Império Russo
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O Império Russo, maior império de todos os tempos em área, foi fundado no século XIV, com a derrota dos tártaros na batalha do rio Ugra. Sua raiz foi principado de Moscou, que liderou o processo de formação do futuro Estado russo. Expandiu-se até ao Oceano Pacífico entre os séculos XVII e XIX e foi derrubado pelas revoluções de 1917, a segunda das quais culminou no estabelecimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Geralmente o termo Império Russo é utilizado para se referir ao período de tempo da história russa que começa com a expansão iniciada por Pedro I (do Báltico ao Pacífico) até o reinado de Nicolau II da Rússia, deposto pela Revolução Russa de 1917. O Estado russo foi oficialmente nomeado Império (em russo: Росси́йская Импе́рия) de 1721 a 1917.
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[editar] Território
A capital do Império foi São Petersburgo, que em 1914 rebatizada como Petrogrado. Ao final do século XIX o tamanho do império era de cerca de 22.400.000 quilômetros quadrados, abrangendo vastas áreas da Europa oriental e do norte e centro da Ásia. Seus limites eram o Oceano Ártico ao norte, o Cáucaso e as fronteiras com a Pérsia e Afeganistão ao sul, o Oceano Pacífico e as fronteiras com a China, Coréia e Japão a leste e a oeste os montes Cárpatos, onde fazia fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria. O Império Russo ainda chegou a contar com um território na América, o Alasca, o qual foi em 1867 vendido aos Estados Unidos.
Em seu apogeu o Império Russo incluía, além do território russo atual, os estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Belarus, boa parte da Polônia (antigo reino da Polônia), Moldávia (Bessarábia) e quase toda a Ásia Central. Também contava com zonas de influência no Irã, Mongólia e norte da China.
Em 1914 o Império Russo estava dividido em 81 províncias (guberniyas) e 20 regiões (oblasts). Vassalos e protetorados do Império incluíam os Canatos de Khiva e Bukhara e depois de 1914 Tuva.
[editar] História
Brasão completo do Império Russo, adoptado em 1882 |
[editar] Na 1ª Guerra Mundial
Na Primeira Guerra Mundial, o Império Russo se uniu à Triplice Entente, na qual havia os países França e Inglaterra, contra a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e o Império Turco-Otomano. A Rússia tinha interesse em obter um acesso ao Mar Mediterrâneo, e para isso pretendia anexar, sob a justificativa de proteger povos eslavos irmãos, a península balcânica e os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do moribundo Império Turco-Otomano. Porém a participação russa na 1ª Guerra Mundial foi desastrosa, sofrendo humilhantes derrotas para a Alemanha, abandonando a guerra em 1917 com a assinatura do tratado de Brets-Litovski.
[editar] População
De acordo com o censo de 1897 sua população era próxima dos 128.200.000 de habitantes, sendo que a maioria deles (93,4 milhões) vivia na Rússia Européia. Como não poderia deixar de ser, havia grande diversidade étnica no Império Russo. Mais de 100 diferentes grupos étnicos viviam ao longo do território russo, sendo que a etnia russa compreendia cerca de 45% da população.
[editar] Organização política
O Império Russo era uma monarquia hereditária liderada por um imperador autocrático (czar) da dinastia Romanov. A religião oficial do Estado era o cristianismo ortodoxo, controlado pelo czar através do Concílio Sagrado. Os sujeitos do Império foram separados em estratos (classes) conhecidas como "dvoryanstvo" (nobreza) , clero, comerciantes, cossacos e camponeses. Ainda os nativos da Sibéria e Ásia Central foram oficialmente registrados em uma classe chamada "inorodsty" (estrangeiros).
[editar] Simbologia
O Estado Russo, um exemplo de simbolismo ao longo de séculos
A águia bicéfala chegou ao escudo da Rússia em 1452, proveniente de Roma. Naquela época o mundo cristão vivia tempos difíceis com a recente tomada de Constantinopla pelos Turcos, que, com a derrubada de Bizâncio, seguiram para ocupar a Grécia e entrar cada vez mais no Mediterrâneo colocando em cheque a existência da soberania italiana e com isso o próprio Vaticano.
O Papa Paulo II tinha então um único recurso para se defender, a família de Tomás Paleólogo, irmão do último imperador bizantino, morto durante a tomada de Constantinopla, havia se exilado em Roma. Tomás tinha uma filha, a princesa Sofia. O Papa queria que ela se casasse com uma pessoa influente, capaz de fortalecer o papel de Roma naquele período conturbado.
Procurando uma aliança favorável, o Papa terminou por optar pela Moscóvia, onde reinava o Grão-Príncipe Ivan III. O príncipe, que contava com 20 anos já tinha sido casado e era viúvo. O Papa estava convencido que o seu eventual segundo casamento com a herdeira do trono de Bizâncio por certo o levaria a reconquistar Constantinopla numa guerra com os turcos. Assim, foi arranjado o casamento entre os dois jovens, casamento esse que tornava o príncipe russo herdeiro e suserano de um imenso território de onde, séculos antes, a Rússia antiga recebera a "luz do cristianismo".
A peça mais importante do enxoval de Sofia era o Escudo de Bizâncio - a águia bicéfala do carimbo do último imperador, simbolizando a independência e o domínio sobre as partes oriental e ocidental do Império (por isso as duas cabeças). A águia bicéfala com duas coroas fez admirar os russos devido à sua força enigmática.
Não foi por acaso que, nas primeiras décadas, o escudo não sofreu alterações, menos uma que viria a ser introduzida por Ivan IV, o Terrível. O Czar mandou colocar no peito da águia bicéfala uma imagem do padroeiro São Jorge, combatendo um dragão
Assim o brasão russo tornou-se mais assustador por ter as imagens de 5 cabeças (duas da águia, uma do cavalo, uma do dragão e uma do cavaleiro). Mas mesmo assim, ao longo de 4 séculos, os soberanos russos fizeram outras alterações no brasão. As asas e os bicos da águia ficaram abertos, sendo-lhes colocados nas garras o cetro e a esfera, símbolo do poder
Foram acrescidos detalhes como as três coroas colocadas acima da cabeça das águias simbolizando a Santíssima Trindade (Deus Pai, o Filho e o Espírito Santo).
Pedro, o Grande decidiu ornamentar a águia com a mais alta condecoração da Rússia, a ordem do Santo Apóstolo André, cujo colar foi desenhado ao redor do escudo de São Jorge e cuja fita azul foi colocada criando uma união entre as três coroas. Além disso o Imperador mandou pintar a águia de preto (a cor da coragem, segundo o simbolismo russo) já que a águia dourada simbolizava mais a idéia de proteção do lar e não de expansão.
No início do século XIX, o Imperador Alexandre I, depois de se apoderar de um terço do hemisfério norte, ordena retirar o cetro e o orbe e os substituir por setas-relampagos, coroa de louros e tochas. O novo brasão prometia paz e iluminismo para seus súditos enquanto aos inimigos os relâmpagos da retaliação em caso de agressão.
O último Imperador Russo, Nicolau II mandou colocar no escudo os símbolos de tranqüilidade e paz, nas asas surgiram os escudos dos 6 territórios anexados - os reinos de Kazan, Astrakhan, Sibéria, Polônia, Finlândia, e Hersoness. De tão "pesado" os detratores do Império diziam que tinham impressão que a águia jamais levantaria vôo para agredir.
Com a reviravolta da história russa e a chegada dos comunistas ao poder, os símbolos do antigo regime são abolidos e um novo brasão é feito para a então URSS. No novo brasão passou a representar uma imagem do Globo, por detrás do qual ascendia o "Sol de novas vitórias". Em cima, encontrava-se a foice e o martelo, símbolo da ditadura do proletariado, encimado por uma estrela de cinco pontas, símbolo místico da onipotência. A estrela era, de fato, um sinal cabalísto do centro do universo em expansão.
Após o desmonte da URSS um novo brasão foi criado para o Estado Russo, inicialmente, logo após o fim da URSS a foice e o martelo foram substituídas por uma águia bicéfala sem coroas, cetro, esfera e com os bicos fechados, razão pela qual os críticos a apelidaram a águia de "pobre galinha". Mas, passado algum tempo, o novo autor do escudo, Evgueni Ukhnalev, devolveu-lhe os atributos iniciais. Oficialmente o novo escudo foi adotado em Dezembro de 2000. Hoje em dia, por paradoxal que pareça o brasão do país, uma república democrática federativa, tem a aparência das armas de um regime monárquico. Todavia, os símbolos tem um significado diferente. Sob o pano de fundo vermelho do escudo heráldico, a águia bicéfala é encimada por duas coroas pequenas e uma grande. As coroas estão ligadas por uma fita. A águia segura na garra direita o cetro e na esquerda a esfera. No peito é representado o escudo de Moscovo com um cavaleiro prateado de túnica azul trespassando com uma lança um dragão negro. O significado disso é que a Rússia, como antes, encontra-se sob a defesa da Santíssima Trindade, acredita em Deus, no Poder e na Pátria. As forças estão voltadas para manter o seu território. A Rússia é obediente à Lei e à Justiça, não ameaça ninguém, tendo intenções puras (como a prata). A cor azul simboliza o serviço, enquanto a lança orientada para baixo significa a luta contra o mal, que são os pecados e as calamidades e não as pessoas ou Estados.
[editar] Ver também