Nikita Khrushchov
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Nikita Sergueiêvitch Khrushchov, em russo Ники́та Серге́евич Хрущёв (transliteração servo-croata: Nikita Sergе́evič Hruščëv) (Kalinovska, 17 de Abril de 1894 — Moscou, 11 de Setembro de 1971) foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1953 e 1964 e líder político do mundo comunista até ser afastado do poder por sua perspectiva reformista e substituído na direção da URSS pelo político conservador Leonid Brejnev.
Khrushchov nasceu na pequena vila de Kalinovska, perto da cidade de Kursk, na então Rússia tsarista no fim do século XIX. Ainda criança, sua família mudou-se para a cidade de Donetski, na Ucrânia, onde recebeu apenas dois anos de educação escolar; apesar de ser considerada uma criança inteligente, Nikita só receberia instrução completa já na casa dos vinte anos. Em sua adolescência e juventude, trabalhou em fábricas e minas e após a revolução bolchevista de 1917 integrou-se ao Exército Vermelho, tornando-se membro do Partido Comunista em 1918 passando a exercer diversas atividades políticas na Ucrânia, durante os anos de 1920.
Nos anos 30, Khrushchov foi transferido para Moscou, continuando a exercer funções de comando dentro da burocracia governamental soviética e em 1939 entrou para o Politburo, o órgão máximo do Partido Comunista da URSS.
Durante a II Guerra Mundial, ficou famoso como comissário político (maior autoridade do Partido Comunista na região) de Josef Stalin durante a sangrenta Batalha de Stalingrado, que virou a sorte da guerra em favor da União Soviética, e após esse triunfo passou o resto do conflito como principal líder político no sul do país.
Após chegar ao poder em 1953, como líder do Partido Comunista, vencendo uma sangrenta disputa interna com políticos de expressão da era de Stalin como Gueórgui Malenkov, Lazar Kaganovitch, Viatcheslav Molotov e Nikolai Bulganin que culminaram na prisão e execução de Laurenti Beria, o líder da temida NKVD - a polícia política da URSS - e Ministro do Interior, Khrushchov iniciou uma série de reformas no país, priorizando a fabricação de bens de consumo para a população soviética ao invés da ênfase no desenvolvimento da indústria pesada.
Em 23 de fevereiro de 1956, durante o vigésimo Congresso do Partido Comunista, Khrushchov chocaria a nação e o mundo ao fazer seu famoso “discurso secreto”, no qual acusava Josef Stalin do crime de genocídio durante os grandes expurgos realizados nos anos 30 na URSS e denunciava o ‘culto da personalidade’ que o cercava. Seu ato acabou afastando-o dos líderes soviéticos mais conservadores, mas ele acabou derrotando-os numa disputa interna que visou derrubá-lo do poder em 1957.
Em 1958, Khrushchov substituiu Bulganin como primeiro-ministro e assumiu o cargo de Premier da União Soviética, tornando-se líder inconteste da nação, agilizando e implementando ainda mais suas reformas econômicas. Homem rude, de instrução apenas básica, a quem faltava entendimento e conhecimento da história e do mundo fora de suas fronteiras, apesar de reconhecidamente inteligente por seus adversários, dentro e fora da URSS, Khrushchov ficou conhecido no período da Guerra Fria por suas atitudes anticonvencionais e grosseiras, famoso por interromper oradores de outros países em eventos internacionais para insultá-los e atitudes insólitas como tirar os sapatos e batê-los na mesa de discussões durante sessões do Conselho de Segurança das Nações Unidas, brandir uma bota na cara do líder chinês Mao Tsé Tung ou fazer comentários xenófobos e racistas ao premier da Bulgária sobre o povo búlgaro.
Conjuntamente com erros grosseiros na condução da economia agrícola soviética e na derrota política sofrida frente aos Estados Unidos na questão dos mísseis de Cuba, seu comportamento e suas atitudes humilhavam seus companheiros do Politburo e causaram sua deposição. Em 14 de outubro de 1964, Nikita Khrushchov foi apeado do poder na União Soviética por seus adversários do Politburo, acusado de erros políticos graves e desorganização da economia soviética. Passou os restantes sete anos de sua vida em prisão domiciliar, até morrer em Moscou a 11 de setembro de 1971.
[editar] Principais ações políticas
- Criou em 1955 o Pacto de Varsóvia, em resposta à criação da OTAN pelos países da Europa Ocidental e dos Estados Unidos.
- Reconciliou-se com o líder comunista da Iugoslávia, Josip Broz Tito.
- Ordenou a invasão da Hungria por tropas soviéticas, pondo fim à Revolução Húngara de 1956.
- Foi o principal mentor da doutrina da “coexistência pacífica” entre a URSS e os Estados Unidos e seus aliados.
- Foi o responsável pelo afastamento da China de Mao Tsé Tung das relações com a URSS por manter conversações com os EUA e se recusar a ajudar o programa nuclear chinês.
- Iniciou o programa espacial soviético que levou ao espaço o Sputnik em 1957 e o cosmonauta Yuri Gagarin em 1961, alcançando a inicial liderança no espaço sobre os norte-americanos.
- Forneceu apoio político e militar ao Egito durante a Crise do Canal de Suez em 1956.
- Aprovou a construção do Muro de Berlim em 1961, após a recusa do Oeste em aceitar seu ultimato de que Berlim Ocidental deveria ser incorporada a toda cidade como uma área “livre e desmilitarizada”.
- Chefe de Estado quando da Crise dos mísseis de Cuba, em outubro de 1962, fez um acordo secreto com os EUA, trocando a retirada dos mísseis soviéticos na ilha de Fidel Castro pela retirada dos mísseis norte-americanos na Turquia, em um tratado que muitos historiadores e analistas políticos consideram como uma das principais causas de sua desgraça junto aos demais dirigentes do Politburo soviético.