Tabriz (1500-1550), Kashan (1525-1650), Herat (1525-1650), e Kerman (1600-1650).
A maioria dos tapetes de Tabriz tem um medalhão central e outros em cada um dos quatro cantos sobrepostos a um fundo ornamentado de ramos de videira, às vezes pontuado com caçadores montados, animais isolados, ou cenas de lutas de animais. Talvez o mais conhecido dos trabalhos de Tabriz seja a dos dois tapetes gêmeos provavelmente feitos para o santuário de Ardabil (hoje um deles se encontra na coleção do museu de Victoria e Albert em Londres e o outro no do município de Los Angeles).
Kashan é conhecida por sua produção de tapetes de seda. Especialmente, por suas três obras-primas mostrando a figura de caçadores montados e a presa animal (atualmente nas coleções do Museu de Artes Aplicadas de Viena (o MAK), o Museu de belas-artes, de Boston, e o Museu de Estocolmo). Os tapetes de Kashan estão entre os mais valiosos atualmente. Sabe-se, por exemplo, que um tapete foi vendido na Alemanha por $20 000 em 1969.
Os tapetes Herat, ou aqueles com desenhos semelhantes criados em Lahore e Agra, Índia, são os mais numerosos nas coleções ocidentais. Eles são caracterizados por terem um campo vermelho com ornamentos de ramos de videira e palmeiras, com bordas verde-escuras ou azuis
As sete classes de tapetes Kerman foram definidos por May Beattie. Ela identificou sua estrutura única e a denominou de "técnica vaso". Os tipos de tapetes neste grupo incluem os tapetes de jardins (ornamentados com formas de jardins e canais de água) e os tapetes de treliças ogivais. Um exemplar bem famoso foi mais tarde comprador pelo Museu Victoria e Albert sob a orientação de William Morris. A influência dos tapetes persas é bem notada nos desenhos de seus papéis de parede, tecidos padronizados e livros.
[editar] Tipos de tapetes
Mercadores de tapetes desenvolveram uma classificação para tapetes persas baseados nos desenhos, tipos de tecido e a técnica de tecelagem. As categorias são nomeadas por cidades e áreas associadas com cada desenho. A lista aqui apresenta traz os principais tipos de tapetes persas.
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[editar] Ligações externas
- Tapetes islâmicos mostrando exemplos de tipos de nós.
- Origens da tecelagem de tapetes no Irã