Hans-Joachim Koellreutter
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Hans-Joachim Koellreutter (Freiburg, 2 de setembro de 1915 – São Paulo, 13 de setembro de 2005) foi um compositor, professor e musicólogo alemão. Mudou-se para o Brasil em 1937 e tornou-se um dos nomes mais influentes na vida musical no País.
Estudou composição com Paul Hindemith e regência com Hermann Scherchen. Ainda jovem, já era conhecido e respeitado na Alemanha como flautista de concerto. Começava sua carreira de regente quando Adolf Hitler ascendeu ao poder. Ao ficar noivo de uma moça judia, desagradou sua família, que simpatizava com o nazismo e o denunciou à Gestapo. Exilou-se então no Brasil, onde foi morar no Rio de Janeiro. Conheceu e ficou amigo de Heitor Villa-Lobos e Mário de Andrade. Em 1938 começou a ensinar música no Conservatório de Música do Rio de Janeiro.
Na década de 1940 ajudou a fundar a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi primeiro flautista. Naturalizou-se brasileiro em 1948. Participou da fundação da Escola Livre de Música de São Paulo em 1952 e da Escola de Música da Bahia em Salvador (1954). Com o final da Segunda Guerra Mundial, pode voltar à Europa. Ganhou o prêmio Ford em 1962. A convite do Instituto Goethe, trabalhou na Alemanha, Itália e Índia, onde viveu entre 1965 e 1969. Neste país fundou a Escola de Música de Nova Deli. Esteve ainda em Sri-Lanka, no Japão, Uruguai e Coréia do Sul.
Retornou ao Brasil em 1975. Fixou-se desta vez em São Paulo. Foi diretor do Conservatório Dramático e Musical de Tatuí, em São Paulo e professor visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP. Em 1981 a cidade do Rio de Janeiro lhe oferece o título de cidadão carioca. Nos últimos anos de sua vida morou no centro da cidade de São Paulo, sofrendo do Mal de Alzheimer. Morreu no dia 13 de setembro de 2005 em conseqüência de uma pneumonia.
[editar] Dodecafonismo e filosofia
Koellreutter era adepto da música dodecafônica, movimento criado por Arnold Schoenberg. Fundou em 1939 o grupo Música Viva, que também tinha como participantes os compositores Egydio de Castro e Silva, Luiz Heitor, Brasílio Itiberê, Luis Cosme e Otávio Bevilácqua. O grupo adotava as regras dodecafônicas e o expressionismo musical e influenciou uma geração de músicos brasileiros. Koellreutter naturalizou-se brasileiro e apesar de toda controvérsia da discussão entre o Grupo Música Viva e os Nacionalistas, jamais deixou de acentuar a grande importância que o Brasil possuia em toda sua atuação fosse aqui ou nos países em que atuou como diplomata.
Teve entre seus alunos de composição Guerra-Peixe, Edino Krieger, Cláudio Santoro e Camargo Guarnieri. O último foi o pivô da maior polêmica em que Koellreutter esteve envolvido. O movimento nacionalista, sob influencia do comunismo acreditava que a música brasileira deveria retornar aos seus valores tradicionais e aos temas regionais. O dodecafonismo defendido por Koellreutter era considerado antinacional e uma ameaça à música brasileira. Em 1950, Camargo Guarnieri, que havia se tornado um dos principais compositores nacionalistas, publicou a Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil, onde criticava o grupo Música Viva, que acusava de ser o "Refúgio de compositores medíocres" e uma "nefanda infiltração formalista e antibrasileira"
Na Índia, tomou conhecimento da música microtonal, que utilizou em várias de suas composições. Também soube misturar a tecnologia eletrônica, o serialismo e o expressionismo aprendido com Paul Hindemith às influencias da música brasileira, criando um estilo de composição próprio.
No Japão e na Índia tomou conhecimento pelas filosofias orientais. O Zen budismo e o hinduísmo o influenciaram na criação de uma "estética do impreciso e do paradoxal".
[editar] Uma vida para ensinar música
Além de compositor, regente e flautista, Hans-Joachim Koellreutter foi antes de tudo um professor. Em 1941, contratado pelos pais de Tom Jobim, começou a lecionar piano e harmonia para o futuro criador da Bossa Nova que só tinha 13 anos. Foi seu primeiro professor de música. Além de Jobim, Koellreutter ensinou e influenciou, durante toda sua vida, uma legião de músicos populares e eruditos. Entre eles: Djalma Corrêa, Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Mendes, Marlos Nobre, Tim Rescala, Clara Sverner, Gilberto Tinetti, Marcelo Bratke, Nelson Ayres, Paulo Moura, Roberto Sion, José Miguel Wisnik, Diogo Pacheco, Isaac Karabtchevsky, Janete El Haouli e Júlio Medaglia.
O segredo de tamanha variedade foi seu método, que se baseava na liberdade de expressão e na busca da identidade de cada aluno. Incentivava a liberdade de pensamento e a necessidade de cada aluno buscar seu próprio caminho. Em uma entrevista concedida ao Jornal Folha de São Paulo, explicou seu método da seguinte maneira: "Aprendo com o aluno o que ensinar. São três preceitos: 1) não há valores absolutos, só relativos; 2) não há coisa errada em arte; o importante é inventar o novo; 3) não acredite em nada que o professor disser, em nada que você ler e em nada que você pensar; pergunte sempre o por quê."
[editar] Ligações externas
- texto de koellreuter sobre o educação músical
- Entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo em 1977
- Morre Hans-Joachim Koellreutter